A população japonesa vem retrocedendo faz tempo, isso é noticiado todos os anos. O Japão também é o país com mais pessoas acima dos 80 anos no mundo. Em algumas regiões, a coisa tende (claro) a ser mais dramática. Com o Tsunami, que está prestes a completar um ano, a coisa se agravou muito no Norte do país. Só uma legislação favorável pode trazer os jovens de volta e estimular casais a procriar. Isso inclui, claro, uma mudança de perspectiva em relação à função econômica e social das mulheres. O problema é que mandam no Japão um bando de homens velhos que não parecem lá muito interessados nem nos jovens, muito menos nos direitos das mulheres. A Folha de São Paulo trouxe uma matéria sobre a questão e acredito que seja de interesse dos freqüentadores do blog. Segue a matéria.
Norte do Japão sofre crise demográfica após tsunami
Tragédia agravou escassez de jovens e empregos na região de Fukushima
Províncias oferecem incentivos fiscais para atrair indústrias; cerca de 43 mil deixaram a área em nove meses
PAULA LEITE
ENVIADA ESPECIAL AO JAPÃO
O Japão enfrenta uma crise demográfica com o envelhecimento da população e o baixo número de filhos por mulher, ameaçando o equilíbrio econômico do país. A situação é ainda mais grave na região de Tohoku, norte do Japão, a mais atingida pelo terremoto e pelo tsunami de março de 2011, que matou cerca de 20 mil. A região, composta por seis províncias, incluindo a de Fukushima, já era predominantemente rural e pesqueira, com mais de um terço da população com mais de 65 anos - acima da média japonesa, de cerca de 23%.
Mesmo antes do tsunami, a previsão do governo era que a região de Tohoku perdesse 40% de sua população até 2050, devido a envelhecimento e emigração de jovens. Após o tsunami, o prognóstico se agravou, já que as províncias não param de perder população e empregos. De março a novembro de 2011, cerca de 43 mil pessoas deixaram a região, total cerca de quatro vezes maior que o registrado em anos anteriores.
Em bairros temporários construídos para desabrigados, visitados pela Folha, predominam casais de mais de 50 anos morando com os pais octogenários. Habitantes dizem que os jovens trabalham nas poucas cidades grandes da área, como Sendai, ou foram para outras províncias. Na província de Miyagi, 45 mil empregos foram permanentemente perdidos depois do desastre, segundo o governador, Yoshihiro Murai.
"Os dois principais pontos para trazer as pessoas de volta são oferecer habitação e empregos. Já os mais velhos querem ficar em suas regiões de origem", diz ele. As províncias de Tohoku estão oferecendo incentivos fiscais, como isenção de Imposto de Renda e empréstimos sem juros por cinco anos, para atrair indústrias.
"A reconstrução também tem que levar em conta o envelhecimento da população. Se não houver indústria, muitos locais podem virar cidades-fantasma", diz Yoshio Ando, da Autoridade de Reconstrução do Japão. A última estimativa do governo japonês é que, em 2060, as pessoas com mais de 65 anos serão 39,9% da população, enquanto as crianças e jovens, hoje 13,1%, serão apenas 9,1%.
A população em idade produtiva, entre 15 e 64 anos, deve cair de 64% para 51% em 2060, bem como o número total de habitantes do país: dos atuais 128 milhões para cerca de 87 milhões. A taxa de fertilidade (número de filhos por mulher) deve ficar em 1,35 em 2060, insuficiente para manter a população. O governo tem como uma das prioridades a reforma do sistema de seguridade social, que deve incluir incentivos para casais com filhos pequenos.
Tragédia agravou escassez de jovens e empregos na região de Fukushima
Províncias oferecem incentivos fiscais para atrair indústrias; cerca de 43 mil deixaram a área em nove meses
PAULA LEITE
ENVIADA ESPECIAL AO JAPÃO
O Japão enfrenta uma crise demográfica com o envelhecimento da população e o baixo número de filhos por mulher, ameaçando o equilíbrio econômico do país. A situação é ainda mais grave na região de Tohoku, norte do Japão, a mais atingida pelo terremoto e pelo tsunami de março de 2011, que matou cerca de 20 mil. A região, composta por seis províncias, incluindo a de Fukushima, já era predominantemente rural e pesqueira, com mais de um terço da população com mais de 65 anos - acima da média japonesa, de cerca de 23%.
Mesmo antes do tsunami, a previsão do governo era que a região de Tohoku perdesse 40% de sua população até 2050, devido a envelhecimento e emigração de jovens. Após o tsunami, o prognóstico se agravou, já que as províncias não param de perder população e empregos. De março a novembro de 2011, cerca de 43 mil pessoas deixaram a região, total cerca de quatro vezes maior que o registrado em anos anteriores.
Em bairros temporários construídos para desabrigados, visitados pela Folha, predominam casais de mais de 50 anos morando com os pais octogenários. Habitantes dizem que os jovens trabalham nas poucas cidades grandes da área, como Sendai, ou foram para outras províncias. Na província de Miyagi, 45 mil empregos foram permanentemente perdidos depois do desastre, segundo o governador, Yoshihiro Murai.
"Os dois principais pontos para trazer as pessoas de volta são oferecer habitação e empregos. Já os mais velhos querem ficar em suas regiões de origem", diz ele. As províncias de Tohoku estão oferecendo incentivos fiscais, como isenção de Imposto de Renda e empréstimos sem juros por cinco anos, para atrair indústrias.
"A reconstrução também tem que levar em conta o envelhecimento da população. Se não houver indústria, muitos locais podem virar cidades-fantasma", diz Yoshio Ando, da Autoridade de Reconstrução do Japão. A última estimativa do governo japonês é que, em 2060, as pessoas com mais de 65 anos serão 39,9% da população, enquanto as crianças e jovens, hoje 13,1%, serão apenas 9,1%.
A população em idade produtiva, entre 15 e 64 anos, deve cair de 64% para 51% em 2060, bem como o número total de habitantes do país: dos atuais 128 milhões para cerca de 87 milhões. A taxa de fertilidade (número de filhos por mulher) deve ficar em 1,35 em 2060, insuficiente para manter a população. O governo tem como uma das prioridades a reforma do sistema de seguridade social, que deve incluir incentivos para casais com filhos pequenos.
A repórter PAULA LEITE viajou ao Japão a convite do governo japonês
3 pessoas comentaram:
É... dinheiro não resolve tudo...
Dinheiro resolve sim, o problema é a falta de planejamento.
Tudo?! Acho que não resolve não... o problema do Japão não é dinheiro e sim a cultura. Como disse a Valéria: "O problema é que mandam no Japão um bando de homens velhos que não parecem lá muito interessados nem nos jovens, muito menos nos direitos das mulheres.".
Postar um comentário