Comentando a 84ª Cerimônia do Oscar

Ontem, a volta ao horário normal me derrubou e eu não consegui fazer um post sobre a cerimônia do Oscar mais óbvia e chata dos últimos anos. Para se ter uma idéia, eu que vi muito pouco dos filmes e torci menos ainda, tinha feito minhas apostas em 17 categorias. Acertei 15. Meu recorde histórico, por assim dizer, mesmo sem pegar todas as categorias e chutar. Errei fotografia e canção original (claro), pois tinha apostado em Rio. De novo, cortaram a apresentação das canções concorrentes, o que foi uma pena. Economizaram na música para que tivéssemos aquelas inserções chatíssimas de depoimentos? Pois é... E, sim, a melhor coisa do Oscar deste ano foi me apresentar a Speranza Spalding. Não a conhecia e já me tornei fã.

Para começar a tortura – que eu suportei até o fim – tive que aturar o Rubens Ewald Filho. Era o único streaming que estava conseguindo rodar com a minha conexão instável e, como vocês sabem, a Globo comprou os direitos da cerimônia do Oscar para que nenhuma outra emissora pudesse passar e ganhar na audiência. Na Toda Poderosa, a cerimônia do Oscar está em segundo plano em relação ao Fantástico e aquela latrina chamada BBB. Quando é que outra TV (Record, por favor!) vai tirar os direitos do Oscar da Globo? Há quem não goste do José Wilker, mas ele pelo menos não é pedante, racista e sexista como o Ewald Filho. Foram tantas bolas fora, tantos comentários infelizes que só a minha vontade de ver a cerimônia até o fim me segurou. O infeliz criticou os curtas de animação porque eram depressivos; disse que a Rooney Mara era uma péssima atriz; na homenagem aos mortos, ele simplesmente destacou que uma produtora era a "esposa do fulano" como se ele estivesse lá por causa disso; e pronunciou Dart Váder, assim mesmo com um "a" bem aberto. Foi muita bola fora...

Me lembro quando ele em um Oscar passado disse que a Penelope Cruz já tinha que ter contratado um coach (sim, usou essa palavrinha), porque o inglês dela era péssimo (e ela como atriz era tão ruim como a Rooney Mara, para ele, na época). E ele, ein? Pena que o computador não tivesse tecla SAP... Para piorar, ainda tinha o Billy Crystal, que nunca foi essa maravilha toda, e estava meio que tapando buraco este ano, depois que a primeira escolha, Eddy Murphy, foi afastada. O Oscar 2011 teve uma Anne Hathaway esfuziante e James Franco apático. Mas sabe que até dele senti saudades? Por que não chamaram a Anne Hathaway de novo? E o Hugh Jackman, o melhor apresentador do Oscar desde que eu me lembro de assistir a cerimônia? Ano passado, ele estava gravando Wolverine e este ano?

Bons momentos da festa? Emma Stone empolgadíssima, uma gracinha mesmo, apresentando pela primeira vez um Oscar. O Ben Stiller errou o tom, já que parecia mais um sujeito de luto do que alguém tentando segurar a fogueteira da Emma Stone. O Hollywood Reporter cogita que ela possa ser apresentadora da cerimônia no futuro. Entre as mulheres mais lindas da noite, destaco duas: Jessica Chastain que usava um vestido espetacular, Milla Jovovich de branco. Havia outras lindas, como Penelope Cruz. Não gostei da perna toda exposta da Angelina Jolie, mas o seu vestido preto era um espetáculo, também. Robert Downey Jr. e Gwyneth Paltrow brilharam. Que tal chamar a dupla para apresentar o próximo Oscar? Acho que seria uma ótima pedida.

Das premiações, esmigalharam os prêmios entre O Artista e Hugo, cada um com cinco. Foi o Oscar da Fantasia e da Nostalgia mesmo, com um filme mudo ganhando de novo o prêmio principal pela primeira vez desde que o cinema se tornou falado. E um filme francês! O Artista ficou com os prêmios de maior peso, como melhor filme, diretor e ator, coube a Hugo os prêmios técnicos. Tudo foi tão óbvio que só fiquei na dúvida em relação a dois prêmios: efeitos visuais e melhor atriz. Efeitos Visuais poderia ser dado para Transformers (e muita gente temia isso), Planeta dos Macacos (que merecia muito) e talvez desse o único prêmio para Harry Potter. Foi para Hugo. Já Melhor Atriz, temi que fossem inventar e privar a Meryl Streep de seu prêmio merecido mais uma vez. Ela levou. Não foi um momento tão fofo como no BAFTA, mas lá estava o Colin Firth para enfeitar o ambiente, também. ^____^

Meryl fez um dos discursos mais emocionantes da noite, agradecendo ao marido de mais de 30 anos e até ao cabeleireiro. Fez piada dizendo que não subirá de novo para receber o prêmio. Nunca diga nunca, Meryl. Mas não acho que ela alcance a Catherine Hepburn, porque ela precisaria de quatro prêmios de melhor atriz. Não vale contar com coadjuvante, não. Outro que pontuou alto foi o de melhor documentário curta que foi para Saving Face (entrevista com a realizadora aqui) . O filme fala da luta para restaurar o rosto de mulheres deformados por ataques de ácido no Paquistão. Vou procurar para assistir. Aliás, com a internet, esse material se tornou bem mais acessível, já que dificilmente sairá no Brasil. De resto, tudo no script. Não vi O Artista, não conhecia o Jean Dujardin, mas ele recebendo o Oscar também foi bem legal. E como ele é charmoso, não é? E o cachorrinho arrasou, também. :D

Espero, sinceramente, que ano que vem eu veja mais filmes, eu tenha mais gente para torcer, e os apresentadores sejam melhores. E espero muito, muito, muito mesmo não ter que aturar o Ewald Filho, porque aquilo é tortura demais!