terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

EDA: Jornalistas de Cinema premiam as melhores mulheres da indústria



Eu acho que já tinha ouvido falar da The Alliance of Women Film Journalists (AWFJ), mas nunca tinha ouvido falar do prêmio que é dado pela associação o EDA. Segundo o site da AWFJ o prêmio foi criado por uma das fundadoras, Jennifer Merin, em homenagem a sua mãe, a atriz Eda Reiss Merin. O EDA é um prêmio curioso, porque ela faz as premiações de sempre, as gerais, aquelas que, como o Oscar, geralmente excluem as mulheres diretoras, e faz a premiação focada nas mulheres. Curiosamente, ignoraram a Meryl Streep e adoraram Shame (Michael Fassbender, entenderam?). Isso é muito legal, porque dá visibilidade a coisas que os prêmios comuns e androcêntricos nunca lembram de prestar atenção. Vou traduzir somente essas premiações. As comuns, vocês podem ver no site do EDA. (*O Artista foi o grande premiado. Acho que levará o Oscar, também.*) Atenção para as "Menções Especiais", algumas são impagáveis:

EDA FEMALE FOCUS AWARDS

Melhor Diretora: Lynne Ramsay – Precisamos Falar sobre Kevin

Melhor Roteirista: Kristen Wiig e Annie Mumolo - Missão Madrinha de Casamento

"Kick Ass Award" para a Melhor estrela em Papel de Ação: (Empate) Rooney Mara como Lisbeth Salander em Os Homens que não Amavam as Mulheres e Saoirse Ronan como Hanna em Hanna (*filme parece ser muito bom*).

Melhor Atriz em Animação: Isla Fisher como Beans em Rango

Melhor Atriz Estreante: Elizabeth Olsen como Martha em Martha Marcy May Marlene

Prêmio para Ícone Feminino: Glenn Close como Albert Nobbs in Albert Nobbs

Atriz que desafia a Idade e o Envelhecimento: Helen Mirren como Rachel Singer em The Debt

Maior Contribuição de uma Mulher para a Indústria do Cinema em 2011: Jessica Chastain pelo seu desempenho em vários filmes aclamados.

AWFJ Award para Ativismo Humanitário: Angelina Jolie pelo seu trabalho para as Nações Unidas e pelo filme In The Land of Blood and Honey por chamar a atenção para o genocídio na Bósnia.

EDA PRÊMIO DE MENÇÕES ESPECIAS

AWFJ Hall Of Shame Award (Eu chamaria de Prêmio "Murinho da Vergonha"): Para o Hollywood Reporter por não ter convidado nenhuma mulher para a mesa redonda com diretores.

Atriz mais necessitada de um novo agente: Todas as atrizes envolvidas em Noite de Ano Novo

Filme que você queria amar mas não consegue: O Espião que sabia demais

Prêmio para Momento Inesquecível: O Artista – O som do tilintar do copo na mesa (*não vi o filme ainda...*).

Melhor representação da Nudez, Sexualidade ou Sedução: (Empate) Melancholia – Justine à luz da lua, e Shame – Seqüência de abertura no metrô.

Seqüência ou Remake que nunca deveria ter sido feito: Se Beber não Case 2.

Prêmio para o mais notório interesse amoroso apesar da diferença de idade: (Empate) Albert Nobbs - Glenn Close (64) e Mia Wasilkowska (22), Twilight: Breaking Dawn Part I - Bella (18) e Edward (Mais de 100)

6 pessoas comentaram:

Não assisti o filme, mesmo assim fiquei surpreso em ver Angelina Jolie ter ganho ESSE premio pelo seu filme. Especialmente pela avalanche críticas negativas de "um filme sobre um romance entre uma mulher rapitada e um estuprador" vindas principalmente da região onde o filme se passa.

Não vi o filme ainda, mas, pelo que eu li das críticas, não é o romance entre o estuprador e sua vítima, mas entre um sérvio e uma mulher bósnia dentro do contexto da guerra, que foi genocida. O Governo Bósnio declarou que tal romance seria IMPOSSÍVEL, coisa que, sinceramente, não procede. Só assistindo para tirar maiores conclusões.

Também vou esperar pelo filme para opinar. De qualquer forma, baseei o "romance entre uma mulher rapitada e um estuprador" daqui: http://cinema.uol.com.br/ultnot/2012/02/09/estreia-de-angelina-jolie-na-direcao-filme-sobre-guerra-da-bosnia-movimenta-e-divide-berlim.jhtm

a crítica não diz que o filme é sobre uma vítima de estupro e quem perpetrou a violência, o que está escrito é Isso aconteceu logo depois que vítimas da guerra - em sua maioria mulheres - ficaram contrariadas com detalhes do roteiro, que disseram tratar do amor entre um estuprador e sua vítima.

Ora, via de regra, as mulheres bósnias eram estupradas e muitas vezes mortas pelos sérvios que estavam atacando a região. Daí, para muitos, o mero romance entre uma mulher bósnia e um homem sérvio reproduziria a relação descrita acima. Não quer dizer que o filme seja sobre isso e a crítica não diz que é.

A critica que eu me referi não era a da reportagem, e sim das tais vítimas descritas nos dois ultimos paragrafos dela(que aliás, você reproduziu em parte aqui). No meu entender, a critica feita pelas vítimas é clara o bastante no tocante "amor entre um estuprador e sua vítima".

Por hora, se aquelas pessoas, que tiveram na pele tudo aquilo, leram o roteiro e o consideram tão ofensivo e desrespeitoso a ponto de praticamente o repudiarem e fazerem tais acusações, então vou levar essa opinião em consideração até ter a minha sobre o tal filme em relação à guerra.

Claro que não deve haver unanimidade entre o povo, que sofreu na Bósnia, em relação ao filme. Mas também não acho que tais criticas sejam opiniões obtusas, fechadas ou baseadas em pré-conceitos, mas em fatos e experiências que eles conhecem e muito bem. E por isso, acho que devem ter, sim, boas razões para estarem protestando. Se procede ou não, ainda não sei, mas irrelevante ou fraco, não é.

É por isso que fiquei surpreso com a premição da Angelina pelo filme, mesmo que a premiação seja "por chamar a atenção para o genocídio na Bósnia" e não pelo filme em sí, tendo em vista todo o problema que está causando justamente entre o povo que passou pelo conflito.

É exatamente pelo filme ter sido premiado que eu desconfio do exagero de certos protestos. Você fez o caminho inverso e é direito seu.

Intolerância, racismos, e outras manifestações lamentáveis foram perpetradas de parte a parte na guerra entre Bósnios e Sérvios. O problema é que os sérvios eram maioria, estavam melhor armados e, claro, havia todo interesse americanos e de outros de partir a Iugoslávia.

Antes de ver o filme, eu não me fio em nenhuma opinião desse tipo. Me parece que o X da questão é colocar uma bósnia e um sérvio tendo um romance é ofensivo em si mesmo. entendo a dor das vítimas do genocídio, mas considero esse tipo de rejeição também uma forma de intolerância.

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