Eu acho que já tinha ouvido falar da The Alliance of Women Film Journalists (AWFJ), mas nunca tinha ouvido falar do prêmio que é dado pela associação o EDA. Segundo o site da AWFJ o prêmio foi criado por uma das fundadoras, Jennifer Merin, em homenagem a sua mãe, a atriz Eda Reiss Merin. O EDA é um prêmio curioso, porque ela faz as premiações de sempre, as gerais, aquelas que, como o Oscar, geralmente excluem as mulheres diretoras, e faz a premiação focada nas mulheres. Curiosamente, ignoraram a Meryl Streep e adoraram Shame (Michael Fassbender, entenderam?). Isso é muito legal, porque dá visibilidade a coisas que os prêmios comuns e androcêntricos nunca lembram de prestar atenção. Vou traduzir somente essas premiações. As comuns, vocês podem ver no site do EDA. (*O Artista foi o grande premiado. Acho que levará o Oscar, também.*) Atenção para as "Menções Especiais", algumas são impagáveis:
EDA FEMALE FOCUS AWARDS
Melhor Diretora: Lynne Ramsay – Precisamos Falar sobre Kevin
Melhor Roteirista: Kristen Wiig e Annie Mumolo - Missão Madrinha de Casamento
"Kick Ass Award" para a Melhor estrela em Papel de Ação: (Empate) Rooney Mara como Lisbeth Salander em Os Homens que não Amavam as Mulheres e Saoirse Ronan como Hanna em Hanna (*filme parece ser muito bom*).
Melhor Atriz em Animação: Isla Fisher como Beans em Rango
Melhor Atriz Estreante: Elizabeth Olsen como Martha em Martha Marcy May Marlene
Prêmio para Ícone Feminino: Glenn Close como Albert Nobbs in Albert Nobbs
Atriz que desafia a Idade e o Envelhecimento: Helen Mirren como Rachel Singer em The Debt
Maior Contribuição de uma Mulher para a Indústria do Cinema em 2011: Jessica Chastain pelo seu desempenho em vários filmes aclamados.
AWFJ Award para Ativismo Humanitário: Angelina Jolie pelo seu trabalho para as Nações Unidas e pelo filme In The Land of Blood and Honey por chamar a atenção para o genocídio na Bósnia.
EDA PRÊMIO DE MENÇÕES ESPECIAS
AWFJ Hall Of Shame Award (Eu chamaria de Prêmio "Murinho da Vergonha"): Para o Hollywood Reporter por não ter convidado nenhuma mulher para a mesa redonda com diretores.
Atriz mais necessitada de um novo agente: Todas as atrizes envolvidas em Noite de Ano Novo
Filme que você queria amar mas não consegue: O Espião que sabia demais
Prêmio para Momento Inesquecível: O Artista – O som do tilintar do copo na mesa (*não vi o filme ainda...*).
Melhor representação da Nudez, Sexualidade ou Sedução: (Empate) Melancholia – Justine à luz da lua, e Shame – Seqüência de abertura no metrô.
Seqüência ou Remake que nunca deveria ter sido feito: Se Beber não Case 2.
Prêmio para o mais notório interesse amoroso apesar da diferença de idade: (Empate) Albert Nobbs - Glenn Close (64) e Mia Wasilkowska (22), Twilight: Breaking Dawn Part I - Bella (18) e Edward (Mais de 100)
6 pessoas comentaram:
Não assisti o filme, mesmo assim fiquei surpreso em ver Angelina Jolie ter ganho ESSE premio pelo seu filme. Especialmente pela avalanche críticas negativas de "um filme sobre um romance entre uma mulher rapitada e um estuprador" vindas principalmente da região onde o filme se passa.
Não vi o filme ainda, mas, pelo que eu li das críticas, não é o romance entre o estuprador e sua vítima, mas entre um sérvio e uma mulher bósnia dentro do contexto da guerra, que foi genocida. O Governo Bósnio declarou que tal romance seria IMPOSSÍVEL, coisa que, sinceramente, não procede. Só assistindo para tirar maiores conclusões.
Também vou esperar pelo filme para opinar. De qualquer forma, baseei o "romance entre uma mulher rapitada e um estuprador" daqui: http://cinema.uol.com.br/ultnot/2012/02/09/estreia-de-angelina-jolie-na-direcao-filme-sobre-guerra-da-bosnia-movimenta-e-divide-berlim.jhtm
a crítica não diz que o filme é sobre uma vítima de estupro e quem perpetrou a violência, o que está escrito é Isso aconteceu logo depois que vítimas da guerra - em sua maioria mulheres - ficaram contrariadas com detalhes do roteiro, que disseram tratar do amor entre um estuprador e sua vítima.
Ora, via de regra, as mulheres bósnias eram estupradas e muitas vezes mortas pelos sérvios que estavam atacando a região. Daí, para muitos, o mero romance entre uma mulher bósnia e um homem sérvio reproduziria a relação descrita acima. Não quer dizer que o filme seja sobre isso e a crítica não diz que é.
A critica que eu me referi não era a da reportagem, e sim das tais vítimas descritas nos dois ultimos paragrafos dela(que aliás, você reproduziu em parte aqui). No meu entender, a critica feita pelas vítimas é clara o bastante no tocante "amor entre um estuprador e sua vítima".
Por hora, se aquelas pessoas, que tiveram na pele tudo aquilo, leram o roteiro e o consideram tão ofensivo e desrespeitoso a ponto de praticamente o repudiarem e fazerem tais acusações, então vou levar essa opinião em consideração até ter a minha sobre o tal filme em relação à guerra.
Claro que não deve haver unanimidade entre o povo, que sofreu na Bósnia, em relação ao filme. Mas também não acho que tais criticas sejam opiniões obtusas, fechadas ou baseadas em pré-conceitos, mas em fatos e experiências que eles conhecem e muito bem. E por isso, acho que devem ter, sim, boas razões para estarem protestando. Se procede ou não, ainda não sei, mas irrelevante ou fraco, não é.
É por isso que fiquei surpreso com a premição da Angelina pelo filme, mesmo que a premiação seja "por chamar a atenção para o genocídio na Bósnia" e não pelo filme em sí, tendo em vista todo o problema que está causando justamente entre o povo que passou pelo conflito.
É exatamente pelo filme ter sido premiado que eu desconfio do exagero de certos protestos. Você fez o caminho inverso e é direito seu.
Intolerância, racismos, e outras manifestações lamentáveis foram perpetradas de parte a parte na guerra entre Bósnios e Sérvios. O problema é que os sérvios eram maioria, estavam melhor armados e, claro, havia todo interesse americanos e de outros de partir a Iugoslávia.
Antes de ver o filme, eu não me fio em nenhuma opinião desse tipo. Me parece que o X da questão é colocar uma bósnia e um sérvio tendo um romance é ofensivo em si mesmo. entendo a dor das vítimas do genocídio, mas considero esse tipo de rejeição também uma forma de intolerância.
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