Já me recomendaram muito Downton Abbey. Acabei não pegando para assistir, mesmo com a Meggie Smith e o Hugh Bonneville. Como são muitos capítulos, eu desanimava... Mas eu encarei Elizabeth R e Edward Seventh, então, acho que vou tentar pegar para assistir, ainda dá tempo de ver as duas primeiras temporadas antes do início da terceira. E eu sabia quase nada da história... Enfim, não gosto muito da época, eu acho... Esta matéria saiu na Folha de São Paulo de hoje, na sessão e economia. Curioso, não? Frase interessante da matéria: “Distribuidoras brasileiras estão desatentas ao sucesso e produção não tem previsão de estreia aqui”. A repórter da Folha deveria saber que isso é muito, muito comum. Aliás, só deram espaço no jornal para esta série de época inglesa, por conta de uma matéria do The Economist comparando a ascensão da Classe C brasileira e as mudanças na divisão social do trabalho por aqui e a crise do estilo de vida aristocrático da Inglaterra no início do Século XX. A matéria em inglês está aqui. Enfim, segue o texto.
Minissérie mostra diluição do império na Inglaterra
'Economist' comparou 'Downton Abbey' à crise de domésticas no Brasil
Distribuidoras brasileiras estão desatentas ao sucesso e produção não tem previsão de estreia aqui
SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES
"Mas o que é um fim de semana?", pergunta uma estupefata senhora (Maggie Smith), quando ouve o herdeiro da família dizer que arrumou trabalho na cidade e só poderá cuidar da casa no campo aos sábados e domingos. A pergunta feita pela Duquesa de Grantham é reflexo de um choque entre dois mundos, um que conhecia sua decadência e outro que nascia, nas primeiras décadas do século 20.
"Downton Abbey", minissérie britânica que atravessou o Atlântico, levou seis Emmy no ano passado e concorre agora a quatro prêmios no Globo de Ouro, é um retrato desse período. A diluição do Império Britânico e o mundo do pós-Guerra são contados a partir da história de uma família de aristocratas que vive na grandiosa residência de Downton Abbey, em Yorkshire.
O primeiro capítulo começa com a morte do herdeiro da propriedade no naufrágio do Titanic, em abril de 1912. O Duque de Grantham, chefe da casa, é obrigado então a buscar um novo sucessor. Como só teve filhas mulheres, as regras aristocráticas o obrigam a recorrer a um primo distante. O problema é que o rapaz, um advogado de Manchester, não parece muito interessado em seguir com a tradição, prefere trabalhar, o que era um escândalo para alguém de sua posição.
A trama se desenvolve em dois níveis, literalmente. No térreo e nos pisos superiores, as intrigas, amores e tragédias dos ricos. Descendo as escadas, o ambiente dos empregados, também com os mesmos elementos.
BRASIL-INGLATERRA
Aos poucos, vão se diluindo fronteiras entre os mundos de patrões e empregados. Ao descrever o mercado de empregadas domésticas no Brasil hoje, a revista inglesa "The Economist" comparou nossa atual situação com a da Inglaterra daquele tempo. "Downton Abbey" é citada como exemplo.
Na série, os empregados muitas vezes se mostram mais apegados à divisão da sociedade do que afeitos a mudanças. Ilustra-se bem o que disse George Orwell (1903-1950), no ensaio "Inglaterra, Nossa Inglaterra", sobre os tempos de paz no império: "por mais injusta que possa ser a organização da Inglaterra, o país não era de forma alguma dilacerado pela luta de classes".
A chegada do socialismo e de novas ideias políticas, assim como de incrementos tecnológicos, como o telefone, vão dando contorno à reformulação das relações. A série foi criada por Julian Fellowes (de "Assassinato em Gosford Park") e teve já duas temporadas.
A primeira abarca o período de 1912 a 1914, até o princípio da Primeira Guerra Mundial. A segunda vai de 1916 até 1919. A terceira estreia no Reino Unido em setembro. Infelizmente, as distribuidoras brasileiras não estão atentas a este fenômeno, já visto por 10 milhões de pessoas no planeta, e não há previsão de estreia no Brasil.
3 pessoas comentaram:
Comecei a assistir Downton Abbey esses dias e estou achando muito bom. Acho que você vai gostar também.
E não acho que tenha muitos capítulos, a primeira e segunda temporada tem 7 e 8 episódios só...
Assista é bonito e aprende-se um pouco de história. Quando queixarmos da escola, lembro-me da série às vezes. Tem que ver a vida dos empregados da mansão que pelos pobres eram muito bem vistos, mas por mim e pelos olhos de hoje vemos que eram uns escravos com alguns direitos não bem escravos mas... Trabalhavam imenso.Pode ser um trabalho menos pesado que o de campo por isso na série vemos exemplos pelos menos 2 exemplos de empregados que fugiram do campo, um para orgulho dos pais, outro para não casar.
Mas não tinham liberdade nenhuma, viviam pelos patrões e a sua honra representava a casa, não tinham folgas, nem horários fixos, a série subtilmente carrega num aspecto de os empregados trabalharem mais de 8 horas, vê-se quando duas empregadas amigas queixam-se de nunca poderem estar na cama e ter aquela rotina sempre. Só espero com esta crise, Portugal não fique assIM.Com os direitos de trabalho que conquistamos e agora tiram-nos
Bem, Taberneiro, eu já comecei a assistir Downton Abbey. Quanto a questão dos direitos trabalhistas, bem, o problema não é somente aí em Portugal. Ao invés de mirar no grande capital, os governos e a grande imprensa atacam os mais fracos, isto é, aposentados, pensionistas e assalariados em geral.
Em crise econômica ou prosperando, a maioria dos países abraça as teses neoliberais como se fosse um catecismo.
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