sábado, 10 de dezembro de 2011

Campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres - 16º e Último Dia



E, hoje, 10 de dezembro, termina a Campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres. Passei os últimos 15 dias postando notícias de crimes, de múltiplas violências às quais mulheres são submetidas simplesmente por serem, mulheres. Este ano, o Nobel da Paz foi dado para três africanas que lutam contra a violência cotidiana que as mulheres sofrem em seus países. Há quem bata no peito e diga que isso é coisa de país islâmico, africano ou miserável. Informo que a violência de gênero atravessa todas as classes sociais, todos os grupos religiosos (*incluídos aí os ateus*), todos os grupos étnicos e nacionalidades. Afinal, vigora em todos os países hoje, em menor ou maior grau, estruturas patriarcais de poder que justificam a desigualdade (*política, econômica e de oportunidades*) entre homens e mulheres, com vantagem para os primeiros. Em alguns casos ou em muitos, mulheres são vistas como propriedade.

Voltando ao nosso país, termino essa campanha com duas notícias pavorosas vindas de dois estados dos mais adiantados da nossa federação e, não, do Espírito Santo, que tem as maiores taxas nacionais. Na primeira notícia, jovem em São Paulo matou a ex-namorada, a avó da moça, deixando ainda o pai da menina de 14 anos ferido em estado grave. Antes que alguém diga que a culpa é dela, porque namorou um rapaz – um garoto, também, pois tinha 19 anos – com péssimos antecedentes, bem, isso pode acontecer com qualquer um/a e a moça registrou ocorrência. Fez a parte dela, certo? Foi até a polícia. Tinha o apoio de uma família que parecia ser estruturada (*a mãe e uma outra irmã escaparam da violência, porque estavam fora de casa*), mas não se salvou. O mais revoltante, para mim, é o especialista (homem) que comenta na matéria da Folha se mostrar mais solidário com o assassino (*e suicida*) do que com as vítimas. Fica parecendo que "faltou paciência" com um rapaz com problemas. Sem dúvida, ele os tinha, mas ninguém pode se obrigar a sofrer, apanhar, ter sua vida ameaçada por ninguém... Ou teria?

A segunda notícia vem de Santa Catarina: Homem mantinha a esposa em cárcere privado fazia anos. Desconfiava doentiamente que tinha sido traído, tentou escrever "adúltera" com ferro quente na testa da esposa, a violentava regularmente, a espancava e aos filhos, também. Submetia toda a família a um regime de terror. Essa mulher (*e as crianças*) são vítimas. Alguém vai perguntar, "Mas por que ela não denunciou?". Estar presa boa parte do tempo e ter um medo terrível desse homem respondem a pergunta. O que me espanta é os vizinhos e familiares nada fazerem, mas não vou deslocar o problema. Vou terminar perguntando: Será que se ela tivesse denunciado seria protegida? Será que o sujeito não sairia livre e viria matá-la e às crianças? Sinceramente? Não sei! Espero que, agora, ninguém deixe esse monstro sair de trás das grades e por muito tempo.

Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que mais de 70% das mulheres em todo o mundo sofrem algum tipo de violência de gênero ao longo da vida. No Brasil como um todo, os dados de violência contra as mulheres são absurdamente elevados e os índices não diminuem na mesma proporção em que, por exemplo, a economia do país vem crescendo. A cada 2 minutos, 5 mulheres espancadas, 40% das mulheres são assassinadas em casa (*como no caso da primeira notícia*). Em uma pesquisa feita pela fundação Perseu Abramo, 2% dos homens declararam que "tem mulher que só aprende apanhando bastante", entre os 8% que assumem praticar a violência, 14% acreditam ter "agido bem" e 15% declaram que bateriam de novo, o que indica um padrão de comportamento, não uma exceção. É isso. A Campanha existe desde 1991 e deve continuar existindo ainda por muito tempo, infelizmente.

0 pessoas comentaram:

Related Posts with Thumbnails