Esse 8º dia de campanha "Campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres" foi cheio de notícias sobre violência contra as mulheres. Na verdade, ontem já tinha tropeçado em duas vindas do Afeganistão. A primeira sobre a mulher estuprada que foi condenada à 12 anos de cadeia, porque, bem, pela leitura enviesada da Sharia que fizeram ela é adúltera. A família nada fez, afinal, ela foi desonrada e não queriam ter mais nada a ver com ela. Fora, claro, que se você aplica a regra do adultério ao estupro, denunciar um crime sem 4 testemunhas (8 se forem mulheres), pode te levar para a cadeia ou pior... Legal, não é? A boa notícia, ela foi indultada pelo presidente. A má notícia, desde que se case com o agressor. Imagine agora esta moça obrigada a viver com o estuprador que, muito provavelmente, não está muito feliz em ter que levá-la para casa. Em uma sociedade de honra e vergonha – e romanos antigos e judeus tinham leis semelhantes para alguns casos de estupro – o sujeito colocado nessa situação se sentiria penalizado, em um mundo que deveria primar por uma coisa chamada "direitos humanos", esse tipo de coisa seria intolerável. Mas o Afeganistão é meio que outro planeta, muitos pensam. A outra notícia triste vem de lá, também.
Um pai recusa a dar a mão de sua filha em casamento a um stalker. A moça fica noiva de outro. Seis homens invadem a casa da família, espancam o pai e jogam ácido no homem, na filha de 18 anos, na mãe dela e nas duas irmãs de 13 e 14 anos. Durante os anos do Talebã era comum constranger as famílias a cederem suas filhas em casamento, meninas que nem tinham menstruado ainda. Agora, isso é ilegal, para não dizer imoral, mas os constrangimentos continuam. O pai agiu de forma muito corajosa e a família inteira pagou por isso. Mas, no fim das costas, a adolescente em questão não tinha escolha. Ela era uma coisa para ser dada ou mantida... agora, se sobreviver e com o rosto e corpo marcados, quem se casará com ela? Alguém vai dizer que isso poderia acontecer no Brasil. Sim, já tivemos casos de homens violentos que atiram ácido em mulheres. No entanto, em países como Afeganistão, Bangladesh e algumas regiões do Paquistão é corrente esse tipo de agressão contra as mulheres. No estilo, "se não vai ser minha, ninguém mais vai te querer". Não é ação individual, ainda que pautada pelo machismo, é prática cultural e maciça. No Afeganistão, fanáticos religiosos também atacam meninas na porta ou à caminho das escolas, porque, bem, na leitura pervertida do Islã feita pelo Talebã, mulheres não podem estudar. Mas vamos vir para o Brasil...
Neste final de semana uma moça de 20 anos foi encontrada desacordada no banheiro. Ela tinha ido a uma festa de Formatura. Foi brutalmente espancada e, ao que parece, violentada. Não acreditei que iriam pegar o canalha que tinha feito isso, mas o cara foi preso. O sujeito diz que não fez nada, que os dois ficaram, que estavam bêbados e que a moça "caiu da escada". Você acredita? Ela caiu, ficou toda quebrada e ele a largou lá? Há testemunhas que colocam por terra a versão do cidadão. Mas prisão é temporária, o sujeito é universitário, provavelmente classe média média e pode acabar saindo livre. Brasil... Outra notícia, é sobre um homem que matou a esposa à marteladas, fugiu e foi preso. Vai ficar preso? Será punido? E veja que o princípio é o mesmo, mulheres são propriedade dos homens, elas não podem dizer não, a honra dos homens depende da das mulheres, e por aí vai... Nossas leis podem ser melhores que as do Afeganistão. Aqui, tod@s são iguais diante da lei e o Estado (ainda) é laico. No entanto, as mulheres estão sujeitas a toda uma série de violências simplesmente por serem mulheres. Precisamos mudar essa situação e é urgente!
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