quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Comentando Capitão América, o Primeiro Vingador



Finalmente, depois de muito protelar, estou escrevendo a resenha de Capitão América. E não foi por não ter gostado do filme, muito pelo contrário! Eu assisti o filme no dia 29 de julho, na estréia, em versão 3D legendada, quando estava em Recife. O problema é que eu não sirvo para ver filmes à noite. Resultado? Devo ter cochilado durante 1/3 do filme, mais ou menos. Só posso ir ao cinema de dia, e independe do quanto eu queira ver o filme, porque se estiver cansada, sei que vou cochilar mesmo. Mas eu consegui ir de novo na sexta-feira passada (*recorde total, fui ao cinema três vezes em uma semana*) para ver Capitão América e arrastei meu marido, que estava com muita má vontade (*ele é fã da personagem e estava com medo do filme ser ruim*), e acabou saindo feliz da vida da sessão. As explicações dele foram muito úteis para mim, já que eu não conhecia detalhes da personagem. Mas vamos lá...

A história do filme, vocês conhecem, Steve Rogers é um jovem franzino, que já teve todas as doenças possíveis e imagináveis, e é repetidamente recusado pelo recrutamento. O rapaz se sente deprimido, pois, afinal, estão no meio da II Grande Guerra e ele acredita que é seu dever lutar contra os nazistas. O jovem acaba sendo notado pelo Dr. Abraham Erskine (Stanley Tucci), que decide incluí-lo no projeto do super soldado. Enquanto isso, a Hidra – uma divisão especial das forças armadas nazistas – toma posse de um artefato mitológico e decide colocar em andamento a sua própria agenda de guerra. O chefe da Hidra Johann Schmidt (Hugo Weaving) foi a primeira cobaia do soro do super soldado e persegue o Dr. Erskine. Ele é o Caveira Vermelha, o vilão do filme. Enquanto isso, Rogers acaba sendo escolhido para os testes com o novo soro do super soldado e termina se tornando o Capitão América.

Capitão América é, antes de tudo, divertido. O diretor, Joe Johnston, consegue oferecer um filme que é efetivamente para “toda a família”, sem ofender a inteligência de ninguém. Até o seu caráter patriótico é aceitável dentro do contexto da guerra e a forma como a personagem do Capitão América é explorada pelo senador, mostra que mesmo do lado dos “bonzinhos” há gente muito canalha. Há toda uma série de referências, da primeira capa da revista do Capitão América, na qual o herói aparece esmurrando Hitler, até ao clássico Os Caçadores da Arca Perdida, o primeiro filme de Indiana Jones. Claro, que para quem conhece bem o herói ou o universo Marvel caçar as referências é muito mais fácil. Meu marido, por exemplo, ficou contente em ver a moto do herói (*sim, não foi inventada para vender brinquedos do filme*), com o escudo colocado “do jeito certo”. Uma amiga, Natania, que assistiu comigo o filme em Recife, identificou o Comando Selvagem, no grupo de soldados que ajudam o herói, e ficou na esperança de ver o Wolverine... Eu nem conhecia o grupo... Mas, mesmo para alguém que só conhece o mínimo, como eu, foi um filme muito divertido.

As cenas de ação do filme foram bem construídas e a parte em que o Capitão América é transformado em peça de propaganda foi muito bem bolada com o quadrinho sendo lido por crianças e soldados. Era assim mesmo durante a guerra. Aliás, há até referência aos seriados em preto & branco que passavam no cinema. Interessante a opção pela não-identidade secreta. Todos sabem quem é o Capitão América, todos o viram correndo na rua atrás do primeiro vilão (*o excelente Richard Armitage*). Esconder para quê? Aliás, e eu tenho que comentar isso, quando o Steve Rogers se torna o Capitão América e cresce, a calça encurta, mas não rasga. Fui acusada de depravada por ter percebido essas coisas, mas meu marido concordou comigo... E não é por querer fanservice, calça de tergal rasga, oras! Não era moleton! Mas, enfim, os efeitos especiais foram muito bons. Destaque para o Steve Rogers raquítico.

Se eu tivesse prestado atenção que Chris Evans tinha sido o Tocha Humana de Quarteto Fantástico, acho que teria torcido o nariz, já que o rapaz era o que de mais irritante havia naqueles dois filmes. Só que ele se apropriou totalmente do papel do Capitão América e tornou a personagem realmente convincente. A direção de atores deve ter pesado muito, mas o mérito foi do rapaz. Ele é bom. Muita gente ria de gargalhar na primeira sessão que vi – lotada e 3D – mas eu só consegui rir uma vez (*duas, se contar com o sujeito dizendo que o “Avenger” era “Aventura” atrás de mim*), graças a uma piadinha do Tommy Lee Jones (*mas não dou o spoiler*), que estava excelente como o Coronel, mas cheguei a ficar tocada com a atuação do Chris Evans em alguns momentos. Destaco a cena em que o herói, por conta do super soro, não consegue ficar bêbado... ainda que precise e mereça...

Outro destaque do filme é o sempre excelente, Stanley Tucci. Como eu gosto desse ator! O Hugo Weaving estava bem, e deve voltar no filme dos Vingadores, mas ele sempre me parece fazendo uma variação do Agente Smith. Fazer o quê? Mas uma das coisas curiosas foi a quantidade de atores ingleses no filme, fazendo inclusive norte americanos, e dois deles, homens de Jane Austen, por assim dizer, o Dominic Cooper (Willoughby) e o J.J.Feild (Mr. Tilney). Havia o Richard Armitage, que só aparece para morrer ou enfeitar a tela, ou as duas coisas. Desperdício de um excelente ator... O Dominic Cooper, que nunca me agradou, conseguiu me convencer como o pai do Tony Stark. A inspiração para a personagem era clara: Howard Hughes (*Não conhece? Veja O Aviador com o Leonardo Di Caprio*). Pena que ele só vá aparecer neste filme, porque a personagem ficou bem divertida. Já o Mr. Tilney, que faz um dos membros do Comando Selvagem chamado James Montgomery Falsworth, também tem lá suas ceninhas... O incrível é que eu não tinha visto o sujeito na primeira vez que assisti o filme... Foi aí que eu percebi o quanto eu tinha dormido! Como eu poderia não ver o Mr. Tilney?

Bem, há algumas inconsistências, especialmente em termos de tecnologia no filme. Já discutimos aqui em casa como o avião pode chegar tão rápido ao Ártico... Mas filme é filme... Relevemos... Foi legal ver o vilão fugindo em um avião, o Triebflügel, que era projeto secreto alemão na II Guerra, mas nunca foi construído. Meu marido vibrou do meu lado. Agora, a grande inconsistência era a agente Carter, interpretada por Hayley Atwell, cuja única função era ser a namoradinha do herói. Porque venhamos e convenhamos, ela estava em uma posição que seria ocupada por um homem durante a II Guerra e, como ninguém se preocupa em explicá-la (*Para quê, né?*), não sabemos o porquê dela estar lá. E colocá-la dando um soco em um soldado para mostrar “como é durona”, não torna a personagem mais interessante. Os americanos não sabem como escrever personagens femininas, especialmente nesse tipo de filme. A cereja do bolo foi a Agente Carter participando da ação, da invasão à fortaleza do Caveira Vermelha, sem capacete, maquiada e de cabelo arrumadinho. Primeiro, não a levariam, segundo, ela deveria estar usando o capacete que todos os caras estavam usando... Mas, enfim, ela só estava no filme para ser a namoradinha, entendem? E os diálogos dela com o Steve são bons, o problema é que ela é uma personagem rasa, um rascunho. E, claro, Capitão América não cumpre a Bechdel Rule, mas isso não torna o filme ruim, só mantém o padrão do mal tratamento dado às personagens femininas no cinema norte-americano atual.

É isso. Foi muito bom rever o filme. Confirmei que o 3D não fazia diferença e fui pela primeira vez ao cinema do Liberty Mall que ainda usa projetor das antigas. ^__^ Ouvir o clic-clic foi nostálgico, assim como os risquinhos na tela no início da projeção. Lá em Recife, cortaram a cena pós-créditos. Um desrespeito total, coisa de amador mesmo, e em sessão 3D... Já em Brasília, o problema é encontra ruma sala legendada. Agora cismaram que toda a humanidade é obrigada a assistir filmes (mal) dublados (*Vou acabar não vendo Lanterna Verde por conta das dificuldades*). Nem sequer as últimas sessões oferecem com legendas. Foi por conta disso que acabei no Liberty Mall. Voltando ao filme, a cena antes dos créditos tem mais cara de cena pós-créditos do que o trailer dos Vingadores, mas, enfim, eu estou doida para ver a equipe reunida. Não assistiu Capitão América ainda? Olha, não sabe o que está perdendo! O filme é legal, bem executado, e o Capitão América é lindão... Mas eu ainda prefiro o Thor. ^__^

7 pessoas comentaram:

Eu tb tava precocupado que Capitão fosse ruim, mas ao meu ver manteve o bom padrão que os estudios Marvel tem conseguido.

A melhor ideia foi mesmo criar esse ar divertido e brincar com os elementos do persongem (inclusive a meta-linguagem de usa-lo como peça de propaganda e das hqs com ele).

Quanto a agente Carter, ela apareceu em alguns quadrinhos antigos, mas era uma agente do serviço secreto, que fazia investigações e não ia para batalhas de campo (claro que no final ela tinha que sers alva pelo heroi..)

Foi legal procurar os detalhes da mitologia do heroi, como a moto, o Comando Selvagem (Wolverine não apareceria por que os direitos de cinema do personagem está com a Fox), mesmo não tendo Nick ou Jack Fury presentes, etc.

Mas isso acabou gerando um problema que foi a correria.

O filme abordou tudo da vida do Capitas em muito pouco tempo. Tudo aconteceu muito rapido. Os coadjuvantes mal foram explorados direitos e a morte do Buck, um momento tão crucial para a personalidade de Steve teve pouco destaque.

De qualquer forma foi melhor do que eu esperava e é claro a impolgação agora é todo para com o fimes dos Vingadores.

Vai ser um apoteose nerd rs.

Já há um tempo que acompanho o seu blog, no início, o que me interessava mais eram os posts sobre mangá shoujo (que foi o que me trouxe até aqui), mas tenho que dizer que gosto demais das suas resenhas de filmes. São detalhadas, sem pedantismo e sempre acompanhados de comentários muito elucidativos acerca de história e realidade, além de pequenas observações sobre o papel da mulher.

É isso, eu só queria elogiar mesmo, porque imagino o trabalho de sentar, relembrar o filme e conseguir escrever parágrafos extensos (mas interessantíssimos) com personalidade!

Muito legal sua resenha e concordo bastante com ela. E acabo de descobrir que não teve cena pós-crédito na minha sessão, que também foi 3D [porque a 2D era dublada, e odeio ver filme 2D convertido pra 3D, por isso não verei o Lanterna Verde]. Acho que as cópias 3D não vieram com o trailer dos Vingadores, eu achei que a cena pós-créditos tinha sido mesmo a famosa cena do Nick Fury chamando alguém pra equipe. Que coisa!

Lord Anderson, na verdade você misturou as Carters.

A namorada do Capitão do filme é Margaret "Peggy" Carter, que era a namorada do personagem nos quadrinhos publicados no tempo da Segunda Guerra (não, ao contrário das más línguas não era o Bucky).

Nas histórias publicadas nos anos 60, quando o Capitão foi descongelado Peggy já estava casada e ele começou a namorar sua irmã mais nova Sharon, essa sim uma agente da SHIELD (e loura, ao contrário da morena Peggy).

Ele continua sendo parceira e namorada ocasional do Capitão até hoje, embora a passagem do tempo tenha obrigado a Marvel a dizer que ela na verdade é sobrinha de Peggy (futuramente ela sem dúvida será neta ou bisneta).

Vale dizer que a já idosa Peggy Carter morreu de causas naturais em uma edição recente do Capitão América nos EUA. Esse é um dos raros casos em que a personagem tem poucas chances de ressuscitar.

Cheguei na sessão pensando "Vai ser uma bomba!" Mas eu ri do começo ao fim. Achei certas coisas engraçadas demais (a parte q ele vira modelo/ator/sei-lá-o-q, por exemplo). Tbm fiquei me perguntando como raios a garota foi lutar toda arrumadinha na fortaleza e nem se despenteou! E achei maldade o final. Deu pena do cara.

A maior parte das pessoas saiu quando começaram os créditos. Teve umas crianças q voltaram. Acho q elas ouviram o semi-grito q dei com a minha irmã dizendo q ia ficar até o fim. Até o lanterninha parou pra ver o trailler q todo mundo (15 pessoas) aplaudiu no final.XD

Assisti, adorei! quem será a nova namoradinha dele? Fiquei rindo depois que caiu a ficha que o Capitão América é o virgem de 90 anos XD~

Hunter

Sim, eu sei sobre as duas geraçoes de Cartes. Mas lembro de ter visto historias do Capitas e do Buck na epoca da Segunda Guerra.

Geralmente eram missões de espionagem contra agentes nazistas infiltrados nos EUA (os chamafos quinta-coluna) e a Peguy usava o codnome Agente 13 (o mesmo que a Sharon usou na SHIELD)

Mas podiam ser retcons que a editora faz de vez em quando.

AH, meu filme preferido ainda é Homem de Ferro, Tony Stark é o papel da vida do Robert Downey Jr.

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