Fim de uma Era: a Tokyopop fecha as portas nos EUA

Soube disso ontem, pouco antes de sair para o trabalho. Não tive como postar e, bem, processar a informação é bem difícil. Os fãs de mangá no Ocidente devem muito à Tokyopop, a primeira editora a deixar de espelhar os quadrinhos japoneses e nós, fãs de shoujo, devemos mais ainda, porque foi esta editora americana que iniciou o boom do gênero por lá. A Tokyopop mostrou – e explorou ao máximo – que shoujo vende, que mangá feminino tem público, sim, e elevou Fruits Basket ao topo da lista de mais vendidos nos EUA sem ter anime ou outra coisa apra empurrar, foi somente o carisma da série. Nos últimos anos, entretanto, a VIZ passou a monopolizar todos os grandes títulos e com a entrada truculenta (*sim, porque cancelou as licenças da Tokyopop e de outras editoras*) da Kodansha no mercado americano, sobrou pouco para a Tokyopop nos Estados Unidos. Ela continuava publicando o material da Hakusensha, como Gakuen Alice, e outros títulos como Hetalia que são, sim, muito rentáveis, mas começou a se especializar em “Global Manga”, produtos feitos por encomenda juntos aos japoneses (*Alguns deles saem no Brasil pela Newpop*) para o mercado estrangeiro ou mesmo por artistas norte-americanos e de outras nacionalidades. A carta (comovente) deixada Stu Levy, um dos fundadores da Tokyopop, para os fãs diz o seguinte em uma de suas partes:

Depois de 14 anos, estou entregando as minhas armas. Juntos, nossa comunidade lutou a boa luta, e, como resultado, a Revolução do Mangá venceu – os mangás se tornaram parte inseparável da cultura pop global. Estou muito orgulhosa daquilo que nós conseguimos fazer – e do incrível grupo de fãs apaixonados que nós servimos ao longo do caminho (meus companheiros revolucionários!).

Pelo que li no ANN e no The Beat, eles vão continuar com sua base na Alemanha, onde supostamente tudo vai muito bem, mas não me pareceu claro como ficarão as publicações das licenças japonesas. Eu estou muito triste com essa notícia. A Tokyopop me deu muitas alegrias. Ela lançou Sailor Moon nos EUA, meu marido tem completo aqui em casa. Foi ela que publicou Mars, de Fuyumi Souryou, um dos melhores mangás que já li e o primeiro que colecionei completo comprando dos Estados Unidos. Paradise Kiss, meu primeiro encontro com Ai Yazawa, foi, também, cortesia da Tokyopop. Foi essa editora que publicou o impactante Confidential Confessions e que iniciou o simpático Kindaichi, só para falar de um não-shoujo que comecei a colecionar. Ah! E como esquecer? Meu BL do coração, o lindo Earthian!!!! ^_^ Agora, o que resta das grandes editoras de mangás nos EUA? Só a VIZ mesmo. Claro, que estou focando nos shoujo. Mas vejam que a Tokyopop nos EUA não fechou, a meu ver, por causa de uma crise no mercado de mangá de lá como um todo, mas por conta da ganância da VIZ e da atitude desleal da Kodansha. Mas capitalismo é assim. Ficam as boas memórias e a esperança de que a Tokyopop possa voltar aos EUA no futuro.