Antes que as coisas se apaguem da minha memória convém terminar meus comentários sobre TiTiTi. Para quem não leu, a primeira parte da análise está aqui. Eu deixei para a segunda parte do texto a questão dos romances da trama e das questões de gênero envolvidas. Não vou falar de tudo, não lembro, tampouco faz sentido. Só digo que, no geral, considero o saldo de TiTiTi positivo, ainda que, obviamente, toda novela tenha seus altos e baixos. E não vou comentar tudo, vou focar em algumas personagens e tramas.
Comecemos pelos pontos baixos. Gabriela talvez tenha sido o maior fiasco da novela. Eu gosto da menina que fez a personagem, a Carolina Oliveira, acho a atriz muito competente, além de bonita. No original, a personagem foi defendida por Miriam Rios, a gravidez era uma farsa e ela atormentou Pedro (*o belo Paulo Castelli) até que o rapaz realmente se apaixonou por ela, e pede perdão em uma cena bem emocionante (1 - 2). Na atual TiTiTi, não sei por qual motivo, decidiram colocar a Gabriela para rastejar e se humilhar pelo Pedro até o fim. De todas as tramas modificadas, essa foi a pior, exatamente porque representou um retrocesso na representação da personagem feminina. O novo Pedro se saiu melhor que a nova Gabriela... Foi, por assim dizer, um canalha inesquecível. Isso, claro, até aquele final piegas ridículo dos dois. Essa foi uma das tramas em que a novela original foi tão superior que fica difícil até comentar. E não considero o fiasco do casal da Gabi/Pedro atual culpa dos atores. Quem mudou a trama errou, fez bobagem mesmo, e destruiu um dos melhores casais da novela original.
Na verdade, acho que o gerenciamento dos casais jovens na novela foi muito ruim. Quando chegamos no ¼ final da trama, parecia que a autora (*e seus colaboradores*) tinha decidido destruir com todos eles. Querem ver só? Lutti não deu certo com a Walquíria. Até aí, sem problema. Não houve química e a atriz começou muito mal. A sorte dela é que em uma novela você tem muito tempo até para se aperfeiçoar, ela se tornou uma atriz melhor, bem melhor, mas a Camila – a patricinha mais fofa das telenovelas – era tão gracinha que quase todo mundo começou a torcer por ela muito cedo na trama. Só que a indecisão de quem escrevia a novela tornou o triângulo amoroso dos três um porre, longo demais. O menino Lutti era fofinho, mas certinho demais, errou tão pouco que não cresceu como personagem. Ele começa perfeito e termina perfeito. A Camila, em contrapartida, evoluiu muito e o ápice foi o rompimento do casamento. Mas como não a deixaram se acertar com o Lutti de uma vez, até ela teve seus momentos de chatice. A sua permanência no hotel fazenda foi o correspondente chato da trama da ilha deserta para o Armandinho e a Desirée. Essa falta de criatividade e arrojo se refletiu, também, na perda de interesse da Camila pelo curso na faculdade. Vejam que ela se interessar por estudar, ter uma carreira, fazia parte da mudança da personagem, mas, no fim das contas, ficou parecendo que tudo era SOMENTE para estar perto do Lutti. Mais um ponto baixo. No fim das contas, foi a Walquíria que virou a mesa nesse sentido, primeiro amadurecendo um pouco, depois descobrindo que tinha interesse pela carreira, por crescer profissionalmente. E, mesmo tendo enfiado aquele mala do tal do Érico na história, o final dela até que foi reconfortante.
O triângulo Desirée-Armandinho-Jorgito foi outro nó. Eu achava as cenas do início entre Desirée e Armandinho tão anos 1980, tão Vereda Tropical, por exemplo, que eram divertidas de se ver. Mas nunca gostei do Armandinho. Como modelo de homem ele era um atraso na vida de qualquer mulher. A atriz que fazia a Desirée eu já conhecia de Queridos Amigos. Ela é boa e a sua modelo carismática e fora dos padrões rendeu muito bem em alguns momentos. O Jorgito era um intragável no início, mas a mudança do rapaz para poder ser digno dela, foi bem legal. Eu gosto dessas coisas, é muito fácil me pegar por aí. E, claro, havia a tal questão da virgindade, que rendeu uma das cenas mais patéticas do Armandinho na tal ilha deserta...
Vocês notaram o quanto a novela era conservadora em relação aos casais jovens? Há quem não transe, quem permaneça virgem até o casamento. Não é disso que eu falo. Mas nenhum dos casais jovens “do bem”, por assim dizer, transava. Lutti e Walquíria, Lutti e Camila... não lembro de Camila e Edgar... aliás, ela nem deixava ele mexer no seu cabelo... Armandinho e Desirée... a Taísa era uma periguete virgem... Só acontecia alguma coisa, quase que por via de regra, quando o casal parecia ser definitivo. Caso da Marcela com o Edgar e, claro, da Desirée com o Jorgito. Fora isso, quem transava eram os jovens maus ou disfuncionais: Amanda, Jorgito antes de se corrigir, Edgar antes de se apaixonar pela Marcela (*e depois, também*), e o Pedro, claro! A mocinha que se entrega, Gabriela, acaba sendo punida pelo seu comportamento, já que se vingar ela não se vingou. Já Armandinho, se deixou seduzir pela Stéphany (*que também cresceu muito ao longo da trama*) e acabou sendo igualmente punido... E eu pensado que a filha de Stéphany era de outro, mas até a vilãzinha era virgem, também. Trocando em miúdos: sexo é para os adultos ou para os jovens malvados, meninos e meninas boas não transam. Pelo menos aqui, durante um bom tempo, não houve dupla moral.
Aliás, a dupla moral deu as caras exatamente no momento de destruição dos casais jovens. E foi horroroso colocarem na boca do Julinho a defesa da galinhagem do Edgar. “Homem trai. Trai se está triste, trai se está feliz.” Edgar, que se tornou um chato, grosseiro com os pais, traiu Marcela com a própria vilã, Luísa. E, parando para falar da Luísa, foi muito chato ver uma personagem tão complexa sendo transformada na psicopata padrão, mas como ela não morre no fim e ainda descola um mecânico “divino”, até que foi um alívio. Voltando ao “caso Edgar”, eu realmente torci para que ele ficasse com a Amanda. Não por ele, mas pelo crescimento que a Amanda teve como personagem. Foi uma das melhores atuações jovens, uma personagem que foi se construindo ao longo da trama, que parecia humana em suas contradições. Excelente mesmo.
Voltando para a dupla moral, ela entrou em ação novamente em relação ao Jorgito. Poucas coisas me pareceram tão absurdas quanto ver um sujeito tão inteligente quanto ele caindo na lábia da Stéphany. Foi forçado, algo que não precisava estar na trama. Mas eis que Desirée e ele teriam que ficar juntos, afinal, a estadia (*longa, chata, arcaica, inútil*) na ilha deserta só veio a reforçar o quanto Armandinho + Desirée era algo muito indigesto. Eu torcia pelos dois, mas não precisavam ter insinuado que uma mulher que ama deve “fechar os olhos” para os malfeitos do homem amado. E, veja, que tudo por amor, porque depender economicamente dele, ter que se “prostituir” por casa e proteção ela não precisava. Peguei pesado, eu sei, mas foi essa a mensagem que colocaram na boca da Desirée. E foi um lance tão machista que manchou a trajetória da personagem. Será que em pleno século XXI precisamos desse tipo de discurso, ainda mais colocado na boca de uma personagem tão simpática e popular? Eu acho que não. Foi um balde de água fria e eles poderiam fazer as pazes de outra forma. Pelo menos, salvou-se um pouco do Armandinho no fim. A mudança da personagem foi bem-vinda.
Outra personagem que cresceu muito foi a Marcela. Via muita gente reclamando da indecisão da personagem no Twitter, tomando as dores dos dois machos lindos – o Edgar ou o Renato – mas eu estava me lixando para os dois. Aliás, houve um momento que eu desejei intensamente que a Marcela terminasse sozinha e com dignidade, ou morta. Foi muito bom vê-la crescer, sair do papel de vítima e assumir o protagonismo da sua vida. Isso depois que a trama do casamento forçado parecer ser o fim da linha para ela. Quando ela coloca o babaca do Edgar na parede e diz que sua carreira é importante, sim, aquilo foi uma mensagem muito poderosa e eu espero que muita gente que estava assistindo tenha entendido isso. Claro, que a trama da maternidade e seus dramas (*de classe média alta*) serviram para amarrar um pouco a personagem, mas o saldo foi positivo. O problema é que em toda novela se pede um final feliz para uma mocinha. E final feliz, hoje, não pode ser algo ao estilo Recruta Benjamin, seria feminista demais.
Lá no início da novela, eu realmente achava o casal Edgar-Marcela um dos mais românticos e bem construídos da novela. Aliás, o elenco, especialmente o masculino, era muito bonito. Só que foram destruindo o Edgar. Ele, sim, sofreu com a trama do casamento arranjado. Primeiro, ele virou um chorão, depois, ele traiu a mocinha, e, por fim, ele quis exigir que ela vivesse em função dele. O que, pelo menos, rendeu uma excelente fala da Bruna mamãe, dizendo que o exemplo dela na vida dele (*dona de casa, totalmente dedicada ao marido e ao lar*) poderia ter sido diferente nos dias de hoje. E ela dá a entender que queria que fosse diferente. Eis que as mensagens feministas vêm de onde não se espera. Mas a personagem Bruna foi uma das melhores da novela.
Se o Edgar se tornou intragável e até na cama da Luísa andou, o Renato – o ator mais bonito da novela – foi se tornando ambíguo em uma estratégia de redenção que, pelo menos para mim, não colou. E digo o porquê: o sujeito mentiu para Marcela no início da novela; a abandonou grávida, por acreditar que fosse um golpe ou o filho não fosse seu; depois retornou, deu-lhe um tapa na cara, a chamou de vagabunda ou algo assim, na cena talvez mais revoltante da novela. Depois disso, ele teria que rastejar muito para ganhar a minha simpatia. Mas foi acumulando erro em cima de erro, mostrou arrogância, incompetência, e, claro, era o filhinho do papai. Fora o fato de culpar a carreira da mãe – sim, da mãe – por boa parte dos seus problemas. Só que alguém teve a idéia de destruir o Edgar e colocar a Marcela emocionalmente vulnerável. Então, de repente, temos o crescimento do Renato, um marmanjo que não conseguia sair da sombra do pai, culminando com aquela fragilíssima independência do final. Ele era um pai amoroso e as boas qualidades dele foram sendo enfatizadas... E, bem, até bater em outra mulher ele bateu... Mas o público nem se importou tanto, afinal, era a Luísa!
Olha, eu até vi algum crescimento no Renato, mas ele continuou ainda tão infantilizado no final, que qualquer mulher que aceitasse ficar com ele teria que ser meio mãe do sujeito. Fora, claro, que tanto a mãe dele, quanto a Marcela, foram obrigadas pelo andamento do roteiro a vê-lo como vítima e perdoá-lo. Elas é que não foram compreensivas e se sacrificaram o bastante por ele. Vide o caso em que Marcela, para não ferir os sentimentos do “marido”, vai interceder por ele junto ao Jacques Leclair. Se eu tivesse que escolher entre Edgar e Renato, eu acabaria escolhendo o segundo, pelo dano causado ao Edgar, pela forma como ele se tornou babaca, mas seria uma escolha difícil, a Marcela merecia muito mais que qualquer um daqueles dois pastéis.
Está ficando longo e eu ainda tenho tanto a dizer... Mas vamos lá, um dos casais que mais gostei a novela inteira e cujo final não me decepcionou foram Rebeca e Gino. Não vi o início da novela, então, não vi a Rebeca perdida e dondoca que fica viúva e tem que assumir os negócios da família. Quando peguei a novela já encontrei a personagem se aprumando como dona da empresa. Falei na primeira parte que o papel do Breno tentando atrapalhar o romance da Rebeca com o Gino foi um porre. Mas tínhamos nos dois um casal maduro, com histórias de vida muito diferentes, que se apaixonam. O drama do Gino, seu desejo de ser pai, me pareceu coerente. Eu sei que o sentimento é fruto de assujeitamento, mas as pessoas estão em sociedade e a idéia de que procriar é preciso está muito forte no nosso imaginário. Daí, ele, que sacrificou parte de sua vida pelas irmãs e sobrinhas, olhar para a mulher amada e ter a certeza de que não poderia ter filhos com ela o atormentar. Para mim, OK. Mas o nó mais importante e que expunha questões de gênero e a forma como essa nossa sociedade se organiza era o fato dela ser rica e ele pobre.
Gino e Rebeca queriam se casar, mas ele não queria ser sustentado por ela. Daí, ela teria que abrir mão de seu status e padrão de vida para estar com ele, pois seu orgulho masculino não poderia ser ferido. Fosse o inverso, vejam bem, o drama não teria existido. A moça pobre, normalmente, aceita a sua posição de sustentada, é elevada pelo status do marido, não rebaixada. É aquela coisa, em uma sociedade patriarcal, a esposa pertence à classe social do marido, já o inverso, pode ser motivo de chacota e humilhação. Esse era o drama do casal, e a resolução foi ótima e quem cedeu foi o Gino. Se ele ama Rebeca e não quer abrir mão de seu estilo de vida, eles podem continuar namorados ou amantes ou até casados, vivendo em casas separadas. E por que, não? E eles nem se casam. Foi um breve sopro de modernidade... Muito breve, muito tênue, mas que me deixou feliz.
E chegamos ao final. Bem, Julinho e Thales ficaram juntos. E eu imaginei que o beijo até pudesse sair. Houve alguém que comentou a primeira parte e disse que isso não era necessário. Desculpe, mas casais se beijam. É o mínimo de carinho que expressamos em público nesse mundinho ocidental. Quase tivemos o beijo, aliás, entre o excelente Chico (*não falei dele, mas o ator era ótimo, e eu o conheci nesta novela*) e o Ari, quando o primeiro passa o batom TiTiTi. Mas se o beijo fosse ali, como piada, não teria problema. A caricatura pode, o deboche (*ainda que divertido*), pode, o beijo homoafetivo de verdade, no mesmo contexto em que ocorre com os casais hetero é que não pode. Daí, foi um pouco frio o final do Thales com o Julinho. E olha que poderia ser melhor. As cenas do Thales em agonia diante da sua orientação sexual foram belíssimas, especialmente a que ele se assume para a Jaqueline.
Mas se beijo entre homens não pode, a esposa prostituindo o marido – sim, foi isso que a Clotilde fez com o Jacques – não é imoral, é engraçado. Foi uma inversão dos papéis de gênero ter a mulher – maquiavélica e inteligente – empurrando o seu marido para outra mulher – brilhante, cheia de criatividade – para, em troca de favores sexuais, conseguir manter sua posição social. Não lembro de novela onde isso acontecesse dessa forma... o inverso, sim! Mas, ainda assim, isso não serve para enriquecer, pois a transgressão só expõe a nossa hipocrisia, já que nossa tolerância com esse tipo de arranjo, ainda que na ficção, é mais aceitável que uma expressão legítima de carinho. Perdemos de novo uma chance de ter o primeiro beijo gay das telenovelas. E a Jacqueline dispensando o Rodrigo Lombardi foi de lascar.
Enfim, não falei tudo, poderia falar da Luísa, do Ari com a Marta... mas já escrevi mais de duas páginas. O que eu tenho a dizer é que TiTiTi 2010/2011 não foi só um remake, mas uma nova novela e das boas. Ver problemas e defeitos não é negar isso. Enfim, se quiseram comentar mais alguma coisa, a gente conversa nos comentários. Mas eu até duvido, já que passou tanto tempo do início da novela que muita gente já tenha esquecido. É isso. Esta semana tentarei dar uma olhada em Amor e Revolução, mas não tenho esperanças em relação a esta novela. E tem Cordel Encantado que, pelo inusitado da trama, merece uma olhadinha. É isso.
Comecemos pelos pontos baixos. Gabriela talvez tenha sido o maior fiasco da novela. Eu gosto da menina que fez a personagem, a Carolina Oliveira, acho a atriz muito competente, além de bonita. No original, a personagem foi defendida por Miriam Rios, a gravidez era uma farsa e ela atormentou Pedro (*o belo Paulo Castelli) até que o rapaz realmente se apaixonou por ela, e pede perdão em uma cena bem emocionante (1 - 2). Na atual TiTiTi, não sei por qual motivo, decidiram colocar a Gabriela para rastejar e se humilhar pelo Pedro até o fim. De todas as tramas modificadas, essa foi a pior, exatamente porque representou um retrocesso na representação da personagem feminina. O novo Pedro se saiu melhor que a nova Gabriela... Foi, por assim dizer, um canalha inesquecível. Isso, claro, até aquele final piegas ridículo dos dois. Essa foi uma das tramas em que a novela original foi tão superior que fica difícil até comentar. E não considero o fiasco do casal da Gabi/Pedro atual culpa dos atores. Quem mudou a trama errou, fez bobagem mesmo, e destruiu um dos melhores casais da novela original.
Na verdade, acho que o gerenciamento dos casais jovens na novela foi muito ruim. Quando chegamos no ¼ final da trama, parecia que a autora (*e seus colaboradores*) tinha decidido destruir com todos eles. Querem ver só? Lutti não deu certo com a Walquíria. Até aí, sem problema. Não houve química e a atriz começou muito mal. A sorte dela é que em uma novela você tem muito tempo até para se aperfeiçoar, ela se tornou uma atriz melhor, bem melhor, mas a Camila – a patricinha mais fofa das telenovelas – era tão gracinha que quase todo mundo começou a torcer por ela muito cedo na trama. Só que a indecisão de quem escrevia a novela tornou o triângulo amoroso dos três um porre, longo demais. O menino Lutti era fofinho, mas certinho demais, errou tão pouco que não cresceu como personagem. Ele começa perfeito e termina perfeito. A Camila, em contrapartida, evoluiu muito e o ápice foi o rompimento do casamento. Mas como não a deixaram se acertar com o Lutti de uma vez, até ela teve seus momentos de chatice. A sua permanência no hotel fazenda foi o correspondente chato da trama da ilha deserta para o Armandinho e a Desirée. Essa falta de criatividade e arrojo se refletiu, também, na perda de interesse da Camila pelo curso na faculdade. Vejam que ela se interessar por estudar, ter uma carreira, fazia parte da mudança da personagem, mas, no fim das contas, ficou parecendo que tudo era SOMENTE para estar perto do Lutti. Mais um ponto baixo. No fim das contas, foi a Walquíria que virou a mesa nesse sentido, primeiro amadurecendo um pouco, depois descobrindo que tinha interesse pela carreira, por crescer profissionalmente. E, mesmo tendo enfiado aquele mala do tal do Érico na história, o final dela até que foi reconfortante.
O triângulo Desirée-Armandinho-Jorgito foi outro nó. Eu achava as cenas do início entre Desirée e Armandinho tão anos 1980, tão Vereda Tropical, por exemplo, que eram divertidas de se ver. Mas nunca gostei do Armandinho. Como modelo de homem ele era um atraso na vida de qualquer mulher. A atriz que fazia a Desirée eu já conhecia de Queridos Amigos. Ela é boa e a sua modelo carismática e fora dos padrões rendeu muito bem em alguns momentos. O Jorgito era um intragável no início, mas a mudança do rapaz para poder ser digno dela, foi bem legal. Eu gosto dessas coisas, é muito fácil me pegar por aí. E, claro, havia a tal questão da virgindade, que rendeu uma das cenas mais patéticas do Armandinho na tal ilha deserta...
Vocês notaram o quanto a novela era conservadora em relação aos casais jovens? Há quem não transe, quem permaneça virgem até o casamento. Não é disso que eu falo. Mas nenhum dos casais jovens “do bem”, por assim dizer, transava. Lutti e Walquíria, Lutti e Camila... não lembro de Camila e Edgar... aliás, ela nem deixava ele mexer no seu cabelo... Armandinho e Desirée... a Taísa era uma periguete virgem... Só acontecia alguma coisa, quase que por via de regra, quando o casal parecia ser definitivo. Caso da Marcela com o Edgar e, claro, da Desirée com o Jorgito. Fora isso, quem transava eram os jovens maus ou disfuncionais: Amanda, Jorgito antes de se corrigir, Edgar antes de se apaixonar pela Marcela (*e depois, também*), e o Pedro, claro! A mocinha que se entrega, Gabriela, acaba sendo punida pelo seu comportamento, já que se vingar ela não se vingou. Já Armandinho, se deixou seduzir pela Stéphany (*que também cresceu muito ao longo da trama*) e acabou sendo igualmente punido... E eu pensado que a filha de Stéphany era de outro, mas até a vilãzinha era virgem, também. Trocando em miúdos: sexo é para os adultos ou para os jovens malvados, meninos e meninas boas não transam. Pelo menos aqui, durante um bom tempo, não houve dupla moral.
Aliás, a dupla moral deu as caras exatamente no momento de destruição dos casais jovens. E foi horroroso colocarem na boca do Julinho a defesa da galinhagem do Edgar. “Homem trai. Trai se está triste, trai se está feliz.” Edgar, que se tornou um chato, grosseiro com os pais, traiu Marcela com a própria vilã, Luísa. E, parando para falar da Luísa, foi muito chato ver uma personagem tão complexa sendo transformada na psicopata padrão, mas como ela não morre no fim e ainda descola um mecânico “divino”, até que foi um alívio. Voltando ao “caso Edgar”, eu realmente torci para que ele ficasse com a Amanda. Não por ele, mas pelo crescimento que a Amanda teve como personagem. Foi uma das melhores atuações jovens, uma personagem que foi se construindo ao longo da trama, que parecia humana em suas contradições. Excelente mesmo.
Voltando para a dupla moral, ela entrou em ação novamente em relação ao Jorgito. Poucas coisas me pareceram tão absurdas quanto ver um sujeito tão inteligente quanto ele caindo na lábia da Stéphany. Foi forçado, algo que não precisava estar na trama. Mas eis que Desirée e ele teriam que ficar juntos, afinal, a estadia (*longa, chata, arcaica, inútil*) na ilha deserta só veio a reforçar o quanto Armandinho + Desirée era algo muito indigesto. Eu torcia pelos dois, mas não precisavam ter insinuado que uma mulher que ama deve “fechar os olhos” para os malfeitos do homem amado. E, veja, que tudo por amor, porque depender economicamente dele, ter que se “prostituir” por casa e proteção ela não precisava. Peguei pesado, eu sei, mas foi essa a mensagem que colocaram na boca da Desirée. E foi um lance tão machista que manchou a trajetória da personagem. Será que em pleno século XXI precisamos desse tipo de discurso, ainda mais colocado na boca de uma personagem tão simpática e popular? Eu acho que não. Foi um balde de água fria e eles poderiam fazer as pazes de outra forma. Pelo menos, salvou-se um pouco do Armandinho no fim. A mudança da personagem foi bem-vinda.
Outra personagem que cresceu muito foi a Marcela. Via muita gente reclamando da indecisão da personagem no Twitter, tomando as dores dos dois machos lindos – o Edgar ou o Renato – mas eu estava me lixando para os dois. Aliás, houve um momento que eu desejei intensamente que a Marcela terminasse sozinha e com dignidade, ou morta. Foi muito bom vê-la crescer, sair do papel de vítima e assumir o protagonismo da sua vida. Isso depois que a trama do casamento forçado parecer ser o fim da linha para ela. Quando ela coloca o babaca do Edgar na parede e diz que sua carreira é importante, sim, aquilo foi uma mensagem muito poderosa e eu espero que muita gente que estava assistindo tenha entendido isso. Claro, que a trama da maternidade e seus dramas (*de classe média alta*) serviram para amarrar um pouco a personagem, mas o saldo foi positivo. O problema é que em toda novela se pede um final feliz para uma mocinha. E final feliz, hoje, não pode ser algo ao estilo Recruta Benjamin, seria feminista demais.
Lá no início da novela, eu realmente achava o casal Edgar-Marcela um dos mais românticos e bem construídos da novela. Aliás, o elenco, especialmente o masculino, era muito bonito. Só que foram destruindo o Edgar. Ele, sim, sofreu com a trama do casamento arranjado. Primeiro, ele virou um chorão, depois, ele traiu a mocinha, e, por fim, ele quis exigir que ela vivesse em função dele. O que, pelo menos, rendeu uma excelente fala da Bruna mamãe, dizendo que o exemplo dela na vida dele (*dona de casa, totalmente dedicada ao marido e ao lar*) poderia ter sido diferente nos dias de hoje. E ela dá a entender que queria que fosse diferente. Eis que as mensagens feministas vêm de onde não se espera. Mas a personagem Bruna foi uma das melhores da novela.
Se o Edgar se tornou intragável e até na cama da Luísa andou, o Renato – o ator mais bonito da novela – foi se tornando ambíguo em uma estratégia de redenção que, pelo menos para mim, não colou. E digo o porquê: o sujeito mentiu para Marcela no início da novela; a abandonou grávida, por acreditar que fosse um golpe ou o filho não fosse seu; depois retornou, deu-lhe um tapa na cara, a chamou de vagabunda ou algo assim, na cena talvez mais revoltante da novela. Depois disso, ele teria que rastejar muito para ganhar a minha simpatia. Mas foi acumulando erro em cima de erro, mostrou arrogância, incompetência, e, claro, era o filhinho do papai. Fora o fato de culpar a carreira da mãe – sim, da mãe – por boa parte dos seus problemas. Só que alguém teve a idéia de destruir o Edgar e colocar a Marcela emocionalmente vulnerável. Então, de repente, temos o crescimento do Renato, um marmanjo que não conseguia sair da sombra do pai, culminando com aquela fragilíssima independência do final. Ele era um pai amoroso e as boas qualidades dele foram sendo enfatizadas... E, bem, até bater em outra mulher ele bateu... Mas o público nem se importou tanto, afinal, era a Luísa!
Olha, eu até vi algum crescimento no Renato, mas ele continuou ainda tão infantilizado no final, que qualquer mulher que aceitasse ficar com ele teria que ser meio mãe do sujeito. Fora, claro, que tanto a mãe dele, quanto a Marcela, foram obrigadas pelo andamento do roteiro a vê-lo como vítima e perdoá-lo. Elas é que não foram compreensivas e se sacrificaram o bastante por ele. Vide o caso em que Marcela, para não ferir os sentimentos do “marido”, vai interceder por ele junto ao Jacques Leclair. Se eu tivesse que escolher entre Edgar e Renato, eu acabaria escolhendo o segundo, pelo dano causado ao Edgar, pela forma como ele se tornou babaca, mas seria uma escolha difícil, a Marcela merecia muito mais que qualquer um daqueles dois pastéis.
Está ficando longo e eu ainda tenho tanto a dizer... Mas vamos lá, um dos casais que mais gostei a novela inteira e cujo final não me decepcionou foram Rebeca e Gino. Não vi o início da novela, então, não vi a Rebeca perdida e dondoca que fica viúva e tem que assumir os negócios da família. Quando peguei a novela já encontrei a personagem se aprumando como dona da empresa. Falei na primeira parte que o papel do Breno tentando atrapalhar o romance da Rebeca com o Gino foi um porre. Mas tínhamos nos dois um casal maduro, com histórias de vida muito diferentes, que se apaixonam. O drama do Gino, seu desejo de ser pai, me pareceu coerente. Eu sei que o sentimento é fruto de assujeitamento, mas as pessoas estão em sociedade e a idéia de que procriar é preciso está muito forte no nosso imaginário. Daí, ele, que sacrificou parte de sua vida pelas irmãs e sobrinhas, olhar para a mulher amada e ter a certeza de que não poderia ter filhos com ela o atormentar. Para mim, OK. Mas o nó mais importante e que expunha questões de gênero e a forma como essa nossa sociedade se organiza era o fato dela ser rica e ele pobre.
Gino e Rebeca queriam se casar, mas ele não queria ser sustentado por ela. Daí, ela teria que abrir mão de seu status e padrão de vida para estar com ele, pois seu orgulho masculino não poderia ser ferido. Fosse o inverso, vejam bem, o drama não teria existido. A moça pobre, normalmente, aceita a sua posição de sustentada, é elevada pelo status do marido, não rebaixada. É aquela coisa, em uma sociedade patriarcal, a esposa pertence à classe social do marido, já o inverso, pode ser motivo de chacota e humilhação. Esse era o drama do casal, e a resolução foi ótima e quem cedeu foi o Gino. Se ele ama Rebeca e não quer abrir mão de seu estilo de vida, eles podem continuar namorados ou amantes ou até casados, vivendo em casas separadas. E por que, não? E eles nem se casam. Foi um breve sopro de modernidade... Muito breve, muito tênue, mas que me deixou feliz.
E chegamos ao final. Bem, Julinho e Thales ficaram juntos. E eu imaginei que o beijo até pudesse sair. Houve alguém que comentou a primeira parte e disse que isso não era necessário. Desculpe, mas casais se beijam. É o mínimo de carinho que expressamos em público nesse mundinho ocidental. Quase tivemos o beijo, aliás, entre o excelente Chico (*não falei dele, mas o ator era ótimo, e eu o conheci nesta novela*) e o Ari, quando o primeiro passa o batom TiTiTi. Mas se o beijo fosse ali, como piada, não teria problema. A caricatura pode, o deboche (*ainda que divertido*), pode, o beijo homoafetivo de verdade, no mesmo contexto em que ocorre com os casais hetero é que não pode. Daí, foi um pouco frio o final do Thales com o Julinho. E olha que poderia ser melhor. As cenas do Thales em agonia diante da sua orientação sexual foram belíssimas, especialmente a que ele se assume para a Jaqueline.
Mas se beijo entre homens não pode, a esposa prostituindo o marido – sim, foi isso que a Clotilde fez com o Jacques – não é imoral, é engraçado. Foi uma inversão dos papéis de gênero ter a mulher – maquiavélica e inteligente – empurrando o seu marido para outra mulher – brilhante, cheia de criatividade – para, em troca de favores sexuais, conseguir manter sua posição social. Não lembro de novela onde isso acontecesse dessa forma... o inverso, sim! Mas, ainda assim, isso não serve para enriquecer, pois a transgressão só expõe a nossa hipocrisia, já que nossa tolerância com esse tipo de arranjo, ainda que na ficção, é mais aceitável que uma expressão legítima de carinho. Perdemos de novo uma chance de ter o primeiro beijo gay das telenovelas. E a Jacqueline dispensando o Rodrigo Lombardi foi de lascar.
Enfim, não falei tudo, poderia falar da Luísa, do Ari com a Marta... mas já escrevi mais de duas páginas. O que eu tenho a dizer é que TiTiTi 2010/2011 não foi só um remake, mas uma nova novela e das boas. Ver problemas e defeitos não é negar isso. Enfim, se quiseram comentar mais alguma coisa, a gente conversa nos comentários. Mas eu até duvido, já que passou tanto tempo do início da novela que muita gente já tenha esquecido. É isso. Esta semana tentarei dar uma olhada em Amor e Revolução, mas não tenho esperanças em relação a esta novela. E tem Cordel Encantado que, pelo inusitado da trama, merece uma olhadinha. É isso.
8 pessoas comentaram:
Bom, só acompanhei a parte do Thales e Julinho e devo dizer que fiquei meio chateado por não ter beijo entre o casal. No trecho do casamento teve tanta oportunidade, nem que fosse um selinho, ou que o beijo rolasse e distante, meio desfocado da câmera, um truque de edição - não que corte o beijo, mas que não deixe muito em evidência pra quem "se ofende" - sei lá... E eu não penso no beijo como algo que fosse mudar o Brasil, tipo: "Oh agora todo mundo vai apoiar e aceitar o amor entre iguais", nada disso... É que eu estava vendo um belo casal se desenvolvendo, e nada mais natural do que torcer pelo beijo do seu casal favorito. Uma pena que não deu, mas enfim... ainda espero poder ver um beijo desses numa novela, e com um casal quase tão carismático quanto Thales e Julinho. Sem mais deslizes de matarem o casal ou de fazer um "virar hétero", por amor à Cristo!
Ah sim, e só pra citar que AMEI a participação da Xuxa na novela. Não sabe o quanto significou pra mim aquilo... Eu nem lembrava dessa participação, mas fiquei doente. Foi o único capítulo inteiro da novela que vi pela TV. XD
AÊ! Finalmente a parte 2!
Concordo com tudo Valéria, sem exceção. Aliás esse texto acabou fazendo eu viajar um pouco... Fiquei pensando se algum país estrangeiro, com uma emissora mais liberal que a Globo, fizesse um remake de ti-ti-ti. Será que muitos dos erros apontados nesse post se manteriam num canal como HBO ou showtime? rsrsrs Sei lá, seria curioso, apesar de não conseguir imaginar uma outra Jaqueline que não seja a Cláudia Raia...
Realmente as cenas de Julinho e Thales só não foram melhores por causa da falta de beijo. Aliás a impressão que eu tive é que a direção da novela fez questão de deixar aquela sensação de "tá faltando algo aí" nessas cenas. Protesto? Algo a se pensar... O fato é que as cenas do Julinho com o Osmar no comecinho da novela foram bem mais tocantes, mas claro, era um casal de anos de relacionamento, diferente do relacionamento deste que apenas estava começando.
Sobre a Rebeca, foi uma pena não terem focado mais na sua vida como chefe de empresa. Gostaria muito de ter visto ela enfrentando obstáculos mais barra pesada e o próprio Breno poderia ter sido mais vilão em relação a isso. Resumindo: Queria ver ação! rsrsrs Até foi legal ver a Marcela se tornando uma colunista de respeito e mulher independente, mas queria mais da Rebeca...
Enfim, ti-ti-ti foi inesquecível e acompanhar essa novela, comentar depois no twitter sobre ela foi muito gostoso. Se saísse em DVD, eu compraria...
Diego, eu não sou fã da Xuxa, mas aquela participação foi engraçadíssima. :D
E o bejo, caramba, poderia ter saído... Deveria ter saído.
Aí é que está, Pedro, acho que novela brasileira tem muita gente. A Rebeca veio e outra novela, nem sei se lá ela era a protagonista. Daí, colocaram o Breno com uma função que descambou para a chatice e o esculacho... Houve uma fase chatíssima do triângulo Gino-Rebeca-Breno Foi até difícil resolver aquilo... Mas foi uma novela muito legal.
Fui eu que comentei sobre o beijo não ser necessário Valéria. E bem, talvez eu tenha me expressado mal ou enxergado essa questão de um ponto de vista diferente.
Explico minha opinião:
Os gays na situação atual, não só no Brasil como em países como os EUA, são vistos como pessoas extremamente promíscuas. Um exemplo disso seria a série americana (não assisti a versão inglesa) Queer As Follks e até mesmo séries japonesas que acabam tratando do assunto. Mesmo no nosso dia-a-dia, a maioria dos homens apesar de dizer não ter preconceito fica com o pé atrás na hora de abraçar um homem homossexual ou até dividir um banheiro público com ele. Como se um homem por ser gay estivesse desesperado por sexo e estivesse pronto a agarrar alguém na primeira tentativa. E há muitas mulheres que agem da mesma forma. Já ouvi muitos discursos de pessoas que receberam declarações de amor de outras do mesmo sexo e repudiaram a pessoa como se fosse uma praga.
Mas é uma questão mais complexa do que se poderia esperar. Apesar de não gostar dessa generalização é com pesar que digo que essa idéia de promiscuidade não apareceu sem motivo. Há de fato muitos gays promíscuos e repugnantes nesse sentido, mas eles não são os únicos, héteros também agem assim.
O problema é que a nossa sociedade privilegia e trata como normais essas atitudes se forem praticadas com pessoas do sexo oposto, ainda mais se forem homens, os chamados "pegadores, machos alfa ou qualquer outro nome que queiram dar. Não que gays mereçam mais respeito nesse sentido, só quero salientar que ambos héteros e homos possuem o lado podre.
Daí que veio meu discurso sobre não ser necessário o tal beijo. Pela população já ter essa idéia de que os gays são pessoas de baixo nível colocar um beijo poderia aumentar essa idéia. Eu sei que um beijo no contexto da novela seria uma demonstração afetiva e até inocente na intenção de diminuir a intolerância, porém não tenho certeza se o efeito gerado seria esse, justamente pelo que já expliquei anteriormente. Às vezes acredito que isso poderia até ser um motivo para que as pessoas falem mais mal. Usando discursos preconceituosos mas infelizmente comuns e pior ainda, aceitos.
O fato de a novela ter mostrado um amor puro, sem muito contato físico ou tensão sexual é o que tornou ela tão especial para mim nas poucas cenas que vi. Porque mostrou que é possível sim existir um amor verdadeiro entre pessoas do mesmo sexo. Um beijo poderia ter posto tudo a perder.
Eu sei que homossexuais deveriam lutar por mais direitos de igualdade e que esse beijo seria um passo importante. Mas talvez seja necessário mostrar mais relacionamentos assim para acostumar as pessoas a verem isso na televisão para depois vir esse tão esperado ato.
Espero que entenda meu ponto de vista e gostaria de saber melhor o seu, já que no post ficou muita coisa para falar e não daria para focar em um único ponto, como você mesma disse.
Queria deixar uma última observação:
Só agora que vi essa cena que você colocou no post. Você reparou no que ele disse sobre se sentir sujo? Isso é mais um exemplo do que eu disse. Ele falou que a vó dele dizia que todos os gays iriam queimar no inferno e esse é um pensamento muito comum no meio religioso. Pessoas com esse tipo de pensamento não estariam preparadas para ver um beijo gay. Elas devem ser acostumadas e ter uma visão interna de relacionamentos homo afetivos para saber como isso funciona. Só depois que um beijo deveria ser inserido na minha opinião. ^^
Se em pleno 2011 as pessoas não estão preparadas, qual é a garantia que um dia elas estarão?
O Luiz comentou sobre queer as folk. Acho interessante lembrar que uma das maiores críticas dessa série é sobre héteros só gostarem daquele homossexual palhaço que não demonstra nem ter uma vida sentimental e nem uma vida sexual, ou seja, o estereótipo dos estereótipos... Achei o Julinho de ti-ti-ti uma personagem muito digna, muito real e o beijo através dele poderia ter soado de uma forma muito positiva sim, na minha opinião. Algumas pessoas achariam um absurdo? Sim, mas azar o delas de serem tão patéticas...
Um pensamento que eu tenho: promiscuidade não qualifica se o caráter é bom ou não.
PS: Espero que esse post não tenha saído grosseiro porque não foi minha intenção mesmo.
Luiz, sinceramente? Os gays estão presentes nas telenovelas brasileiras desde os anos 1970. Digo abertamente. Na maioria dos casos, eram msotrados como alivio cômico e, não, como pessoas completas. Pela primeira vez homossexuais foram mostrados não somente como pessoas completas, mas, também, como seres plurais. Há um Adriano caricato, um Julinho que sofreu mas se aceita, um Thales que precisa cumprir o seu percurso.
Se ficarmos esperando que os mais renhidos homofóbicos aceitem, NUNCA teremos um relacionamento homoafetivo completo em uma telenovela. Amor platônico não é relacionamento adulto padrão. E o de Thales e Julinho não era isso. Havia tensão sexual e houve sugestão de sexo. Por que, não, o beijo? A novela estava nos seus últimos dias e isso não derrubaria audiência.
Quanto ao seu papo de promiscuidade - tentando incluir os hetero - eu não entendo mesmo. Afinal, nãos e aplicava ao que estava sendo retratado na novela. Um beijo não iria transformar o Julinho e o Thales em promiscuos, muito pelo contrário.
O que eu tiro do seu discurso, para além da sua análise, é que você, Luiz Guimarães, talvez não se sinta pronto para ver um beijo gay em uma novela brasileira, em um relacionamento monogâmico. acho que o problema (*sim, para mim é problema*) é seu. eu, de minha parte, acho que o beijo gay já passou da época.
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