Antes de vir para São Luís (*sim, estou no Maranhão até domingo*), terminei de ler Mr. Darcy Vampyre, de Amanda Granger. Comprei o livro para mim depois de dá-lo de presente para a Lina. Como tinha lido outra obra da autora, achei que poderia ser legal. Gosto de Orgulho & Preconceito, gosto de histórias de vampiros, e, bem, o Mr. Darcy’s Diary da autora tinha sido bom. Pois bem, foi um custo conseguir terminar de ler o livro. Não há mistério, pois sabemos desde o título que Darcy é um vampiro, e a autora cria um suspense artificial e sem emoção, já que nunca estamos na mente de Darcy, o que é uma pena, já que não conseguimos perceber suas angústias a partir da sua própria voz. A autora nos guia usando Ellizabeth e sua confusão em relação às atitudes do marido, enquanto nos arrasta páginas e páginas por diversas regiões da Europa... Foi difícil... Muito mesmo! Mas é melhor dar uma sinopse do livro.
A história começa em 1802, no dia do casamento entre Darcy e Elizabeth, Bingley e Jane. Todos estão muito felizes, as irmãs bem ansiosas, e temos ótimos diálogos logo abrindo o livro, a intimidade entre as irmãs e destas com o pai é algo delicioso de se ler. Consegui me sentir lendo as persoangens de Austen, pois Amanda Granger domina bem o material original. A partir da cerimônia, depois de ler uma mensagem de felicitações, Darcy se mostra nervoso e sombrio. Elizabeth não consegue entender a distância que ele mantém entre os dois e por que não consuma o casamento. Mudando o direcionamento da lua de mel, ele leva Elizabeth, apesar do perigo de guerra com a França, para o Continente. Antes disso, porém, Elizabeth descobre que o Coronel Fitzwilliam também era contra o casamento dos dois e isso a magoa bastante, Logo ele, que se mostrou tão simpático. Lá, eles passam meses visitando parentes de Darcy, e Elizabeth pensando que ele buscava aprovação da família em relação ao casamento desigual dos dois. Afinal, Darcy era muito rico e de família muito tradicional, enquanto ela nem dote direito possuía.
França, os Alpes, Itália, em todos esses lugares Elizabeth conhece gente muito estranha, com hábitos bem peculiares, alguns acolhedores, outros arrogantes, todos, entretanto, aparentados ou amigos de Darcy, que possui casas em várias regiões da Europa. Alguns dos "parentes" são ricos e vivem de forma opulenta, outros mal sobrevivem depois da Revolução Francesa, vivendo de glórias passadas. Curiosamente, a autora não explica por que os vampiros são tão vulneráveis às viradas da política humana sendo eles e elas tão poderosos. Quando subiam as montanhas, o casal tem um encontro desagradável com Lady Catherine De Bourgh, que não aceita o casamento do "sobrinho". Já nos Alpes, eles têm que fugir, quando o castelo do Conde Polidori, tio de Darcy, é atacado. Mais tarde, depois de uma estadia em Veneza e em uma villa perto de Roma, Elizabeth quase cai nas garras de um poderoso vampiro que cobra o “direito do senhor” e, por fim, umas duzentas e poucas páginas depois do começo, a mocinha descobre o segredo do marido. Ele é um vampiro e queria descobrir uma possibilidade de se tornar mortal por amor a ela, já que tinha medo de passar a maldição para Elizabeth caso decidisse se entregar à paixão que o torturava. E que Granger pouco coloca em seu livro, que fique claro.
Primeira coisa, Amanda Granger conhece muito bem Orgulho & Preconceito (Pride & Prejudice). Ela domina o material, as personagens parecem com as de Austen, se comportam como os verdadeiros Darcy e Elizabeth iriam se comportar. E eis o único mérito dela neste livro. Granger é toda preciosismo em descrições, detalhista ao extremo. Móveis, pessoas, roupas, mas em um nível tão excessivo, que a coisa se arrasta em intermináveis páginas. Eu queria ver a mente de Darcy, coisa que ela mostrou muito bem em Mr. Darcy’s Diary, mas em nenhum momento ela nos ofereceu isso. Ela só mostra a confusão de Elizabeth, as cartas confusas que ela escreve, sua ansiedade, as tentativas de se enganar sobre o comportamento estranho do marido... E, sim, faltou tensão erótica. Houve um momento que eu fiquei tão cansada que larguei e fui pegar um romance Harlequin para me desestressar... Amanda Granger poderia ter lido um ou outro deles e incrementado seu próprio livro... Veja bem, não estou pedindo sexo ou descriçõoes gráficas, mas Darcy mal se aproxima de Elizabeth, apesar de boa parte do tempo estarem sozinhos e casados, nós não sabemos o que ele está pensando (*como se fosse segredo ele ser um vampiro*), e são mais de trezentas páginas...
No quesito vampiro, a autora até mostra criatividade, mas falta, acredito, a experiência com o gênero. Seus vampiros andam de dia. Até aí, nada. Eu não me importo com vampiros diurnos, Drácula andava de dia. Mas se andam de dia, como chamá-los de criaturas da noite com tanta veemência que parece que eles não podem ver o sol? E eles comem comida humana, mas nada é explicado sobre isso. Seria encenação? A comida tem alguma função nutricional? Os vampiros de Amanda Granger não têm pontos fracos comuns, ela explica que uns são vulneráveis ao alho, outros crucifixos, outros, como Darcy, devem evitar o nascer e o pôr do sol, pois ficam transparentes e a exposição contínua pode levá-los à destruição.
Segundo a autora, pela boca de Lady Catherine, um vampiro só é vulnerável a algo mais antigo que ele. Darcy usa um crucifixo por amor à Elizabeth... Mas sofre alguns danos por causa disso. O Conde Polidori (*nome do autor do primeiro conto com vampiros em língua inglesa*), tio de Darcy, é vulnerável à espelhos... Ele não tem reflexo, Darcy tem. Já o vampiro ancestral que vem atrás do jovem casal – assim, o cara cai na história de repente como suposto grande vilão – é derrotado pelo “amor” dos dois... Olha, foi constrangedor., eu crente que era o crucifixo e ela me desencava essa explicação tosca. O vampiro em questão exigia o direito de primeira noite, aquela ficção sobre a Idade Média que produziu tantos livros e filmes. Ele sabia que Elizabeth continuava virgem e vem reclamar o que acredita que é seu. Só que é derrotado e volta ferido para o subterrâneo. E há um blá-blá-blá sobre ele ter sido capturado durante a Revolução Francesa, mas que o povo decidiu levá-lo à guilhotina e a coisa deu errado... Bem, bem, eu já estava imaginando uma grande explicação tipo Moonlight, mas... alarme falso! Outra cena constrangedora foi o segundo encontro com Lady Catherine, quando a velha dama acaba abennçoando o casamento do jovem casal com a anuência de sua filha, Anne. É a aparição de Lady Catherine que possibilita a cura de Darcy, ainda assim, toda a cena foi uma vergonha.
Outro problema do livro é a idade de Darcy... Tudo é descrito como se ele tivesse séculos de idade. Elizabeth fica imaginando quantos reinos e impérios ele assistiu se elevarem e ruírem... Darcy conhece toda a Europa e América, fala de “quando era menino” várias vezes ao longo da narrativa, pois, pelo jeito, vampiros nesse universo procriam e envelhecem, mas ele foi transformado adolescente em 1665, Ano da Grande Peste. Faça as continhas... Ele era mais ou menos dez anos mais velho que a irmã, ela era pequenina - e estava com a peste - quando foi transformada por Lady Catherine em um ato de compaixão, e ele decide seguir a irmã, porque jurara protegê-la. Darcy deveria ter 14 ou 15 anos. Se o livro se passa em 1802, Darcy era um vampiro garoto, por assim dizer. Agora, o grande absurdo, o maior de todos, é omitirem Wickham. Ele é citado, já que foi ele passou as direções para Lady Catherine, mas não se explica como o sujeito fez o que fez com a irmã de Darcy, uma vampira bem mais velha que ele, e, bem, não terminou esquartejado por isso. Sinceramente? Esse Darcy vampiro tinha sangue de barata. Eu imaginava que Wickham seria vampiro, talvez o vilão do livro junto com Lady Catherine. Qual nada! Olha, muita falta de imaginação... E, sim, Darcy e a irmã – que continua vampira no fim do livro, eu suponho – não consomem sangue humano... mas não é dito o que eles consomem para manter sua "saúde".
Bem, Darcy se torna mortal, quando começamos a ler o livro, já é algo dado, a autora não iria transformar Lizzie em vampira. Só que, curiosamente, um dos momentos mais ricos do livro foi a descrição de seus poderes feito pelo velho que sabe como ele pode tentar voltar a ser mortal. E eu concordo com o velho, realmente, ser vampiro era o máximo naquele universo: supersensibilidade, super velocidade, super audição, super visão, super força, eternidade, e sem praticamente nenhuma limitação. Ser mortal para quê? Difícil para o velho entender o motivo da escolha... Melhor seria oferecer à Elizabeth esta dádiva. Indo direto ao ponto: o livro é no máximo regular, com raros momentos interessantes. Raros mesmo. Deveria e poderia ter umas cem páginas a menos sem perda nenhuma, assumir-se como uma fanfic estendida sem querer ser um romance monumental. Enfim, eu não recomendo o livro, a não ser que você seja muito fã de Orgulho & Preconceito ou Amanda Granger, porque como material sobre vampiros é muito, muito fraco. Vocês encontram coisa muito melhor. Acreditem!
A história começa em 1802, no dia do casamento entre Darcy e Elizabeth, Bingley e Jane. Todos estão muito felizes, as irmãs bem ansiosas, e temos ótimos diálogos logo abrindo o livro, a intimidade entre as irmãs e destas com o pai é algo delicioso de se ler. Consegui me sentir lendo as persoangens de Austen, pois Amanda Granger domina bem o material original. A partir da cerimônia, depois de ler uma mensagem de felicitações, Darcy se mostra nervoso e sombrio. Elizabeth não consegue entender a distância que ele mantém entre os dois e por que não consuma o casamento. Mudando o direcionamento da lua de mel, ele leva Elizabeth, apesar do perigo de guerra com a França, para o Continente. Antes disso, porém, Elizabeth descobre que o Coronel Fitzwilliam também era contra o casamento dos dois e isso a magoa bastante, Logo ele, que se mostrou tão simpático. Lá, eles passam meses visitando parentes de Darcy, e Elizabeth pensando que ele buscava aprovação da família em relação ao casamento desigual dos dois. Afinal, Darcy era muito rico e de família muito tradicional, enquanto ela nem dote direito possuía.
França, os Alpes, Itália, em todos esses lugares Elizabeth conhece gente muito estranha, com hábitos bem peculiares, alguns acolhedores, outros arrogantes, todos, entretanto, aparentados ou amigos de Darcy, que possui casas em várias regiões da Europa. Alguns dos "parentes" são ricos e vivem de forma opulenta, outros mal sobrevivem depois da Revolução Francesa, vivendo de glórias passadas. Curiosamente, a autora não explica por que os vampiros são tão vulneráveis às viradas da política humana sendo eles e elas tão poderosos. Quando subiam as montanhas, o casal tem um encontro desagradável com Lady Catherine De Bourgh, que não aceita o casamento do "sobrinho". Já nos Alpes, eles têm que fugir, quando o castelo do Conde Polidori, tio de Darcy, é atacado. Mais tarde, depois de uma estadia em Veneza e em uma villa perto de Roma, Elizabeth quase cai nas garras de um poderoso vampiro que cobra o “direito do senhor” e, por fim, umas duzentas e poucas páginas depois do começo, a mocinha descobre o segredo do marido. Ele é um vampiro e queria descobrir uma possibilidade de se tornar mortal por amor a ela, já que tinha medo de passar a maldição para Elizabeth caso decidisse se entregar à paixão que o torturava. E que Granger pouco coloca em seu livro, que fique claro.
Primeira coisa, Amanda Granger conhece muito bem Orgulho & Preconceito (Pride & Prejudice). Ela domina o material, as personagens parecem com as de Austen, se comportam como os verdadeiros Darcy e Elizabeth iriam se comportar. E eis o único mérito dela neste livro. Granger é toda preciosismo em descrições, detalhista ao extremo. Móveis, pessoas, roupas, mas em um nível tão excessivo, que a coisa se arrasta em intermináveis páginas. Eu queria ver a mente de Darcy, coisa que ela mostrou muito bem em Mr. Darcy’s Diary, mas em nenhum momento ela nos ofereceu isso. Ela só mostra a confusão de Elizabeth, as cartas confusas que ela escreve, sua ansiedade, as tentativas de se enganar sobre o comportamento estranho do marido... E, sim, faltou tensão erótica. Houve um momento que eu fiquei tão cansada que larguei e fui pegar um romance Harlequin para me desestressar... Amanda Granger poderia ter lido um ou outro deles e incrementado seu próprio livro... Veja bem, não estou pedindo sexo ou descriçõoes gráficas, mas Darcy mal se aproxima de Elizabeth, apesar de boa parte do tempo estarem sozinhos e casados, nós não sabemos o que ele está pensando (*como se fosse segredo ele ser um vampiro*), e são mais de trezentas páginas...
No quesito vampiro, a autora até mostra criatividade, mas falta, acredito, a experiência com o gênero. Seus vampiros andam de dia. Até aí, nada. Eu não me importo com vampiros diurnos, Drácula andava de dia. Mas se andam de dia, como chamá-los de criaturas da noite com tanta veemência que parece que eles não podem ver o sol? E eles comem comida humana, mas nada é explicado sobre isso. Seria encenação? A comida tem alguma função nutricional? Os vampiros de Amanda Granger não têm pontos fracos comuns, ela explica que uns são vulneráveis ao alho, outros crucifixos, outros, como Darcy, devem evitar o nascer e o pôr do sol, pois ficam transparentes e a exposição contínua pode levá-los à destruição.
Segundo a autora, pela boca de Lady Catherine, um vampiro só é vulnerável a algo mais antigo que ele. Darcy usa um crucifixo por amor à Elizabeth... Mas sofre alguns danos por causa disso. O Conde Polidori (*nome do autor do primeiro conto com vampiros em língua inglesa*), tio de Darcy, é vulnerável à espelhos... Ele não tem reflexo, Darcy tem. Já o vampiro ancestral que vem atrás do jovem casal – assim, o cara cai na história de repente como suposto grande vilão – é derrotado pelo “amor” dos dois... Olha, foi constrangedor., eu crente que era o crucifixo e ela me desencava essa explicação tosca. O vampiro em questão exigia o direito de primeira noite, aquela ficção sobre a Idade Média que produziu tantos livros e filmes. Ele sabia que Elizabeth continuava virgem e vem reclamar o que acredita que é seu. Só que é derrotado e volta ferido para o subterrâneo. E há um blá-blá-blá sobre ele ter sido capturado durante a Revolução Francesa, mas que o povo decidiu levá-lo à guilhotina e a coisa deu errado... Bem, bem, eu já estava imaginando uma grande explicação tipo Moonlight, mas... alarme falso! Outra cena constrangedora foi o segundo encontro com Lady Catherine, quando a velha dama acaba abennçoando o casamento do jovem casal com a anuência de sua filha, Anne. É a aparição de Lady Catherine que possibilita a cura de Darcy, ainda assim, toda a cena foi uma vergonha.
Outro problema do livro é a idade de Darcy... Tudo é descrito como se ele tivesse séculos de idade. Elizabeth fica imaginando quantos reinos e impérios ele assistiu se elevarem e ruírem... Darcy conhece toda a Europa e América, fala de “quando era menino” várias vezes ao longo da narrativa, pois, pelo jeito, vampiros nesse universo procriam e envelhecem, mas ele foi transformado adolescente em 1665, Ano da Grande Peste. Faça as continhas... Ele era mais ou menos dez anos mais velho que a irmã, ela era pequenina - e estava com a peste - quando foi transformada por Lady Catherine em um ato de compaixão, e ele decide seguir a irmã, porque jurara protegê-la. Darcy deveria ter 14 ou 15 anos. Se o livro se passa em 1802, Darcy era um vampiro garoto, por assim dizer. Agora, o grande absurdo, o maior de todos, é omitirem Wickham. Ele é citado, já que foi ele passou as direções para Lady Catherine, mas não se explica como o sujeito fez o que fez com a irmã de Darcy, uma vampira bem mais velha que ele, e, bem, não terminou esquartejado por isso. Sinceramente? Esse Darcy vampiro tinha sangue de barata. Eu imaginava que Wickham seria vampiro, talvez o vilão do livro junto com Lady Catherine. Qual nada! Olha, muita falta de imaginação... E, sim, Darcy e a irmã – que continua vampira no fim do livro, eu suponho – não consomem sangue humano... mas não é dito o que eles consomem para manter sua "saúde".
Bem, Darcy se torna mortal, quando começamos a ler o livro, já é algo dado, a autora não iria transformar Lizzie em vampira. Só que, curiosamente, um dos momentos mais ricos do livro foi a descrição de seus poderes feito pelo velho que sabe como ele pode tentar voltar a ser mortal. E eu concordo com o velho, realmente, ser vampiro era o máximo naquele universo: supersensibilidade, super velocidade, super audição, super visão, super força, eternidade, e sem praticamente nenhuma limitação. Ser mortal para quê? Difícil para o velho entender o motivo da escolha... Melhor seria oferecer à Elizabeth esta dádiva. Indo direto ao ponto: o livro é no máximo regular, com raros momentos interessantes. Raros mesmo. Deveria e poderia ter umas cem páginas a menos sem perda nenhuma, assumir-se como uma fanfic estendida sem querer ser um romance monumental. Enfim, eu não recomendo o livro, a não ser que você seja muito fã de Orgulho & Preconceito ou Amanda Granger, porque como material sobre vampiros é muito, muito fraco. Vocês encontram coisa muito melhor. Acreditem!
2 pessoas comentaram:
não acredito que vc está em São Luis! Sempre leio seu blog quando posso e moro em São Luis!
Seja bem vinda a minha terra!
Muito boa sua resenha, gostei muito do modo como você escreve. Estarei passando mais por aqui uma vez que descobri seu blog por meio do link dessa resenha no site da Jane Austen Brasil. Talvez dê uma chance a Darcy's Diary.
Seria uma honra ter você visitando meu blog. Caso tenha um tempinho, o endereco é www.mestredasresenhas.wordpress.com
Um abraco,
Victor
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