Contardo Calligaris fez uma excelente resenha - sob o ponto de vista de um terapeuta - do filme O Discurso do Rei. Eu adoro os textos dele, este está particularmente bom, então, quando saí para o trabalho, deixei o texto da Folha separadinho aqui para postar. Só que o autor tem um blog e o texto "Todos os reis estão nus" já estava lá. Não é justo, então, reproduzir o texto aqui. Quem quiser ler, é só clicar. Só para se ter um gostinho:
1) Qualquer terapia começa com uma dificuldade prática: uma impotência, a necessidade de um conselho, uma estranha tensão nos ombros, uma gagueira. A relação terapêutica se constrói a partir dessa dificuldade: o terapeuta é quem saberá nos livrar do transtorno, seja ele fonoaudiólogo, terapeuta corporal, eutonista, psi (de qualquer orientação) etc. Quer queira quer não, a ação do terapeuta é dupla: relaxaremos o ombro, exercitaremos a dicção ou endireitaremos o pensamento do paciente, mas, de uma maneira ou de outra, acabaremos mexendo nas fontes de um mal-estar mais geral que talvez se manifeste no transtorno.Eu desconfio que O Discurso do Rei vá me dizer alguma coisa pessoalmente, vai me fazer refletir sobre a maior das minahs fraquezas e uma das minhas grandes angústias no momento, que é conseguir dirigir, enfrentar o trânsito. Ao ler o texto do Calligaris, essa certeza veio ainda mais forte, junto com outra, muito provavelmente, minha única saída será a terapia.
2) Há, às vezes (mais vezes do que parece), escondidas no nosso âmago, ambições envergonhadas ou vergonhosas, que não confessamos nem a nós mesmos. Quando sua realização se aproxima, só podemos inventar jeitos de fracassar, porque, no caso, não nos autorizamos a querer o que desejamos. Obviamente, detestamos a voz do terapeuta que se aventura a nos dizer o que queremos mas não nos permitimos. Essa voz atrevida é a única aliada de desejos que são nossos, mas que encontram um adversário até em nós mesmos.
1 pessoas comentaram:
O legal dos filmes é que alguns deles conseguem nos ajudar com questões pessoais.
Eu vou assistir um agora, somente por isso.
Filmes são tudo.
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