quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A Folha de São Paulo fala da Rosa de Versalhes



OK, foi uma boa e uma má surpresa. Boa, porque ver Ikeda em evidência, ver A Rosa de Versalhes citada na Folha de São Paulo, ver a relação com o sucesso internacional, possa ajudar o mangá a chagar por aqui. Ruim, porque a Rosa foi descrita como trama “polêmica” (*deixa eu traduzir a segunda parte da entrevista de Ikeda, onde ela desmonta parte do que foi descrito como polêmica, o “travestismos” de Oscar”), e com insinuações homossexuais. Será que o autor da matéria (*que eu respeito e sei que às vezes passa por aqui*) leu A Rosa de Versalhes? Me lembrou a matéria sobre Shoujo Kakumei Utena, que comentei aqui tempos atrás. Sinceramente, A Rosa não causou esse tipo de “polêmica”, Riyoko Ikeda foge desesperadamente de concretizar qualquer insinuação homossexual (*particularmente lesbiana*), a autora não é referência na área em termos de shoujo mangá. Matar Oscar causou mais polêmica entre as leitoras. Até ameaça de morte Ikeda recebeu...

Essa coisa de chamar polêmica para uma obra, especialmente mangá e shoujo, pode chamar para o mangá uma atenção errada e decepcionar um público que imagine A Rosa de Versalhes como uma série gay avant garde, ou algo do gênero. A mênção ao movimento feminista, bem mais pertinente, acredito eu, nem sombra. Mas, enfim, estão falando de Riyoko Ikeda em um grande jornal brasileiro! Só que precisou ela aparecer em Angoulême, claro... e a referência ao shoujo mangá não aparece nem de forma explicativa. Mas valeu. Fiquei surpresa. Virou quase um Riyoko Ikeda Day” aqui no blog.

"A sociedade japonesa continua conservadora"


Autora do mangá "Rosa de Versalhes", de 1972, Riyoko Ikeda ainda causa polêmica com trama de tom sexual

Desenhista de 63 anos recebeu homenagem no festival internacional de quadrinhos de Angoulême, na França


DIOGO BERCITO

ENVIADO ESPECIAL A ANGOULÊME (FRANÇA)


O recital privado de Riyoko Ikeda, 63, que cantou na segunda-feira no palácio de Versalhes, é repleto de detalhes que fazem do evento uma ocasião inusitada e possivelmente sem repetição. A autora de mangás é conhecida por fazer poucas aparições públicas – isso mesmo em comparação com a cena cultural japonesa, em que mangakás estão entre as personalidades mais ricas, influentes e requisitadas.

Outro traço marcante do acontecimento é o repertório do recital, composto pela rainha francesa Maria Antonieta (1755-1793). Afinal, Ikeda se tornou uma popstar no Japão justamente por retratar a Revolução Francesa – que terminou com Antonieta decapitada – em "Rosa de Versalhes", clássico dos anos 70.
"Acho que sou a única pessoa no mundo que vai ter esse privilégio", diz a autora à Folha, durante o festival internacional de quadrinhos de Angoulême, ao qual ela foi como convidada de honra devido à afinidade entre si e a cultura francesa.

Cercada por uma entourage protetora, Ikeda surpreendeu ao se mostrar acessível aos fãs que a reconheceram nas ruas frias da capital das HQs. Deixou-se fotografar com fãs e assinou exemplares de "Rosa de Versalhes". Aos 63 anos, décadas após a publicação do mangá que garantiu sua fama, Ikeda também chamou a atenção pelos modos elegantes e pelo ar jovial. "Em termos de energia espiritual, sou a mesma de quando publiquei "A Rosa de Versalhes'", diz. "Mas, fisicamente, envelheci muito."

As edições de "Rosa de Versalhes" são marcadas pela força emocional que Ikeda afirma se manter inalterada ao retratar romances proibidos e complicados. A protagonista do gibi é Oscar, garota criada como homem para poder suceder o pai como líder dos guardas do palácio. Além da confusão de gêneros, há insinuação de relações homossexuais entre personagens, o que levou o mangá a receber duras críticas na época de sua publicação e ainda hoje.

"A sociedade japonesa é muito conservadora", diz Ikeda. "É muito diferente, por exemplo, da França." "Rosa de Versalhes" é o 14º mangá na lista de mais vendidos da história dos gibis japoneses, e é apontado como influência para a produção subsequente do país. "Acredito que meu trabalho tem um efeito terapêutico nas pessoas", afirma.

O mangá tem também apoio sólido na pesquisa histórica da mangaká, garantindo um pano de fundo crível. "Quando escrevi "Rosa de Versalhes", li muitos livros, foi difícil", diz. "Hoje, uso a internet, mas não é o ideal. Eu venho de uma geração de leitores, gosto de passar o tempo virando páginas."

4 pessoas comentaram:

Eu sabia que você ia ser crítica ao texto, estava curioso para ver sua reação. Quando estava diante da Ikeda, me lembrei do seu blog. Que pena que o texto não ficou a contento. Não dá mesmo para agradar a todos! Mas obrigado pelos comentários, sempre leio para tentar aprender. Diogo

Bem, eu ia comentar de qualquer jeito. Mas não é que o texto não tenha ficado a contento. Eu vejo problemas, mas o texto está informativo e respeitoso. Mas é aquilo, só se fala de Ikeda, porque ela está em Angoulême. Mas pergunta, Diogo, você leu A Rosa?

E outra pergunta, posso ter perdido o texto, mas falou-se de Hagio Moto no Comicon? Eu não lembro de ter visto.

Bem, de fato não existe nenhuma relação homossexual em Rosa de Versalhes. XD A não ser que considerem a Oscar um homem, mas isso seria laaaaame. :V O autor não confundiu com Onii-sama e...?

Kait, relendo o texto do Diogo sobre Utena, talvez ele confunda vestir-se de homem com questões homossexuais... Mas ele já passou por aqui, então, se continuar lendo, ele mesmo pdoe explicar, se quiser.

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