Esse foi o único dos indicados ao Oscar que assisti em casa até agora e, não, no cinema. Não consegui ir ao cinema na época em foi exibido. Até gostaria de ter assistido sem interrupções, na sala com a tela grande, talvez isso tivesse feito alguma diferença na minha percepção. Enfim, achei um filme muito bem executado, com boas cenas, boas atuações, mas, ao mesmo tempo, odiei boa parte do filme... Tomei tal antipatia que está complicado escrever esse texto. Assim como parei o filme várias vezes, estou interrompendo a escrita desta resenha... Mas, OK, não vou adiantar a minha indignação, deixa eu resumir a historinha do filme:
Minhas Mães e Meu Pai (The Kids are All Right) conta a história de um casal de lésbicas, Nic (Annette Bening) e Jules (Julianne Moore). A primeira é médica e sustenta a casa, a segunda tem uma veia mais artística e leva uma vida de dona de casa com empregos temporários ou empreitadas que não vão muito adiante. Nic e Jules tiveram dois filhos, Joni (Mia Wasikowska) e Laser (Josh Hutcherson), graças a um banco de esperma. Nic é uma mãe rigorosa, enquanto Jules tem um papel mais acolhedor, tentando apagar os incêndios. Laser deseja muito conhecer seu pai biológico e, quando a irmã faz 18 anos, a convence a ligar para o banco de esperma e saber a identidade do homem que fez a doação. É o que consta no contrato. Sem que suas mães saibam, os dois adolescentes descobrem serem filhos de Paul (Mark Ruffalo). Há um primeiro estranhamento, especialmente por parte de Laser, mas mesmo depois que as mães ficam sabendo, o relacionamento entre o pai biológico e os adolescentes é positivo, para angustia e ciúme de Nic. O problema começa quando Jules se aproxima de Paul, e a estrutura da família é posta em risco.
Não sei quem colocou na cabeça e em muitos outros lugares que Minhas Mães e Meu Pai é uma comédia. O filme é um drama, eu não consegui mais que articular um ou dois sorrisos durante todo o filme. Mas Minhas Mães e Meu Pai fala de um monte de coisas interessantes e importantes. Eu realmente entendo a curiosidade dos irmãos em saber quem foi o doador, seu pai biológico. Acredito que isso tenha muito menos a ver com a falta de uma figura paterna/masculina e mais com a necessidade de conhecer suas origens. Mia Wasikowska, que conheci em Alice, me convenceu plenamente como atriz e mal posso esperar para vê-la como Jane Eyre. Ela está muito bem, como a garota inteligente e insegura, que primeiro nem queria saber do pai biológico, mas depois passa a gostar muito mais dele que o irmão. O menino, também, começou como uma figurinha bem antipática e descerebrada e, ao longo do filme, acabou se mostrando um adolescente muito convincente, com dúvidas, ansiedades, mas, e isso é importante, caráter. A maturidade do garoto fica evidente quando ele se recusa a maltratar um animal para agradar ao amigo looser e quando ajuda as mães a fazerem as pazes.
Voltando ao caso da doação de esperma. Eu pessoalmente – e parte da minha antipatia com o filme possa vir daí, por favor tenham isso em mente – acho essa mercantilização de células reprodutivas e de barrigas de aluguel algo degradante. Outra coisa que me desagrada muito é que alguém, deliberadamente, opte por uma produção independente que prive uma criança de ter um pai ou uma mãe. Se alguém me perguntar qual a saída para essa sinuca, bem, há a adoção, ou a doação de óvulo ou esperma por parte de um amigo/a ou parente, criando uma unidade familiar mais complexa, porém mais justa para com a criança. E nem estou falando de responsabilidades parentais, mas da criança saber quem é seu pai ou mãe biológica. E que ninguém pense que estou estigmatizando pais e mães solteiras ou viúvos que criam seu filho ou filha sozinhos, ou defendendo a “família de propaganda de margarina” (*pai, mãe, filho, filha e cachorro*), o que estou dizendo é que isso deveria ser excepcional, não uma escolha. Toda a confusão na cabeça de Joni e Laser começa por conta disso, e poderia ser evitada. Mas eis que um dos defeitos de Minhas Mães e Meu Pai também é não questionar a questão da maternidade compulsória. Aliás, nem se discute nada a respeito.
Outro mau sinal para mim, é que simpatizei mais com Paul do que com Nic ou Jules. Ele é o sujeito bon vivant, garanhão e tudo mais, só que doou esperma aos 19 anos – se bem me lembro – e, 18 anos depois, fica sabendo que tem dois filhos, que são garotos legais e começa a perceber que deseja ter uma família somente sua, quer ter seus filhos. Só que, segundo a lógica da mercantilização das células reprodutivas, aquela menina inteligente e linda e aquele garoto sensível não são seus filhos, ele não tem o direito de se sentir pai. Mas o sujeito decide se reformar, até rejeita a antiga ficante (*uma atriz lindíssima*), só que acaba se envolvendo com Jules e aí está a origem de toda a desgraça. Aliás, desde antes do problema, a mãe que tinha mais ciúme e problemas com a presença de Paul era Nic. E fica fácil entender pela lógica do filme, afinal, ela pode ser "o homem da casa", mas ele tem pênis e ela não tem.
Agora vamos ao problema. Parte da comunidade lésbica americana rejeitou o filme e eu como feminista, ainda que não seja lésbica, compreendo bem o motivo. Em termos representacionais é muito legal ter duas atrizes de meia idade, com todas as rugas e tudo mais nos lugares certos, fazendo um casal de lésbicas que constituiu uma família e é feliz. Só que a parte positiva em termos de visibilidade lésbica para mim termina aí. Meu mal estar já começou com a mesa de jantar. Logo no início do filme temos uma mesa retangular, crianças e esposa sentadas aguardando o provedor chegar. E o lugar vazio é a cabeceira. Se eu me irrito com essa mesa patriarcal em novela da Globo, por que não me irritaria com ela em um filme? E, pior, normalmente em filmes americanos e ingleses, cada um dos cônjuges senta em uma cabeceira, mas, nessa família lesbiana ideal, alguém manda, alguém sustenta, alguém precisa estar na cabeceira. OK, para vocês? E não pensem que eu estou exagerando, porque mais adiante Jules reclama que Nic prejudicou sua carreira e fez de tudo para que ela ocupasse um lugar de dona de casa e mãe. Quer família mais tradicional que essa? Eu que cresci com pai e mãe heterossexuais, religiosos, e pobres tive referencial muito melhor de família e papéis de gênero.
Para piorar, Jules e Nic se preocupam muito com Laser. O garoto anda com um looser, o que não é bom para o seu futuro. Afinal, o que ele tem para oferecer? Você investe em quem pode te dar algo em troca, não é? Pois bem, os dois são feito unha e carne e as mães desconfiam que o garoto é gay. A gente vê todo o esforço de pais e mães GBLT para mostrar que orientação sexual nada tem a ver com criação e convivência e um filme como esse mostra duas mães, mais Jules que Nic, se preocupando com a orientação sexual do filho. No caso de Jules até desejando mesmo “Se você fosse gay, seria mais sensível”. Mas elas podem ficar tranqüilas, afinal, ele só estava usando drogas... Mas isso, elas não percebem. Em contrapartida, ninguém se preocupa com a filha, que é apresentada como uma menina insegura e reprimida sexualmente. Não que ela não vá jogar na cara das mães que quer que a deixem em paz, afinal, ela já fez tudo – melhor da turma, menina exemplar – para que todos achassem que elas tinham a família lésbica ideal. Muito triste.
E chegamos ao ponto chave, apesar de lésbicas, Jules e Nic são ávidas consumidoras de filmes gays masculinos. Quando o filho, Laser, descobre isso (*e um dildo, também*), ele pergunta para as duas, para o desconcerto de Nic que é em todos os aspectos “o homem da casa”, qual o motivo disso. Daí, temos a explicação que lésbicas em filmes pornográficos não são lésbicas, mas mulheres heterossexuais pagas para fingir, já que o objetivo são os homens hetero. OK, para vocês? As duas atrizes de Minhas Mães e Meu Pai são também heterossexuais pagas para mentir. Acho que essa era uma das piadas do filme... Mas a cereja do bolo está por vir, já que Jules acrescenta que filmes com homens são melhores, porque o desejo fica evidente, afinal, eles têm pênis. Trocando em miúdos, toda lésbica, ou pelo menos Jules, deseja mesmo é um pênis, é ser possuída por um homem. E o relacionamento com Paul aponta para isso. Estranhamente, em um filme sobre um casal e lésbicas, as cenas de sexo são todas heterossexuais, ou entre dois homens na TV. As duas mães trocam selinhos e afagos, mas não passa disso.
Curiosamente, a diretora e roteirista Lisa Cholodenko, que não recebeu indicação por direção, é lésbica e mãe. Isso não a tornou mais sensível em relação ao que representou no filme. Para ela está tudo certo e no devido lugar. E não pensem que estou dizendo que mulheres bissexuais, porque Jules, para mim, não é lésbica, não podem desejar homens, trair suas parceiras com homens. Só que a sexualidade é algo muito fluído e posso estar sendo radical. Poderia até começar a discutir isso, que as pessoas não são hetero ou homo, elas simplesmente estão hetero ou homo, afinal, é nisos que eu mesma acredito, mas acho que não vem ao caso. A pergunta para mim é por que colocar uma lésbica traindo a companheira com um homem ou babano diante da visão de um pênis ereto como Jules fez? Por que dar visibilidade exatamente a esse tipo de família lésbica tão patriarcal? Quantos filmes com casais lésbicos você já assistiu? Quantos deles ganharam a projeção de Minhas Mães e Meu Pai? Será que não foi porque ele confirma a fantasia de que lésbicas são mulheres confusas que no fim das contas precisam é de um homem? Por que escolher exatamente esse tipo de família lésbica para dar visibilidade? Por que Jules não traiu Nic com uma mulher? Por quê? Por que Nic reprime tanto os filhos? Por que Jules quase atormenta o filho por ele não ser gay? Por que o relacionamento de Jules e Nic é tão desigual? Por que Jules age tão mal com Nic, com Paul, com as crianças? Aliás, Jules age mal com todo mundo, até com o jardineiro latino que ela humilha e despede sem grande motivo. E, definitivamente, "The kids are not all right". Não nesse filme... Talvez, os conservadores tenham razão, não é?
Eu esperava muito mais de Minhas Mães e Meu Pai. Mas, como alguém disse muito tempo atrás, quando um filme “alternativo” é indicado ao Oscar é porque ele já não é tão subversivo assim, é porque ele foi domesticado ou cooptado. Eu vejo Minhas Mães e Meu Pai quase como um filme anti-gay... Quase mesmo. De qualquer forma, é reacionário e eu não desejo vê-lo vencendo na categoria melhor filme. Não é um Guerra ao Terror (*um filme fraco, a-crítico*), que fique muito claro, é um filme sólido com ótimas interpretações, mas me parece produto desse momento reacionário que vivemos. Aliás, não desejo vê-lo vencendo em nada, porque ainda que Anette Benning esteja muito bem, com uma interpretação bem convincente e carregada de emoção, pois sua personagem não é simpática no início, mas, com a traição, ganha a empatia do público, ou, pelo menos, ganhou a minha, Natalie Portman ofereceu um espetáculo muito superior. Ela merece muito mais o Oscar. De positivo do filme ficam as interpretações, a humanidade das personagens, todas com defeitos e qualidades, e o desempenho dos adolescentes, especialmente de Mia Wasikowska. De resto, Minhas Mães e Meu Pai é um filme nada feminista e que pouco contribui para a causa gay. Mas, como não poderia deixar de ser, cumpre toda a Bechdel Rule,
Minhas Mães e Meu Pai (The Kids are All Right) conta a história de um casal de lésbicas, Nic (Annette Bening) e Jules (Julianne Moore). A primeira é médica e sustenta a casa, a segunda tem uma veia mais artística e leva uma vida de dona de casa com empregos temporários ou empreitadas que não vão muito adiante. Nic e Jules tiveram dois filhos, Joni (Mia Wasikowska) e Laser (Josh Hutcherson), graças a um banco de esperma. Nic é uma mãe rigorosa, enquanto Jules tem um papel mais acolhedor, tentando apagar os incêndios. Laser deseja muito conhecer seu pai biológico e, quando a irmã faz 18 anos, a convence a ligar para o banco de esperma e saber a identidade do homem que fez a doação. É o que consta no contrato. Sem que suas mães saibam, os dois adolescentes descobrem serem filhos de Paul (Mark Ruffalo). Há um primeiro estranhamento, especialmente por parte de Laser, mas mesmo depois que as mães ficam sabendo, o relacionamento entre o pai biológico e os adolescentes é positivo, para angustia e ciúme de Nic. O problema começa quando Jules se aproxima de Paul, e a estrutura da família é posta em risco.
Não sei quem colocou na cabeça e em muitos outros lugares que Minhas Mães e Meu Pai é uma comédia. O filme é um drama, eu não consegui mais que articular um ou dois sorrisos durante todo o filme. Mas Minhas Mães e Meu Pai fala de um monte de coisas interessantes e importantes. Eu realmente entendo a curiosidade dos irmãos em saber quem foi o doador, seu pai biológico. Acredito que isso tenha muito menos a ver com a falta de uma figura paterna/masculina e mais com a necessidade de conhecer suas origens. Mia Wasikowska, que conheci em Alice, me convenceu plenamente como atriz e mal posso esperar para vê-la como Jane Eyre. Ela está muito bem, como a garota inteligente e insegura, que primeiro nem queria saber do pai biológico, mas depois passa a gostar muito mais dele que o irmão. O menino, também, começou como uma figurinha bem antipática e descerebrada e, ao longo do filme, acabou se mostrando um adolescente muito convincente, com dúvidas, ansiedades, mas, e isso é importante, caráter. A maturidade do garoto fica evidente quando ele se recusa a maltratar um animal para agradar ao amigo looser e quando ajuda as mães a fazerem as pazes.
Voltando ao caso da doação de esperma. Eu pessoalmente – e parte da minha antipatia com o filme possa vir daí, por favor tenham isso em mente – acho essa mercantilização de células reprodutivas e de barrigas de aluguel algo degradante. Outra coisa que me desagrada muito é que alguém, deliberadamente, opte por uma produção independente que prive uma criança de ter um pai ou uma mãe. Se alguém me perguntar qual a saída para essa sinuca, bem, há a adoção, ou a doação de óvulo ou esperma por parte de um amigo/a ou parente, criando uma unidade familiar mais complexa, porém mais justa para com a criança. E nem estou falando de responsabilidades parentais, mas da criança saber quem é seu pai ou mãe biológica. E que ninguém pense que estou estigmatizando pais e mães solteiras ou viúvos que criam seu filho ou filha sozinhos, ou defendendo a “família de propaganda de margarina” (*pai, mãe, filho, filha e cachorro*), o que estou dizendo é que isso deveria ser excepcional, não uma escolha. Toda a confusão na cabeça de Joni e Laser começa por conta disso, e poderia ser evitada. Mas eis que um dos defeitos de Minhas Mães e Meu Pai também é não questionar a questão da maternidade compulsória. Aliás, nem se discute nada a respeito.
Outro mau sinal para mim, é que simpatizei mais com Paul do que com Nic ou Jules. Ele é o sujeito bon vivant, garanhão e tudo mais, só que doou esperma aos 19 anos – se bem me lembro – e, 18 anos depois, fica sabendo que tem dois filhos, que são garotos legais e começa a perceber que deseja ter uma família somente sua, quer ter seus filhos. Só que, segundo a lógica da mercantilização das células reprodutivas, aquela menina inteligente e linda e aquele garoto sensível não são seus filhos, ele não tem o direito de se sentir pai. Mas o sujeito decide se reformar, até rejeita a antiga ficante (*uma atriz lindíssima*), só que acaba se envolvendo com Jules e aí está a origem de toda a desgraça. Aliás, desde antes do problema, a mãe que tinha mais ciúme e problemas com a presença de Paul era Nic. E fica fácil entender pela lógica do filme, afinal, ela pode ser "o homem da casa", mas ele tem pênis e ela não tem.
Agora vamos ao problema. Parte da comunidade lésbica americana rejeitou o filme e eu como feminista, ainda que não seja lésbica, compreendo bem o motivo. Em termos representacionais é muito legal ter duas atrizes de meia idade, com todas as rugas e tudo mais nos lugares certos, fazendo um casal de lésbicas que constituiu uma família e é feliz. Só que a parte positiva em termos de visibilidade lésbica para mim termina aí. Meu mal estar já começou com a mesa de jantar. Logo no início do filme temos uma mesa retangular, crianças e esposa sentadas aguardando o provedor chegar. E o lugar vazio é a cabeceira. Se eu me irrito com essa mesa patriarcal em novela da Globo, por que não me irritaria com ela em um filme? E, pior, normalmente em filmes americanos e ingleses, cada um dos cônjuges senta em uma cabeceira, mas, nessa família lesbiana ideal, alguém manda, alguém sustenta, alguém precisa estar na cabeceira. OK, para vocês? E não pensem que eu estou exagerando, porque mais adiante Jules reclama que Nic prejudicou sua carreira e fez de tudo para que ela ocupasse um lugar de dona de casa e mãe. Quer família mais tradicional que essa? Eu que cresci com pai e mãe heterossexuais, religiosos, e pobres tive referencial muito melhor de família e papéis de gênero.
Para piorar, Jules e Nic se preocupam muito com Laser. O garoto anda com um looser, o que não é bom para o seu futuro. Afinal, o que ele tem para oferecer? Você investe em quem pode te dar algo em troca, não é? Pois bem, os dois são feito unha e carne e as mães desconfiam que o garoto é gay. A gente vê todo o esforço de pais e mães GBLT para mostrar que orientação sexual nada tem a ver com criação e convivência e um filme como esse mostra duas mães, mais Jules que Nic, se preocupando com a orientação sexual do filho. No caso de Jules até desejando mesmo “Se você fosse gay, seria mais sensível”. Mas elas podem ficar tranqüilas, afinal, ele só estava usando drogas... Mas isso, elas não percebem. Em contrapartida, ninguém se preocupa com a filha, que é apresentada como uma menina insegura e reprimida sexualmente. Não que ela não vá jogar na cara das mães que quer que a deixem em paz, afinal, ela já fez tudo – melhor da turma, menina exemplar – para que todos achassem que elas tinham a família lésbica ideal. Muito triste.
E chegamos ao ponto chave, apesar de lésbicas, Jules e Nic são ávidas consumidoras de filmes gays masculinos. Quando o filho, Laser, descobre isso (*e um dildo, também*), ele pergunta para as duas, para o desconcerto de Nic que é em todos os aspectos “o homem da casa”, qual o motivo disso. Daí, temos a explicação que lésbicas em filmes pornográficos não são lésbicas, mas mulheres heterossexuais pagas para fingir, já que o objetivo são os homens hetero. OK, para vocês? As duas atrizes de Minhas Mães e Meu Pai são também heterossexuais pagas para mentir. Acho que essa era uma das piadas do filme... Mas a cereja do bolo está por vir, já que Jules acrescenta que filmes com homens são melhores, porque o desejo fica evidente, afinal, eles têm pênis. Trocando em miúdos, toda lésbica, ou pelo menos Jules, deseja mesmo é um pênis, é ser possuída por um homem. E o relacionamento com Paul aponta para isso. Estranhamente, em um filme sobre um casal e lésbicas, as cenas de sexo são todas heterossexuais, ou entre dois homens na TV. As duas mães trocam selinhos e afagos, mas não passa disso.
Curiosamente, a diretora e roteirista Lisa Cholodenko, que não recebeu indicação por direção, é lésbica e mãe. Isso não a tornou mais sensível em relação ao que representou no filme. Para ela está tudo certo e no devido lugar. E não pensem que estou dizendo que mulheres bissexuais, porque Jules, para mim, não é lésbica, não podem desejar homens, trair suas parceiras com homens. Só que a sexualidade é algo muito fluído e posso estar sendo radical. Poderia até começar a discutir isso, que as pessoas não são hetero ou homo, elas simplesmente estão hetero ou homo, afinal, é nisos que eu mesma acredito, mas acho que não vem ao caso. A pergunta para mim é por que colocar uma lésbica traindo a companheira com um homem ou babano diante da visão de um pênis ereto como Jules fez? Por que dar visibilidade exatamente a esse tipo de família lésbica tão patriarcal? Quantos filmes com casais lésbicos você já assistiu? Quantos deles ganharam a projeção de Minhas Mães e Meu Pai? Será que não foi porque ele confirma a fantasia de que lésbicas são mulheres confusas que no fim das contas precisam é de um homem? Por que escolher exatamente esse tipo de família lésbica para dar visibilidade? Por que Jules não traiu Nic com uma mulher? Por quê? Por que Nic reprime tanto os filhos? Por que Jules quase atormenta o filho por ele não ser gay? Por que o relacionamento de Jules e Nic é tão desigual? Por que Jules age tão mal com Nic, com Paul, com as crianças? Aliás, Jules age mal com todo mundo, até com o jardineiro latino que ela humilha e despede sem grande motivo. E, definitivamente, "The kids are not all right". Não nesse filme... Talvez, os conservadores tenham razão, não é?
Eu esperava muito mais de Minhas Mães e Meu Pai. Mas, como alguém disse muito tempo atrás, quando um filme “alternativo” é indicado ao Oscar é porque ele já não é tão subversivo assim, é porque ele foi domesticado ou cooptado. Eu vejo Minhas Mães e Meu Pai quase como um filme anti-gay... Quase mesmo. De qualquer forma, é reacionário e eu não desejo vê-lo vencendo na categoria melhor filme. Não é um Guerra ao Terror (*um filme fraco, a-crítico*), que fique muito claro, é um filme sólido com ótimas interpretações, mas me parece produto desse momento reacionário que vivemos. Aliás, não desejo vê-lo vencendo em nada, porque ainda que Anette Benning esteja muito bem, com uma interpretação bem convincente e carregada de emoção, pois sua personagem não é simpática no início, mas, com a traição, ganha a empatia do público, ou, pelo menos, ganhou a minha, Natalie Portman ofereceu um espetáculo muito superior. Ela merece muito mais o Oscar. De positivo do filme ficam as interpretações, a humanidade das personagens, todas com defeitos e qualidades, e o desempenho dos adolescentes, especialmente de Mia Wasikowska. De resto, Minhas Mães e Meu Pai é um filme nada feminista e que pouco contribui para a causa gay. Mas, como não poderia deixar de ser, cumpre toda a Bechdel Rule,
P.S.: Se quiserem outra opinião, leiam a crítica da Lola. Ela gostou do filme e viu muito menos problemas que eu.
15 pessoas comentaram:
Complicado o filme... ainda não vi, então não dá pra defender exatamente, mas queria falar umas coisas mesmo assim.
Nem sempre é fácil romper com os papéis dos casais heterossexuais, boa parte(não é a maioria) dos casais de lésbicas que eu conheço são compostos por uma mulher mais masculina que acaba agindo como o homem e uma mulher mais feminina, principalmente entre o pessoal mais antigo, acho que antigamente quando a pessoa se descobria homossexual e não tinha em quem espelhar acabava imitando os estereótipos que a gente vê na TV.
Acho muito injusto para a criança não saber quem é o pai ou a mãe biológica, mas mesmo assim se um dia eu puder eu gostaria de ter uma produção independente (ou então ter filhos com alguma amiga), mas isso pra mim é plano para o futuro (também penso em adoção).
Sobre lésbicas se excitarem com pornografia gay... isso é muito, muito mais comum que você pensa. Tenho diversas amigas lésbicas apaixonadas por pornografia gay homem x homem mesmo, algumas delas fangirls de BL. Uma coisa engraçada é que boa parte das mangakás BL é lésbica. Aliás, eu queria achar mais dados concretos disso.
Não acho estranho lésbicas curtirem pornografia gay, muitos homens gays amam pornografia heterossexual e até mesmo lésbica, como vc afirmou e eu concordo, acredito que sexualidade seja algo fluido, talvez elas apenas fantasiem com a pornografia gay, é como as pessoas que têm fantasias sexuais, mas não querem colocá-las em prática, é só uma fantasia.
Continuo curioso a respeito desse filme, mas ele definitivamente não deve ter roubado de Desejo Proibido o posto de melhor filme lésbico.
P.s. Estou na torcida por Toy Story 3.
Bem, Kadu, que esas questão dos papéis existe, eu mesma digo no texto. Mas eu conheço vários casais lésbicos e, realmente, elas nem tinham esse perfil, tampouco de forma tão exacerbada como no filme. Aquilo é uma família patriarcal mesmo, sem retoque. Outra coisa, BL no Japão é coisa de heterossexuais, não fantasie a este respeito. As magá-kas BL não são em sua maioria lésbicas e eu conheço, especialmente americanas lésbicas, que preferem yuri, até yuri feito para homens, por falta de materiais para ela. Olhe o site Okazu aqui nos links. São homens gays ocidentais que eu vejo se agarrando ao BL por falta de coisas para eles.
E jogue na net e veja as reações das lésbicas americanas. Quem gostou dos filmes foram os heterossexuais. Para mim, ainda que eu estivesse cega para o filme, isso já bastaria.
Não vi o filme e ele realmente não me interessou por conta de todas as criticas negativas.
Mas fazendo um adendo ao que o Kadu disse, a maioria das minhas amigas são lésbicas/bi e o que eu realmente vejo são relações desiguais. Onde uma sim toma a frente e pega para si o papel masculino de uma forma até muitas vezes sufocante.
Vejo amigas minhas mais submissas às namoradas, do que as amigas hetero, coisa que até me deixa desconcertada, pq sempre imaginei que essa devia ser uma relação igualitária.
E sobre a pornografia gay, todas as lésbicas que eu conheço adoram pornografia gay e a maioria delas sequer gosta de pornografia lésbica ou hetero.
Bem, Anne-sama, eu realmente fico pensando se a maioria dos casais lésbicos não reproduz o modelo patriarcal... Por falta de reflexão feminista ou sei lá o quê. Talvez eu é que não conheça bem a coisa, mas os casais lésbicos que eu conheci, gente com quem convivi na UnB, não eram assim. Daí o incômodo profundo que este filme me passou... Daí, não... muita coisa nele me deixou incomodada. Parecia, no fim, a celebração da família monogâmica patriarcal (mesmo que com duas mães) e que não tem diálogo "de verdade". Simplesmente fecham a porta na cara do Paul. Se o filme terminasse com um relacionamento aberto, eu aceitaria melhor... Enfim, eu, como feminista, fiquei muito incômodada MESMO.
Olá Valéria,
Eu vi o filme e concordo com vc em alguns pontos, principalmente na avaliação geral do filme, que ficou muito aquém das minhas expectativas.
A impressão que tive é que a diretora pretendia fazer um filme panfetlário da normalidade de uma relação lésbica-familiar e se perdeu em clichés que nem os filmes estilo "família margarina" abordam mais.
ela oscilou muito no conservadorismo e perdeu, como vc disse, alguns dos questionamentos principais do filme.
Fora que (apesar de amar o Mark Rufallo) achei toda a relação Jules & Paul mal colocada na questão da reação e da suposta crise familiar que isso evoca.
Só discordo de vc na questão do estímulo com pornô gays - não tenho muitas amigas lésbicas, mas entre meus amigos gays isso inclusive é motivo de piada e achei a explicação da Jules sobre a inversão psicológica bem real, só acho que esse assunto foi mal explorado, pq foi exposto em uma relação onde não se vê sexo. A diretora (ou o/a roteirista) tentou colocar um casal em uma certa dose de crise e desistímulo e a impressão que ficou no filme é de que elas só se estimulam por essa via, quando na verdade isso é um fetiche ocasional entre casais lésbicos (alias, considerado até então um segredo guardado a 7 chaves).
Acho que no fundo o filme confunde normalidade com conservadorismo e isso foi, sem dúvida, um erro fatal.
Pois é, Zaíra, mas confundir "normalidade" com "conservadorismo" está na moda... Enfim, eu realmente acho muito estranha a fixação da Jules pelo pênis. Muito mesmo. Especialmente, por ela ser ou se dizer lésbica. Tenho cá minhas dúvidas. Mas colocar um bissexual em um filme ou mesmo se identificar desta forma é muito difícil.
Eu não consigo entender porque esse filme fez tanto sucesso. Talvez eu precise vê-lo e tirar minhas conclusões, mas sinto que as críticas que eu li, inclusive a sua, falaram tudo o que há pra saber sobre ele.
Ouvi dizer que o sucesso se deve ao carinho às "sensibilidades liberais", mas a indignação das lésbicas e feministas contraria isso e é bem justificada. Realmente não dá pra entender o que há de especial nesse filme, exceto a sua ruindade.
"Minhas mães e meu pai" trata de um monte de temas super legais e importantes, mas eu não me senti envolvido em nenhum deles...Eu não sei explicar o que faltou, talvez situações mais densas... Enfim, o filme não me tocou.
Criei uma antipatia só com esse casal lésbico. Essa coisa de casalsinho gay pra agradar héteros me irrita profundamente. Elas nem sexo fazem! É uma coisa bonitinha pro público hétero achar fofinho... Bleagh! Preciso segurar o vômito.
Não simpatizei com o pai e não simpatizei muito com a Jules. Curti a Nic porque sempre amo mulheres fortes , as que tem pulso, sendo lésbica ou não. Dos filhos, já olhava com simpatia a Mia Walsikowska porque virei fã dela desde Alice. Eu a acho boa atriz e de uma beleza encantadora. Queria ser ela se eu fosse mulher. Já o Laser, lendo essa resenha percebi a função dele, mas eu o achei tão sem graça...
Sobre comportamento de casais lésbicos tão citados nos posts acima, eu também tenho uma amiga lésbica que ama filmes pornôs gays pelo mesmo motivo de Jules e a Nic. O problema do filme não foi tocar nesse ponto e sim a necessidade de um pênis na vida de Jules, aí sim curtir filmes pornôs gays pesar tanto.
Olha... "Minhas mães e meu pai" é um filme que não faço questão de ve-lo novamente, tão pouco recomenda-lo para outras pessoas.
Valéria,
eu li várias críticas sobre este filme e, por causa disso mesmo, eu não tenho a menor intenção de assistir.
Acho que sua crítica é bem exata pelo que ouvi sobre o filme.
E, sinceramente? Eu Não aguento mais ver representações de lésbicas que se alternam entre 'gostosinhas se agarrando/frustradas que acabam com rolos com homens'.
Sério mesmo.
Já tô cheia.
A boa interpretação, roteiro sólido e o escambau que vá pros quintos dos infernos. Prefiro um filme trash que não me faça mal quando eu me der o trabalho de assistir, que m maravilhoso que em questão de conteúdo seja uma porcaria.
...cara, eu realmente Não consigo acreditar que a maioria dos casais lésbicos tenha essa hierarquia com uma fazendo o papel masculino.
Não acredito mesmo.
Não conheço Um casal lésbico deste jeito. Aliás, só de ir em encontros ou boates Lgbttt, o clime já é bem diferente, menor ameaçador, mais divertido e animado.
Acredito é que ninguém repara nessa desigualdade de hierarquia em casais heteros[!!], mas já fica procurando quem é o 'macho' em casais lésbicos!
Entre todos os casais heterossexuais que conheço, posso tirar um ou dois equilibrados - a gente releva sempre uma coisinha ou outra, né? - mas o resto...? Relacionamentos absurdos, com cara exigindo sexo da namorada, humilhando a companheira, achando que manda nela...
Então, me poupem desta história que a maioria dos casais lésbicos são assim. Nananina. Casais heterossexuais que tendem a ser desequilibrados e todo mundo acha supernormal.
E não vejo lésbicas consumindo material gay. Pelo contrário, ficamos conversando sobre como achar material para lésbicas, conversamos até sobre Yuri e Shoujo Ai.
Assisti com minha esposa pouco tempo atrás.
Sim, o filme é um drama. A parte comédia está só no início, com algumas situações com as quais pudemos nos identificar. Não tenho como detalhar agora porque não lembro, mas dei algumas risadas no começo.
Concordo com vc quanto à adoção como um caminho melhor para se ter filhos em um caso como esse, mas isso porque na minha visão grande parte dos problemas do mundo está justamente em haver gente demais nele. Outra questão é que não acredito nos laços de sangue... Não tenho como me comover com a morte de um parente distante mais do que me comoveria com a morte de um estranho na rua. Pra mim laços surgem da convivência, da troca. Dessa forma, adoção é uma opção totalmente válida. Me imagino em um futuro em que eu tenha condições de adotar uma criança que eu possa ver crescer com as minhas contribuições e se tornar um adulto bom.
O casal com papéis masculino e feminino não é nem incomum e nem padrão. Eu diria que, se formos considerar a realidade, um casal homossexual feminino tem a mesma possibilidade de variação de papéis quanto nos casais heterossexuais modernos. Isto é, o fato de aparecer no filme um casal com essa estrutura foi meramente uma escolha. Uma escolha idiota, mas que talvez tenha um fundo de busca de aceitação pelo público. E também pode ser que essa escolha exista para ter parte da culpa na existência da traição. Como a Lola disse na resenha dela, a Jules é uma personagem que está se sentindo controlada e desvalorizada, o que evidentemente teve raiz na estrutura do casal. Uma é a provedora e protetora, e dita as regras. Eu não vejo problema em uma estrutura onde uma só pessoa é provedora e tem forte senso de proteção, no entanto a existência de alguém que manda e alguém que é mandado (pura e simplesmente, fora do contexto do fetiche) é receita certa pra uma relação sem comunhão.
Quanto ao pênis, pra mim é óbvio o apelo desse "adendo". As mãos ficam livres. Se um dildo já ajuda, imagine então um dildo que funciona para uma lésbica como um clitóris aumentado (que é o que o pênis é de fato). Por mais que uma lésbica se sinta totalmente bem e confortável como mulher, sem possibilidade alguma de querer mudar de sexo, sem confusão alguma sobre seu gênero, é absolutamente visível o apelo de um conjunto de dois ou três dedos, sem uma mão e um braço de suporte, com conexão direta ao cérebro e toda a delícia de receptores sensíveis como os do clitóris. PORRA! É óbvio que eu quero um em mim! Não o tempo todo, mas eu vejo o uso que teria, e se existir algum dia eu vou querer um! Só espero que façam mais bonito...
Aos filmes gays... Eu gosto bastante também. Gosto de algumas cenas em específico, mas não vem ao caso. Talvez uma explicação para mulheres que gostam de ver filmes gays seja o quão mais óbvio fica o prazer com um pênis na jogada (fora o fato dos filmes lésbicos serem normalmente feitos para homens - mas existem estúdios fazendo filmes pornô de lésbicas para lésbicas, ex. How to Fuck in High Heels). A ereção mostra de forma simples que o homem está excitado. Uma das principais motivações para se ver pornografia é olhar pessoas excitadas e ver a sacanagem acontecendo. A visualização de um homem penetrando outro (que também está com o pênis ereto) tem sua potência. Quando eu quero ver pornozão eu vejo gay, se eu quero ver algo mais sútil, sensual ou romântico, vejo filmes que contenham cenas de sexo entre mulheres feitas com bom gosto. Teve bastante coisa legal em The L Word, por exemplo.
A questão é que o tesão que uma pessoa sente ao ver duas (ou mais) outras pessoas fazendo sexo não é tão facilmente explicado. Os estímulos afetam os indivíduos de maneiras diferentes, sem uma relação sempre direta e óbvia com seu gênero e orientação.
No geral, achamos o filme legal. Mas eu vim só comentar seus comentários e não o filme em si.
-- codeína
Bem, eu até entendo que Minhas Mães e Meu Pai não seja um filme feminista ou militante, mas o casal do filme é reacionário até para padrões heterossexuais. E muito... Aliás, elas parecem emular a boa família americana dos anos 50, família de propaganda de margarina, família de ficção conservadora. Pois bem, no mais, minha experiência heterossexual de sexo transcende a necessidade do pênis. a gente faz sexo com o corpo inteiro, por asism dizer. e imaginar que uma lésbica realmente veja no pênis (*ter, usar, ser penetrada por* um fetiche tão constante é muito perturbadora (*na falta de idéia melhor*), para mim. Mas, de novo, talvez eu esteja exigindo demais, e projetando minhas idéias feministas nos outros.
Mas de onde foi tirada a ideia de que é um fetiche constante? As personagens nem aparecem o suficiente em situações de intimidade para que se conclua que usem um dildo frequentemente, ou mesmo assistam tanto assim ao pornô gay.
Uma coisa é um casal heterosexual ter o acessório e poder escolher quando quer usar. Outra coisa é um casal lésbico saber que seria uma coisa interessante e simplesmente não existir a tecnologia. Dentre todas as variações que experimentamos, existem as que incluem penetração, portanto desenvolveu-se a lógica de que, como UMA das TANTAS alternativas que nos apetecem, seria uma experiência boa pra caramba. Opinião vinda de um casal que é capaz de ter noites de loucura apenas fingindo que pode colocar ou tirar um acessório desses quando quer. Não é uma necessidade, é a visão do potencial. O mundo é movido pelo "e se...".
Não enxergo nisso uma relação de feminismo ou a falta de. A vagina é uma cavidade e pode ser penetrada, ou pode não ser. Se é penetrada por um dedo, uma língua, um dildo, um pepino, uma maçã, ou um pênis, não faz diferença. Não há nem um pouco menos feminismo em um casal lésbico que conhece a arquitetura da cavidade e que considera o formato pênis um formato válido para a ação de penetrá-la.
Veja por exemplo o caso de um transgênero M2F não operado. É uma mulher que tem um pênis e pode escolher ou não usá-lo até que faça uma cirurgia e seja então transexual. Em entrevista à Oprah, Lea T. (que ainda tem pênis) disse não gostar de usá-lo, mas que tem amigas que gostam de usar os seus. As que usam são menos mulheres que Lea T.?
Codeína, focando no filme:
1. só há cenas de sexo heterossexual, apesar das protagonistas serem lésbicas.
2. Jules é explícita sobre a questão do pênis em relação a demonstrar efetivamente o tesão (*você, aliás, concordou*).
3. Jules se empolga quando vê lá o pênis do sujeito, com aquela cara de "Agora, sim!".
É muito estranho, em um filme protagonizado por homossexuais, que as cenas de intimidade sejam quase todas e as de sexo todas heterossexuais (*desconto o tiquinho lá do sexo gay*).
Mas é aquilo, talvez eu esteja esperando demais, ou imaginando de menos.
Eu concordo com vc. O filme poderia ter sido muito mais do que foi.
>3. Jules se empolga quando vê lá o pênis do sujeito, com aquela cara de "Agora, sim!".
E é por isso que eu acho que o filme não tinha a intenção de mostrar uma família lésbica feliz. É um casal em crise, uma Jules que se sente largada e desvalorizada pela companheira, que busca atenção e encontra (forçadamente) em um homem. Se era pra Jules ser bi eu não sei, e não dá pra saber ao certo pelo filme. Ela se empolgou sim naquela cena, e o motivo real qual era? Hormonal? Se sentia muito rejeitada até sexualmente pela companheira e viu no cara pronto ali alguém que mostrava interesse em uma faceta dela (como ser sexual) que estava carente de atenção? Não sei! E realmente pra mim também essa parte do filme em particular foi uma merda, mas eu não tenho como argumentar porque não entendo o que se passava pela cabeça da mulher que escreveu o roteiro.
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