Por conta do Discurso do Rei e da possibilidade concreta do Oscar, o Correio Braziliense veio com uma matéria sobre o Colin Firth. No geral, ela está OK, mas há um problema que começa pelo título. Firth não é coadjuvante na maioria dos seus filmes, talvez, isso possa ser até verdade para produções de grande destaque internacional, como Shakespeare Apaixonado, mas não dentro do cinema inglês. Eu não preciso nem forçar a memória para começar a enfileirar os filmes de Another Country, passando por Valmont, Febre de Bola, Trauma, A Hora do Porco, A Última Legião, mesmo A Verdade Nua e Moça com Brinco de Pérola. Fora coisas para a TV, como Orgulho & Preconceito, claro, porque sem essa série não haveria Bridget Jones... nem o livro. E ele fez algumas comediotas americanas menores, como o sofrível Hope Springs, mas eterno coadjuvante não procede. E, bem, todos os atores e atrizes fazem coadjuvantes, ou, não? Mas agora a grande imprensa parece ter descoberto o Colin Firth.
A matéria não está completa, ela só está disponível na íntegra para assinantes. Eu sou assinante, mas é aquela versão horrorozinha digital que você não pode copiar, nem baixar. A segunda parte da matéria se chama “Majestade”. Lá eles reforçam a história do “eterno coadjuvante”; falam que ele agora está se envolvendo em produções mais comerciais, como Dorian Gray; dizem que este filme de 2009 está para estrear no Brasil (*Really?! E Ágora?!*); falam da Livia, a esposa italiana do Firth. E diz ainda que ele é “devoto da cartilha de Jane Austen e Shakespeare”. Olha, quem já leu as entrevistas dele, inclusive eu tenho a da edição de aniversário de Orgulho & Preconceito (1995) sabe que ele não era leitor de Austen. Ele é até solta que sempre achou que era “livro de mulherzinha”. Mas, enfim, há uma única fala direta dele é a seguinte “Meu instinto primário como ator não é a grande transformação. É emocionante quando um ator consegue fazer isso, mas eu não consigo.”. Ou seja, ninguém espere que ele emagreça 20 quilos ou algo do gênero para um papel... E nem precisa, né? Segue a matéria.
Colin Firth deixa para trás o passado de coadjuvante e briga pelo Oscar
Tiago Faria
A uma semana do Oscar, a lista de favoritos à premiação mais tradicional de Hollywood ainda desperta um punhado de dúvidas. Em tese, o filme britânico O discurso do rei está muito à frente da concorrência. Mas há quem acredite numa reação de A rede social (o preferido da crítica) e Bravura indômita (o faroeste azarão). Entre as atrizes, a vitória de Natalie Portman, por Cisne Negro, parece certa — pelo menos se Annette Bening, ignorada três vezes pela Academia, não somar pontos por teimosia. Melhor filme estrangeiro? Imprevisível. Pelo menos num quesito, no entanto, especialistas e palpiteiros são unânimes: só uma zebra tiraria de Colin Andrew Firth o troféu de melhor ator.
O inglês de 50 anos disputa o principal holofote da indústria cinematográfica com Javier Bardem (Biutiful), Jesse Eisenberg (A rede social) e James Franco (127 horas). Mas o candidato que lhe oferece algum perigo, curiosamente, é Jeff Bridges (Bravura indômita), que superou Firth em 2010 nessa mesma categoria. Na ocasião, o britânico foi indicado graças à performance contida de Direito de amar, melodrama assinado pelo estilista Tom Ford. Perdeu para o cantor country desleixado, decadente, defendido por Bridges em Coração louco. Desta vez, no entanto, o jogo inverteu. Pela interpretação de George VI em O discurso do rei, o britânico de Hampshire acumulou mais de 20 prêmios — entre eles, o Globo de Ouro, o Bafta e a estatueta do sindicato dos atores de Hollywood. De lambuja, conquistou uma estrela na Calçada da Fama.
Eleito o melhor de 2010 por associações de críticos de Nova York e Los Angeles, Firth fez mais: enterrou em definitivo um estigma que o perseguia desde que estreou nas telas, em meados dos anos 1980. No cinema britânico e nos grandes estúdios americanos, o intérprete sempre foi considerado “apenas” um respeitável coadjuvante. Poucos foram os papéis de destaque numa carreira que já conta com mais de 60 filmes — para a telona e a tevê, onde brilhou em 1995 na minissérie Orgulho e preconceito. Até Direito de amar, a imagem de bom moço, ideal para personagens engomadinhos, prejudicou a trajetória do astro. Num dos papéis mais conhecidos do público, em O diário de Bridget Jones (2001), ele é o homem “para casar”: o pretendente sério, bem-sucedido, mas sem o “sex appeal” do adversário, Hugh Grant. Um tipo às vezes terrivelmente comum.
O perfil austero do ator pode não provocar faíscas em fitas românticas, mas se adapta perfeitamente à pompa de produções de época — principalmente a tipos aristocráticos como o protagonista de Valmont — Uma história de sedução (1989) e o Lorde Wessex, de Shakespare apaixonado (1998). É em O discurso do rei, entretanto, que Firth prova total afinidade com a imponência dos nobres. Com a missão de garantir profundidade dramática a um rei gago, incapaz de encarar o microfone e se dirigir ao povo do Reino Unido, o ator é o maior responsável por imprimir verossimilhança a um filme cujo roteiro recebeu reprimendas por tingir a monarquia com tons amenos, róseos.
Para compor o personagem, Firth se inspirou nas experiências do roteirista David Seidler, que enfrentou a gagueira na infância, e buscou o monarca elegante que submergiu na figura muitas vezes risível de um líder que, à primeira vista, parecia hesitante, frágil. “O mais dolorido na história de George VI é que, quando você lê o que ele escreveu, descobre um homem sutil, com uma esperteza, um senso afiado de ironia. E ele era considerado um tolo simplesmente porque não conseguia expressar tudo isso. Era um homem quase invisível”, contou à BBC. Pai da rainha Elizabeth II, o poderoso recorreu a um terapeuta de fala (Geoffrey Rush) para superar a crise pessoal.
A matéria não está completa, ela só está disponível na íntegra para assinantes. Eu sou assinante, mas é aquela versão horrorozinha digital que você não pode copiar, nem baixar. A segunda parte da matéria se chama “Majestade”. Lá eles reforçam a história do “eterno coadjuvante”; falam que ele agora está se envolvendo em produções mais comerciais, como Dorian Gray; dizem que este filme de 2009 está para estrear no Brasil (*Really?! E Ágora?!*); falam da Livia, a esposa italiana do Firth. E diz ainda que ele é “devoto da cartilha de Jane Austen e Shakespeare”. Olha, quem já leu as entrevistas dele, inclusive eu tenho a da edição de aniversário de Orgulho & Preconceito (1995) sabe que ele não era leitor de Austen. Ele é até solta que sempre achou que era “livro de mulherzinha”. Mas, enfim, há uma única fala direta dele é a seguinte “Meu instinto primário como ator não é a grande transformação. É emocionante quando um ator consegue fazer isso, mas eu não consigo.”. Ou seja, ninguém espere que ele emagreça 20 quilos ou algo do gênero para um papel... E nem precisa, né? Segue a matéria.
Colin Firth deixa para trás o passado de coadjuvante e briga pelo Oscar
Tiago Faria
A uma semana do Oscar, a lista de favoritos à premiação mais tradicional de Hollywood ainda desperta um punhado de dúvidas. Em tese, o filme britânico O discurso do rei está muito à frente da concorrência. Mas há quem acredite numa reação de A rede social (o preferido da crítica) e Bravura indômita (o faroeste azarão). Entre as atrizes, a vitória de Natalie Portman, por Cisne Negro, parece certa — pelo menos se Annette Bening, ignorada três vezes pela Academia, não somar pontos por teimosia. Melhor filme estrangeiro? Imprevisível. Pelo menos num quesito, no entanto, especialistas e palpiteiros são unânimes: só uma zebra tiraria de Colin Andrew Firth o troféu de melhor ator.
O inglês de 50 anos disputa o principal holofote da indústria cinematográfica com Javier Bardem (Biutiful), Jesse Eisenberg (A rede social) e James Franco (127 horas). Mas o candidato que lhe oferece algum perigo, curiosamente, é Jeff Bridges (Bravura indômita), que superou Firth em 2010 nessa mesma categoria. Na ocasião, o britânico foi indicado graças à performance contida de Direito de amar, melodrama assinado pelo estilista Tom Ford. Perdeu para o cantor country desleixado, decadente, defendido por Bridges em Coração louco. Desta vez, no entanto, o jogo inverteu. Pela interpretação de George VI em O discurso do rei, o britânico de Hampshire acumulou mais de 20 prêmios — entre eles, o Globo de Ouro, o Bafta e a estatueta do sindicato dos atores de Hollywood. De lambuja, conquistou uma estrela na Calçada da Fama.
Eleito o melhor de 2010 por associações de críticos de Nova York e Los Angeles, Firth fez mais: enterrou em definitivo um estigma que o perseguia desde que estreou nas telas, em meados dos anos 1980. No cinema britânico e nos grandes estúdios americanos, o intérprete sempre foi considerado “apenas” um respeitável coadjuvante. Poucos foram os papéis de destaque numa carreira que já conta com mais de 60 filmes — para a telona e a tevê, onde brilhou em 1995 na minissérie Orgulho e preconceito. Até Direito de amar, a imagem de bom moço, ideal para personagens engomadinhos, prejudicou a trajetória do astro. Num dos papéis mais conhecidos do público, em O diário de Bridget Jones (2001), ele é o homem “para casar”: o pretendente sério, bem-sucedido, mas sem o “sex appeal” do adversário, Hugh Grant. Um tipo às vezes terrivelmente comum.
O perfil austero do ator pode não provocar faíscas em fitas românticas, mas se adapta perfeitamente à pompa de produções de época — principalmente a tipos aristocráticos como o protagonista de Valmont — Uma história de sedução (1989) e o Lorde Wessex, de Shakespare apaixonado (1998). É em O discurso do rei, entretanto, que Firth prova total afinidade com a imponência dos nobres. Com a missão de garantir profundidade dramática a um rei gago, incapaz de encarar o microfone e se dirigir ao povo do Reino Unido, o ator é o maior responsável por imprimir verossimilhança a um filme cujo roteiro recebeu reprimendas por tingir a monarquia com tons amenos, róseos.
Para compor o personagem, Firth se inspirou nas experiências do roteirista David Seidler, que enfrentou a gagueira na infância, e buscou o monarca elegante que submergiu na figura muitas vezes risível de um líder que, à primeira vista, parecia hesitante, frágil. “O mais dolorido na história de George VI é que, quando você lê o que ele escreveu, descobre um homem sutil, com uma esperteza, um senso afiado de ironia. E ele era considerado um tolo simplesmente porque não conseguia expressar tudo isso. Era um homem quase invisível”, contou à BBC. Pai da rainha Elizabeth II, o poderoso recorreu a um terapeuta de fala (Geoffrey Rush) para superar a crise pessoal.
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