sábado, 1 de janeiro de 2011

Comentando Megamente



Deveria ter feito essa resenha na quarta-feira, quando assisti o filme, mas estava cansada, como vi Scott Pilgrim na quinta, e acabei empurrando os dois textos para o sábado... Enfim, fazia meses que um cartaz solitário de Megamente (Megamind) estava no subsolo do shopping aqui perto de casa. Achava que nem ia estrear. Mas o filme apareceu... dublado, claro, porque agora determinaram que desenho precisa passar somente em cópias dubladas. Eu nem estava com tanta vontade de assistir, mas queria ir ao cinema e era a sessão que dava para entrar direto. Lá fui eu e um bandão de crianças assistir o filme do vilão azul. E gostei! ^_^ Gostei mais do que de Scott Pilgrim, devo admitir.

O resumo da história, sem um spoiler fundamental que aparece em um dos trailers, é o seguinte: Megamente é um bebê alien e seu planeta será destruído. Seus país cientistas decidem mandá-lo para a Terra. Colocam o bebezinho dentro de uma nave e junto com ele seu único amigo, Criado (Minion, no original). A navezinha foi arremessada, mas outros pais, de outro planeta que estava por ser destruído, tiveram a mesma idéia. As duas cápsulas se cruzam no caminho, e o bebê, que se tornará o herói Metro Man, começa a prejudicar (*sim, ele faz de propósito*) a vida de Megamente. Enquanto Metro Man cai em uma mansão, Megamente é atirado na prisão para criminosos super inteligentes. Na escola, durante algum tempo, Megamente, que é feio e esquisito, tenta fazer amigos e se encaixar, mas Metro Man acaba sempre atraindo as atenções.

Megamente é punido, recebe todos os estigmas, nada do que ele faz para se normatizar funciona. Até que ele decide se assumir como vilão... e as coisas continuam não dando tão certo, mas, pelo menos, agora ele recebe reconhecimento, atenção, várias penas de prisão perpétua, ele tem um nome e Metro Man é seu arqui-inimigo. Megamente é tão mau que usa botas feitas de botas de couro de bebê foca. Tudo ia nesse passo até que no dia da inauguração do museu Metro Man, em Metro City, Megamente seqüestra a repórter “namoradinha” do herói, pela não-sei-quantagésima-vez, para atrair metro Man para uma armadilha e, incrivelmente, tudo dá certo! Metro Man morre, Megamente assume o controle da cidade e tudo se torna realmente chato! Que graça há em um super vilão sem um herói para combatê-lo? Em profunda depressão, Megamente tem a idéia “genial” de criar um novo super herói para Metro City e colocar tudo nos seus devidos lugares, mas, obviamente, as coisas não correm como ele esperava.

O legal de Megamente, e isso foi atrapalhado pela dublagem, é que é um filme em camadas. Isso é moda nos desenhos americanos de hoje, que visam adultos e crianças. As referências óbvias estão lá, os supers da DC, o grande ícone que é o Super Homem, outra é o cartaz com o Senhor Miyagi, quando Megamente estava treinando o novo super herói. Curiosamente, as crianças reconheceram direto. Mas há várias referências cinematográficas, desde o cartaz que faz menção ao Bom, o Mau e o Feio (Il buono, il brutto, il cattivo/Três Homens em Conflito), de Sérgio Leone, ou a dupla referência com Megamente assumindo a forma de Marlon Brando em Superman, o filme, e falando como Dom Corleone de O Poderoso Chefão. Impagável! Me pergunto, também, se Metro Man não seja referência à metrossexual, pois é meio isso que o herói é.

Na verdade, não me empolguei muito com o segundo quarto do filme, a depressão de Megamente. Pergunto-me se este não era o objetivo, mostrar como é chata a vida de um vilão sem o seu super herói, mas depois o filme me pegou de jeito e eu realmente fiquei vidrada. E, claro, algumas coisas inesperadas acontecem... Foi legal ver o vilão se apaixonando pela repórter, a colocação de Criado de que “o cara mau (e feio) nunca fica com a mocinha”. A alegria de Megamente e Criado indo enfrentar o novo super herói sabendo que iriam morrer, porque, bem, essa criação de Megamente não respeitava as regras tradicionais do jogo entre vilões e heróis americanos. Não sabe do que estou falando? O vilão é derrotado, depois de uma luta cheia de frases de efeito, e levado para a prisão. O super herói tradicional nunca mata o vilão. NUNCA! Mas Titã é uma aberração.

Titã é o nome do herói criado por Megamente. Era o único nome sem patente registrada, daí a escolha. O rapaz, Hal Stewart, que recebe os poderes de Metro Man por engano, é um nerd, cameraman, apaixonado pela mocinha, a repórter, que o vê como um amigo incômodo. Veja bem, esse sujeito, a meu ver é o mais realista da história... e o mais perigoso. Ele tem aquele perfil doentio, do stalker que cisma que uma mulher é sua namorada e começa a cercá-la e, ao ser rejeitado, ele a mata, ou joga ácido no seu rosto. A personagem achava que a repórter, Roxanne Ritchi (*eu deletei o nome que lhe deram em português, desculpem!*), dublada pela engraçadíssima Tina Fey no original (*que perda!*), preferia Metro Man, porque ele era bonito (*o cara, claro, se acha bonito*) e tinha poderes.

Na verdade, ela não era apaixonada por Metro Man, nem sua namorada, e, claro, todo o esforço de Hal não dá em nada. E, pior! Ele descobre que sua amada prefere Megamente (*OK, não vou explicar o spoiler*), um cara feio, um vilão trapalhão... Por quê?! O que ele faz? Decide assumir o controle da cidade, do mundo se possível, matar Megamente e, claro, a mulher que o rejeitou. Coloque isso em níveis humanos e o que temos? O macho frustrado que decide cometer um crime “passional”. Hal anda por aí, há milhares, talvez milhões deles pelo mundo. E o resultado são mulheres mortas e/ou mutiladas, afinal, uma mulher não pode dizer “não”. E sujeitos assim recebem um “não”, não proque as mulehres são ruins com eles, mas porque eles são uns idiotas. Não sei se a mensagem chegou para todos os adultos, acredito que, não, mas apresentar um vilão com essas características foi genial. Assustador mesmo!

Não se assustem! Megamente é diversão. As mensagens vêm em camadas, como eu disse. Não atende a Bedchel Rule, já que só há uma personagem feminina, e somente essa uma tem nome... Mas é muito bom assim mesmo. E, duvido, que a roupa vilanesca mamba negra não seja uma referência à Priscila, a Rainha do Deserto. Aliás, terei que assistir no original, porque, enfim, quero pegar o máximo de referências que puder.

4 pessoas comentaram:

A propósito, Hal Stewart é a soma dos dois personagens que a ala mais reaça dos fãs de supers aceita como lanterna verde: Hal Jordan e John Stewart.

Um... Não tinah idéia disso. Você assistiu Megamente? É bem legalzinho.

Esse filme é tão bacana, gostei de tudo nele. Umd os melhores do ano sem dúvida, sem falar que o 3D somou muito à obra, fez a diferença.

Sobre o Titã, bem, ele é um babaca, mas a Roxanne também não era legal com ele, ela deveria ter sido mais clara com ele, era óbvio que ele estava apaixonado por ela, mas ela nunca se deu ao trabalho de se importar com os sentimentos dele e usava ele como "office boy".

Kadu, em que parte do filme ela usou o sujeito como "office boy"? Ele era cinegrafista, ou seja, um profissional qualificado. E muito grudento, delirava como se a Roxanne já fosse namorada dele. Para mim, era um sujeito de personalidade desequilibrada daqueles que jogariam ácido no rosto da "namorada" sem nem pensar duas vezes. Afinal, ele não tinha problemas, o problema é das mulheres, ou melhor, da mulher, que não o queria.

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