Eu não comentei ainda aqui no blog, mas está um rebuliço no Japão por conta de uma legislação restritiva que a Assembléia Metropolitana de Tokyo aprovou na última quarta-feira (*ontem, por causa do fuso horário*) o projeto de lei 156 regula especificamente o conteúdo de mangás, animes e games que possam sugerir pornografia, incesto, estupro, estimular o suicídio, crueldade, comportamento criminoso, etc. em materiais vendidos para menores de 18 anos. Vejam bem, pornografia real, e há materiais com menininhas de carne e osso no Japão que a meu ver se qualificariam como tal, estão fora dessa lei. Talvez os legisladores não vejam nada de "imoral" em consumir álbuns e DVDs com menininhas com até três, quatro anos de idade em situações erotizadas ou erotizáveis(*Exemplo de site com amostras deste tipo de material é o "U-15". U-15 significa modelos abaixo de 15 anos. Para uma visão rápida, clique 1-2-3-4-5-6*). Para quem não entendeu nada, sempre que se toca no assunto "fotos de idols impuberes", sempre aparece o argumento de que mangás, animes e games são exportados e esse material, não é. Obviamente, gerontocratas ou são hipócritas ou não navegam na net. Mas, de qualquer forma, a legislação é da cidade de Tokyo, não do Japão inteiro. Não podemos perder isso de vista.
Há a esperança de que o governo federal japonês intervenha, o primeiro-ministro pediu bom senso, já que a indústria de animes e mangás é um dos cartões de visita do Japão para o mundo, e a economia japonesa não anda lá bem das pernas. Imaginem se as novas legislações dificultarem ainda mais as coisas? Só que isso é faca de dois gumes, porque os próprios japoneses já andaram censurando seus materiais, como o anime de One Piece, para agradar audiências estrangeiras, leia-se aqui, norte americana. Não estou dizendo com isso, que os gerontocratas que compõem o governo de Tokyo estão preocupados com o que os estrangeiros pensam, aliás, uma das grandes críticas ao governador de Tokyo, grande entusiasta do projeto de censura, Shintaro Ishihara, é que ele é racista (*falou bobagens a respeito de coreanos, chineses, africanos*), homofóbico (*falou que é uma vergonha os gays serem apresentados como “normais” pelos meios de comunicação*), e nega os crimes de guerra japoneses (*como o Estupro de Nanquim*), etc. Bem, muita gente despreza esse sujeito, mas a população de Tokyo o elegeu, certo? A gente aqui no Brasil sabe muito bem os estragos que o voto pode causar...
A primeira reação mais enérgica à lei foi o boicote anunciado por praticamente todas as grandes editoras japonesas (Kadokawa Shoten as well as Shueisha, Shogakukan, Kodansha, Akita Shoten, Hakusensha, Shonen Gahousha, Shinchosha, Futabasha, e LEED Publishing Co., Ltd.) à Tokyo International Anime Fair 2011. Daí a imagem que coloquei no post, e que veio do site do The Comic Journal, com as carinhas de personagens famosas faltando. De qualquer forma, eu espero realmente que o governo federal japonês se posicione abertamente contra a lei, impedindo que a coisa ganhe maiores proporções. E, pelo que eu li, a legislação é confusa, dúbia e cheia de brechas para nterpretação e abusos. De qualeur forma, periga caírem matando em algumas revistas shoujo, como a ShoComi ou a Cheese!, e no material BL, e aliviarem coisas como Kodomo no Jikan, por exemplo. Afinal, é isso que está acontecendo em Osaka faz algum tempo, onde uma legislação censora já foi aprovada.
Eu já falei aqui outras vezes que sou contra a publicação de certos materiais, que acredito que há mangás que não deveriam estar nas revistas mainstream, que certos shoujo mangá são de revirar o estômago (*só para me ater ao assunto principal desse blog*), mas sou a favor da auto-regulação, que deveria partir das editoras, não de uma censura oficial de gente que não entende nada do assunto... De qualquer forma, muita água ainda deve rolar debaixo dessa ponte. O assunto certamente não está decidido, podem ter certeza. Não é hora de começarmos a acreditar que o Japão vai criar o seu "Comics Code" e matar a liberdade de expressão da indústria de mangás e animes. Menos desespero, por favor! Para quem quiser se aprofundar, o artigo do The Comic Journal discute muito bem a questão e eu sugiro a leitura. Está em inglês.
Há a esperança de que o governo federal japonês intervenha, o primeiro-ministro pediu bom senso, já que a indústria de animes e mangás é um dos cartões de visita do Japão para o mundo, e a economia japonesa não anda lá bem das pernas. Imaginem se as novas legislações dificultarem ainda mais as coisas? Só que isso é faca de dois gumes, porque os próprios japoneses já andaram censurando seus materiais, como o anime de One Piece, para agradar audiências estrangeiras, leia-se aqui, norte americana. Não estou dizendo com isso, que os gerontocratas que compõem o governo de Tokyo estão preocupados com o que os estrangeiros pensam, aliás, uma das grandes críticas ao governador de Tokyo, grande entusiasta do projeto de censura, Shintaro Ishihara, é que ele é racista (*falou bobagens a respeito de coreanos, chineses, africanos*), homofóbico (*falou que é uma vergonha os gays serem apresentados como “normais” pelos meios de comunicação*), e nega os crimes de guerra japoneses (*como o Estupro de Nanquim*), etc. Bem, muita gente despreza esse sujeito, mas a população de Tokyo o elegeu, certo? A gente aqui no Brasil sabe muito bem os estragos que o voto pode causar...
A primeira reação mais enérgica à lei foi o boicote anunciado por praticamente todas as grandes editoras japonesas (Kadokawa Shoten as well as Shueisha, Shogakukan, Kodansha, Akita Shoten, Hakusensha, Shonen Gahousha, Shinchosha, Futabasha, e LEED Publishing Co., Ltd.) à Tokyo International Anime Fair 2011. Daí a imagem que coloquei no post, e que veio do site do The Comic Journal, com as carinhas de personagens famosas faltando. De qualquer forma, eu espero realmente que o governo federal japonês se posicione abertamente contra a lei, impedindo que a coisa ganhe maiores proporções. E, pelo que eu li, a legislação é confusa, dúbia e cheia de brechas para nterpretação e abusos. De qualeur forma, periga caírem matando em algumas revistas shoujo, como a ShoComi ou a Cheese!, e no material BL, e aliviarem coisas como Kodomo no Jikan, por exemplo. Afinal, é isso que está acontecendo em Osaka faz algum tempo, onde uma legislação censora já foi aprovada.
Eu já falei aqui outras vezes que sou contra a publicação de certos materiais, que acredito que há mangás que não deveriam estar nas revistas mainstream, que certos shoujo mangá são de revirar o estômago (*só para me ater ao assunto principal desse blog*), mas sou a favor da auto-regulação, que deveria partir das editoras, não de uma censura oficial de gente que não entende nada do assunto... De qualquer forma, muita água ainda deve rolar debaixo dessa ponte. O assunto certamente não está decidido, podem ter certeza. Não é hora de começarmos a acreditar que o Japão vai criar o seu "Comics Code" e matar a liberdade de expressão da indústria de mangás e animes. Menos desespero, por favor! Para quem quiser se aprofundar, o artigo do The Comic Journal discute muito bem a questão e eu sugiro a leitura. Está em inglês.
9 pessoas comentaram:
Fiquei em dúvida se a imagem no começo ilustra a saída das séries de editoras que boicotam o evento, ou se seriam todos os mangás que correriam risco de cancelamento com a lei - felizmente, parece ser o primeiro caso. Ah, ali no canto superior direito, eu estou vendo Minky Momo, ou alucinei?
Eu acho que é dever dos pais regular o que os filhos compram. Claro que as editoras também tem que analisaro conteudo da revista e a faixa etaria dos leitores. Mas, nada haver governo ficar se metendo nesses assuntos. O Japão tá tão bom assim que o governo não tem com o que se preocupar e fica se preocupando com essas coisas?
(Manisan/Marcella):
Eu acho errado a sencura em alguns generos de anime e mangá.
To falando isso por que muitos não querem fazer mau a nimguem, apenas mostrar acontecimentos sofridos do personagem, a verdade atravez desses acontecimentos...(To falando de generos de mangás e animes com temas fortes).
Por que muitos mangás não tão aconsiliando ninguem a fazer essas maldades, como eu disse, só estão mostrando como podem ser traumatizantes esses acontecimentos...(Acho que não estas entendendo nada né...)(Mais to só falando isso por que gosto muito de animes e mangás classicos e antigos como Versailles no Bara, Shoujo Kakumei Utena, Onii-Sama E..., Thomas no Shinzou, Petshop of Horrors, eles tem temas fortes mais nenhum deles me faz queres cometer delitos, só esta mostrando a verdade atravez desses generos para dramatizar a serie).
Ok, isso foi estranho, a tentativa da lei tinha sido derrubada e se não me engano tinha uma oposição certa de faze-lo, aonde eles foram parar?
Na real não ficaria supreso, dada a velocidade da coisa foi aprovada, que a votação tenha sido bastante suspeita.
Quem também tem feito análises da questão é o Dan Kenemitsu, pelo menos a visão deles me parece sensata e calma
http://dankanemitsu.wordpress.com/
É bem esclarecedor, ainda que ele claramente tenha uma visão bem mais otimista (tanto para o cancelamento da lei quanto para os efeitos)
Há duas possibilidades - uma é que a lei seja derrubada pelo governo nacional, visto que como a Valéria falou nem o primeiro ministro gostou da idéia a segunda é que o governo do Ishirara termina em Abril, dai que uma outra pessoa eleita possa derruba-la.
João, eu nãoa tentei para o término do governo desse senhor... E as editoras têm até julho para se ajustarem. De repente, tudo se resolve mais rápido que muita gente imagina.
Mas eu não estou sendo pessimista. Aliás, já tropecei em um pessoal que está surtando com a lei. ;)
Não Valéria não comentei de você, nem achei que seu tom foi pessimista, pelo contrário. Na real foi eu que me expliquei mal, o que queria me referir é que já vi versões da notícia com tons bem mais exagerados (além de mal traduzidos).
Oi Valéria. Essa lei é nacional ou provincial? Se for só provincial pra que tanto alarde? As empresas não poderiam fazer um lobby por inconstitucionalidade?
Abs
Pedro, a lei é provincial. Talvez, por causa da importância de Tokyo, as pessoas estejam mais ansiosas do que necessário em relação a ela. No entanto, se a indústria precisar se adaptar a legislação em tokyo, isso pode representar um grande prejuízo.
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