Vi uma das mensagens do Alexandre no Twitter e fiquei curiosa a respeito de Bando de Dois, quadrinho brasileiro de Danilo Beyruth, publicado pela editora Zarabatana. Encomendei, afinal, a proposta de um álbum sobre dois cangaceiros e assumidamente com espírito de faroeste poderia ser interessante. A história tem como protagonistas dois cangaceiros, Tinhoso e Cavêra di Boi, sobreviventes do massacre de seu bando perpetrado pela volante do Tenente Tenório. O tenente sádico cortou as cabeças dos cangaceiros e deseja exibi-las. Era algo comum na época da guerra contra o cangaço, inclusive porque a medicina forense da época defendia que observando a cabeça de um sujeito poderíamos descobrir os motivos do seu desvio para a criminalidade. Pois bem, a alma dos cangaceiros mortos não quer descansar em paz e Tinhoso é atormentado pelos fantasmas do comandante Otônho e seus outros companheiros mortos. Trata-se do toque de realismo fantástico. Já Cavêra di Boi tem outros motivos para tentar encontrar as cabeças dos companheiros mortos...
Não esperava tanto de Bando de Dois. A sensação ao ler o material é que estava assistindo um filme e, ao terminar, queria que fosse, pelo menos, trinta páginas mais longo. A narrativa é cinematográfica, dinâmica, os ângulos lembram os bons filmes de bangue-bangue que assistia com meu pai. A homenagem ao filme de Sergio Leone não é engodo de contracapa, está lá no material. A própria história poderia ser filmada, e nem precisariam incrementar muito. Está quase tudo pronto e eu já imagino um possível elenco. Por que não filmar Bando de Dois? Será que ninguém se interessa?
A idéia do álbum era colocar em cena os cangaceiros, sem se ater aos maniqueísmos. Eles são heróis? Eles são bandidos? Não há discussão sobre banditismo social e suas causas. E nem precisa. Temos um cenário hostil, a caatinga. Dois sujeitos que tem uma missão, e um adversário à altura, o Tenente Tenório. Temos uma crítica social bem colocada, na figura dos habitantes da vilazinha que serve de palco para o conflito final. A passividade da população diante de dois sujeitos com uma história muito mal contada. Temos o coitado do Zeca, o cangaceiro aposentado que é forçado a se engajar na missão. No melhor estilo “não é possível fugir da sua sina!” Aliás, a cena do passarinho na gaiola é ótima. E tem a graúna do Henfil escondida em um quadro... Ache se puder!
Enfim, Bando de Dois foi um achado, e eu agradeço ao Alexandre por ter twittado sobre o material. Já incluí o álbum entre os melhores materiais nacionais que já li, junto com Drácula, que já comentei aqui. Bando de Dois não tem nada de mangá, não naqueles recursos fáceis que muita gente costuma usar para marcar que está fazendo mangá fora do Japão. É simplesmente um material brasileiro, com um traço esmerado... mas curto! Custava ser um pouquinho maior?
Para quem quiser, a página oficial do quadrinho é esta. O autor também tem um blog. E o site do Judão publicou uma entrevista com o Danilo Beyruth. E algo que precisa ser dito: a editora é a Zarabatana, mas o álbum só foi possível porque contou com o apoio do PROAC (Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo).
Não esperava tanto de Bando de Dois. A sensação ao ler o material é que estava assistindo um filme e, ao terminar, queria que fosse, pelo menos, trinta páginas mais longo. A narrativa é cinematográfica, dinâmica, os ângulos lembram os bons filmes de bangue-bangue que assistia com meu pai. A homenagem ao filme de Sergio Leone não é engodo de contracapa, está lá no material. A própria história poderia ser filmada, e nem precisariam incrementar muito. Está quase tudo pronto e eu já imagino um possível elenco. Por que não filmar Bando de Dois? Será que ninguém se interessa?
A idéia do álbum era colocar em cena os cangaceiros, sem se ater aos maniqueísmos. Eles são heróis? Eles são bandidos? Não há discussão sobre banditismo social e suas causas. E nem precisa. Temos um cenário hostil, a caatinga. Dois sujeitos que tem uma missão, e um adversário à altura, o Tenente Tenório. Temos uma crítica social bem colocada, na figura dos habitantes da vilazinha que serve de palco para o conflito final. A passividade da população diante de dois sujeitos com uma história muito mal contada. Temos o coitado do Zeca, o cangaceiro aposentado que é forçado a se engajar na missão. No melhor estilo “não é possível fugir da sua sina!” Aliás, a cena do passarinho na gaiola é ótima. E tem a graúna do Henfil escondida em um quadro... Ache se puder!
Enfim, Bando de Dois foi um achado, e eu agradeço ao Alexandre por ter twittado sobre o material. Já incluí o álbum entre os melhores materiais nacionais que já li, junto com Drácula, que já comentei aqui. Bando de Dois não tem nada de mangá, não naqueles recursos fáceis que muita gente costuma usar para marcar que está fazendo mangá fora do Japão. É simplesmente um material brasileiro, com um traço esmerado... mas curto! Custava ser um pouquinho maior?
Para quem quiser, a página oficial do quadrinho é esta. O autor também tem um blog. E o site do Judão publicou uma entrevista com o Danilo Beyruth. E algo que precisa ser dito: a editora é a Zarabatana, mas o álbum só foi possível porque contou com o apoio do PROAC (Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo).
4 pessoas comentaram:
Isso merece. Eu comentei no twitter inclusive que a narrativa afiada me lembra os bons e velhos gekiga dos anos setenta. É do caramba. :)
Gostei da resenha e fiquei interessado.
Ta disponivel em bancas ou só livrarias?
"O cangaço é interessante, rico de história e muito bizarro. O cangaceiro é uma mistura de bandoleiro, pirata e samurai. Perfeito pra desenvolver HQs de aventura, mas acho que muita gente nem considerava a possibilidade."
O texto da Valéria combinado com a frase que eu pus acima do Beyruth (tirei da entrevista do Judão!) me deixaram com uma imensa curiosidade de ler esta HQ! Parece ser interessantíssima!
Eu realmente fico com vontade de chorar quando vejo uma HQ nacional dando certo!
Faço minha a pergunta de Lord Anderson: como está a distribuição do "Bando de Dois"?
:)
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