The Art of Osamu Tezuka: God of Manga: uma das melhores aquisições que eu já fiz

Ontem passei na Livraria Cultura com meu marido e sempre subimos para a seção de quadrinhos. Havia uma mesa com alguns mangás da JBC (*Death Note completo, por exemplo*) e alguns exemplares importados de capa dura. Não estava nos meus planos comprar nada, tinha ido lá só para buscar encomendas, mas não resisti e trouxe para casa “The Art of Osamu Tezuka: God of Manga”. A imagem não permite visualizar bem, mas este Astroboy da capa é em alto relevo. Trata-se de uma biografia de Tezuka com histórico da sua obra. Até citação à Maurício de Sousa tem, para que vocês tenham idéia do quanto a autora, Helen MacCarthy, buscou a perfeição nos detalhes. A apresentação da obra é de Katsuhiro Otomo.

Além do livro capa dura, ainda vem um DVD de brinde. Trata-se de um documentário da NHK feito nos anos 1980. Não sei bem a data, mas Tezuka morreu em 1989, eu chutaria que o documentário é de 1985/1986 pelas roupas e cortes de cabelo. Enfim, eu nunca tinha ouvido a voz de Osamu Tezuka e no documentário – que tem legendas em inglês, claro – ele fala de sua obra, de sua infância, dos métodos de trabalho, de como tentou variar seu traço (*nunca tinha visto o traço realista de Tezuka*), da fase “dark” de sua vida, quando seu estúdio de animação faliu. Várias pessoas são entrevistadas, desde assistentes, até editores. O método de trabalho de Tezuka e seu ritmo de produção, mesmo depois de 40 anos de carreira, eram de enlouquecer. O documentário é recomendadíssimo. Não sabia da paixão de Tezuka por insetos e os jornalistas ficam fascinados por desenhos de borboletas e besouros que o mestre fez na infância. O detalhismo fotográfico era espantoso. O ponto alto do documentário, para mim, é quando Tezuka fala que está chegando ao fim da carreira. Motivo? Ele não consegue mais desenhar círculos com a mesma facilidade a mão livre. O círculo era a base do desenho de suas personagens, como ele mesmo diz. A compreensão de estar próximo do fim, depois de uma carreira tão longa e produtiva, deve ser angustiante, mas, ao mesmo tempo, reconfortante, porque carregada de um sentimento de dever cumprido.

Não tem nada a ver com Tezuka, mas ontem perdi um amigo. Foi tudo tão rápido, que ele talvez não tenha tido nem tempo para pensar sobre a questão. A morte súbita, repentina, ainda que sem impacto sobre quem parte (*ou assim eu creio*), deixa um vazio muito grande em quem fica... Tezuka deixou vazio, sem dúvida, mas um legado tão grande que ele sempre estará conosco e ainda mais fortemente entre os japoneses. Devemos muito a ele. Para quem se interessar, o livro está em promoção no Amazon americano por quase metade do preço. Além disso, é possível encomendá-lo no Livraria Cultura. O Daily Telegraph fez uma matéria com a autora do livro, se eu tiver um pouquinho de tempo esta semana, talvez eu traduza.