quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Me perguntaram no Formspring 6



Mais uma da série (1 - 2 - 3 - 4 - 5) com perguntas e respostas do Formspring. Me perguntaram sobre josei e shoujo, diferenças e coisa e tal. Fiz uns ajustes nas respostas e decidi trazer para cá, até porque, daria um excelente post e amanhã não devo ter tempo para postar nada de consistente. Seguem as duas perguntas:

Sabe me dizer as diferenças entre Josei e Shoujo? Até sei algumas, mas gostaria de saber um pouco mais a respeito, pois são os estilos que mais aprecio e consumo. Obrigada. =)

A rigor, Jacque, não se pode traçar grandes diferenças. As revistas josei para um público mais jovem (Kiss, Silky, entre outras) e as revistas shoujo para um público mais velho (*vide a Cookie, a Cheese, a Melody, a Petit Comic, etc.*) têm materiais que miram em públicos da mesma faixa etária, adolescentes a partir dos 16, 17 anos, até mulheres perto dos 30, universitárias, profissionais, office ladies, jovens esposas. É difícil, por exemplo, explicar para quem pensa que shoujo é material da (atual) Margaret que Nana e Ōoku (大奥) são shoujo. E são! Mas poderiam estar em uma das revistas josei que eu apontei acima, sem precisarem mudar em nada. Portanto, não há uma separação rígida.

É muito mais fácil tentar perceber algums diferenças em revistas josei mais específicas, as chamadas lady’s comics, como as que publicam os Harlequin e adaptações de clássicos (livros de Jane Austen, por exemplo*) da Ohzora, pois o foco delas parece ser um público feminino mais velho que curte romances heterossexuais com muito drama, e, às vezes, sexo, tragédias, comédia, etc. A Be Love também tem um perfil mais definido, com suas histórias desenhadas por antigas mangá-kas de shoujo mainstream, como Waki Yamato; gaiden de mangás shoujo clássicos com as suas personagens já crescidas, caso de Seito Shokun! Kyoushihen (生徒諸君! 教師編), de Yoko Shouji; com dramas ligados ao universo doméstico (*foco nas mulheres casadas*) ou profissionais. Eu tenho algumas Be Love aqui em casa, ela tem um perfil melhor desenhado. A You, a mais antiga das revistas josei, também, vai na mesma linha. E há umas revistas pornográficas femininas, mas dessas, eu só tenho uma aqui em casa, portanto, é difícil analisar.

Há outro nicho que são as revistas que focam mais na fantasia, mas cai no mesmo caso das revistas limítrofes. O que separa os mangás da Wings dos da Comic Zero Sum? Só o fato da primeria ser shoujo e da segunda ser josei, eu diria. E há todo o conjunto de revistas de terror josei e shoujo, cujo conteúdo, salvo, talvez, a que é centrada nas relações entre sogras e noras, deve ser muito parecido. O que define esse material é o tema.

Assim como no caso do BL, ainda não se tem com muita clareza qual seria a fronteira entre shoujo e josei, salvo quando tomamos as três revistas shoujo para o público mais jovem, a Ciao, a Ribon, e a Nakayoshi, e comparamos com revistas adultas. Aí, fica fácil. Pode até ser que exista, mas nunca ouvi falar de mahou shoujo que fosse josei (*mas há hentai, shounen e seinen*), da mesma forma que revistas shoujo para meninas novinhas dificilmente criariam um drama em torno de uma office lady ou uma trama sobre uma mãe solteira ou casada adulta.

Não ter fronteiras é bom e é ruim. Talvez, o corte temático é o que deve definir melhor o perfil de uma revista... Talvez. Seria o caso de seguir o modelo das revistas seinen, afinal, eu sempre digo que tudo pode ser seinen, porque há revistas com esse rótulo que publicam de tudo, de material que poderia ser shoujo/josei, passando por BL, até material infantil. Espero ter respondido, no fim das contas, não vejo linhas mestras que definam essa separação.

Valéria, queria saber: o que define shoujo exatamente? Eu poderia dizer que shoujo é uma visão feminina de histórias, independente do gênero e da revista? Ou simplesmente a gente classifica mesmo pelas revistas onde são publicados os capítulos? Por exemplo, Hataraki Man não seria josei, embora seja publicada em uma revista seinen? É que eu sempre me confundo com isso. xD Obrigada, Valéria. ;)

A única forma segura de definir o que um mangá é, e me pauto pelo que os especialistas usam (*e falo de gente que conhece mangá, tipo o Matt Thorn, por exemplo*), não pelo que os fãs gostam de usar, é a revista. Saiu em revista shoujo, é shoujo; saiu em revista shounen, é shounen; e assim sucessivamente. São raras as revistas que se apresentam como mistas, e estas, geralmente, têm selos de publicação, isto é, sai tudo junto, mas quando vai para a livraria, material shoujo vem com um selo, e material shounen com outro. A autoria feminina pode tornar (ou não) um produto antenado com questões que sejam do interesse das mulheres, caso do citado Hataraki Man (働きマン), mas estar em uma revista seinen abre o leque de público e, claro, algumas questões talvez sejam tratadas ou abordadas de forma diferente.

Por exemplo, Kaoru Mori publica seinen, ainda que eu acredite que ela é muito influenciada por autoras clássicas de shoujo mangá (*além de romancistas do século XIX e início do século XX, cinema, seriados da BBC, etc.*). Seu Emma poderia estar em uma revista shoujo ou josei sem problema, mas eu duvido que o romance das protagonistas não teria maior ênfase, duvido que o editor não exigiria que ela colocasse um pouco mais de beijos, abraços, e, talvez, até sexo. Aliás, eu lamento muito que a parte romance deste mangá não tenha sido mais aprofundada, porque ele pontua alto em todos os quesitos. Também duvido que ela colocasse o tipo de fanservice (*elegante*) que ela usa, com mulheres nuas aparecendo aqui e ali (*interessante é que mulheres de proporções bem século XIX *), ou focasse no ato erótico da protagonista soltando os cabelos, por exemplo. Isso não foi feito para o público feminino, ainda que muita gente insista que Emma é shoujo, eu vejo claramente que é um mangá seinen.

Se você puder, dê uma olhadinha no mangá Flower of Life (1 - 2), pois nele a Fumi Yoshinaga discute clichês de mangás através das suas personagens que desejam seguir carreira. recomendo esse mangá em especial, proque ele fala de quase todos os gêneros e Yoshinaga consegue discutir com humor as tais diferenças, inclusive de épocas, através de uma garota que desenha shoujo mangá ao estilo "anos 70".

Espero ter ajudado.

4 pessoas comentaram:

Humm...Bom conhecer mais...Acho fascinante estas publicações (mangás e revistas HQ´S) , as cores de uns, a falta de cores de outros...Os temas, os figurinos, tudo parece caber neste nosso universo, ao mesmo tempo que é óbvia a licença poética de alguns devaneios...

Legal trazer isto para mais perto...

Gracias!

Foi bastante esclarecedor! Estou acabando de ler Emma e jurava que fosse josei!!!

Pois é, Cris. Muita gente lê Emma - e eu amo esse mangá - e não percebe que ele é todo pontuado com pequenos fanservices para o público feminino, ao mesmo tempo em que o romance, foco principal do mangá, é menos trabalhado do que poderia ser.

Eu adoro Shoujo e è praticamente sò esse genero que leio xD
Eu nao gosto mt de Josei e simplismente odeio Yaoi (nao vejo graça e è mt chato historias de gays)

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