terça-feira, 6 de julho de 2010

Comentando Magnolia Waltz



Quando estava gravando o Shoujocast do Dia dos Namorados tive que falar os meus casais de mangá favoritos. Na lista, claro, estavam Koto e Masaomi de Waltz wa Shiroi Dress de (円舞曲は白いドレスで). Só que a segunda parte do mangá, Magnolia Waltz (白木蘭円舞曲), eu não tinha lido, só visto as imagens. Era por isso que eu sabia que Koto e Masaomi terminavam juntos. Quer dizer, ele morre no final, mas, enfim, eles terminaram juntos. Só há scanlations para a primeira parte da série, que tem furigana, a segunda parte, é quase kanji puro. Desconfio que isso determinou o abandono da série . Pois bem, como não tenho esperança que este mangá apareça por aqui e nem nos Estados Unidos, entrei no E-Bay e procurei entre os vendedores italianos. Chegou hoje. Dei pulos de alegria até perceber que o vendedor tinha me enviado o primeiro volume de Waltz wa Shiroi Dress de e, não de Magnolia Waltz. Mas eu nem liguei muito, quer dizer, já fiz contato com o vendedor, mas fui lá e li o final da série. Queria saber quais as palavras estavam sendo ditas durante todas aquelas cenas carregadas de emoção, drama, romance e sexo. E, sim, é o mangá mais bonito e romântico que li da Chiho Saito até hoje.

Para quem nunca leu meu resumo sobre Waltz, ou minha matéria para a Neo Tokyo, o mangá de Chiho Saito começa em maio de 1935 e conta a história de Koto, uma jovem japonesa que descobre no dia do seu aniversário de 16 anos, que está noiva e vai se casar em breve. Só que ela tem um sonho, se tornar uma grande costureira e estilista. Seu desejo é incompatível com a vida de mulher casada membro de uma tradicional família samurai e a frieza do noivo, Masaomi, a assusta. Para ele pouco parece importar que a moça o ame ou não, ou que ela tenha sido empurrada para ele, porque seu pai deserdou seu irmão mais velho. Naquela mesma noite, ela vai ao seu primeiro baile e nele conhece Sagitto, um jovem oficial mestiço de inglês e indiano, que está metido até as orelhas nos movimentos de luta pela independência da Índia. Koto se apaixona por ele. Depois temos algumas idas e vindas, enfrentamentos entre Sagitto e Masaomi (*adoro a cena em que Sagitto obriga Masaomi a bater continência para ele*), tensão política crescente(*a loja do pai de Koto é atacada por agentes do governo*), e a suposta morte do indiano, que faz com que Koto ceda e se case com Masaomi. Só que Sagitto reaparece na lua de mel dos dois, antes que o casamento fosse consumado, pois Masaomi passa mal. Os dois duelam e Koto acaba fugindo com o indiano, deixando o marido para trás com uma cicatriz no rosto, e seu orgulho e honra feridos. Ele está com o coração partido, também, mas não dá o braço a torcer. E sabemos que Masaomi não está bem de saúde, mas nós, leitoras, não temos idéia de qual seja a doença. Acho que a história deveria terminar aí.

Quatro anos depois, Chiho Saito continuou o mangá, juntando mais três volumes, aos quatro da série original. O traço mais maduro da autora fez com que as personagens parecessem mais velhas, ainda que poucos meses tenham se passado. A ação se transfere para a China e depois para a Índia. Masaomi, Koto e Sagitto se cruzam novamente e ele acaba ajudando os dois. Apesar de Masaomi continuar agindo como se fosse frio e orgulhoso, todo mundo sabe que ele ama Koto. As atividades revolucionárias de Sagitto colocam sua vida em risco e o levam à morte. Koto viúva e com um filho recém nascido, está em depressão e quer morrer. Masaomi a impede e ela consegue ganhar coragem para viver novamente, nem que seja por causa do filho. Ela se fixa em Xangai, volta a costurar, só que ela termina descobrindo que talvez possa amar novamente. Mas Masaomi parece não desejá-la. Ela o abandonou na noite de núpcias, fugiu com um estrangeiro, a sociedade jamais aceitaria que os dois voltassem a viver como um casal. O pai de Masaomi, jamais aceitaria a situação. Masaomi a trata com desprezo para não dar bandeira e alimentar falsas expectativas. Começa a invasão japonesa na Madchúria e Masaomi vai para o campo de batalha. Koto se alista como enfermeira. A história dos dois recomeça... Agora, é a hora de Koto correr atrás dele. E ela corre. ^_^

Já dei spoilers demais, eu realmente gosto desse mangá. Waltz tem de tudo um pouco, romance, ação, um bom pano de fundo histórico, e uma arte belíssima. Gosto de Koto. Li uma crítica dizendo que ela é egoísta. Bem, não deixar que manobrem sua vida e lutar para ter uma profissão, deve ser egoísmo para alguns. Ela luta pela sua felicidade e termina o mangá realizada profissionalmente, trabalhando e sustentando seus dois filhos. Rejeitar um casamento arranjado e ir em busca da sua própria felicidade, não é fácil. Mas acho que o pessoal encrenca com o fato dela ter largado o Masaomi para trás. Ele é o favorito das leitoras e eu duvido que a Chiho Saito tenha planejado fazer uma segunda parte da história com Masaomi suplantando Sagitto no coração da protagonista. E há os dois gaiden com ele. Um deles, Tuberose Serenade, mostra como foi a vida dele com Koto antes de sua morte. Eu pensava que o rapaz morria de tuberculose, mas era leucemia. Acho que a Chiho Saito pegou muito pesado.

Enfim, Waltz é meu mangá favorito da Chiho Saito. Sei que alguém vai perguntar por Utena, mas me apresso em dizer que prefiro o anime ao mangá. É em Waltz que Chiho Saito desenvolve melhor sua veia romance Harlequin, com um apuro na arte e no roteiro. Ela também usa como fundo um momento bem dolorido da História do Japão, além de bater pesado nas tradições japonesas que tiravam dos jovens as possibilidades de decidir seu destino, de sonhar e amar. E ela oferece em Waltz aquela que é sua heroína mais feminista, talvez, fora Utena. Antes de pensar em amor – e ela ama bastante no mangá – ela pensa em seu sonho profissional, em sua liberdade. Diz na cara de Masaomi que jamais vai obedecê-lo. E não obedeceu mesmo... Enfim, talvez exatamente essa rebeldia, essa firmeza e o fato de não ser fiel, afastem alguns. É mais fácil para alguns aceitar que Masaomi perdoe a “adúltera” do que perdoar a moça por ter amado Sagitto e ainda assim voltar para o marido. E eu nem contei o final... Mas eu adoro. e nem falei do irmão do Masaomi, outra personagem ótima. E tem a Hanako, irmã do Masaomi, que certamente serviu de base para a Nanami da série de TV de Shoujo Kakumei Utena (少女革命ウテナ). Quem conehce a personagem, deve ter entendido a pista. No mangá, Nanami é só uma foto no quarto de Touga.

É um grande romance e daria uma excelente novela de época. Como disse nos comentários, eu não leio Waltz, eu bebo e me embriago com o texto e as imagens. Ao contrário de outros mangás da Chiho Saito, Waltz me parece redondinho, sem defeitos, como em Kakan no Madonna (花冠のマドンナ) que o protagonista é tão pastel que tem a capacidade de emprestar a mocinha para o vilão... E o Masaomi é um dos poucos, talvez o único louro (*de mangá, claro*) que é uma personagem forte, de personalidade. E, lá no final, quando Koto e Masaomi dançam, já que ele recusara antes, ele diz que nunca disse que não sabia dançar, mas que nunca gostou, mas que agora dançava porque era com ela e só porque ela gostava tanto... Lindo... Lindo... Lindo... eu queria Waltz no Brasil.

15 pessoas comentaram:

Olha, sinceramente: que ela quisesse tocar sua vida, tranquilo. Que ela fosse viver com outro cara, faz parte da vida. Mas que um sujeito decida ser corno manso é de lascar. Como é revista para mulheres, talvez elas levem essa história na boa. Mas sinceramente, do ponto de vista de um homem que lê, é duro respeitar um personagem masculino sem dignidade como esse. Não dá.

Bem, ele não é corno manso. Não se você considerar que nem ele, nem ela escolheram o casamento. E só acontece de fato alguma coisa entre os dois, após a morte do indiano.

Ele simplesmente assume que ama. Descobre isso ao longo da história. E mais, muda de comportamento. E ele foi rejeitado por isso. Nem toda heroína de shoujo mangá prefere o sujeito grosso e arrogante, você deveria saber. Aliás, o indiano é o sujeito bonzinho, e ele é quem fica com a garota primeiro. E não é odiado por nenhum leitor ou leitora.

Nossa, eu tenho esse volume em japonês, nunca li mas ficava admirando as figuras. Agora que você contou eu entendi tudo, rsrs.

Devo ser muito mulherzinha mesmo, achei tudo lindo, ehehehe.

Tanko, a história é linda mesmo. E eu não me importo em dizer e repetir. Eu amo Waltz. E adoro o Masaomi. Ele tem que se desconstruir para conseguir ficar com a moça e se libertar de uma educação repressora mesmo. E uma das cenas já do final do mangá é ele dançando valsa com ela. Ela é surpreendida, porque ele disse que "não dançava". Daí ele explica que está dançando porque é "com ela" e porque ela gosta de dançar.

E, claro, ele precipita a sua morte para conseguir trazer a parteira para a Koto. Mas, no final da série, são muitos os lances dramáticos no final. eu queria Waltz no Brasil. Sete volumes, mais dois gaiden. Aliás, sem tuberose Serenade essa parte da parteira essa parte da parteira eu não saberia. ^_^

Quer saber? Se eu conseguir os raws talvez me meta a fazer as scanlations. Afinal, seriam somente 7 volumes e dois gaiden curtos. Um deles é até desnecessário.

Mais um título que fico com vontade de ler, infelizmente ficará só na vontade.

Bom, eu adoro mangás que são "emoção pura" e lendo este resumo parece que Magnolia Walts" é desse tipo. Já tivemos uma obra da Chiho Saito publicada, será que é realmente tão impossível que uma outra obra dela chegue aqui? As vezes somos pegos por surpresas...Vou ficar na torcida.


E eu não entendi o Masaomi como corno manso... Mas será que a relação dele com a heroina daria certo se eles tivessem ficado juntos desde o começo? Será que tanto ele quanto ela precisavam viver certas coisas para enfim darem certo como casal? Bom, eu com os meus 23 anos já entendi que a vida age de forma misteriosa... E o orgulho próprio tem que ser uma coisa muito bem pensada numa relação. Não se deve se perder de si mesmo por causa de uma relação, fato, mas também não se deve se perder de si mesmo por conta do próprio orgulho.


Achei este post sobre Magnólia Walts e os comentários interessantíssimos.

Pedro, você tocou no ponto certinho. Os dois precisavam crescer. Se as vias tradicionais fossem seguidas, não daria certo. Ah, e o Masaomi morre com 23 anos. :(

E Waltz é um mangá que eu não leio, eu bebo, me embriago com ele. É um dos meus romances favoritos. ^_^

Valéria, amei! Ótimo comentário, como sempre. Vou recomeçar a leitura desse mangá, já que já alcancei as scanlations de Bronze no Tenshi. Valéria, faz uma review desse também! Quero muito saber sua opinião.

Pois é, pelo o que eu li desse texto acho que eu gostaria muito de Magnolia Waltz, pois ele parece muito emocionante. E por mais que existam mangás bons com narrativas digamos que mais calmas como honey & clover (que eu adoro), mangás com narrativa frenética sempre me atraem mais!

Valéria, como você comprou o mangá italiano?

Diana, já não me lembro mais se comprei no Ebay ou no Amazon Italia, o frete é o que sai mais pesado geralmente.

eu me apaixonei por waltz wa shiroi dress de qndo li sua matéria na neo tokyo, fiquei simplesmente deslumbrada. Uma história diferente, com personagens de personalidade distintas, um mangá envolvente. Seria simplesmente maravilhoso se waltz wa shiroi dress de viesse pro Brasil, mas creio que não acontecerá :c então fico na vontade :/

Ah, Carol, obrigada pelo comentário. Também acho que Waltz teria tudo para agradar muitos leitores por aqui, mas...

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