terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O que há de mais belo nas Olimpíadas de Inverno - Vancouver 2010



Ontem passei a tarde assistindo as duplas de patinação no gelo. Repetirei o programa hoje apesar de já saber que os chineses levaram ouro e prata. Acaba sendo chato isso, das cinco melhores posições na classificatória, três eram chinesas, 1º, 4º e 5º lugares. Mesmo reconhecendo a beleza e a dificuldade do que eles realizaram, fui tomada de uma inexplicável aversão. Achei lindíssima a moça da dupla que ficou em 4º lugar, mas não consegui torcer pelos chineses.

Apesar de não serem uma dupla bonita, nem o rapaz, que era negro (*Hitler se move no túmulo*), nem a moça, ucraniana de nascimento, os alemães fizeram uma apresentação tão bonita, tão encantadora, tão cativante, que eu realmente esqueci o arrojo dos chineses que foram os primeiros a se apresentar e ficaram com a maior pontuação folgada o tempo inteiro. Quando saiu a nota dos alemães abaixo da dos chineses, o público vaiou. Foi o único momento e eu me pergunto se eles – que devem entender muito deste esporte – não estavam certos. E olha que Vancouver tem a maior colônia chinesa do Canadá. Eles ficaram com bronze.



Agora, a dupla que eu achei mais bonita – e que terminou a classificatória em 3º – foi uma dupla russa com uma japonesa naturalizada, Yuko Kavaguti (ex-Kawaguchi). O comum é que as russas e ucranianas se naturalizem e participem das competições por outros países, caso da dupla alemã que descrevi, não que japonesas façam isso. E a combinação foi espetacular, uma japonesa daquelas miudinhas e um rapaz russo bem alto e bonito, assim, um deleite para os olhos. E fui atrás da história da moça, quer saber? Parece um shoujo mangá. (*pena que não achei uma foto bonita dos dois*)


A história da moça me lembrou uma mistura de Hikari no Densetsu (光の伝説) com Swan - Hakuchou (スワン-白鳥) com a menina japonesa se apaixonando pela exibição de uma dupla russa nas Olimpíadas de Inverno em Nagano, 1998, decidindo competir em duplas e escrevendo insistentemente para a técnica da dupla até que ela aceitou avaliá-la. E imagina que o domínio do esporte era russo. Foi para a Rússia, treinou, mostrou seu valor e acabou se naturalizando, porque o Japão não aceita dupla nacionalidade. Por que não transformaram a vida dessa moça em shoujo ou josei mangá? Alguém me diz? Está tudo aí... Ah, claro, ela mudou de nacionalidade, isso pesa...

De resto, foi tudo muito bonito e emocionante, salvo um momento ou outro, uma dupla mais fraquinha. A dupla francesa, Yannick Bonheur e Vanessa James, ambos negros, me empolgou bastante, mas eu não sou juíza, e entendo muito pouco do que conta ou não. Foi uma exibição vigorosa e plástica. Ambos lindos. A ovação que os canadenses deram à sua principal patinadora, Jessica Dube, que tinha, anos atrás, sofrido um terrível acidente e levado quase 80 pontos no rosto, foi maravilhosa. Dava para sentir, mesmo aqui assistindo pela TV, a energia, a vibração. Outro momento bem tocante foi quando Maxim Trankov, o russo da principal dupla do país, caiu. O bichinho chorou tanto, mas chorou tanto, que eu quase chorei aqui também. Afinal, antes de ver os alemães, quem eram os únicos que podiam arrancar o pódium dos chineses? Pois é...



Ah, a Record exibe a disputa da medalha hoje, 14 horas. E deve exibir as outras competições de patinação, que é a única coisa que eu assisto com gosto de Olimpíadas de Inverno. E para quem se interessar, há um brasileiro competindo pela França. Na verdade, o rapaz Florent Amodio, nasceu no interior do Ceará, foi adotado ainda bebê. Daí, fecho dizendo o seguinte, essa história de biótipo ou vocação para um esporte é uma balela. O que conta mais é a oportunidade, daí tão poucos patinadores negros ou não-brancos ou orientais. O pequeno cearense teve, outros não tiveram, daí aqui no Brasil se aproveitam dos nossos resultados pífios em vários esportes e do clima para justificar que só se invista de verdade em futebol masculino, porque aí, claro, entram as questões de gênero. E conta, também, a força de vontade, como a da japonesinha de ir atrás do que ela via como melhor, a escola russa.



Eu gravei as exibições de ontem, devo gravar hoje outra vez. E eu agradeço muito a Record, está longe de ser a cobertura que a Manchete fazia, mas é muito melhor do que a globo nos oferece. Se tiver paciência, eu coloco alguma coisa no Youtube. Tenho trauma dessas coisas, porque minha conta foi apagada uma vez por causa da ginástica artística na última Olimpíada. Coloquei os vídeos e fui excluída, perdi uma conta antiga com quase 200 vídeos.

15 pessoas comentaram:

Eu não cheguei a assistir as apresentações (gosto mesmo é da masculina, com aqueles quádruplos *o*), mas minha mãe ficou assistindo.

Parece que a dupla de negros da França (que se apresentaram com um tango) empolgou BASTANTE o público de lá, embora as notas não tenham sido boas.

Parece que o público não ficou muito satisfeito com algumas decisões dos juízes...

Eu gosto de tudo. Quando terminar de gravar vou ter uns dez DVDs, pois os arquivos gravados pela minah placa ficam enormes...

Aaaahn! Ontem à tarde aconteceu uma coisa engraçada aqui em casa. Quando começaram as apresentações, o quarto do meu irmão estava cheio de marmanjos, todos vizinhos babando em cima das duplas. XD
Temos a mesma opinião, me encantei pela dupla russa, aquela mulher tão pequena e aquele homenzarrão russo...ai, meus sais! XD Linda, linda, sabendo agora sobre essa determinação dela me encantei mais ainda! *_*
A dupla alemã quase me arrancou lágrimas com tanta graciosidade, a ucraniana tão pequenininha e aquele rapaz tão "oh isso lá na minha humilde residência..." e...heauehuaheuaheuhe. Deixa eu parar por aqui! XD
Não vi a dupla francesa! Vou procurar o vídeo! =D

Ha! Ha! Mickey, não colocava o alemão na minha lsita, não, mas a apresentação da dupla, que coisa linda... Já o francês, os dois russos... Enfim, assistir a patinação é estimulante em muitos sentidos. :)

E hoje tem mais!

Por favor coloque no youtube, sim! Eu não pude ver e gostaria muuuito de ver. Por favor!!! ><

Eu assisti só a transmissão da tarde e perdi metade da que passou a noite. Achei muito interessante, bem legal e dava até friozinho na barriga pensando que elas podiam cair quando davam aqueles saltos. Mais o interessante é que pelo que parece foi muito bem na audiencia. Tava em 1º no Local TT do Twitter Brasil e talz, e muita gente assistiu e gostou.

Oi.

Graças ao seu twitter que assisti as apresentações ontem e graças ao blog, tô sabendo um pouco mais sobre esse esporte. Até ontem, nem tava acompanhando nada das olimpiadas de inverno(só sabia que tava tendo por causa do google)

A apresentação que mais me emocionou foi os franceses mesmo. Gostei muito dos alemães: eles pareciam flutuar no gelo. Simpatizei com os E.U.A mas eles e os russos, se não me engano, fizeram tudo certinho, mas mecânicos demais>>>sem inovar muito.(sentenciando sem nunca ter assistido patinação no gelo antes...hehe XD)

Pena que nem vi os chineses, pq um programa evangélico local cortou a apresentação pra passar um especial do tipo "pq o carnaval é perigoso"(sem ofensas, sei que você é evangélica, mas sei tb que vc tem senso crítico pra dar e vender)

Legal saber a história de algum dos patinadores no seu blog. Tb não achei o alemão de se jogar fora tanto assim não. hhahuauhaua

Foi uma pena o SporTV ter perdido o sinal. Eles conseguiram passar parte do programa curto de anteontem mas depois só ficaram passando comerciais e reprises, ocasionalmente o sinal voltava mas logo sumia de novo. Assiti a final ao vivo ontem pelo Terra e foi muito emocionante. Devo dizer que fiquei tocado pela história dos chineses que levaram o ouro. Essa é a última olimpíada deles, que patinam juntos há 18 anos!

Patinação, assim como a ginástica, é um esporte que requer muito preparo mental. Você levantar e continuar com seu programa depois de uma queda feia como se nada tivesse acontecido? Eu não conseguiria.

E eu tiro todoso os chapéus do mundo para as patinadoras. Ser arremessada das maneiras mais absurdas do mundo e cair em cima de só um dos patins como se fosse a coisa mais natural do mundo? Haja talento! =]

Gosto da competição em duplas, mas a dança sobre o gelo é algo espetacular também. A dupla que eu mais gosto é a canadense Dubreuil e Lauzon, que fez uma coreografia imensamente linda tendo a música At Last, da Etta James.
Com relação às disputas no individual masculino, gosto muito dos patinadores japoneses, mas creio que quem leva é o über diva Evgeny Plushenko. Tem um francês e um suíço que eu também considero bons, mas não tanto como o Plushenko.
No feminino, a torcida é pela Mao Asada, que tem tudo pra vencer. Se a vitória for em cima da Yu-na Kim, acho que vai ser muito bom, afinal a coreana é a top do ranking, mas não é carismática.

Aliás, o Japan Pop Cuiabá vai publicar um artigo sobre a Mao Asada nos próximos dias! o/

Valéria, a origem da pessoa conta sim. A quantidade de hemácias, massa muscular, massa óssea, capacidade de armazenar glicogênio nos músculos etc. tudo isso varia conforme a etnia da pessoa.

Aqui no Brasil não tem como a gente sentir isso, nós somos um país mestiço, mas se você for avaliar seriamente negros de determinada parte da África têm vantagem em corridas de longa distância, negros de outras partes da África têm vantagem em corrida de curta distância (Ok, o fenômeno jamaicano é um mistério total).
Só para você ter uma ideia, nas próprias Olímpiadas de inverno tem um caso bastante conhecido de um esquiador suíço cuja família tem uma mutação genética que faz a medula óssea dele produzir muito mais hemácias que o normal, ele ganhou medalhas mas foi caçado pelo "uso de eritropoietina", mas depois com estudos genéticos descobriram que era natural, na família dele tinha vários esportistas que tinham essa vatagem natural e o nome dele foi "limpo", mas muitos anos depois dele ter sido banido do esporte por dopping.

Voltando ao assunto, eu não estou acompanhando essas Olímpiadas, apesar da propaganda que estava ontem no google não me lembrei. É bem difícil eu lembrar deligar a TV, só me lembro da TV quando vou assistir algum dvd.

Kadu, eu sou culturalista, você sabe. Pegue, por exemplo, os tempos conseguidos por mulheres e homens em esportes de velocidade ao longo dos anos e veja que a distância está caindo. Caso essas questões fossem determinantes, isso jamais aconteceria, pois os aperfeiçoamentos seriam para ambos. Na verdade, há um esforço enorme em camuflar racismo e misoginia por trás daquilo que se chama de ciência. E um esforço ainda maior para que voltemos à ciência do século XIX dizendo que fazemos a do século XXI.

O caso do moço que você citou é de exceção. Ele tem um plus que a maioria não tem. Pode ser visto inclusive como doença. Caso se deseje. A família dele não representa uma linhagem humana especial, como a moça que volta e meia nada no ártico (*a Discovery adora passar esse documentário*) e tem uma resistência absurda ao frio. Ela é exceção.

Esse papo genético se presta muito à exclusão, coisa que eu não admito como “normal”. É mais fácil achar nadadores brancos, porque não temos piscinas olímpicas à disposição nas comunidades pobres. Temos muitos jogadores de futebol, basquete, ou corredores negros e mestiços (*massa dos pobres*), porque se praticam tais esportes sem necessidade de grandes investimentos. O caso dos corredores que você citou entra aqui.

Os chineses mostram bem como é possível reverter as tais limitações: disciplina, treinamento, alimentação, etc. Você molda os talentos, mas se se parte do principio que eles não podem estar lá, já era.

E, sinceramente, acho que já discutimos isso antes em algum lugar. Não chegaremos à acordo quanto a essas questões. E sinceramente, quem freqüenta o blog que escolha por si em que acreditar ou em qual medida acreditar nas coisas.

Pois eu torci freneticamente pelos chineses. Assisti a transmissão da NBC e fiquei sabendo bastante da história de cada casal. A dupla campeã foi lindíssima, e a história deles, idem. Eles saíram da aposentadoria somente pras olimpíadas, pra tentar ganhar a única medalha que não tinham, o ouro.

Também acho lindo essas apresentações, apesar de não entender como funciona a pontuação, é a única coisa que me interesso. Segunda eu só assisti ao final da patinação por sorte, não sabia que horas seria exibido x_x
Ontem eu assisti mais, porém perdi o começo porque minha mãe estava assistindo a novela =S

Todas as duplas eram muito bonitas, todo o trabalho artístico unido ao físico...
Me deu vontade de ler Kiss & Never Cry *-*

adoro patinaçao artistica! a dupla alema ja teve que competir tirando recursos para viagens do proprio bolso pq nao foram patrocinados pelo país.. (se nao me engano no grand prix 2007/2008 ou no ano seguinte).. se procurar no youtube, tem um video da hora que a patinadora canadense sofre o acidente.. só o fato de ela voltar ja diz muito da força de vontade que a atleta tem (eu teria medo de fazer o mesmo movimento dnovo)


gosto mais da patinaçao solo (ladies ou men) pois acho tudo lindo e nao dividimos a atençao em dois patinadores :) Sem contar que adoro os spins do suiço Stephan Lambiel, Vale a pena assitir só por isso!

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