Acabei de voltar da sessão de O Lobisomen (The Wolfman). Entrada em promoção e pagando meia, não tenho do que reclamar. O filme é bom: objetivo, com um roteiro bem amarrado, drama convincente, sem efeitos especiais desnecessários ou cenas inúteis e com um final eletrizante e correto. Correto é a palavra que usei, porque tinha que terminar como terminou ou o filme perderia o sentido. Ah, sim, a fotografia lembra a de Sherlock Holmes, e isso é ponto positivo. Vou tentar comentar sem dar spoilers desnecessários, porque qualquer deslize pode ser fatal aqui. Eu não vi o original, então também não tenho como comparar.
O filme começa com Ben Talbot sendo atacado por uma fera. Depois disso, sua noiva Gwen Conliffe (Emily Blunt), entra em contato com o irmão do desaparecido, Lawrence Talbot (Benicio del Toro), um ator shakespeariano há muito distante de casa. Lawrence retorna ao lar, uma mansão que parece abandonada, para encontrar o pai, um gelado e estranho Anthony Hopkins e seu servo indiano, lá recebe a notícia de que encontraram o corpo do seu irmão e ele parece ter sido destroçado por uma fera. O povo da vila desconfia dos ciganos, outros se lembram de ataques anteriores.
Lawrence decide investigar, mas é lua cheia e ele é atacado pela fera quando está no acampamento dos ciganos. Ferido, ele é cuidado pela noiva do irmão e se recupera milagrosamente, sem nenhuma seqüela. Um inspetor da Scotland Yard (Hugo Weaving), notório por ter investigado os crimes do Estripador, desconfia dele. Por causa da cura relâmpago e de algumas sensações estranhas, ele começa a suspeitar de que há algo de errado consigo. Temendo pelo pior, Lawrence faz com que Gwen, por quem começou a se apaixonar, deixe a região e decide procurar por respostas. E o monstro volta a matar e Lawrence se torna culpado dos crimes aos olhos de todos.
Não chamaria O Lobisomen de filme de terror sombrio, ele é suspense, com boas doses de drama, alguma tensão sexual e violência explícita. Eu não consigo ficar chocada com esse tipo de filme, não é como assistir um filme de guerra realista, lobisomens não existem, então, por mais violentas que as mortes sejam, tudo é ficção e ainda que não pareçam fake, elas são. Mas este não é o ponto, ao contrário de muitos filmes, O Lobisomen faz questão de mostrar as mortes, as mutilações, as vísceras, as cabeças cortadas, etc., está tudo lá, a câmera não se desvia. Se não consegue suportar essas coisas, não é seu tipo de filme. Além disso, não há humor, nada, nem uma piadinha involuntária. E uma crítica: os efeitos sonoros são usados para antecipar o susto. Não precisava, mas é um "defeito" tão recorrente no cinema americano que até passa batido.
Anthony Hopkins no filme é um sujeito bem sinistro, é bater o olho nele e saber que há algo de estranho. Eu fui sem spoilers, então, conforme as coisas vão se revelando, a gente percebe a qualidade do filme. Claro que faltou alguma tensão sexual entre ele e a Emily Blunt, pois se ele desejava a noiva do filho, isso em nenhum momento é expresso em um olhar. E venhamos e convenhamos, Anthony Hopkins é um ator de primeira linha, então, quem não orientou direito foi o diretor ou o roteiro deixou a desejar. Falar que desejava a moça é uma coisa, isso precisava ficar explícito de alguma forma sutil, mas não ficou. É o ponto baixo do filme.
Conforme os segredos vão se revelando, entendemos as razões das alucinações de Lawrence. Ver a mãe morta nos braços do pai acabou com sua infância, o período no sanatório deve ter feito um estrago imenso, e, em seguida, o pai lhe mandou viver com parentes. Daí, a interpretação contida e cheia de suspeitas de Del Toro ficou perfeita. Um dos pontos altos do filme é o retorno ao sanatório e a breve visão que temos da psiquiatria do século XIX. E é na estadia de Lawrence no hospício que vemos a maldade do pai dele aflorar... Aliás, o hospital é a câmara de horrores e eu não fiquei com peninha quando o lobisomen chacinou alguns médicos. Foi pouco, deposi do que os caras fizeram com ele mereciam muito mais. Só que o Del Toro é um lobisomen ético, por assim dizer. Aliás, aquele bando de homem sem conseguir arrombar uma porta foi sim humor involuntário. Mas assistam a cena e me dêem sua opinião.
O Hugo Weaving para mim vai ser sempre o agente Smith. Não tem jeito. Eu olho para ele e lembro de Matrix. Aliás, lá estava ele de agente de novo. E não é que ele seja incompetente, mas o lobisomen mais velho é muito esperto para eles. E burrice em filmes com esses seres sobrenaturais é fatal. Bobeou, morreu! Aliás, outro pequeno furo foi a Gwen se enfiar na noite em cavalo branco. Nada mais bandeiroso e ela estava se escondendo. Antes que eu me esqueça, a participação da Geraldine Chaplin como a cigana foi preciosa. Ela é uma grande atriz e nos poucos momentos em que aparece, ela consegue brilhar.
Agora uma confissão, acho que eu nunca tinha visto um filme com o Benício Del Toro – podem acreditar, não lembro de nenhum – e ele é tudo menos um sujeito simpático. Mas ao encarnar o sujeito honrado e atormentado por visões do passado e depois atacado pelo lobisomen, ele acaba se tornando ganhando um ar de nobreza e, em alguns momentos, sofrendo do que eu chamo de “efeito Gary Oldman” (*inventei isso na época do terrível A Letra Escarlate*), isto é, você sabe que o cara é feio, mas ele se reveste de uma aura de beleza. No caso do Lobisomen, beleza atormentada. E aí, as poucas cenas dele com a Emily Blunt ganham um ar romântico atormentado. E não pensem que acontece alguma coisa. Temos só um beijo, mas a tensão sexual é bem construída e verossímil já que eles me parecem indivíduos vitorianos adultos, contidos, respeitáveis, nada dos arroubos românticos que vemos em certos filmes por aí. Pense no mangá Emma e você entenderá. São momentos preciosos, dentro de um filme que não tem uma cena a mais. Nada que tenha entrado para encher lingüiça.
Para terminar, digo que não consigo gostar de lobisomens, eu prefiro vampiros. Só que a vampirada anda tão ridícula ultimamente que é um alívio ver um filme sóbrio sobre lobisomens. Não vou dizer que passei a preferir os lobos, longe disso, mas Benício Del Toro interpretou o lobisomen mais digno e sofrido que eu já vi. E a questão moral, quando os dois lobisomens se confrontam, é muito importante: trata-se de um poder ou de uma maldição? Aliás, é um filme também sobre relações entre pais e filhos, e sobre os sacrifícios que a gente faz por amor. Não é indicado para quem quer finais felizes açucarados ou lobisomens descamisados saradões. É para quem consegue imaginar o quão trágico é saber que não se tem outra saída sensata senão a morte.
O filme começa com Ben Talbot sendo atacado por uma fera. Depois disso, sua noiva Gwen Conliffe (Emily Blunt), entra em contato com o irmão do desaparecido, Lawrence Talbot (Benicio del Toro), um ator shakespeariano há muito distante de casa. Lawrence retorna ao lar, uma mansão que parece abandonada, para encontrar o pai, um gelado e estranho Anthony Hopkins e seu servo indiano, lá recebe a notícia de que encontraram o corpo do seu irmão e ele parece ter sido destroçado por uma fera. O povo da vila desconfia dos ciganos, outros se lembram de ataques anteriores.
Lawrence decide investigar, mas é lua cheia e ele é atacado pela fera quando está no acampamento dos ciganos. Ferido, ele é cuidado pela noiva do irmão e se recupera milagrosamente, sem nenhuma seqüela. Um inspetor da Scotland Yard (Hugo Weaving), notório por ter investigado os crimes do Estripador, desconfia dele. Por causa da cura relâmpago e de algumas sensações estranhas, ele começa a suspeitar de que há algo de errado consigo. Temendo pelo pior, Lawrence faz com que Gwen, por quem começou a se apaixonar, deixe a região e decide procurar por respostas. E o monstro volta a matar e Lawrence se torna culpado dos crimes aos olhos de todos.
Não chamaria O Lobisomen de filme de terror sombrio, ele é suspense, com boas doses de drama, alguma tensão sexual e violência explícita. Eu não consigo ficar chocada com esse tipo de filme, não é como assistir um filme de guerra realista, lobisomens não existem, então, por mais violentas que as mortes sejam, tudo é ficção e ainda que não pareçam fake, elas são. Mas este não é o ponto, ao contrário de muitos filmes, O Lobisomen faz questão de mostrar as mortes, as mutilações, as vísceras, as cabeças cortadas, etc., está tudo lá, a câmera não se desvia. Se não consegue suportar essas coisas, não é seu tipo de filme. Além disso, não há humor, nada, nem uma piadinha involuntária. E uma crítica: os efeitos sonoros são usados para antecipar o susto. Não precisava, mas é um "defeito" tão recorrente no cinema americano que até passa batido.
Anthony Hopkins no filme é um sujeito bem sinistro, é bater o olho nele e saber que há algo de estranho. Eu fui sem spoilers, então, conforme as coisas vão se revelando, a gente percebe a qualidade do filme. Claro que faltou alguma tensão sexual entre ele e a Emily Blunt, pois se ele desejava a noiva do filho, isso em nenhum momento é expresso em um olhar. E venhamos e convenhamos, Anthony Hopkins é um ator de primeira linha, então, quem não orientou direito foi o diretor ou o roteiro deixou a desejar. Falar que desejava a moça é uma coisa, isso precisava ficar explícito de alguma forma sutil, mas não ficou. É o ponto baixo do filme.
Conforme os segredos vão se revelando, entendemos as razões das alucinações de Lawrence. Ver a mãe morta nos braços do pai acabou com sua infância, o período no sanatório deve ter feito um estrago imenso, e, em seguida, o pai lhe mandou viver com parentes. Daí, a interpretação contida e cheia de suspeitas de Del Toro ficou perfeita. Um dos pontos altos do filme é o retorno ao sanatório e a breve visão que temos da psiquiatria do século XIX. E é na estadia de Lawrence no hospício que vemos a maldade do pai dele aflorar... Aliás, o hospital é a câmara de horrores e eu não fiquei com peninha quando o lobisomen chacinou alguns médicos. Foi pouco, deposi do que os caras fizeram com ele mereciam muito mais. Só que o Del Toro é um lobisomen ético, por assim dizer. Aliás, aquele bando de homem sem conseguir arrombar uma porta foi sim humor involuntário. Mas assistam a cena e me dêem sua opinião.
O Hugo Weaving para mim vai ser sempre o agente Smith. Não tem jeito. Eu olho para ele e lembro de Matrix. Aliás, lá estava ele de agente de novo. E não é que ele seja incompetente, mas o lobisomen mais velho é muito esperto para eles. E burrice em filmes com esses seres sobrenaturais é fatal. Bobeou, morreu! Aliás, outro pequeno furo foi a Gwen se enfiar na noite em cavalo branco. Nada mais bandeiroso e ela estava se escondendo. Antes que eu me esqueça, a participação da Geraldine Chaplin como a cigana foi preciosa. Ela é uma grande atriz e nos poucos momentos em que aparece, ela consegue brilhar.
Agora uma confissão, acho que eu nunca tinha visto um filme com o Benício Del Toro – podem acreditar, não lembro de nenhum – e ele é tudo menos um sujeito simpático. Mas ao encarnar o sujeito honrado e atormentado por visões do passado e depois atacado pelo lobisomen, ele acaba se tornando ganhando um ar de nobreza e, em alguns momentos, sofrendo do que eu chamo de “efeito Gary Oldman” (*inventei isso na época do terrível A Letra Escarlate*), isto é, você sabe que o cara é feio, mas ele se reveste de uma aura de beleza. No caso do Lobisomen, beleza atormentada. E aí, as poucas cenas dele com a Emily Blunt ganham um ar romântico atormentado. E não pensem que acontece alguma coisa. Temos só um beijo, mas a tensão sexual é bem construída e verossímil já que eles me parecem indivíduos vitorianos adultos, contidos, respeitáveis, nada dos arroubos românticos que vemos em certos filmes por aí. Pense no mangá Emma e você entenderá. São momentos preciosos, dentro de um filme que não tem uma cena a mais. Nada que tenha entrado para encher lingüiça.
Para terminar, digo que não consigo gostar de lobisomens, eu prefiro vampiros. Só que a vampirada anda tão ridícula ultimamente que é um alívio ver um filme sóbrio sobre lobisomens. Não vou dizer que passei a preferir os lobos, longe disso, mas Benício Del Toro interpretou o lobisomen mais digno e sofrido que eu já vi. E a questão moral, quando os dois lobisomens se confrontam, é muito importante: trata-se de um poder ou de uma maldição? Aliás, é um filme também sobre relações entre pais e filhos, e sobre os sacrifícios que a gente faz por amor. Não é indicado para quem quer finais felizes açucarados ou lobisomens descamisados saradões. É para quem consegue imaginar o quão trágico é saber que não se tem outra saída sensata senão a morte.
P.S.1: Falando em cinema, assisti o trailer do novo Robin Hood. Sei que Ridley Scott deve fazer outra bomba histórica tipo O Gladiador e Cruzada, mas o trailer engana muito bem. Apesar do pessoal do Rapaduracast não acreditar que atrizes levam alguém ao cinema, eu sou capaz de ir só para ver a Cate Blanchet empunhando arco e flecha e espada, e usando armadura. A verdade é que não consigo deixar de ver esse tipo de filme, mesmo que eu saiba que depois vou descer a lenha nele...
14 pessoas comentaram:
Esse eu sei que meu irmão vai insistir que eu veja com ele, porque ele é maluco por lobisomens. Talvez eu assista. O Johnston é um artesão competente: ele faz bem o que se propõe para o público que se destina. Por isso não há ninguém que goste de todos os filmes dele: Se ele não foi feito pra você, ele não vai fazer nenhum esforço em tentar agradar quem está de fora do alvo da vez. Mas vou ver o filme do Capitão América, que ele vai dirigir.
Eu me senti plenamente satisfeita. É raro hoje em dia a gente ver um filme feito por adultos para gente adulta... Ou, pelo menos, essa foi a minha sensação.
Mas entendo o qeu você disse. Conhece o Cabine Celular? Assista a crítica do filme feita por lá. :)
Quando vi o trailer, antes de Sherlock Holmes começar, senti um arrepio gostoso que só filmes sombrios me dão. Ler os seus comentários só me deu mais vontade ainda de ver O Lobisomem. =]
Eu não me sinto muito atraído por lobisomens, maaaaaaaaaaaaaas, me sinto muito atraído pelo charme e boa atuação de Benício Del Toro! Nunca vou me esquecer do Jackie Boy que ele interpretou em sin city...
Pedro, como eu disse, não gosto muito dos lobisomens. Tá bom, eu gosto muyito do Alcide dos livros de True Blood... Gosto da forma humana dele, virar lobo é um turn off para mim.
Não vejo o Del Toro como charmoso, muito menos bonito. Mas ele tem seus momentos de "efeito Gary Oldman" neste filme. Mas Gary Oldman é um feio insuperável. Mas em Drácula ele é só feio. :P Ele me entanda em Minha Amada Imortal e em A Letra Escarlate, neste último filme, ele é a única coisa que salva. ^_^
Eu vi a crítica do cabine celular. E sinceramente, acho o cara uma espécie de Marcos Mion da crítica de cinema (leia-se um mala sem alça). Se ele fala acha fraco, a probabilidade de ser bom é grande, se ele acha bom a chance de ser meia boca também é.
Acho que vou ver o filme.
Pois é... Mas às vezes o Mau Saldanha acerta. :)
Mas a crítica do Ewald Filho - que eu odeio - vai na mesma toada. Com uma diferença, ele só falta escrever que o Del Toro não estava "gatinho" o suficiente para virar lobo. Auuuu!!!!
Não sei de onde ele tirou que o protagonista tinha que ter 20 aninhos e ser sarado... Será que foi do Crepúsculo? Porque a personagem é atormentada antes mesmo de virar lobisomen. Fora, claro, que quando ele sofre o baque deveria ter pelo menos dez anos, e o filme diz que se passaram 25 anos desde então... Quer o link para a crítica do Ewald Filho? ^_^
Bom, eu adorei essa resenha e me deu muita vontade de ir ao cinema assistir a esse filme (quando ele estreiar no cinema, é claro). Gosto das suas resenhas de filmes, são bem precisas e enxutas, tudo flui muito rápido e vc é bem objetiva.
Não sou fã de lobisomens, acho que o único que eu gosto mesmo é o Bigby Wolf de Fábulas que não é propriamente um lobisomem. Sei lá, nunca curti os lobisomens, eles sempre me pareceram inferiores. Acho que falta aquele charme romântico, se os Vampiros e Bruxas em aquela aura romântica de anti-heróis atormentados, os lobisomens sempre me pareceram estar no mesmo nível dos zumbis, múmias. Monstros de segundo escalão, sujos demais, animais demais.
Obrigada, Kadu. Eu tento não esticar muito o texto e, no caso deste filme, não queria dar um spoiler que poderia estragar a graça para algumas pessoas.
Enfim, minha opinião sobre lobisomens é próxima da sua. Lobisomens são meio bestializados. Lá no universo da Charlaine Harris (*de True Blood*) são meio burros também.
Eu por outro lado acho que monstro não precisa de aura romântica. Isso se presta a outras coisas, não a horror. O horror é feito da ameaça. Acho inclusive que a Anne Rice fez um desserviço aos vampiros. O Vampiro antes era algo amoral; uma ameaça com uma mente perversa por trás. Eu sinceramente acho que a culpa pelos Crepúsculos da vida foram os malditos vampiros emos que ela jogou ao mundo. Quando Entrevista com o Vampiro foi lançado, o horror perdeu o vampiro para sempre – crepúsculo para mim é consequência e evolução natural do processo. Mesmo o incensado Drácula de Bram Stoker perdeu com isso: ele é popular porque o que seu público olha não é o vampiro, é a historinha romântica por trás. O efeito foi retroativo.
Nesse sentido eu até olho com simpatia o Noturno do Del Toro. Ele tenta a aproximação com os zumbis para devolver o horror aos vampiros, porque o horror deles se perdeu, virou objeto de ridículo e item de consumo de fantasias românticas.
Quanto aos zumbis, se pensarmos bem, eles são uma força da natureza. O horror mesmo está no que resta da humanidade nos bons filmes do gênero, pode conferir. Talvez eles sejam o último bastião de dignidade do horror. Zumbis, Lobisomens e assassinos seriais são, hoje em dia, o primeiro escalão do horror. O vampiro pôs um brinco na orelha esquerda e mudou de casa.
O monstro não precisa ter, mais pode ter um ar romântico. E voc~e sabe bem que o vampiro em especial semrpe foi plural. Com direito ao mosntro e ao que não era tão mosntor assim. O que a Rice trouxe pesado apra a composição dos vampiros foi o homoerotismo. Se bem que, qualquer bom livro que discuta o tema, identifica de saída que chupar sangue é metáfora de ato sexual (*coisa que a Meyer explora bem com seu vampiro casto atormentado*) e que vampiro que é vampiro é no mínimo bissexual, para dizer o mínimo.
Larga mão de ser ranzinza, Alexandre. Romance é bom. Mas eu estava falando de tensão sexual, coisa que mesmo o vampiro monstro normalmente carrega. Está no livro do Bram Stocker, quer você queira, quer não. E antes dele, também.
Olha, eu estou quase lendo o Anno Dracula do Kim Newman. Ele é uma exceção porque ele apesar de não ser steampunk, é considerado um dos livros-chaves do movimento e ele saiu no Brasil. O autor confessou que leu Drácula e se sentiu frustrado, porque o vampiro tinha planos de conquista e poder, e põe tudo a perder por ter corrido atrás de uma mulher casada com um sujeito qualquer. E conquista a Inglaterra. A cabeça decepada de Van Helsing é exposta em frente ao palácio de Buckingham para todos verem. Surge uma nobreza vampírica oprimindo o Império. Mentes perigosas são aprisionadas em campos de concentração – incluindo Sherlock Holmes.
Leia-se, vampiros não são muito diferentes de nazistas. E isso é interessante, porque coloca ele no seu devido lugar: um sujeito que tem que ser morto na ponta de um espeto. Claro que não vai ter a gratificação no final do livro porque o autor transformou a série em franquia, e porque ele preferiu contar uma história de mistério e conspiração. Seria uma ótima em termos conceituais se ele o fizesse: vampiros tem que morrer pelos mesmos motivos que nazistas tem que morrer nos filmes: são uns (censurado).
Aliás, pensei agora em Bastardos Inglórios. Que é um filmaço, aliás.
Enfim, mais uma releitura. Mas me parece do tipo recalcada, dada a sua descrição. Afinal, pessoas fazem bobagens por amor e/ou paixão. Daí, isso pode irritar um sujeito ou dois, pode ser uma realidade negada por meia d[uzia de sujeitos, mas é o que acontece lá fora, pela internet, e, à sua maneira, nas mais diferentes civilizações. Vide a Guerra de Tróia.
Olha, duvido que a realidade da Guerra de Tróia tenha sido lá muito romântica. E eu lembro que o exército foi todo convocado porque todos queriam casar com helena de tróia e fizeram aquele acordo conjunto – ela escolheria, e os concorrentes ao páreo fariam um acordo de proteção mútua (isso foi feito para evitar que, fosse qual fosse a escolha, eles se matassem uns aos outros naquele local mesmo). Acho que no final da guerra, tinham que fazer uma execução pública daquela mulher – antes que venham me dizer que seria machismo puro bla bla bla, depois de uma guerra de uma década aonde morreu trocentas mil pessoas por causa de um acordo idiota, colocá-la no paredão é o mínimo para deixar as tropas com algum tipo de compensação!
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