segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A volta do cor-de-rosa e a domesticação do corpo das meninas



Uma amiga me mostrou este artigo da Professora Mirian Goldenberg sobre o império do cor-de-rosa na vida das meninas. Não sei quem observa, mas me sinto nauseada com os sentidos embutidos na imposição desse mundo monocromático às meninas. Elas são princesas, elas tem que estar arrumadinhas, devem ser vistas e admiradas, e elas todas vestem rosa. E isso não é natural. Quem compra as primeiras roupinhas? Quem entope essas meninas de artigos cor-de-rosa? O que significa pois ser menina nesse mundo de uma cor só? E os meninos, por que têm quase todo o arco-íris para si? Menos o rosa, talvez...

Quando eu era criança tinha pouquíssima coisa cor-de-rosa. Minha mãe amava vermelho, minha cor favorita era azul, a do meu irmão era amarelo. As pessoas pensavam que o que era meu era dele e vice-versa. Hoje, em um ajuntamento de menininhas, praticamente todas estarão de rosa. É monótono e opressivo. E o problema não é gostar de rosa, hoje eu gosto de rosa, mas é essa cultura de domesticidade que a cor está evocando e reforçando. Mas leiam o texto, ele é muito melhor do que a minha falação.

A volta do cor-de-rosa

Mirian Goldenberg *, Jornal do Brasil

RIO - Aos domingos, gosto de caminhar na orla das praias de Ipanema e Leblon observando os corpos dos cariocas. O que estes corpos falam sobre uma cultura em que o corpo é um verdadeiro capital?

Com essa ideia na cabeça, e um papel e uma caneta na mão, tento decifrar que tipo de cultura está representada nos corpos observados. Nestas caminhadas antropológicas, o que mais me chama a atenção é a monocromia que reina nas roupas e acessórios das meninas. Quase todas estão de cor-de-rosa, da cabeça aos pés. O rosa não é apenas a cor das Barbies (cujo site tem como slogan Viva o rosa!) mas também dos vestidinhos, camisetinhas, bermudinhas, calcinhas, biquininhos, bolsinhas, sapatinhos, meinhas, enfeitinhos, lacinhos, pulseirinhas etc. Além do rosa, chama a atenção o excesso do uso do diminutivo das mães quando falam com e de suas filhas.

Comentando, tempos atrás, este fenômeno monocromático com a minha editora Ana Paula Costa, ela, muito empolgada, sugeriu que eu escrevesse um livro com o título: A volta do cor-de-rosa. A ideia seria a de retratar o fenômeno de uma nova geração de meninas extremamente românticas, melosas e açucaradas. Meninas cor-de-rosa. Chegamos à conclusão de que o rosa representa um modelo feminino que parecia ter sido completamente abolido nos anos 70 pelas mulheres que desejavam ser meio Leila Diniz: livres, fortes, poderosas, sexualmente ativas, donas do próprio corpo.

Nas minhas caminhadas percebo que, enquanto as meninas estão de rosa da cabeça aos pés, os meninos vestem roupas azuis, verdes, amarelas, vermelhas, cinzas, marrons, pretas, roxas, laranjas, lilás, brancas etc e até, algumas vezes, rosas. E eles não são apenas mais livres nas cores que usam mas, também, correm, brincam, gritam, jogam, se sujam e se machucam muito mais do que elas.

A comparação entre as cores e as brincadeiras de meninos e meninas sugere que faltará a elas, quando mulheres, algo fundamental: liberdade. Liberdade que, na minha pesquisa com indivíduos das camadas médias cariocas, elas afirmam invejar nos homens. Enquanto eles dizem que não invejam nada nas mulheres.

Quando brincam de casinha com suas Barbies cor-de-rosa, as meninas estão aprendendo a ser um tipo de mulher que, provavelmente, terá o mesmo tipo de sonho em um futuro não tão distante. Elas estão aprendendo a ser românticas, dependentes, delicadas, preocupadas com a aparência, mulheres que gastarão inúmeras horas em salão de beleza pintando as unhas do pé e da mão de rosa, comprando roupas e sapatos, cremes e maquiagens, obcecadas com dietas para emagrecer, com cirurgias plásticas, botox, e que, apesar de adultas, continuarão tendo fantasias com o príncipe encantado, que pagará as contas e resolverá todos os problemas.

Muitos pesquisadores já analisaram esta nova/velha mulher que, cansada do mundo competitivo do trabalho e das responsabilidades sociais, sonha em “voltar para a casa e se dedicar ao marido e aos filhos”. Sonho cada vez mais difícil de realizar e, talvez por isso mesmo, cada vez mais presente entre as brasileiras, uma espécie de nostalgia de um tempo perdido em que o papel feminino estava restrito ao de esposa e mãe.

Recentemente, descobri o blog PinkStinks (Rosa é uma droga), em que duas mães inglesas declararam guerra ao que chamam de pinkification (rosificação) das meninas: a onipresença da cor rosa no universo feminino. Elas acreditam, como eu, que o fenômeno vai muito além da cor. O site diz que a cultura do rosa, imposta às meninas desde o berço, é baseada no culto da beleza, no corpo, na aparência, na magreza, em detrimento da inteligência. Apesar de parecer inofensiva, continua, o rosa simboliza uma cultura de celebridade, fama e riqueza, obcecada pela imagem, que pode aprisionar e limitar as aspirações das meninas sobre o que podem ser e realizar quando se tornarem mulheres.

Se o corpo e a roupa falam algo sobre a nossa cultura, o que o rosa está falando sobre estas futuras mulheres? Estaria falando de um tipo de representação de gênero que associa a mulher à delicadeza, doçura, fragilidade, fraqueza, inferioridade, submissão? De mulheres cujo principal objetivo é conquistar um marido? De mulheres dependentes que precisam da proteção de homens fortes e poderosos? Estaria falando da clássica dominação masculina, que transforma meninas em mulheres cor-de-rosa?

* Mirian Goldenberg é antropóloga, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autora de 'Toda mulher é meio Leila Diniz' (Ed. BestBolso). 17:20 - 09/01/2010

28 pessoas comentaram:

Hummmmm lembro que quando era pequena odiava rosa,isso porque na minha cabeça funcionava assim: rosa=patricinha idiota então sempre desprezava coisas dessa cor,depois foi rosa=mulherzinha fraca e novamente odiei a cor.Agora nem tenho nada contra '-'.
No meu caso a domesticação da mídia não funciono ^^ muito pelo contrario,fiz eles perderem dinheiro xD

Eu rejeitava o rosa, e minha mãe nunca foi amante do rosa tb. Minhas coisas eram todas azuis. Hoje gosto de todas as cores. Aliás, acho que é uma benção ter uma possibilidade infinita de cores.

Mas a rosa mania é um problema, especialmente porque ela sinaliza para um backlash muito grande. Os efeitos disso, mulheres vulneráveis, frustração, culpa, veremos depois.

Eu rejeitava o rosa, e minha mãe nunca foi amante do rosa tb. Minhas coisas eram todas azuis. Hoje gosto de todas as cores. Aliás, acho que é uma benção ter uma possibilidade infinita de cores.

Mas a rosa mania é um problema, especialmente porque ela sinaliza para um backlash muito grande. Os efeitos disso, mulheres vulneráveis, frustração, culpa, veremos depois.

Quando era pequena também não gostava de rosa, apesar de hoje não ter nada contra a cor.

Engraçado que isso me lembrou de quando eu era criança. Achava estranho os brinquedos para os garotos serem tão mais interessantes do que os voltados para as meninas (bonecos articulados para os meninos enquanto as garotas ficam com bonecas horríveis de plástico). Ou ainda as típicas brincadeiras femininas, tipo casinha, cuidar da boneca, brincar de cozinha dentre outras. Felizmente eu gostava mesmo era de correr, brincar de pique. Sempre estava com alguma mancha roxa na perna. :P

Achei que tivéssemos nos livrado da onda rosa, mas pelo visto...

eu acho que o problema não é bem a cor não.o problema é querer ser igual ao que sociedade dita.o ruim são meninas e mulheres,se sentirem inferiores por não ser iguais aos que seguem essa "tendência do rosa"
eu pessoalmente,ODIAVA rosa.maquiagem,roupas bonitinhas,pintar as unhas,nunca fui obcecada por isso.Eu acho que o importante é ser você mesma,não importa que cor use,mesmo que seje rosa.

Eu tinha pensamento semelhante ao da Raquel. Quando era criança gostava de azul e vermelho. Fui usar alguma coisa rosa depois dos 18, ainda assim meio constrangida. Mas, se for pensar bem, desde criança eu não era muito bem vista porque sempre fui pior que qualquer moleque. Nunca sofri por não me sentir próxima desses ideais de mulherzinha, sofri por não me aceitarem como sempre fui.
É isso que está errado. Se uma menina se diverte a valer logo se ouve alguém comentar "olha que feio, isso é coisa que menina faça?!". Lembro de quando eu era criança e como esse tipo de comentário me magoava. Fico horrorizada como hoje existem meninas que nem tem esse pensamento, já crescem acreditando nisso. Mães que acham a coisa mais linda do mundo a filha andando toda emperiquitada, rosa da cabeça aos pés. É uma poda muito cruel. E gente fresca demais prá eu brigar na fila do supermercado!

o problema não é com o rosa.
é que essas idéias que estão sendo incutidas na cabeça da nova geração feminina pode ser um grave problema. Estariam jogando no lixo toda aindependencia que a mulhe lutou tanto para conquistar (e que ainda não conseguiu totalmente!).
Não há problema em ser doce, romantica ou qualuqer coisa tão fofa (que são qualidades bastante boas e penso ser ótimo quem as possui). Se for uma mulher inteligente, honesta e dona de si, já vai estar ótimo.

Quer saber de uma coisa irônica, Valéria? Aqui no Ceará, os garotos além de poderem usar todas as cores usam o Rosa também! Aqui é comum ver jovens da periferia usando camiseta rosa, boné rosa, além de todas as cores que o universo masculino permite.

Já entre as garotas, predomina o rosa. E quanto mais adolescentes ou mais crianças forem, mais rosa elas estão vestindo ou usando, seja em acesórios ou materiais escolares!

Lembro do dia q uma tia me viu vendo Samurai X. Perdi todos os animes seguintes, no Toonami, escutando um sermão sobre o fato de q garotas tem q ser delicadas, só ver romance e obedecer o marido. Quando ela viu q eu ñ tava ouvindo nada, ela saiu. Mais tarde, quando eu tava rinda da novela, ela me chamou de sonsa. Meu pai, já sabendo da história, me deu um dinheiro pra ficar quieta. ¬¬

Há, sim. A mesma tia disse q vai me dar coisas pra quando eu casar: vasilhas, copos... A cara do meu pai, quando ela falou isso demonstrou o q eu senti. Ele, machista q só, disse q só caso depois de uma faculdade ou de ter arranjado um emprego que me sustente. Preciso dizer q ñ vou muito com a cara dessa tia?

Eu entendo o ponto de vista, mas também penso que se você mora no Brasil querendo ou não as meninas gostam de usar rosa, a grande maioria pelo menos.

É claro que sempre tem as meninas como você e a Raquel que não gostam/gostavam do rosa quando era pequenas, mas as que gostam? Faz parte da nossa cultura meninas usarem rosa e meninos usarem azul.
Tenho uma prima que sempre amou usar rosa, adora de paixão, sempre foi super feminina e delicada, é super perua, mas hoje em dia ela é uma advogada competente e bem-sucedida (aliás, melhor sucedida que o marido, diga-se de passagem), divide as tarefas domésticas com o marido, ou seja, tem uma vida normal.
Por outro lado a minha irmã sempre gostou de rosa e sempre foi do mesmo jeito feminina, perua, etc. hoje em dia ela é feliz sendo "doméstica" de marido, ele trabalha fora e ela cuida da casa, foi a escolha de vida dela. Ela até trabalhou algum tempo como professora de inglês em curso(ela é formada), mas era mais uma forma de sair do ambiente doméstico duas vezes por semana. Só mais um adendo, minha irmã não é magra nem quer ser, ela está feliz estando alguns quilos acima do peso ( hoje em dia saudável, já que graças ao marido ela deixou de ser sedentária).

Eu acredito que tentar se encaixar nos padrões da sociedade é algo saudável dentro de certos limites e se a criança gostar pq não deixar? Acho válido dar uma boneca e casinha para as meninas, mas tbm dar opções.

P.S. Tenho uma outra prima que sempre foi tomboy, nunca gostou de saia, sempre odiou saias e vestidos, detestava qualquer laço, arco e cabelo comprido, hoje em dia ela é anoréxica e está bem menos tomboy, mas está longe de ser uma perua propriamente dita.

Hoje em dia eu parei de implicar tanto com o rosa, mas a alguns poucos anos atrás eu tinha praticamente declarado guerra a essa cor, não comprava nem usava nada que tinha essa tonalidade.

Porque eu tinha cansado dela, meu pai me obrigava a usar rosa durante a infância inteira e eu detestava isso, gosto de todas as cores! Praque tanto rosa??? Era irritante.

Agora que eu me apaixonei pelo estilo sweet lolita, não odeio mais essa cor, mas ainda prefiro outras... Azul bebê e vermelho fica tão lindo nos vestidos <3

Gosto de babados, laços e pandas de pelúcia, mas também gosto de ser independente, jogar video game e fazer capoeira.

Mas a maneira como impõe isso as meninas... Eu não preciso ser famosa, popular, nem loira e 'pink' para me sentir poderosa e bonita, na verdade não precisamos de nada disso.


Eu sempre invejava os meninos, eles podem ser bombeiros, policiais, exploradores, lutadores, atletas... Enquanto as meninas só escolhem se vão ser mãe, maquiadora ou modelo na brincadeira de casinha.


Acho que por ter muitos primos e só uma irmã, eu me acostumei mais a jogar bola e soltar bombinhas do que brincar de boneca... eu só gostava de ficar trocando as roupas (quase todas rosas), brincar de casinha era um, perdoe o vocabulário, verdadeiro porre.

Kadu, se você acredita que "querendo ou não as meninas gostam de rosa", você deixou de entender o que o texto diz, o que eu disse, ou compartilha exatamente dessa idéia de que o "rosa" é da natureza das mulheres. Oras, o mundo rosa é uma criação e imposição. Meninas são vestidas de rosa antes de nascer, como os meninos o são de azul. Gostem ou não da cor. E ai de um menino se preferir rosa... Uma menina até pode gostar de azul.

E se sua prima é "meio" anoréxica, ela tem um problema. E que pode, sim, ter a ver com o tipo de mulher que o mundo ou ela mesma acredita que deve precisa ser.

Ninguém nasce menino ou menina em comportamentos ou gostos. Para um culturalista, como eu, pelo menos nào nasce. E se existe algo nos gens das mulheres (brasileiras, já que você citou no Brasil), por favor os estudos, a localização na cadeia de DNA e tudo mais precisam ser citados por nome.

A pesquisa das frutinhas vermelhas com meia dúzia de mulheres sei lá onde não conta.

Eu fico com raiva quando vou comprar um presente apra alguma criança da minha família e, se for menina, eu não achar UMA peça de roupa que não tenha pelo menos um pouco de rosa. Minha mãe e eu sempre tentamos sair dessa cilada do rosa porque a cor favorita dela é azul e a minha, vermelho. Sempre escolhemos os presentes juntas e raramente conseguimos fugir de uma blusa da minnie ou da polly pocket ou da Hello Kitty recheada de rosa. A oferta de roupas de outra cor para meninas é limitada, enquanto os meninos têm a sua disposição blusas do Homem Aranha, do Superhomem e tudo o mais.
A coisa mais legal que eu vi na Argentina foi uma linha de blusas de HEROÍNAS para todas as idades, da Mulher Maravilha à Oráculo, passando por todas as heroínas da DC e para todos os tamanhos. Por que aqui no Brasil eu nunca vi uma coisa dessas? Será que não procurei no lugar certo ou será que simplesmente não existe?

Olá!
Bons textos, dão o que pensar.
À medida que fui lendo, lembrei da minha infância (nasci em 1975) e fiquei um pouco surpresa pela variedade de cores que faziam parte da minha vida. Os biquinis sempre foram azuis ou verdes (até hoje são), acho que é porque amo o mar e essas cores me lembram o mar. Minha mãe adorava me vestir de branco, acho que era porque a roupa branca pode ser alvejada com produtos à base de cloro - eu fazia bastaaante arte e me sujava toda.
Sabe, sempre curti rosa. Não entrava na loja e pedia "tem rosa?", era mais provável que pedisse "tem vermelho?", essa sim, a cor do coração! Ainda assim, gostava e gosto ainda hoje. Quando pequenininha, curtia muito o rosa-chiclete, hoje em dia prefiro tonalidades mais fucsia, com base azul, ou rosa-antigo e rosa-pêssego, com bases amareladas.
Beijo, garotas, com todas as cores e tods as possibilidades para todas nós.

Isabel, eu sou de 1976. E esse é um dos pontos chave: no nosso tempo de criança havia, sim, uma maior possibilidade de escolha de cores. Obviamente, azul era "de menino", mas havia mais liberdade. Hoje é essa tirania do rosa e de todos os sentidos, práticas e papéis a eles associados.

Me parece que essa época do "tudo pelo rosa" (Valéria, me corrija se eu estiver errado) vem sucedendo aquela época das crianças erotizadas, que usavam shortinho de lycra, dançavam na boquinha da garrafa e os adultos ainda achavam aquilo a coisa mais fofa do mundo (!). Crianças que, no mínimo, tentavam de tudo pra se parecerem mais com adultos.

Difícil dizer qual dessas duas "estéticas" infantis é pior.

Sabe, Jáder, eu não sei se essa super-erotização acabou, mas vc pegou em um ponto realmente interessante... Vou pensar sobre isso.

concordo. Acho que o fato da garota usar rosa significa que ela demonstra-se totalmente vencida na questão de que cor ela deve usar, algo como: "tudo bem, vocês são mais fortes que nós e podem ficar com todas as outras cores. mas o rosa é só nosso" entende? vestir só rosa é expressar submissão =/ e pior: com o tempo, essa "decisão" ficou totalmente deturpada

Acho que ja comentei com vc de como eu vejo essa imposição do rosa na criação das minhas sobrinhas.

Tudo oq elas ganham dos pais é rosa, mochilas, cadernos, roupas, brinquedos, tudo.

E junto com esses acessorios monocromaticos vem toda uma postura de que meninas devem ser delicadas, que não podem ter certos tipos de comportamento, que certas atitudes são exclusividade dos mininos, etc.

Oq mais me indigna é a mãe delas (minha irmã mais velha) não foi criada assim. Como eu, ele cresceu em fazendas, correndo pelos campos, subindo em arvores, brincando com meninos e meninas igualmente e socando qualquer garoto mais abusado.

Agora oq ela passa p/ as filhas é bem diferente, chegando a não deixa-los ver desenhos como Ben 10 (elas gostam da menina bruxinha) que tenham monstro e ação, ou mesmo jogar videogame pq isso é p/ os meninos, p/ os primos e sobrinhos que ja crescem com um todo um outro codigo

Ja discutimos varias vezes, mas ela se recusa a ver isso como algo errado, sempre com o argumento de que meninas são diferentes, gostam de rosa e ponto.

É frustrante.

Valéria, vc distorceu tudo o que eu disse. Eu não disse que por ser do sexo feminino uma garota tem que obrigatoriamente gostar de rosa, disse que isso pode acontecer (e aconteceu na minha família) e que tentar se adequar aos padrões da sociedade desde que de forma moderada, sem neuroses (como uma monocromia rosa) é saudável.
Acho que desde que haja a opção de usar azul, vermelho, amarelo, branco entre outras cores o rosa é válido se a criança gostar.

E diferenças efetivas no comportamento pelo que eu estudei só vão surgir na puberdade sob a influência dos hormônios, até a adolescência é pura influência sociocultural.

Kadu, não distorci, não. No seu discurso parecia nitidamente que você misturava natureza e cultura. Releia, se quiser, primeiro e segundo parágrafo. Você usa cultura sempre, mas o primeiro soa como "natureza".

Quando eu li o título da reportagem, pensei que era mais uma daquelas no estilo "olha, tá todo mundo vestindo as filhas de rosa, faça isso você também, pô!", mas fiquei feliz ao ver que estava errada.

Depois do aniversário de quatro anos da filha da amiga de minha mãe (e, claro, todo rosa) vi alguns dos presentes que a menina ganhou. E qual não é a minha falta de surpresa ao ver que ela ganhou de brinquedo um kit culinário (e, claro, todo rosa).

Mas será que essa mania do rosa tende a afetar todas as classes sociais por igual ou é mais acentuada em pessoas endinheiradas?

Bárbara, eu acho que é democrático. Estou em São João de Meriti, baixada Fluminense, lugar de gente pobre; o rosa impera do mesmo jeito. Bonecas e brinquedos baratos na cor rosa, material escolar, roupinhas, adereços de cabelo.

Quanto aos brinquedos pedagógicos - cozinha, esfregão, caixa registradora, kit de maquiagem, etc. - além de serem em rosa trazem personagens populares como Hello Kitty e as Princesas da Disney. Agora, kit de limpeza para meninas pode, mas alguém já viu kit de "serviços gerais"para garotos? Ou de cobrador de ônibus? Claro que não! Você não sonha isso para um filho homem, ainda que sejam trabalhos dignos, você sonha com engenharia, medicina... mas meninas podem ser cozinheiras, faxineiras e caixas de mercado. aliás, devem sonhar com isso.

E olha que hoje até há umas opções interessantes, como miocroscópios, automóveis, lunetas para meninas... Mas cor de rosa para que saibam que é para elas.

Valéria, gostei muito do seu post e do texto que reproduziu. Tenho uma pequena grife ecológica de artigos basicamente infantis e incluo o rosa como uma opção, quando acho que fica bonito, não como uma obrigatoriedade para meninas. Mas sinto que os pais sentem falta do rosa nas minhas camisets, por exemplo. Depois que li seu post, fiz umas inclusões no meu twitter para que os pais reflitam sobre o assunto.

Muito interessante esse tópico, na matéria é comparado até as brincadeiras masculinas com as femininas, mas acredito que empinar pipa, por exemplo não é algo que transforme o homem em um indivíduo de sucesso e sem frustrações...

Certamente, não é só isso. Mas a chave é a liberdade de escolha. Isso, sim, faz diferenca.

O grande conflito da minha infância: o vestido da Bela Adormecida é AZUL, eu não entendia pq nas revistas eles a colocavam com o vestido rosa. Que absurdo! Eu dava 'pause' no último minuto pra mostrar pra minha mãe que o filme terminava com o vestido na cor azul.
Antigamente, as capas dos livros e VHS eram a Aurora c/ vestido azul e hoje lançaram o DVD com a Aurora vestida de roooosa (e ainda com uma camiseta rosa acompanhando- http://cookiemoms.blogspot.com/2008/06/sleeping-beautys-dress-is-blue.html)!!! Qual é o problema?

Bem, fiquei super feliz quando vi a Aurora em Kingdom Hearts com seu chique vestido azul(http://23.media.tumblr.com/tumblr_ks6i4jPrgh1qzj8ueo1_500.png).

Desculpa, me empolguei com algo bobo!

Adorei o tópico.

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