terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Grandes Graphic Novels para adolescentes 2010



A American Library Association, que reúne bibliotecas de todo os EUA, elegeu os títulos de quadrinhos – “graphic novel” é só uma forma “cool” de chamar – recomendados para adolescentes. Segundo o ICV, nos anos anteriores a lista contava com 43 e 57 títulos, este ano, ela tem 73. É um bom salto, não é? Entre os dez primeiros temos três mangás: Children of the Sea, vol 1. De Daisuke Igarashi, Pluto (*todos os volumes lançados até agora nos EUA estão na lsita*) de Naoki Urasawa; e Ōoku vol. 1 de Fumi Yoshinaga. A VIZ foi a única editora com mais de um título no top 10, graças aos três mangás citados.

Abrindo o resto da lista que também está no ICV, encontramos outros mangás, como Otomen, por exemplo. Aliás, um dos problemas que vejo na lista é exatamente apontar certos títulos como para adolescentes. Um adolescente pode ler Ōoku, mas tenho certeza que o título não foi pensado para esta faixa etária, mais absurdo aprece, quando colocamos na mesma lista Otomen. Outro fator que deve estar afastando leitores de Ōoku – e eu tenho lido resenhas americanas sobre isso – é o uso do inglês arcaico e de todas as mesuras e honoríficos possíveis. Não é um título fácil de ler, e “adolescente” é gente de 13 até 19 anos.

E não pensem que se trata de subestimar a inteligência dos adolescentes. Simplesmente, concordo com o que o que meu melhor professor de literatura dizia, para ler certas coisas, e apreciar, é preciso ter experiência de vida (Ele falava isso de Machado de Assis, que obrigar um adolescente a ler este autor era empurrá-lo nos braços de Paulo Coelho.). Coisa que a gente só consegue com o tempo. E com outras leituras. Eu geralmente desconfio da veracidade ou da sanidade de um garoto (*só conheci garotos fazendo dessas presepadas, mas certamente há meninas no grupo, também*) de 15 anos que arrotam já ter lido – entendido, discutido e ensinado – Nietsche, Marx, Kant e outros medalhões. Tem algum erro nessa história...

5 pessoas comentaram:

"Ele falava isso de Machado de Assis, que obrigar um adolescente a ler este autor era empurrá-lo nos braços de Paulo Coelho."

Até hoje eu não entendo por que certos supostos "especialistas em literatura" tem contra o Paulo Coelho. Todo mundo que eu conheci que leu, gostou. Eu tenho vários livros dele e gostei muito. Quase todos os seus livros são Best-Seller no mundo todo.

Então, afinal de contas, o que é que os literatos tem contra Paulo Coelho?!!

PS.: Também gosto muito de
Machado de Assis e José de Alencar. Mas sou contra empurrar esses autores goela abaixo em adolescentes.

Ah Valéria, depende demais da maturidade da pessoa. Conheço adolescenmtes com cabeça de setentões e setentonas com cabeça de adolescente. Sempre tem aquela pessoa que sempre amou ler e encontrou em casa um terreno fértil e teve quem direcionasse suas leituras. Conheço uma garota que lia Herman Hesse, Kafka (Paulo Coelho também), Victor Hugo aos 15. Hoje em dia ela está com 18 ou 19 e cursa Ciências Sociais na UFF. Não sei se ela é boa aluna (deve ser), mas ela é inteligente e culta ao cubo (só tem preconceito contra ficção).

Jáder, a frase do meu professor, era exatamente essa. Mas concordo com você, acho que há uma carga enorme de preconceito contra aquilo que é popular.

Eu tive um amigo americano, com o qual perdi contato, que conheceu Paulo Coelho por uns amigos da Malásia. Imagine que curioso? E ele veio todo contente perguntar se eu conhecia. Paulo Coelho, como todo o tipo de literatura, tem sua função.

E, no caso do empurrar goela abaixo, eu sou contra esse tipo de coisa e me questiono às vezes se realmente impôr leituras no vestibular tem sua função.

Kadu, eu não estou dizendo que não devem ler, mas que falta maturidade para compreender muita coisa, e acredito mesmo que esse tipo de leitura ou a forma como as pessoas enxergam isso, pode alimentar no adolescente uma arrogância e superioridade que não se justificam.

Quer ler? Leia, não vejo problema, mas a maioria não tem condições de entender e refletir. e, pior, podem tomar aversão pela leitura séria e mais densa (*sem desqualificar os livros que são para o lazer simplesmente*). Conheço um bom número de babacas, arrogantes, preconceituosos, que acham que são maravilhosos porque leram Kafka aos 15 anos. Eu li alguma coisa de Kafka aos 13. Sabe o qeu eu fiz? Corri para Os Três Mosqueteiros. e não me arrependi. Peguei Kafka anos depois e não sofri. O mesmo acontece na faculdade. Há momentos para certas leituras. enfiar goela abaixo dos calouros, não vai fazer bem para mais de 90% deles.

Cada coisa a seu tempo. É preciso viver cada fase da vida.

Eu fui estimulado a ler desde muito cedo em casa. Li Machado de Assis com 11 por conta própria (Evite o Dom Casmurro nessa idade, eu gostava do humor negro de Brás Cubas, sério) e aos quatorze eu já tinha uma boa rotatividade em autores como Orwell, Maugham e vários outros. Mas isso porque meu pai sempre me estimulou a um ato simples: nunca largue um livro. Por pior que seja, sempre fosse até o final, nem que fosse para poder ter moral de dizer que ele foi ruim depois. Eu levava isso a sério e aprendi muito dessa forma.

E mesmo assim nunca deixei de ler literatura juvenil na época, como "O Gênio do Crime", que eu adorava. :)

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