sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Uma História de Horrível e Inofensiva Violência



O site Comixology publicou um interessante artigo chamado “Uma História de Horrível e Inofensiva Violência” (A History of Horrible, Harmless Violence) e que trata da violência nos shounen mangá. Asseverando que as séries japonesas permitem um nível de violência jamais encontrado nos comics americano ou na animação, e que nos seinen a coisa ainda é mais explícita.

Logo no começo, eles citam uma fala de Nobuhiro Watsuki, autor de Rurouni Kenshin. Segundo este mangá-ka “O básico do shounen mangá são sorrisos e finais felizes”, ao que o autor do artigo acrescenta “e terrível sofrimento”. O autor também cita uma fã que teria dito para ele em um desses Comicons da vida que o que atrai nos mangás são as lutas, porque é na batalha que as personagens mostram o quanto se preocupam/gostam uma das outras.

Como meu blog não é sobre shounen, e como vocês devem ter percebido estou bem atrasada nos posts, não vou traduzir tudo, só a parte das regras da violência no shounen. O artigo original, em inglês, está aqui. Seguem as regras que o autor formulou para os shounen e shoujo mangás com mais ação, ele cita Shoujo Kakumei Utena e as séries de Yuu Watase. Não deve estar familiarizado com coisas como Basara ou Anatolia Story. Nem vou entrar no material clássico, porque aí é pegar no pé. Enfim, lá vão elas (*tradução livre e difícil em alguns momentos*):
(1) O corpo humano contém um suprimento infinito de sangue. (*Essa é básica*)
(2) Vomitar/tossir/cuspir sangue é como espirrar.
(3) Os órgãos internos vão desviar dos golpes que podem causar dano.
(4) Heróis são também imunes aos esmagamentos.
(5) Se há um pequeno pedaço de carne presa, ela não está amputada.
(6) Se ferir o vilão não é a solução, ferir a si mesmo é.
(7) Se tudo falhar, sempre haverá a possibilidade de regeneração.
Acrescentaria a ressurreição, pois em muitos shounen – e alguns shoujo – morrer e voltar é coisa banal. Faltou também a regra da “zona de ferimento do herói”, só que agora não achei o texto, mas é o seguinte, se um herói é ferido (*não morto, que fique claro*) ele normalmente receberá um ferimento em alguma zona não mortal, como pernas, braços, alguma área do rosto. Se for um romance Harlequin, ou shoujo mangá mais “clássico”, é suportável que o herói tenha cicatrizes charmosas (*um tapa olho, uma cicatriz no rosto, essas coisas*), ou manque de uma perna. Mais que isso, é arriscado...

Na série americana Norte & Sul, o personagem do livro perde o braço na altura do ombro. Isso seria muito complicado de colocar em tela, além de ser um bruta desrespeito à regra da zona de ferimento do herói, mas o John Jakes parece não funcionar bem da cachola às vezes... Como na versão para a TV o personagem era o Patrick Swayze transformaram o ferimento terrível em um charmoso mancar da perna... E ainda assim o maluco entra em depressão profunda... enfim... Se bem que eu tinha uma amiga que dizia preferir os homens carregados de cicatrizes... Por isso, até hoje eu dou risada quando um dos “anões” de Branca de Neve na Floresta Negra tira a camisa... Mas melhor deixar essas discussões freaks para outro post...

Você acrescentaria ou tiraria alguma regra? Use os comentários de quiser. Eu não tinha como traduzir tudo, infelizmente. Ele cita exemplos que dão embasamento aos argumentos, por isso, dê uma olhada no original.

9 pessoas comentaram:

Gostei do post, sim violencia sempre fez parte dos animes, mas não é algo tão assustador assim, quero dizer isto está mudando com o tempo, veja naruto por exemplo, eles consegue ter uma luta inteira e o máximo que o personagem sai é com a roupa rasgada e sangue no canto da boca, depende muito do tipo de anime, alguns são mais sangrentos outros não, mesmo assim não deixam de ser Shonen, ou são piores por isso
E claro ali nas regras só faltou a cena clássica de animê: Os dois inimigos vão um em direção ao outro empunhando a espada, os dois pulam, caem de joelhos um de costa pro outro, fica silencio, e um deles cai morto xD

(7) Se tudo falhar, sempre haverá a possibilidade de regeneração.

Na verdade essa regra nem é oriunda nem tão típica dos shonen mangá. Ela é muito amplamente usada nos comics americanos. Pro cê vê, tanta regra pra se explorar a violência nos shonens mangás (nunca certar em pontos vitais) parecem ter dois motivos bem claros. Um é aumentar a carga drama nas lutas. Isto é, para o protagonista ganhar, ele tem que sofrer.

Agora o principal motivo dessas regras todas me parece, sem dúvida é não deixar que o protagonista morra. Se for num comic, podem matar o heroi à vontade. Vão ressuscitar depois mesmo. Os reoteiristas americanos nunca tiveram o menor pudor de fazer isso.

Só mesmo mangakás muito pouco criativos, desse que num sabem nem o que fazer com o mangá e seus personagens, é que se apoiam nessa regra Nº 7 aí. Kazushi "Bastard" Hagiwara que o diga.

Concordo com as "regras", mas acho que seriam melhor definidas como: "clichês dos shounen de lutas", porque existem muitos mangás/animes que usam esses clichês, porém muitos outros fogem dessa "regra". Enfim, acho meio errado colocar tudo em um mesmo pacote, inclusive muitos comics utilizam esses clichês, então porque isso seriam regras do shonen?
Ainda não li o artigo original, mas quando tiver tempo vou ler para ter uma opinião mais embasada.

outra regra poderia ser que cimento, metal, etc tudo isso é mais fácil de ser destruido ou quebrado que a carne... tipo cimento equivaleria a isopor e metais a... palitos de madeira finos?

Claro não podemos nos esquecer do famoso 'golpe final' sabe aquele golpezim que o herói só mostra quando depois de ter sido surrado, esmagado, trucidado e tudo que o vilão tiver direito... do nada o herói se levanta *que força de vontade nãoXD* e num simples golpe *QUE JÁ PODERIA TER USADO DESDE O COMEÇO-.-!!!* e ganha a luta [nada contra, amo shounen, adoro lutas e até demais, mas convenhamos que isso conta muito nehXDDDDDD~~~~

E o mais interessante do assunto é que quando você lê os mangás, você nem percebe XDDD. Eu, pelo menos, nao XD.

E tem outras coisinhas: os raios de luzes dos mechas definem quem é bom e quem nao; dá no mesmo quantas vezes o personagem atirou, a muniçao nunca acaba; e assim muitas. Sao as "leis físicas dos animês/mangás" XDD.

Pasteurizar a criatividade tirando a violência não é solução pra nada. O homem precisa de violencia, e se não tiver a sua dose de violência imaginária, aí sim vai apelar por uma dose de violência real. Deve-se levar em conta que não existe NADA mais violento do que livros clássicos, como Ilíada, Odisséia, Divina Comédia, e até mitologia (seja greco-romana ou não, a mitologia humana é recehada de violência) assim como o que acham ser o livro mais sagrado de todos - A Bíblia. Basta entrar numa igreja católica e ver-se cercado de imagens de violência - santos levando flechadas, espadas, gente crucificada... Assim, o mangá apenas retrata uma necessidade básica e arquetípica presente na vida e psique humana. Querer pasteurizar a realidade e amputar a criatividade não é solução. Afinal, nada há mais violento que desenhos de Tom e Jerry e Papaléguas - ali só não ha sangue. Então violência sem sangue pode? Isso é algo que acho ainda mais danoso...

Faltou dizer que os personagens nunca têm hematomas, vão direto pro sangramento - e o sangue segue sempre um caminho muito línear, decendo pelo corpo em uma linha reta e elegante.
Mas meu maior questionameto quanto à lutas de anime é: o que os vilões nos mahou-shoujo ficam fazendo enquanto a heroina fica executando todo aquele balé para a transformação? Lendo Jornal? õ.O

Arrancar um pulmão (Bleach), cortar o corpo ao meio na altura da bacia (Bleach), cortar o braço na altura do ombro até os pulmões não são causas de morte nem de perda dos orgãos que estavam no caminho dos cortes.
O bom é saber que o leitor/telespectador de anime/mangá típico sabe diferenciar fantasia da realidade.
Perder 10 litros de sangue em CdZ tbm não é causa de morte xD. Mas os exageros de Bleach me chocam.

Outro ponto engraçado é que vc pode lutar durante dias inteiros que vc não fica sem energia (é só seus amigos se reunirem ao seu redor e emprestarem a deles), que nem com cãimbra vc fica.

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