Vampiros estão na moda e no meio de um monte de bobagem - True Blood incluído - aparecem coisas legais. Deixa Ela Entrar é uma delas. A Época fez uma resenha do filme sueco que estréia no Brasil com um pouco de atraso. Os americanos estão fazendo o remake, o que quer dizer que sairá uma versão light. Eu assisti o filme e é muito bom. Acho que dá para produzir histórias de vampiros bem consistentes usando crianças, até porque, ser criança é ótimo (*ou deveria ser*), mas ser criança para sempre... O nome original do filme é Låt den rätte komma in e em inglês ficou Let The Right One In.
Esqueça os vampiros doces
"Deixa ela entrar" é para matar a saudade dos vampiros maus e sempre jovens
Anna Carolina Lementy
Vampiros, como se sabe, são criaturas longevas. E, como qualquer criatura deste mundo, têm lá seus defeitos. Um dos piores talvez seja a volatilidade do caráter. Para os tradicionais fãs da casta, é uma heresia deparar com vampiros como os de Crepúsculo, de Stephenie Meyer, sucesso extraordinário nos livros ou no cinema. Eles são bonzinhos demais, violentos de menos e, claro, têm tempo de sobra para atormentar a si próprios com dilemas morais.
Se você tem saudade dos bons e velhos – ou melhor, maus e sempre jovens – vampiros, estique o pescoço, de preferência numa sala bem escura, e regozije-se com Deixa ela entrar, o primeiro filme de terror do diretor sueco Tomas Alfredson. As doses de sangue parecem reais, e não sintéticas, como as esguichadas na série televisiva True blood (HBO), outra das recentes “reinterpretações” do mito.
O protagonista de Deixa ela entrar, Oskar, é um garoto de 12 anos que vive na tediosa periferia de Estocolmo. Frágil e medroso, é perseguido por meninos da escola e, incapaz de dar o troco, refugia-se em seu mundo interior, dominado pela literatura, por uma coleção de reportagens sobre mortes violentas e por métodos de vingança. Sim, o garotinho é esquisito e introspectivo e, como em quase todos os filmes do gênero, um ímã para o mal.
Curiosamente, não é o apetite pela destruição que o aproxima das trevas. É a solidão. Enquanto rumina palavras de ódio contra uma árvore, é surpreendido pela presença de Eli, também de 12 anos, também esquisita e solitária. Ela não frequenta a escola, recusa doces e nem sequer sabe como funciona um cubo mágico, um brinquedo onipresente nos anos 1980, período em que se passa o filme.
Oskar consegue gostar de uma garota de pele gélida e com cheiro esquisito, como ele nota, e Eli lhe dá o poder com o qual sempre sonhou para revidar os ataques dos colegas. O problema dessa relação é que Eli é uma vampira – como Claudia, a criança vampira dos livros de Anne Rice. A menina de rosto angelical traz a feiura e a brutalidade da morte à pequena cidade. Mas é um terror com conteúdo. Entre cenas perturbadoras de ataques a jugulares e brigas de meninos mais e mais agressivas, o que guia a história não é a crueldade, e sim a descoberta do outro.
O filme coloca os vampiros em seu lugar de refugiados sem glamour, cujo desejo pelos demais vem do instinto de alimentar-se ou de obter amor. Deixá-la entrar não significa perder a vida para uma menina com sede de sangue nem tornar-se vampiro. A escolha de Oskar é quase um libelo contra as novas histórias de vampiro: aceitá-los como eles são.
"Deixa ela entrar" é para matar a saudade dos vampiros maus e sempre jovens
Anna Carolina Lementy
Vampiros, como se sabe, são criaturas longevas. E, como qualquer criatura deste mundo, têm lá seus defeitos. Um dos piores talvez seja a volatilidade do caráter. Para os tradicionais fãs da casta, é uma heresia deparar com vampiros como os de Crepúsculo, de Stephenie Meyer, sucesso extraordinário nos livros ou no cinema. Eles são bonzinhos demais, violentos de menos e, claro, têm tempo de sobra para atormentar a si próprios com dilemas morais.
Se você tem saudade dos bons e velhos – ou melhor, maus e sempre jovens – vampiros, estique o pescoço, de preferência numa sala bem escura, e regozije-se com Deixa ela entrar, o primeiro filme de terror do diretor sueco Tomas Alfredson. As doses de sangue parecem reais, e não sintéticas, como as esguichadas na série televisiva True blood (HBO), outra das recentes “reinterpretações” do mito.
O protagonista de Deixa ela entrar, Oskar, é um garoto de 12 anos que vive na tediosa periferia de Estocolmo. Frágil e medroso, é perseguido por meninos da escola e, incapaz de dar o troco, refugia-se em seu mundo interior, dominado pela literatura, por uma coleção de reportagens sobre mortes violentas e por métodos de vingança. Sim, o garotinho é esquisito e introspectivo e, como em quase todos os filmes do gênero, um ímã para o mal.
Curiosamente, não é o apetite pela destruição que o aproxima das trevas. É a solidão. Enquanto rumina palavras de ódio contra uma árvore, é surpreendido pela presença de Eli, também de 12 anos, também esquisita e solitária. Ela não frequenta a escola, recusa doces e nem sequer sabe como funciona um cubo mágico, um brinquedo onipresente nos anos 1980, período em que se passa o filme.
Oskar consegue gostar de uma garota de pele gélida e com cheiro esquisito, como ele nota, e Eli lhe dá o poder com o qual sempre sonhou para revidar os ataques dos colegas. O problema dessa relação é que Eli é uma vampira – como Claudia, a criança vampira dos livros de Anne Rice. A menina de rosto angelical traz a feiura e a brutalidade da morte à pequena cidade. Mas é um terror com conteúdo. Entre cenas perturbadoras de ataques a jugulares e brigas de meninos mais e mais agressivas, o que guia a história não é a crueldade, e sim a descoberta do outro.
O filme coloca os vampiros em seu lugar de refugiados sem glamour, cujo desejo pelos demais vem do instinto de alimentar-se ou de obter amor. Deixá-la entrar não significa perder a vida para uma menina com sede de sangue nem tornar-se vampiro. A escolha de Oskar é quase um libelo contra as novas histórias de vampiro: aceitá-los como eles são.
7 pessoas comentaram:
Também assisti este filme e adorei. Queria muito te-lo em dvd...
eu vi o trailer desse filme qdo fui ver brüno e fiquei muito curioso. dizem até q já é considerado por muitos o melhor filme do ano! Vampiros não chamam muito minha atenção mas esse justamente me chamou pelo possível amor q une o garoto a vampira...tenho muito q ver!
Foi aqui no blog que vi os primeiros comentarios sobre o filme, logo depois alguns amigos que sabem como gosto de quase tudo realativo a vampiros o baixaram e me deram de presente.
É uma das coisas que gosto na internet e na globalização, vc tem acesso a esse tipo de filme muito mais facil e oq é melhor o original.
Não temos que temer que só a versão pasteurizada norte-americana chegue por aqui.
Ah, sim! Viva a internet. :D
Sim, e viva o pessoal que ajuda a gente a descobrir perolas como essa.
Ele não vai ser lançado no cinema ou em DVD?
Eu disse no post que está nos cinemas.
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