domingo, 20 de setembro de 2009

Capítulo 5: Ventos de Mudança (Parte 2)


Aqui está, depois de quase um mês, a segunda parte do capítulo 5. Será que alguém ainda está lendo? Como disse na primeira parte, esta é a primeira versão, um capítulo inédito e ainda sem estar conclído. Mas prometo não demorar tanto da próxima vez. Para quem não leu os demais e quiser dar uma olhada – o que me deixaria muito grata, aliás – é só clicar aqui. O arquivo “Ventos de Mudança” reúne os três primeiros capítulos que correspondem aos arquivos com o nome de “Wind”.

Agradeço a quem está lendo a história, quem ainda está disposto/a a continuar. Agradeço pelas críticas e sugestões, especialmente em uma primeira versão. Segue a primeira parte, a segunda deve vir na semana que vem. :)

5º Capítulo: Dúvidas, Angústias e Alguma Teimosia - Parte 2


— Você demorou a voltar. — A Rainha não se virou quando Sir Richard entrou em seus aposentos. Ele havia trocado de roupa e deixado para trás todos os vestígios da luta que tivera com Alan. — Ernestine, traga a bebida favorita de Sir Richard. — Ela despachou a criada.

Richard avançou pelo aposento com o rosto impassível, embora pudesse sentir as vibrações que emanavam da Rainha. Ela estava furiosa e neste estado poderia ser perigosa.

— Por que me desobedeceu? — Ela se virou e seu olhar teria intimidado qualquer um, mas Richard não era qualquer um.

— Não desobedeci. Eles estão vivos.

— Richard, você tentou matar Alan De Brier. — Ela subiu o tom de voz. — Minhas ordens eram claras. Você colocou em risco todo o meu plano.

— Desculpe corrigi-la, Majestade, mas eu não tentei matar, porque eu não tento matar. — Ele fez pausa e seus olhares se cruzaram. — Se eu quisesse matar, eu teria conseguido. Independente do que seus espiões tenham lhe dito. — “Seu espião”, e ele já sabia quem era. — Eu sei que você enviou alguém para a floresta do Amanhecer. — Ele fez pausa. — Não me agrada essa desconfiança, conhece-me o suficiente para saber que eu poderia dar cabo de todos eles... Se quisesse.

Ele avançou e ajoelhou-se diante de Dominique, tomando-lha a mão.

— Dominique, sabes muito bem o quanto eu odeio os De Brier e como é difícil para mim manter o controle em relação a isso. Mas sempre obedeço suas ordens. — Ela não estava de todo convencida. — Sou e continuarei sendo seu mais fiel servidor. — Ele beijou-lhe a mão.

Ela se levantou.

— Não me tome por tola, Richard. Você quase estragou os meus planos. Eu quero aquelas armas. Pouco me importa o que faça com Alan De Brier depois de consegui-las, mas ele precisa continuar vivo por enquanto.

— Prometi-lhe mais de uma vez a espada de Rosas. E eu irei trazê-la. — “E por isso preciso manter Konrad sob meu poder.” — Terei minha vingança, depois.

—Lembre-se de tudo o que me deve. — Ela pegou o cetro mágico que estava alojado em um pedestal e apontou para Richard. — Você sabe bem que sua existência se tornaria muito difícil se eu retirasse minha proteção. — Richard estava de pé agora e ninguém poderia ler o que se passava dentro dele. — Você é um proscrito, um traidor dos de sua raça, não se esqueça disso. E somente está aqui, porque eu, na minha bondade...

— Dominique, não precisa me ameaçar. — Ele interrompeu com uma voz firme. — Eu sei o quanto lhe devo, mas também sei o quão valioso eu sou. Descarte-me se tiver certeza de que outros poderão cumprir tão bem as suas ordens. — A Rainha ficou um pouco pálida. — Percebe que todos temos a perder? E eu, minha senhora, estou vivo há muito tempo para acreditar que poderia escapar mais uma vez aos meus algozes, com engenho e um pouco de sorte. Continuarei fiel. Continuarei prestativo em meus serviços. E terei minha vingança quando chegar a hora. Só não me trate como seus lacaios comuns, Majestade, porque nós dois sabemos que estou muito acima disso. — A criada retornou, mas Richard recusou o copo que ela lhe oferecia. — Agradeço sua gentileza, Majestade, mas preciso de algo mais forte nesse momento. — Ele se curvou. — Com sua licença. — E foi embora sem esperar resposta.

Dominique sentiu-se um pouco atordoada. Richard a tratara com uma arrogância intolerável, no entanto, ela sabia bem que ele não estava mentindo. “Sim, preciso dele. Mas ele não é melhor do que os outros. Eu sou a rainha e ele não é nada. No tempo certo, quando ele não for mais útil, talvez, o deixe testar sua teoria e descobrir se pode ou não sobreviver à Irmandade.”
XXX

Ainda dentro da câmara real, Richard percebera que havia outra pessoa, uma pessoa que ele desprezava, no recinto. Postou-se então na saída secreta e aguardou até que Jerôme se esgueirasse para fora como um rato. Não iria deixar pendentes as contas que tinha para acertar com o moleque.

— Nunca mais se interponha em meu caminho ou ouse me espionar. — Não havia ninguém no corredor além deles. A voz de Richard era baixa, mas nítida e clara. — Sei que estava na Floresta do Amanhecer, sei que tentou envenenar a Rainha contra mim, sei que lançou um feitiço para atrapalhar a noiva fugitiva e o príncipe Guilherme. — Jerôme manteve seu ar controlado e um olhar levemente desafiador. — Devo notificá-lo, pois parece não saber, que não estamos no mesmo nível. Eu posso e irei destruir você se ousar interferir em meus assuntos...

— Ou nos de Konrad. — Jerôme sorriu candidamente. — Sir Richard, eu cumpro ordens. A Rainha me mandou segui-lo e eu o fiz. — Em uma fração de segundo, Richard se deslocou para perto do rapaz e Jerôme pode sentir seu sangue gelar sem que ele nada pudesse fazer.

— Sabe porque você não o escolhi para meu principal discípulo? — Richard deu um meio sorriso e seus dentes brancos e pontiagudos ficaram à mostra. — Não foi somente por causa da espada, do fato de Konrad ser filho do Guardião, foi porque você para mim é transparente. E eu posso perceber o quão vil e indigno você é do grande dom que eu posso oferecer.

Jerôme estava lívido de raiva. Ele queria manter a fleuma, mas não conseguia articular palavra. Pensou em atacar Richard usando alguma magia que conhecesse, mas era como se estivesse esvaziado de qualquer vontade, atado por cordas invisíveis.

— Os truques que aprendeu não se comparam ao poder que eu possuo. Não se esqueça disso, pois de uma próxima vez não vou hesitar em tirá-lo do caminho, ainda que tenha que privar a Rainha de seu novo amante barato. Aliás, deveria saber que sua função aqui nunca vai passar muito disso, um brinquedo de alcova. — E com a mesma rapidez ele se foi.

A cabeça de Jerôme rodava, sentia-se nauseado e, ao mesmo tempo, fascinado com o que o esperava, pois um dia, ele cria ainda seria como Richard, nem que para isso tivesse que tirar a força os seus poderes. “Eu certamente mereço, mereço mais do que aquele imbecil do Konrad ser um vampiro tão poderoso. E não aceitarei menos que isso, não serei menos que isso. E nunca mais deixarei a minha guarda baixa.”
XXX

— Quanto tempo ainda até que amanheça? — Alda comentou para si mesma num suspiro.

— Aqui parece que o tempo passa de forma diferente... — Guilherme falou com ela pela primeira vez, porque precisava falar, ficar calado para ele era uma tortura. — Essas fadas queriam tanto que viéssemos para este lugar e nos deixam aqui do lado de fora...

Alguma coisa se mexeu, na verdade, havia várias coisas se mexendo no chão. Erik ficou de pé rapidamente e Alda colocou a mão no punho da espada.

— Milady...

— Shhh...

Estavam os três tentando descobrir de onde vinham os barulhos, quando, de repente, uma mão agarrou o tornozelo de Guilherme que ao tentar se soltar, arrastou um cadáver. Não, não, não era um cadáver, aquela coisa parecia viva.

— Um fantasma! — Guilherme gritou.

— Não... É sólido demais para ser um fantasma. — Alda comentou desembainhando a espada e respirando fundo.

Guilherme cortou a mão que prendia seu tornozelo, mas ela não se desprendeu. Ao tentar retirá-la, percebeu que ela apertava ainda mais a sua perna. O ser sem mão, também continuava avançando. Erik se abaixou e tentou cortar os dedos que estavam agarrados à perna de Guilherme.

— É inútil!

— Largue a minha perna, ou eles vão agarrar outras de nossas partes. — Ele respirou fundo, pois sua perna estava ficando dormente. — Ajude sua senhora. Deixe que eu me viro sozinho. — Dito isso, partiu para cima dos seres disformes que saíam da terra cada vez em maior número ignorando a dor que começava a sentir.

Alda estava lutando, mas nada parecia funcionar. Mesmo sem os pedaços, os seres continuavam levantando. Uns usavam armaduras muito antigas, que ela teria visto em desenhos de livros, outros, usavam roupas mais modernas, mas todos, definitivamente, não eram humanos, ou pelo menos não mais. O cheiro de morte, um odor insuportável, também confirmava as suspeitas. Respirar era difícil. Erik atirava flechas, mas elas também não surtiam efeito. Guilherme usava sua espada com precisão, mas não tinha melhor sucesso do que os outros dois. Eles por fim foram cercados.

— O sol está nascendo. — Erik falou.

— Espero que isso indique que estamos salvos...

— É assim que as coisas funcionam nos contos de fada, não é? — Comentou Guilherme com um sorriso debochado. Seu tornovelo doía, a mão ainda estava lá e ele temia perder sua perna.

A cachoeira se abriu e uma fada pequenina e morena, apareceu. Ela era muito diferente de Palma, e vestia uma roupa sem adereços, além de um véu que lhe cobria os cabelos. Seu rosto era redondo e seus olhos amendoados e castanhos. Ela começou a falar com uma voz doce e aveludada:

— Sim, vocês estão salvos. Mas não fomos nós que colocamos esses seres aqui, nós não lidamos com mortos, isso não foi um teste. — Tinha sido Jerôme o autor do feitiço, ele deixara a armadilha pronta para quando o resto do grupo chegasse. — Alguém convocou os que estavam há muito mortos e, por isso, suas cascas vazias e putrefatas saíram da terra. — Ela respirou fundo e continuou com uma voz firme e límpida: — Voltem para o lugar de aonde vieram. Do pó ao pó. Seu tempo neste mundo já passou. — E uma nuvem de poeira negra desprendeu-se de suas mãos erguidas. O solo tremeu sob os pés deles e a terra se abriu para receber de volta os cadáveres nas suas entranhas. A mão que prendia o tornozelo de Guilherme se soltou e ele cambaleou. Alda jogou a espada no chão e tentou ampará-lo:

— Não me toque, sua aberração! — Berrou. — Já disse que me viro sozinho!

— Como quiser. — Alda disse mordendo o lábio e deixou Guilherme despencar no chão e limpou as mãos na roupa, como se estivesse ela mesma infectada. Depois pegou sua espada e a colocou na bainha.

A pequena fada torceu o nariz. “Não vai ser fácil”, pensou a fada.

— Meu nome é Violeta, a fada da terra. Estou aqui para servi-los. — Ela se curvou de forma graciosa e apontou para a cachoeira aberta. — A Fada Ádina e seus companheiros os esperam. Entrem antes que a passagem se feche.

6 pessoas comentaram:

Oba, mais uma parte.

Concordo com a fada, Guilherme vai dar tabalho. ^^

Obrigado por ter me avisado.

Vc devia colocar no Twitter p/ mais pessoas conhecerem.

Eu queria que a Alda desse chega pra lá no Guilherme, ele tá merecendo D:, que sujetinho mais detestável. Eu só espero que no final eles não acabem juntos, o Erik é tão mais fofinho *.*.

Ah, Anderson, eu realmente fico com vergonha de postar no Twitter. Talvez faça um post de propaganda no próprio blog. Mas, pelos downloads lá no 4shared, eu sei que pouca gente está lendo. :) C'est la vie.

Mary, o Guilherme tem cura... só vai demorar um pouco. :)

Mas vc não gosta do Lívio?

Sim, pelo jeito que a história vai caminhando o Guilherme parece que tá melhorando, mas acho que o que mais me faz detestar ele ainda mais é que ninguém realmente deu um chega pra lá nele como eu disse, ele sempre tem um atitude desprezível e geralmente tanto a Alda quanto o Erik só o ignoram (seria interessante se Alda batesse nele ou no mínimo respondesse a altura, tipo a Tsukushi em Hanadan), eu sei que possívelmente uma hora ou outra ele vai perceber tudo que ela fez por ele e ajudou ele e tal e também que ela era a dama que deu água pra ele quando estava morto de sede e talvez ele até acabe gostando dela no final, mas a Alda tem duas opções bem melhores, o Erik e o Lívio, que eu tinha até esquecido, mas que ainda tá lá pra contar, mas entre o Lívio e Erik, com certeza eu sou mais o Erik, não só porque a fidelidade dele a Alda é super, mas também porque me lembra a relação da Oscar com o André em Rosa de Versalhes, e agora que eu me lembrei que ele também me lembra o Alcheon de QSD (que é uma série que eu tô vendo agora) e eu adoro o Alcheon, é o meu personagem favorito junto com o Bidam *.*, aliás, eu ia falar no comentário anterior, mas eu achei que era meio desnecessário, enfim, mas já que tem tanto personagem na sua história (tantos que eu até tinha esquecido do Lívio), mas ainda tava faltando o tipo psicopata maluco(ou pelo menos eu não consegui identificar nenhum dos personagens assim), tá certo que esse tipo de personagem só tem presença obrigatória nos manhwas (principalmente os da Hwang Mi Ri, sempre tem um nos manhwas dela) e séries coreanas, mas é um tipo de personagem tão interessante, e pelos comentários no site pelo qual eu tenho assistido QSD eu percebi que não sou só eu que adora esse tipo de personagem, parece que o Bidam em si é o personagem favorito entre as pessoas que assistem a série ^_^.

Bem, o Guilherme ainda vai fazer muita burrada até que se conserte. Ele é mulherengo, então, isso será usado contra ele. É falastrão, vai tentar se impor como líder do grupo e entrar em choque também com o Alan. Enche o saco do Haroldo... Mas ele tem, como direi, um “bom coração” e é um grande guerreiro, isso ele mostrará logo.

Eu entendo o esquecimento. Há muita gente nessa história, sim. E até por conta disso, muita gente vai morrer. E antes da metade da história. E acho que algumas mortes podem não agradar muito, claro, mas são fundamentais para o andamento da coisa toda, ou para demonstrar o absurdo que é qualquer guerra. Eu gosto muito do Erik e do Lívio. ^_^ Ambos já tem destino certo.

Não sei se existe o psicopata na história, mas há algumas personagens que são capazes de coisas muito cruéis. Humberto é um deles. Ele é incapaz de qualquer bom sentimento. Jerôme também é capaz de crueldades sem tamanho, e não tem remorso. Breve entram na história a Catarina (uma bruxa) e a Branca que são capazes de qualquer coisa. Konrad vai ter uma grande carga de vilanias nas costas logo, logo, pois espero começar a publicar o capítulo 6 em breve. E Lucília é bem desequilibrada. Mas não diria que ninguém é psicopata. :P

Muito obrigada por comentar, Mary.

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