Esta matéria sobre josei foi publicada no jornal espanhol Público e o link foi passado pelo Pro Shoujo Spain. Apesar de estar em espanhol, eu decidi que valia a pena traduzir, pois muitos falantes de língua portuguesa tem dificuldades em ler nesta língua tão próxima da nossa. Enfim, meus comentários estão nas notas.
A Mulher Jovem busca um quadrinhos a sua altura
A Mulher Jovem busca um quadrinhos a sua altura
As editoras publicam mangás com temáticas mais maduras para leitoras adultas
Não carregam pasta, nem mochila com livros escolares.[1] Nem todas aparecem vestidas como lolitas, nem são fanáticas por cosplay (fantasiar-se como personagens de quadrinhos, filmes ou animes japoneses). E, acima de tudo, não tem 15 anos, porque as revistas em quadrinhos japoneses não são somente para essas leitoras.
As mulheres entre 18 e 30 anos também consomem mangá, ainda que não sejam seu público majoritário. Elas cresceram lendo os volumes para adolescentes (denominados shoujo em japonês) e as aventuras para os garotos (shounen) e agora pedem títulos mais maduros que respondam às suas expectativas.
Iris é uma destas leitoras. Agora tem 26 anos, porém está ligada aos mangás desde os oito anos, graças à Dragon Ball. “No mercado há muitos títulos shoujo, porém, são mais infantis e se tornaram muito restritos para mim”, explica. Por isso, esta estudante de engenharia, técnica agrônoma em alimentação,[2] se inclina para histórias mais maduras, como o yaoi (centradas em relações amorosas entre rapazes)[3] e mangás destinados a adultos publicados com a etiqueta de seinen, “que são mais complicados e te envolvem mais”.
Entretanto, nem todas as leituras adultas cresceram lendo mangá e algumas delas os descobriram mais tarde, uma tendência que, segundo o editor de mangás da Planeta de Agostini Cómics, Ignasi Estapé, vem aumentando.
Assim, o mangá se estabeleceu como a porta de entrada da mulher no mundo dos quadrinhos, explica Helena Muzás, editora da linha de shoujo mangá e em catalão da Glénat. Esta editora acaba de inaugurar uma linha para leitoras entre 18 e 30 anos (segmento alvo do josei) com o mangá Tokyo Style.[4] Este mangá de Moyoco Anno, é protagonizado por Hiroko Matsukata, uma jornalista que dedica sua vida à profissão e que para ser bem sucedida adota um papel masculino.
Com o título original de Hataraki Man (Homem Trabalhador), é um “reflexo da sociedade japonesa”, onde a figura masculina é o referente no mundo do trabalho, apesar de no Japãp atual “as mulheres tardam mais a casar-se ou não se casam e já não abandonam sua carreira profissional”,[5] explica.
Neste sentido, o editor da Planeta de Agostini Cómics considera considera que os autores japoneses, conscientes da influência que tem o mangá nos EUA e Europa, estão adaptando suas história spara “uma leitora mais internacional e para uma mulher moderna”.
Esta tendência de tratar os temas de forma mais realista e adulta, sem tanta fantasia como nos shoujo, não é uma novidade no panorama editorial japonês, perito em publicar obras para todos os públicos e gostos, mas, na verdade, é agora que ele está chegando na Espanha, segundo Annabel Espada, editora de mangá de Norma.
Entre os títulos que as leitoras adultas podem encontrar por esta ditora, estão Life que trata de bullying na escola,[6] e Nodame Cantabile, que relata a história de alguns jovens que estudam música clássica em um conservatório. Este título tem 21 volumes e na Espanha já foram publicados 9 volumes.
No entanto, este mangá de longa duração não parece desanimar os seus seguidores. “As leitoras de mangá são bastante fiéis e quando gostam de uma séire, compram, o que acontece é que os títulos campeões de venda tendem a ser os shounen”, explica.
Etiquetas à japonesa
Apesar de todos estes termos soarem precisos, as linhas que separam todo este magma de publicações não são rígidas. “As etiquetas são para orientação” e o fator fundamental é o gosto do leitor, independente de sua idade e gênero, reconhece Espada.
Além disso, a este leque de opções é preciso somar os quadrinhos coreanos (manhwa), como Historia color tierra ou Bicicleta roja (Planeta de Agostini Comics), de Kim Dong-Hwa, e revistas do gênero yaoi, cujo “público majoritário, é composto de 90% de mulheres”, segundo explica Emilio Bernárdez, diretor de produção e editor da La Cúpula, que publica estes quadrinhos.
Todas estas histórias que convidam à evasão e que, às vezes, permitem a identificação das leitoras se colocam a serviço de um público, cuja idade, segundo Espada, lhe dá “maior predisposição a experimentar”.
[1] Bobagem. Há vários josei que tem colegiais como protagonistas, ou crianças, ou mesmo bebês e animais de estimação. O que muda é o público alvo e a forma como as histórias são ou deveriam ser apresentadas. Aliás, muitos josei são absolutamente rasos em suas histórias, mas as protagonistas adultas e o sexo talvez faça a diferença.
Não carregam pasta, nem mochila com livros escolares.[1] Nem todas aparecem vestidas como lolitas, nem são fanáticas por cosplay (fantasiar-se como personagens de quadrinhos, filmes ou animes japoneses). E, acima de tudo, não tem 15 anos, porque as revistas em quadrinhos japoneses não são somente para essas leitoras.
As mulheres entre 18 e 30 anos também consomem mangá, ainda que não sejam seu público majoritário. Elas cresceram lendo os volumes para adolescentes (denominados shoujo em japonês) e as aventuras para os garotos (shounen) e agora pedem títulos mais maduros que respondam às suas expectativas.
Iris é uma destas leitoras. Agora tem 26 anos, porém está ligada aos mangás desde os oito anos, graças à Dragon Ball. “No mercado há muitos títulos shoujo, porém, são mais infantis e se tornaram muito restritos para mim”, explica. Por isso, esta estudante de engenharia, técnica agrônoma em alimentação,[2] se inclina para histórias mais maduras, como o yaoi (centradas em relações amorosas entre rapazes)[3] e mangás destinados a adultos publicados com a etiqueta de seinen, “que são mais complicados e te envolvem mais”.
Entretanto, nem todas as leituras adultas cresceram lendo mangá e algumas delas os descobriram mais tarde, uma tendência que, segundo o editor de mangás da Planeta de Agostini Cómics, Ignasi Estapé, vem aumentando.
Assim, o mangá se estabeleceu como a porta de entrada da mulher no mundo dos quadrinhos, explica Helena Muzás, editora da linha de shoujo mangá e em catalão da Glénat. Esta editora acaba de inaugurar uma linha para leitoras entre 18 e 30 anos (segmento alvo do josei) com o mangá Tokyo Style.[4] Este mangá de Moyoco Anno, é protagonizado por Hiroko Matsukata, uma jornalista que dedica sua vida à profissão e que para ser bem sucedida adota um papel masculino.
Com o título original de Hataraki Man (Homem Trabalhador), é um “reflexo da sociedade japonesa”, onde a figura masculina é o referente no mundo do trabalho, apesar de no Japãp atual “as mulheres tardam mais a casar-se ou não se casam e já não abandonam sua carreira profissional”,[5] explica.
Neste sentido, o editor da Planeta de Agostini Cómics considera considera que os autores japoneses, conscientes da influência que tem o mangá nos EUA e Europa, estão adaptando suas história spara “uma leitora mais internacional e para uma mulher moderna”.
Esta tendência de tratar os temas de forma mais realista e adulta, sem tanta fantasia como nos shoujo, não é uma novidade no panorama editorial japonês, perito em publicar obras para todos os públicos e gostos, mas, na verdade, é agora que ele está chegando na Espanha, segundo Annabel Espada, editora de mangá de Norma.
Entre os títulos que as leitoras adultas podem encontrar por esta ditora, estão Life que trata de bullying na escola,[6] e Nodame Cantabile, que relata a história de alguns jovens que estudam música clássica em um conservatório. Este título tem 21 volumes e na Espanha já foram publicados 9 volumes.
No entanto, este mangá de longa duração não parece desanimar os seus seguidores. “As leitoras de mangá são bastante fiéis e quando gostam de uma séire, compram, o que acontece é que os títulos campeões de venda tendem a ser os shounen”, explica.
Etiquetas à japonesa
Apesar de todos estes termos soarem precisos, as linhas que separam todo este magma de publicações não são rígidas. “As etiquetas são para orientação” e o fator fundamental é o gosto do leitor, independente de sua idade e gênero, reconhece Espada.
Além disso, a este leque de opções é preciso somar os quadrinhos coreanos (manhwa), como Historia color tierra ou Bicicleta roja (Planeta de Agostini Comics), de Kim Dong-Hwa, e revistas do gênero yaoi, cujo “público majoritário, é composto de 90% de mulheres”, segundo explica Emilio Bernárdez, diretor de produção e editor da La Cúpula, que publica estes quadrinhos.
Todas estas histórias que convidam à evasão e que, às vezes, permitem a identificação das leitoras se colocam a serviço de um público, cuja idade, segundo Espada, lhe dá “maior predisposição a experimentar”.
[1] Bobagem. Há vários josei que tem colegiais como protagonistas, ou crianças, ou mesmo bebês e animais de estimação. O que muda é o público alvo e a forma como as histórias são ou deveriam ser apresentadas. Aliás, muitos josei são absolutamente rasos em suas histórias, mas as protagonistas adultas e o sexo talvez faça a diferença.
[2] Não entendi se era um ramo da engenharia, ou se ela já era técnica antes de fazer engenharia.
[3] Mais maduras ou com mais sexo? Essa é uma das maiores falácias que eu já ouvi, no entanto, agrada a muitas fãs do gênero BL-Yaoi, e é repetida para justificar algo que não precisaria de justificação. Gosto é gosto, oras.
[4] Hataraki Man, que não é josei, é seinen. Já falei várias vezes que poderia ser josei, mas saia em uma revista seinen e ponto final.
[5] Este último aspecto é muito questionável, basta pegar as estatísticas japonesas. Sobre isso, consultem estes dois posts: Heroína dos quadrinhos vira a mesa no ambiente de trabalho japonês e Ranking de Desigualdade de Gênero.
[6] Life é shoujo, só para constar. Ao que parece este pessoal não tem muito critério. Dance, Subaru, Dance, que é um mangá seinen de balé, foi anunciado na Espanha como josei.
[3] Mais maduras ou com mais sexo? Essa é uma das maiores falácias que eu já ouvi, no entanto, agrada a muitas fãs do gênero BL-Yaoi, e é repetida para justificar algo que não precisaria de justificação. Gosto é gosto, oras.
[4] Hataraki Man, que não é josei, é seinen. Já falei várias vezes que poderia ser josei, mas saia em uma revista seinen e ponto final.
[5] Este último aspecto é muito questionável, basta pegar as estatísticas japonesas. Sobre isso, consultem estes dois posts: Heroína dos quadrinhos vira a mesa no ambiente de trabalho japonês e Ranking de Desigualdade de Gênero.
[6] Life é shoujo, só para constar. Ao que parece este pessoal não tem muito critério. Dance, Subaru, Dance, que é um mangá seinen de balé, foi anunciado na Espanha como josei.
3 pessoas comentaram:
Pena, pela chamada parecia ser uma boa materia sobre a diversidade do publico alvo dos mangas, mas para variar não foi feito o dever de casa.
Alias, eu não sei pq com tantos mecanismos p/ busca de informações, alguns profissionais não se esforçam p/ ter dados completos antes de noticiar algo?
Queria que lançassem mais joseis por aqui.Queria que lançassem "Kimi Wa Pet" e "Antique Bakery".Assisti ao Dorama de "Kimi..." e amei,idem para o anime de "Antique..."
Mangás Yaoi são "mais maduros"? Que absurdo. Existem sim os com conteúdo mais adulto (e não estou dizendo isso por causa de cenas de sexo), como também existem muitos, muitos feitos para adolescentes/jovens.
Como você disse, Valéria, não passa de desculpa.
E como disse a Princesa, também gostaria de ver joseis por aqui.
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