segunda-feira, 29 de junho de 2009

Entrevista com Riyoko Ikeda - Parte 8



Mais uma parte da entrevista com Riyoko Ikeda. Agora, falta somente o final da conversa que está no quarto volume. Aqui, ela fala das personagens masculinas ficcionais. Me decepciona dizendo que preferia o Girodel ao André, reclama do que fizeram com o Alain no anime. Eu também acho o Alain do anime muito diferente, mas não pelos mesmos motivos. Aliás, mesmo no mangá não fica claro para mim que Alain é quase 10 anos mais novo que Oscar e André, eles parecem ter a mesma idade.

A historinha da prostituta já era conhecida, mas acho muito desnecessária, afinal, ficou fora do mangá. E acredito que seja uma hiper-idealização romântica, como no caso de Fersen e suas amantes, acreditar que seja um “segredo” o fato de André, no final das contas, não ter permanecido virgem até seus 35, 36 anos. Eu também gosto do Girodel do mangá, mas nenhum dos homens da Ikeda supera o André. As leitoras sacaram isso antes dela, e embora ela não comente, duvido que não tenham sido as cartas a precipitar a sua decisão por ele.

Para as outras partes da entrevista, é só clicar: 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7. A imagem do post é um fanart e veio deste site aqui.
ENTREVISTADORA: Os outros homens que circulam Oscar, em contrapartida, são todos nascidos na sua fantasia.


RIYOKO IKEDA: Sim, André, no início não tinha a importância que assumiu no final da trama. Era um companheiro de Oscar desde o seu nascimento, mas não tinha planejado que se apaixonasse por ela. No fim do mangá, seu amor pode parecer puríssimo e absoluto, mas, na realidade, também André algo “escondido” em seu passado: quando se declarou para Oscar já tinha tido sua primeira experiência sexual com uma mulher, uma prostituta do Palais Royal! Porque escolhi uma figura semelhante para ser a iniciadora de André à sexualidade, explico sem problema: me impressionou descobrir que um grandioso herói como Napoleão Bonaparte conheceu pela primeira vez o amor com uma prostituta do palácio, e decidi utilizar aquele episódio com André, ainda que no mangá, no final das contas, este fato não tenha sido citado. Alguns anos depois da Rosa de Versalhes decidi contudo transpor ao mangá a vida do próprio Napoleão, na obra Eroica que eu sei que terá seu lançamento em breve na Itália.

Outro personagem da minha imaginação, e que é provavelmente o homem que mais amo neste mangá, é Girodel. É a encarnação da classe e do refinamento da verdadeira nobreza francesa, expressa, sobretudo no modo galante do seu consentimento em renunciar a Oscar. Quando decidi que seria André a amá-la, pensei que devia eliminá-lo de cena, porque um plebeu como André não teria nenhuma esperança de impedir o seu matrimônio com Oscar. Creio que de alguma maneira Girodel, ainda que não apareça muito no mangá, tenha sobrevivido à revolução.

Depois vem Alain, este rapaz de 26, 27 anos na época da Revolução, que esconde debaixo de uma carapaça rude, um coração sensível, secretamente apaixonado por Oscar. Recordo-me da raiva que senti quando me disseram que no final do anime o tinham retratado vestido de camponês e que cuidava de uma lavoura! Na realidade, Alain continuou a carreira militar, mantendo imutável o seu amor por Oscar. E é vestido de soldado que se torna uma das personagens principais de Eroica.


ENTREVISTADORA
: Quando escolheu entre estes personagens aquele teria seu amor por Oscar correspondido?


RIYOKO IKEDA
: Pensei que era chegado o momento de fazer Oscar se apaixonar, depois de retratar o amor impossível de Fersen e Maria Antonieta. Em torno dela orbitavam outras personagens masculinas que eu imaginei que poderiam ser possíveis candidatas ao seu amor, por exemplo, o Cavaleiro Negro. No final, porém, André me pareceu a escolha mais natural, porque tinha a vantagem sobre os outros de sempre ter estado próximo dela desde a infância e portanto a conhecia melhor que qualquer outro. Sinceramente, não me recordo, porém, qual foi a ocasião ou o momento preciso em que decidi optar por ele...

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