segunda-feira, 29 de junho de 2009

Como se constrói um vampiro ficcional...



Passando pelo site Suburban Vampire, vi link para uma entrevista do Vampire Festival [*em Nova Orleães... Onde mais?*] com a Tania Huff, autora da série de livros que deu origem ao seriado [*já cancelado*] Blood Ties. A série já foi cancelada, o primeiro livro, eu comprei e mal comecei, mas o vampiro que ela criou, Henry Fitzroy, interpretado por Kyle Schmid, é uma graça, sem ser mala ou vegetariano. Daí, achei que valia a pena traduzir a parte da entrevista na qual ela fala como criou seu vampiro e, claro, como qualquer autor ou autora que mereça o nome diz que leu outras pessoas e no que se inspirou, vamos lá:

VF: Toda escritora de ficção sobre vampires precisa calcular quais atributos tomará emprestado dos mitos e lendas. Para aqueles que não são familiares com a personagem Henry Fitzroy, quais são seus pontos fortes e fraquezas como vampiro?

TH:
Eu essencialmente mantive todo topoi (modelo) tradicional que eu pudesse justificar. Narcóticos podem tornar os sentidos mais apurados e a necessidade de sangue é essencialmente um vício então a Henry é forte e rápido, com a visão, olfato, e audição mais apuradas. Ele tem todas as habilidades do Príncipe das Trevas de controlar as mentes porque porque o terror mais primário tem efeito direto nas respostas do romboencéfalo [*WTF?! Não lembro disso nas aulas de biologia.*]... okay, com toda a honestidade, ele faz isso principalmente porque é sexy. [*Concordo*]


Porque personagens poderosas têm que possuir fraquezas igualmente poderosas ou eles se tornam chatos, e porque o campo eletromagnético da Terra muda quando o sol nasce, ele “dorme” durante o dia. Todos nós sabemos do perigo dos raios ultravioleta, então Henry entra em combustão e literalmente queima ao ser exposto à luz do sol. Uma estaca no coração vai matá-lo, mas isso mata qualquer um – ele sara muito rápido mas tudo o que é preciso é um ferimento tão crônico que o coração dele para de funcionar. Ele tem reflexo no espelho, porque eu não pude racionalizar nenhuma mudança na física [que explicasse].

E ele não vira um morcego, porque isso é... bem, é idiota. [*eu não acho*]. Apesar de ter Dracula se transformando emu ma multidão de morcegos em Dracula de Bram Stocker pelo menos lida bem com a questão da conservação de massa. [*mas que preocupação... então vampiros precisam respeitar as leis da física?*]



VF:
Henry é baseado no filho de Henrique VIII. Como você decidiu que pegaria uma personagem histórica da nobreza britânica e o transformaria em um vampiro que eventualmente aparece na Toronto dos dias de hoje?


TH:
Estava lendo um livro sobre os Tudors e eu esbarrei na descrição da morte de Henry Fitzroy. Ele estava perfeitamente saudável até os 17 anos e, então, subitamente, em poucos meses, tornou-se pálido e de aparência doentia e finalmente morreu. A patologia forense moderna sugere que ele provavelmente estava com tuberculose, mas isso certamente pareceu que ele encontrou com um vampiro para mim. (Uma das teorias da época é que ele tinha sido envenenado por Ana Bolena) [*Antonia Fraser não fala disso… E olha que ela comenta as várias acusações feitas contra Ana Bolena.*] Eu achei que poderia utilizá-lo, porque ele não é uma personagem histórica particularmente bem conhecida. Também, há uma boa razão para que muitos vampiros venham das classes sociais mais elevadas – é muito mais fácil sair de uma tumba do que cavar a sua saída quando você está sete palmos sob a terra. E quanto a aparecer no Canadá, bem, nós somos um dos países da Commonwealth. [*Ha! Há!*]

8 pessoas comentaram:

Interessante as questões por ela apresentadas, mas eu não me preocupo muito com a questão "realista" quando o assunto é vampiros.

Para mim, mudar de forma, não refletir em espelhos e ter que pedir permissão p/ entrar nas casas não precisa ter uma explicação cientifica.

mas uma duvida, se o Fiztroy morreu aos 17, pq o personagem dela aparenta mais do que isso?

Bem, o ator aparenta... mas eu acredito que um sujeito de 17 anos que liderava exército desde os 15, não me surpreenderia se parecesse mais velho que o adolescente protegido da classe média dos nossos dias.

Vampiros são os personagens que mais tiveram releituras ao longo da história do entretenimento.

Algumas soaram como maluquices e outras como boas sacadas. O que importa é que elas estejam de alguam forma integradas àquelas referidas releituras.

O problema maior nisso tudo é que muitas essas tentativas de explicações tiram o teor fantasioso das histórias e a colocam num lado muito de ficção científica, que quase sempre diluem o gosto original do desejo/terror.

Commonwealth - eu não sei o que é isso. Podem me explicar???

Ah, não esquecendo que eu que indiquei. Ei queria que os livros fossem traduzidos para português, compraria todos, com certeza.

Gostei da entrevista. O tema "vampiros" sempre me atraiu muito.

Eu só acho engraçado alguns fãs de certos livros como "Entrevista com o Vampiro" ou do RPG "Vampiro - a máscara" acharem absurdas a criação de outros autores, como se somente o universo vampírico de seus objetos de "culto" fossem válidos e corretos.

Cansei de ouvir gente reclamando de outras obras pois "vampiros de verdade não são assim, são assado" ou "não tem nada a ver esse vampiro". Como se vampiros fossem seres reais...

Acho que como um mito de origens e versões diversas não existe uma só verdade. Qualquer um pode chegar e inventar seu próprio universo de vampiros, com suas habilidades e fraquezas.

Também achei interessante e até engraçado o processo de criação da autora. Nunca tinha pensado em aplicar as leis da física para os vampiros, mas enfim...

Realmente, vampiro virar morcego é muito brega! Risos
Também nunca achei lógica os vampiros clássicos, não terem reflexo! Alguem me explica?? Complexo de Dorian Gray?? XD
Ah, mais como é um universo muito vasto, os dos vampiros, cada um cria o seu como achar melhor! Mais realistas, ou mais fantasticos. O importante é que se crie! E que possam nos divertir! E que venham mais Vampiros!!! \o/

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