sábado, 9 de maio de 2009

Comentando Star Trek - Respeitoso e Inovador



Acabei de chegar da sessão de Star Trek (Jornada nas Estrelas), não resisti, e preciso dar o braço a torcer: o filme é a melhor coisa da franquia que vejo em muito tempo. Dito isso, acho que aquelas matérias abobrinha afugentando os fãs e dizendo horrores agora me parecem propaganda enganosa ou marketing calculado. Daí, não vou dizer que me enganei, as matérias é que me conduziram a uma repulsa ao filme, pelos comentários desrespeitosos e cretinos que trouxeram. O que me fez arriscar foram as críticas positivas e a opinião de alguns amigos.

O filme é acima de tudo muito respeitoso com a Série Clássica e quem montou o roteiro é conhecedor profundo da série, até as traições – por assim dizer – tinham um pé em conhecimento prévio. Até a citação de Sherlock Holmes que Spock faz no filme seis está lá. E Spock + Sherlock Holmes é tudo que eu mais gosto... E xaropada do jeito que eu estou hoje (*triste, cansada, ficando gripada*) é fatal. Não tem como dizer que não gostei.

Antes que eu me perca, vamos ao primeiro exemplo de grande conhecimento de Jornada: Checov. Eu fiquei de cabelo em pé quando vi o russo na ponte, como alferes (*quando os caras que estavam saindo da academia já estavam tenentes, o que foi um dos poucos grandes erros*), quando ele era o mais jovem da tripulação. Mais adiante, porém, ele se mostra um jovem gênio, tem sua competência atestada por Spock, e diz ter 17 anos. O reconhecimento do talento de Checov por Spock é um dos bons momentos da Série Clássica e foi colocada no filme como referência direta. Assim, explica-se ele ter um “posto” menor e, ao mesmo tempo, estar ali antes, só foi absurdo deixarem o tal alferes no "comando" da nave uma ou duas vezes. Isso, claro, é algo que nenhum capitão faria, ainda masi com oficiais mais graduados na ponte. Óbvio, que para explicar esta e outras alterações, eu teria que entregar um grande spoiler e uma das melhores seqüências. Não vou fazer isso.

Como essa seqüência só aparece lá pelo meio do filme, e tem como seu grande protagonista Leonard Nimoy (*sim, ele estava no filme para trabalhar e não somente servir como “chama trekker”, como uma das matéria insinuou*), eu torci o nariz para muita coisa. Kirk é um grande babaca, mudam suas origens, verdade, mas a tal seqüência com Spock ajuda a entender um pouco porque ele estava tão alterado.

Obviamente, a seqüência com Kirk moleque ao estilo “Velozes e Furiosos” tem a mesma função da corrida dos pods lá do primeiro filme da nova trilogia de Guerra nas Estrelas. Não tem função alguma e apelo ZERO para mim que não sou um garoto de 12 anos e acho esses recursos muito rasteiros. Aliás, o cara menos interessante do roteiro é exatamente o ator que faz o Kirk, mas eu nunca gostei do Capitão. Torná-lo mais imbecil só me fez esfriar mais. Se bem que, de novo justiça seja feita, as cenas dele com Spock e depois da seqüência com o Leonard Nimoy são muito boas.

Como falei da patente do Checov, eis um dos erros. Tudo bem que qualquer um que acompanhe Jornada sabe que os postos da Federação são zoneados mesmo, que apadrinhados ascendem mais rápido e tudo mais, só que o sujeito não sai tenente da academia, muito menos comandante. E, claro, McCoy e Spock são mais antigos que Kirk, enquanto Sulu é mais moderno que o capitão, como se diz em jargão militar. Nisso eles foram frouxos. Além disso, todo mundo usava a insígnia da Enterprise coisa que não era assim na Série Clássica, onde cada nave tinha a sua insígnia.. Também não gostei de terem chupado os uniformes do Império de Guerra nas Estrelas e enfiado nos oficiais que servem na Academia da Frota. Até o quepezinho os caras usam.

Mas o melhor do filme é o Spock, o ator Zachary Quinto. Ele estudou os trejeitos do Nimoy, em alguns momentos, ele é o Nimoy. Em algumas cenas de perfil ele é o jovem Nimoy dos anos 60. Interpretação espírita, caso Nimoy estivesse morto. Por isso que os dois em cena ao mesmo tempo é mais impactante ainda. É como se fossem a mesma pessoa. E, bem, a cena de ambos no final, além de zuarem a burrice do Kirk, é linda, linda, linda. Como disse, eu estou bem xaropada, quase chorei... E quando entraram os acordes da música original com o Nimoy falando “O espaço, a fronteira final, essas são as viagens...”. Foi muito bom!

Até o romance de Spock com Uhura me pareceu plausível. Houve um ou dois episódios da Série Clássica em que Uhura joga charme para o vulcano, foi daí que eles puxaram a coisa. A atriz que faz a Uhura também estava excelente, ainda que somente ele andasse de braços de fora durante boa parte do filme. Não parece em nada com a original, mas é muito elegante e passou a imagem de eficiência e competência que lembrava a Uhura de Série Clássica. A única mulher da ponte que não estava lá para servir cafezinho e se jogar para cima do Kirk. Ou seja, parecia e não parecia, mas estava excelente.

Falando em mulheres que amam Spock, a enfermeira Chapel é referida por nome em uma cena, mas não a vi, não sei se foi ato falho meu ou ela não estava. Aliás, acho que faltou uma homenagem à esposa do Roddenberry, poderiam ter colocado a primeiro oficial do The Cage, mesmo que fosse para matá-la, afinal, até o Pike aparece. Eu acrescentaria isso e, talvez, só isso. Até o “bichinho” do Scotty – que é um ator hilário – não atrapalha. Tudo fluiu bem. Os problemas são poucos, como a bebida cardassiana... acho que os cardassianos, um dos meus aliens favoritos de Jornada, não eram conhecidos na época da Série Clássica, assim como o rosto dos romulanos nunca tinha sido visto até aquele memorável episódio Balance of Terror, inspirado no filme A Raposa do Mar que se passa na II Guerra Mundial.

E, para terminar, acho que de o maior mérito do filme foi resgatar a dignidade dos vulcanos. Uma das coisas que estavam zoneando na franquia era exatamente o povo de Spock. Gente como o Tuvok, de Voyager, só fez vergonha e o mesmo vale para as vulcanas fanservice de Enterprise e os embaixadores vulcanos bestinhas que volta e meia pintavam em Deep Space Nine. Ben Cross, que encarnou o Sarek, e ambos os Spocks – Nimoy e Quinto – são a fina flor do povo vulcano e me levaram de volta à Série Clássica, aos melhores filmes e aos bons episódios da Nova Geração. As cenas de Spock com seu pai e sua mãe (Winona Ryder) e diante do conselho vulcano foram belíssimas.

Não dou dez para o filme, mas um nove ele leva. Valeu cada centavinho e o roteiro não deixou pontas soltas, o que é um grande mérito. Agora é esperar pelo próximo. Antes da aparição de Nimoy, o Zachary Quinto já tinha valido o meu ingresso. Desejo “Vida Longa e Próspera” ao seu Spock.

5 pessoas comentaram:

Valéria, eu jurava que você iria detestar o filme, de tão pé atrás que você estava.

Bom, eu gostei muito mas também não ouso dar uma nota dez. Fico com um nove.

O primeiro item que estraga é o roteiro. Orci e Kurtzman são realmente trekkers (assumidos) mas não sabem escrever um bom texto. Tanto o é que os bons momentos são frutos de quem conhece aqueles personagens com intimidade de fã. Agora, se analizarmos o desenvolvimento da trama (rasa) e as soluções faceis e recheadas de clichês a coisa fica feia.

Felizmente, taí a prova que o Abrams é um competente diretor. Ele sabe salvar um roteiro. Há uma personalidade narrativa na sua condução da encenação que coloca o filme num patamar nunca visto na cine-série.

O que mais estraga? Nada. A franquia está viva novamente.

Por sorte todos os personagens foram bem aproveitados e não viraram figurantes de luxo para o triunvirato Kirk, Spock e McCoy. Graças é claro aos intérpretes, todos competentes e defendendo seus papéis.

Pessoalmente até fiquei chateado da trilha sonora não ser memorável embora o Michael Giacchino seja muito bom. Mas até sai da sala com a batida do seu tema principal na cabeça, que lembra vagamente a do Jerry Goldsmith para o primeiro filme.

E aquilo que assombrava todo bom trekker, o tom jovial, foi até divertido. O Kirk apanhando o tempo todo tinha tudo a ver com a juventude daqueles cadetes.

Um último item que me fez não vibrar muito no fim das contas foi que eu quase já sabia o filme inteiro em termos gerais. E olha que fugi de quase todos os spoilers. O problema é que o pouco que foi divulgado já revelava tudo de útil que o filme tem. A única surpresa pra mim foi a Uhura se relacionar com Spock.

De qualquer forma, foi um grande recomeço. Quero ver agora como será a sequência.

Menos, menos. A Ira de Khan continua sendo o melhor filmne de Jornada no cinema, e os filmes quatro e seis são melhores que estes, ou pelo menos, tem tramas melhores. J.J. Abrams não é "deus" para mim, e nem adianta, porque nenhum fã de Jornada vai colocar este filme acima da Ira de Khan.

Quanto ao Kirk, não fosse a seqüência explicativa com Spock velho e a conseqüente virada, eu teria escrito este mesmo texto detonando o filme e dizendo que só se salva Spock.

Quem assistiu a série clássica sabe que Kirk era um CDF/Nerd na Academia. Isso fica claro no episódio do planeta-diversão com o coelho de Alice. O Kirk do filme só é possível com toda a sua babaquice e só é suportável, por conta da virada.

McCoy pouco fez. Eu só o cito uma ou duas vezes, proque efetivamente ele não faz diferença, sua presença na Academia não se justifica como a do Kirk, e ele pouco tem a fazer no filme. As frases referência sacadas aqui e ali, são puro saudiosismo. Todo mundo faz mais que o McCoy.

O caso Uhura-Spock poderia ser sacado da série clássica. Há uma seqüência em especial, em que Spock toca sua harpa e Uhura canta toda sensual (*para os padrões de época*). Ela dava em cima dele, mas também flertava com o Sulu e ele com ela.

Bem, não vi o filme, mas só de ver esse post me lembro que acreditar em hypes e campanhas de marketing, tanto p/ o bem, como p o mal é um erro.

Pelo menos me animo a assistir, se bem que eu ia ver cedo ou tarde , como todos os fãs de Lost,

hehehehe

(sorry pela provocação)

fiquei feliz q vc tb gostou do filme..eu adorei

e eu já tava sentindoo cheiro de psicologia reversa com o papo de filme ñ feito pra fãs

Também gostei do filme e da explicação para o Kirk ser tão "perdido" nessa realidade. Ficou muito interessante. Realmente tinha um clima entre Uhura e Spock na série original, mas achei o relacionamento deles no filme um pouco desnecessário. Senti falta sim da Chapel que foi citada mas não apareceu efetivamente. Era muito divertido ver o Spock cheio de dedos com ela. Quem sabe usem isso num próximo filme.

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