domingo, 10 de maio de 2009

Eroges sob ataque também no Japão



Já tinha visto a discussão em um site que acompanho, cujo dono é ávido consumidor de pornografia, mas agora a coisa apoareceu no Canned Dogs. Pois bem, vocês devem lembrar do escândalo a respeito do jogo Rapelay. Comentei aqui e me surpreendo sempre de ser um dos posts mais acessados. Agora, a organização feminista pelos direitos humanos das mulheres, Equality Now, iniciou uma ação nos Estados Unidos acusando o Japão de desrespeitar as convençãoes internacionais sobre violência contra as mulheres ao produzir este material, isto é, jogos pornográficos como o Rapelay. Eu diria que desrespeita, sim, e não somente com este material.

Segundo o Yahoo, a coisa foi parar na mesa do Primeiro Ministro, que obviamente não vai fazer nada, até porque trata-se de uma discussão e não uma decisão de canetada. Com o escândalo, parece que o Rapelay está "esgotado" também no Japão. A empresa que produz o jogo argumenta que não é responsável pelos efeitos do jogo fora do Japão, especialmente quando ela produz para o mercado local. Nisso eles estão certos, mas o Amazon estava vendendo o jogo e, claro, com a Internet tudo circula.

Sempre que discuto essas questões aqui com meu marido ele levanta a questão do medo de que a censura mine a indústria de mangás, animes e games. É um perigo real, obviamente, mas não é por isso que eu vou dizer que esse tipo de jogo não incentive a violência contra as mulheres e meninas, tampouco que o fato dos indices de violência contra as mulheres no Japão serem bem baixos, a desigualdade de gênero é a maior dentre os países do 1º Mundo. Outra coisa que ele sempre argumenta é que o material com idols, criancinhas mesmo, que circulam no Japão com meninas reais em poses sensuais, roupinhas irrisórias e outras coisas mais, são um problema muito maior. Concordo. Porém este material tem uma circulação bem mais restrita e nenhuma loja internacional venderia abertamente esta nojeira como faz com produtos lolicon.

Agora, a própria existência desse tipo de material aponta o quanto os "baixos indices de violência" podem ser camuflados, desde que você não considere certas práticas uma violência. O Japão somente baniu a produção de pornografia infantil em 1999, ainda assim, as leis sobre a questão são bem frouxas para os padrões de alguns países ocidentais. De qualquer forma, a partir do momento em que o mundo está globalizado e coisas como Kodomo no Jikan são consideradas mainstream no Japão, o problema passa a ser de todo mundo, mesmo que a empresa lá só produza para o mercado doméstico. E quem defende este tipo de material, normalmente está defendendo o seu vício e seus interesses, se escudando em conceitos muito amplos de liberdade de expressão.

Dito isso, a autora do texto admite - caso alguém não tenha percebido ainda - que não advoga neutralidade e que se posiciona contra a produção desse tipo de material e a revisão das representações das mulheres dentro da cultura pop japonesa. Quaqluer mensagem de defesa de eroges, lolicon, e pedofilia como um todo não será publicada. Então, não se canse escrevendo, seja para defender a produção de pornografia virtual infantil ou para me xingar, faça seu próprio post ou comentário em sites que tenham outra posição a respeito da questão.
A Folha On Line publicou quase a mesma matéria do Yahoo, só que em português. Eis aqui o post irado sobre a notícia que comentei no blog pro-pornografia. Para o autor, quando as mulheres, especialmente feministas, lutam pelos direitos das mulheres ou contra a violência de gênero é quase um ato de terrorismo. Afinal, era só um "simulador" de estupro. Ele acredita piamente que pode ser o primeiro de muitos a ser banido... Estou torcendo apra que ele esteja certo. ^_^

4 pessoas comentaram:

concordo plenamente com vc, é incrivel a falta de rerspeito com as mulheres na industria pop japonesa, o q é mais impressionate é q passa praticamente despercebido, ninguem parece se importar =/

Nossa que absurdo, eu nem sabia desse jogo, mas só pelo nome sei do que se trata.

Quando você falou de violência, bem pode ser que lá não há muita violência fisica. Mas e quanto a violência moral ou psicológica? Com certeza se a desigualdade de gêneros é grande, isso significa uma visão submissa da mulher perante o homem. Essa inferioridade pode ser sim considerada uma violência no moral, se você pensar que o marido pode chegar para a mulher e dizer "Fica quieta, porque você não vale nada!"

Além disso, esses indices são medidos pela quantidade de denuncias feitas por mulheres, se não me engano. Se ninguém fala nada, então não tem nada. Mas não posso discutir, porque não conheço a política ou a sociedade japonesa nesse aspecto.

Os indices de desigualdade são medidos a partir de critérios como escolaridade, número de filhos, participação nos governos, etc. quanto à violência, é isso mesmo, aqui, no Japão, na França ou na Arábia Saudita: se não há denúncia, não há como medir.

Então, se uma mulher ou quem quer que seja, não sabe ou acredita ou tem possibilidade de denunciar uma violência, ela não existe. No entanto, ela está lá. E, claro, há a violência psicológica, simbólica e moral, como você muito bem pontuou.

O lado bom da noticia é ver que tem pessoas atenta a isso e prontas p/ denunciar e protestar contra esse tipo de comercio de preconceito.

O silencio seria a pior coisa a se fazer.

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