sábado, 18 de abril de 2009

Capítulo 4: Ventos de Mudança (Parte 2)


Esta é a segunda parte do capítulo 4 da história que estou escrevendo. A primeira está aqui. Para ler os três capítulo anteriores, é só acessar esse link. Enfim, nesta parte nenhum dos "heróis" aparece. Dei uma reformada geral, mas não sei se o texto está fluindo bem. Também acho que Lucília é uma personagem problemática. Quando a criei não me parecia, mas, agora, não sei bem o que fazer com ela. Queria saber a opinião de vocês. Nem Lucília, nem Lívio estão na minha enquete sobre as personagens. Talvez faça outra no futuro.

4º Capítulo: SEGUINDO O CAMINHO - Parte 2

— Como, como pode ter acontecido uma coisa como esta! — A Rainha furiosa. Se a primeira fuga tinha sido premeditada, esse segundo escape era um problema, afinal, para ter a espada mágica, ela não precisava que todos os jovens estivessem juntos. — É preciso uma explicação, Gaston, uma boa explicação!

— Majestade, eu...

— Você o que? Como permitiu que um prisioneiro como Guilherme De Auston pudesse fugir. Libertado por uma mocinha e bem debaixo do seu nariz.

— Majestade, não existe certeza de que realmente foi a filha do Marq... — Ele a interrompeu e os olhos da Rainha dardejaram. Gaston gaguejou e continuou com o máximo de humildade. — Majestade, eu não tenho o que dizer. Estava escuro, houve o incêndio... Até agora ainda tenho homens trabalhando para apagar os últimos focos... Eu lamento, Senhora.

— Lamenta? Está abusando da sua posição, Capitão.

— Eu vou recapturá-los, Majestade. Vou recapturá-los. — Fez pausa. — Já organizei minhas tropas e elas estão prontas para a perseguição.

— Onde está Sir Richard? — Perguntou subitamente, pois ele desaparecera desde o acontecido. — Não o vejo desde ontem à noite.

— Ele desapareceu, Majestade. — O Capitão respondeu, sentindo-se pouco confortável.

— Com certeza, meu caro Capitão, ele já foi consertar aquilo que você não foi capaz de impedir! — Alfinetou a Rainha, mas no fundo ela estava preocupada, porque Richard poderia ter ido atrás de Alan De Brier.

— Majestade, — Lucília saiu das sombras e se dirigiu à tia com toda a deferência. Contra o protocolo, ela não estava mais vestida como uma dama, mas usava roupas masculinas. — creio que existe muito mais em tudo isso do que parece à primeira vista.

— Como assim, minha sobrinha? O que quer dizer? — Perguntou e o Capitão suspirou aliviado, pois sua atenção se desviara dele.

— Sozinha, a filha do Marquês não conseguiria fazer tudo o que fez.

— Sim, ela teve a ajuda de um escudeiro. — Gaston interveio com impaciência e os músculos do seu rosto ficaram ainda mais contraídos.

— Capitão, de acordo com seus próprios homens, o escudeiro estava com ela todo o tempo. — Fez pausa. — Quem começou o incêndio, então? Se não fosse por isso, eles não poderiam ter escapado.

— Certamente... — A Rainha falou para si mesma. — Há um traidor entre nós e eu quero sua cabeça.

— Sir Richard está desaparecido, Majestade.

— Gaston, não abuse da sua sorte. Seus problemas com Sir Richard pouco me interessam. — A rainha alterou ainda mais a voz, de modo que todos no grande salão podiam ouvi-la com clareza. — Se você não conseguiu controlar o fogo de sua filha e Richard o humilhou, isso não o torna um traidor aos meus olhos. — O Capitão ficou lívido e o cochichar dos presentes era um peso enorme para ele.

— Com certeza, Majestade. — Ele lançou um olhar homicida para Lucília que simplesmente o encarou como se ele fosse um verme. — Eu irei trazer a filha do marquês de volta e Guilherme de Auston, também. Majestade, eu juro pela minha honra! — O olhar de desprezo que a Rainha lhe lançou o fez ter certeza de que ela realmente o considerava um idiota.

— Majestade, eu gostaria de sua permissão para iniciar uma investigação pessoal, — Lucília percebeu que tinha espaço para ir além. — e para ir com o Capitão.

— Você, menina?! Pensa que isso se trata de alguma brincadeira? — Riu o Capitão.

— Não pedi permissão ao Senhor, Capitão, mas, sim, a quem realmente tem o poder aqui. Minha tia, o que diz? — Adulava a Rainha, pois conhecia seu ego, além disso, sabia que era sua sobrinha favorita. — A elite de suas tropas foi ludibriada por uma mulher, talvez, outra mulher possa resolver tudo. — Sugeriu e Dominique refletiu por um momento. "Ela é muito inteligente, merece uma chance. Eu mesma já fui muito parecida com ela quando mais jovem... Não tenho nada a perder, afinal..."

— Pois bem, tem minha permissão. Mas saiba que será responsável por sua própria proteção. Não terá ninguém para cuidar de você. — Lucília entendeu bem o que ela queria dizer, não seria bem-vinda entre os soldados e ferira o orgulho do capitão. — Gaston, dê-lhe todos os meios e, se a hostilizar, saiba que terá que se haver comigo.

— Quando parte, Capitão? — Perguntou Lucília.

— Em uma hora, talvez menos. Não terá tempo para cuidar de sua toalete, Senhora.

— Eu estarei lá. — Falou simplesmente em retribuição ao desdenhoso comentário. — Majestade, antes disso eu irei até a câmara nupcial. Creio que será possível encontrar alguma pista que talvez indique o caminho seguido por eles ou outra coisa que tenha escapado aos olhos atentos Capitão Gaston. — Ela sorriu rapidamente e Dominique aquiesceu:

— Faça como achar melhor.
XXX

Lucília, depois de trocar-se e pegar sua espada e outras coisas que pudesse precisar, dirigiu-se até a câmara nupcial com o intuito de encontrar alguma pista. Olhou em volta, o vestido ainda estava sobre a cama, intacto. Olhou embaixo da cama, agia como um cão de caça em busca do rastro. "Deve haver alguma coisa... Ninguém pode ser de todo perfeito!" Para auxiliá-la sacou de dentro da roupa uma lente de aumento. Este instrumento, caríssimo havia sido um presente de seu pai, fruto de um saque empreendido no além-mar. Utilizando a lupa, localizou alguns fios, uns grandes, outros pequenos, como se alguém tivesse cortado o cabelo. "Claro! Ela fez isso para nos despistar. Todos vão procurar uma moça de longas tranças, só que elas já não existem mais! Devemos procurar três rapazes, dois sãos e um ferido! Muito engenhoso, pena que não contou com o fato de eu estar aqui."

Sentiu-se satisfeita com a descoberta e se foi, já estava vestida com uma roupa adequada e dirigiu-se às cocheiras em busca de seu cavalo. Ao passar pela capela teve idéia de entrar, não que fosse pedir a Deus proteção, mas, sim, porque esperava encontrar seu irmão, no que não se decepcionou. O rapaz, ao contrário, pareceu um tanto surpreendido ao vê-la, principalmente vestida daquela maneira.

— Como sempre, envolvido em práticas piedosas, não é, meu irmão? — Ela olhava bem em seus olhos.

— O que você deseja, Lucília? — Fez pausa. — Este santuário não é lugar para o seu deboche.

— Este "santuário" só passa de um monte de pedras mortas, como você mesmo aprendeu. Não venha me dizer, como devo ou não me comportar aqui ou em qualquer outro lugar. — Ela deu um passo adiante. — Você não me engana com esse arzinho de santidade, meu irmão. Só vim comunicar-lhe minha descoberta, já que se mostrou tão interessado pelo destino da Senhora Alda. — Ela olhava bem fundo nos olhos dele, buscando que qualquer sinal que o traísse. — Sabe que ela cortou os cabelos antes da fuga, pretendia que procurássemos uma coisa quando havia se tornado outra. — Depois ela atirou sobre ele a seguinte pergunta: — Mas talvez você já soubesse, não é mesmo?

— Lamento que tenha cortado os cabelos, já que é o que você diz que ela fez, afinal era o que ela tinha de mais encantador. — Cruzou os braços por baixo do gibão, como fazia com o escapulário nos tempos de escola, pois sabia que seus olhos não o denunciariam, mas suas mãos, sim. Sempre que ficava nervoso ou ansioso, as pontas de seus dedos começavam a ficar roxas e não havia nada o que fazer a respeito. — Mas você disse "procurássemos". Você vai, também? A Rainha permitiu?

— Surpreso? Sim, eu irei e mostrarei do que sou capaz e quão bom cavaleiro sou. — Fez pausa. — Talvez você devesse ir, também.
— Eu?! — Fingiu-se surpreendido. — Imagine! Cavalgando por aí em busca de renegados! Não fui feito para essas coisas, minha irmã.

— Posso precisar de você, — Ela fez pausa. — de seus poderes... Você sabe que eu... — Ela detestava magia, detestava pertencer a uma estirpe de bruxas, mas detestava ainda mais ser tão inferior ao irmão neste campo. Era uma vulnerabilidade.

— Eu não vou usar meus poderes. Nem se nossa tia me ordenasse, eu os usaria. — Ele alterou um pouco a voz.

— Você sabe que em magia é melhor do que eu... Estou oferecendo a você a oportunidade de se tornar útil à sua família. — Não, não era isso. De todas as pessoas, Lívio era a única que ela não conseguia enganar. Ela tinha medo de falhar e se sentia mais forte com seu irão gêmeo ao lado. Ele tinha a magia mais poderosa, e ela queria se beneficiar disso. Só que neste assunto, ele não iria se meter mais do que já havia feito.

— Ficarei rezando por você. — Ele disse com voz aveludada. — É o melhor que posso fazer.

— Sim, creio que é o melhor que pode fazer. — Os olhos dela faiscaram. “Espero não descobrir que você está envolvido nesse caso...” Não admitia isso publicamente, mas por algum motivo gostava muito deste seu irmão dissimulado, enquanto detestava o outro mais velho que seria rei um dia. O problema é que seu irmão gêmeo parecia ter-lhe roubado no ventre materno poderes que eram seus. — Principalmente, depois que fomos tão azarados a ponto de termos um incêndio bem quando estavam fugindo com o Príncipe Guilherme. Uma lástima! — Ia saindo. — Ah, espero que possamos descobrir quem provocou o incêndio, mas reze bastante não por sua alma, mas pelo seu corpo, pois certamente irá precisar de forças caso seja pego. Porque eu suspeito que há dedo seu nessa história. — E se foi.

— Minha irmã, desejo-lhe sorte. — Falou com o rosto sério enquanto a outra se retirava. "Ela desconfia de mim e irá me destruir se tiver certeza!"

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