sexta-feira, 10 de abril de 2009

Capítulo 4: Ventos de Mudança (Parte 1)


Eu postei os três primeiros capítulos da minha história e fiquei de continuar caso houvesse interesse. Bem, não vi muita gente se manifestando (*embora tenha uns comentaristas fiéis a quem agradeço*), mas acho que o interesse é mais meu mesmo. Dito isso, estou começando a postar o capítulo 4. Este capítulo, comparado com os outros, é bem recente, foi escrito em 2005. Por isso, sofreu poucas reformas e acredito que seja inferior aos três primeiros. Gostaria mesmo que vocês fizessem suas considerações.

Enfim, para quem perdeu os três primeiros capítulos, é possível baixá-los aqui. De qualquer forma, estamos no seguinte pé: Em um mundo pseudo-medieval, um grupo de jovens foi convocado pela Rainha das Fadas para cumprir uma profecia. Encontrar o jovem rei que está desaparecido e destronar a rainha que usurpou-lhe o trono. Os jovens tem personalidades diferentes, problemas com o passado, e não sabem bem o que a tal missão pode trazer de bom ou de ruim. No quarto capítulo, o grupo está dividido em dois e rumando para o castelo da Rainha das Fadas. Só estarão à salvo quando chegarem lá.
4º Capítulo: SEGUINDO O CAMINHO - Parte 1

— Como pretende resolver isso? — Alan perguntou com um tom arrogante que aborreceu Haroldo.

O "barco voador" havia perdido altitude e agora estava parado em uma clareira fazia algumas horas. Parecia que não ia se mexer mais.

— Eu não sei o que aconteceu! — Falou batendo a tampa que cobria as engrenagens. Depois se arrependeu por ter gritado e se alterado. Se começasse a dar chilique, certamente não iriam confiar nele. Afinal, do jeito que as coisas estavam correndo, era necessário manter os nervos no lugar, ou, pelo menos não seguir o exemplo de Alan. Bastava um estressado. Respirou fundo e contou até dez. — Não foi combustível, nem nenhuma peça quebrada. Tudo está no lugar em que deveria estar.

— Pensei que soubesse o que estava fazendo. — Haroldo teve vontade de responder à altura, mas se segurou. Detestava esse tom de Alan, que parecia estar falando com um serviçal, mas detestava ainda mais não saber o que estava acontecendo com a nave.

— Não venha me dizer, que passamos por tudo aquilo para terminarmos assim, perdidos no meio de uma floresta gelada sem ter como prosseguir? — Perguntou Marina que acabara de sair de dentro da nave, para onde Elaine a tinha levado para que ela parasse de reclamar. — Pensei que vocês dois, — E fez sinal com o dedo de um para o outro. — sabiam o que estavam fazendo. — Disse ela repetindo quase a mesma frase de Alan, só que agora para o próprio e para Haroldo.

Haroldo tentou contar até dez outra vez, mas quando estava passando pelo quatro, não conseguiu continuar mais. Parou respirou fundo e virou para Marina e Alan:

— Se fizerem o favor de não ficar falando no meu ouvido, eu garanto que vamos sair daqui mais rápido do que imaginam. — Falou com as mãos na cintura. — Aproveitem para dormir, é muito mais útil do que ficarem exigindo respostas que eu, no momento, não posso dar.

Alan não respondeu, mas pareceu bem surpreso com a ousadia do outro. Marina, por sua parte, ficou bem ereta e falou ofendida:

— Não deveriam falar assim com a sua princesa, sabiam? Eu mereço mais respeito.

— Só recebe respeito, Marina, quem faz por merecê-lo. — Alan falou. — E não terá nenhum de nós enquanto continuar se comportando como a menininha mimada da Rainha. — Disse olhando fundo nos olhos dela. — Haroldo há alguma coisa que eu possa fazer? Sei que só fiz reclamar até agora e isso não é justo. — Essa mudança de atitude já era o suficiente para que Haroldo desistisse de “chutar o pau da barraca” e dizer que não tinha princesa alguma, porque, na verdade, não via legitimidade nenhuma legitimidade em qualquer monarquia.

Ele fez que não com a cabeça e sorriu. "Se a fizer calar a boca, já está de bom tamanho!". Quando começou a abrir um mapa do sistema, Elaine saiu da nave com uma bandeja de pão exalando um aroma muito bom. Ela tinha partido em fatias e trouxe algum queijo junto.

— Acho que estão todos com fome.

— Não sei por eles, Elaine, mas eu estou. — Haroldo falou apanhando um dos pães e dando uma mordida.

— Não vai agradecer pelo alimento? — Marina perguntou.

— Agradecer?! — Haroldo se espantou com o comentário de Marina. — Ah, sim... É verdade. Muito obrigado, Elaine.

— Agradecer a Deus seu tonto. — Disse impaciente. — É a Ele que tem que agradecer primeiro. É Ele quem concede o alimento.

— Se quiserem agradecer, agradeçam aos camponeses que plantaram, colheram e moeram o grão, a Haroldo que teve a previsão de trazer comida quando ninguém pensou nisso e a mim por ter feito a massa e assado o pão. Não foi deus algum que fez este pão aparecer magicamente. — Quando Elaine terminou de falar, Alan ficou imaginando de aonde viria aquela raiva toda. Já Marina ficou boquiaberta diante daquilo que considerava uma heresia. Haroldo pensou no que Elaine havia sofrido e entendeu bem, ela não dissera o que dissera para Marina, porque estivesse zangada com ela, ou algo assim. A fala da outra simplesmente tinha acionado suas dolorosas lembranças. Sabia que comentar sobre o passado não ajudaria em nada. Estavam todos nervosos demais. Achou então que era seu dever mudar de assunto.

— Sirvam-se e rezem como e para quem quiserem. — Deu um sorriso amarelo. — Eu preciso retomar o trabalho.

Elaine depositou a bandeja sobre um tronco cortado e olhou para o mapa que Haroldo abria. Ela não entendia nada do que estava escrito e desenhado ali, mas teve uma idéia:

— Pode ser magia, Haroldo.

— Essa idéia de mágica não me agrada muito, — Ele balançou a cabeça. — mas eu não tenho explicação para o que está acontecendo.

Um imenso clarão de fogo apareceu bem no meio da floresta e logo a nave estava dentro de um círculo de fogo. Alan sacou sua espada e ficou esperando, enquanto Marina correu para dentro da nave, deixando só a cabeça loura de fora. Entretanto, não foi nada de assustador que saiu de dentro do fogo, mas, sim, uma moça morena, com longos cabelos negros levemente encaracolados, vestindo uma roupa da cor das chamas e com uma varinha na mão. Era uma fada, só que Haroldo e Elaine tinham certeza de que a conheciam de algum lugar, o que foi confirmado pelo fato de mulher levar um dos dedos aos lábios pedindo silêncio.

— Ainda bem que encontrei vocês! — Disse se aproximando a despeito do olhar ameaçador de Alan. — Mas como está frio aqui! — Ela se movia muito rápido e falava gesticulando de uma forma exagerada.

— Quem é você? — Alan perguntou.

— Eu!? Oras, é tão óbvio! Sou a Fada do Fogo, mas podem me chamar de Papoula. — Fez pausa e agitando no ar sua varinha, fez com que o frio desaparecesse. — Não pensava que fossem tão jovens! São pouco mais do que crianças! — Este comentário debochado fez Alan ficar furioso. — A Boa Fada Ádina me enviou para guiá-los. — Disse retomando o script.

— Guiar? Terá que fazer alguma coisa então, porque estamos encalhados aqui no meio desta floresta. — E Haroldo continuou. — E se estiverem nos seguindo, certamente vão nos achar mais rápido por causa deste espetáculo pirotécnico.

— Piro-o-quê? — Ela perguntou iscando os olhos. — Ora, bobagem... A mágica deste lugar fez com que seu... seu... "isso", não pudesse voar.

— Mágica? — Haroldo torceu o nariz. — Meus instrumentos falharam por causa de mágica? É ridículo!

— Acho que seus instrumentos mágicos não são tão bons...

— Poderíamos ter morrido. — Marina falou saindo da nave.

— Sim, a nave quase caiu. — Elaine completou.

— Mesmo?! — Exclamou dando de ombros. — Eu não sabia que não estavam protegidos contra a magia da floresta... talvez eu tenha perdido a informação... Nós fadas temos que guardar muitas informações. Um... — Fez pausa. — Creio que não podemos ficar parados por aqui, por isso... — Agitou sua varinha outra vez e a nave começou a funcionar. — Uma mágica neutralizando a outra. Que me diz agora, garoto? — Ela piscou para Haroldo de forma debochada e ao mesmo tempo coquete. — Mas vamos, vamos logo! Que esperam? A Fada Ádina está esperando! O sol nasce daqui a três horas e devem estar no castelo do amanhecer antes disso, ou terão que esperar mais um dia! Se precisarem de mim, estarei por perto. — Dito isto o clarão o fogo a envolveu e a mulher desapareceu como que por encanto.

— Vocês ouviram o que ela disse vamos cair fora daqui! — Haroldo falou e todos entraram na nave e ela partiu. Ele torcia para que a partir de agora não tivessem mais nenhum imprevisto.

4 pessoas comentaram:

Que injustiça!!!
Eu me manifestei!!! Tenho tudo imprimido e já li mais da metade. Só não comentei pq quero ler mais :-P

Nossa, que surpresa boa!!!
Fiquei algum tempo sem vir aqui porque estava ecrevendo minha monografia da pós (e, finalmente, terminei) e quando volto me deparo com a continuação!
Obrigada por postar, Valéria! :)

Eu tb ^^

Fico feliz que vc tenha retomado a publicação.

Principalmente nessa parte mais "magica".

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