quinta-feira, 30 de abril de 2009

Romantismo é o antídoto para a crise?



Eu achei a matéria interessante e, por isso, decidi colocar aqui. Eu realmente gosto de ler um bom romance romântico, porque é desses que se fala, sejam de banca (*os tais Harlequin e similares*) ou de livraria. Sei que muitas leitoras têm esse objetivo escapista, embora na base de tudo esteja a diversão. Leitura como diversão é algo que eu considero muito louvável.

No meu caso, como não me identifico nem sonho em estar no lugar de heroínas de romance, fico só observando e lendo as impressões das leitoras, ou as críticas da internet. Só leio os romances "históricos" mesmo, já comentei uns aqui.
To Touch the Sun, por exemplo, é para mim um material muito, mas muito bom mesmo. A matéria chega a falar que em tempos de crise também se lê mais ficção científica, se romântica, porque ela existe nos EUA, ou não, é meio complicado inferir.

A autora do texto faz uma comparação meio esdrúxula entre o escapismo dos romances de banca, com seus finais felizes a granel, E o Vento Levou e a crise econômica. Ora bolas, qualquer um que tenha assistido o filme ou lido o livro sabe que em E o Vento Levou não tem final feliz. Muita gente chora e se deprime com o final da Scarlet e ele está muito longe daquilo que a média das leitoras de Harlequin procura como diversão cotidiana. De verdade há o comentário da voracidade, conheço umas moças da
Adoro Romances que lêem uma dezena de livros por semana. Mas é preciso ver que são livros de leitura rápida e fácil, como a maioria da literatura popular, e aqui incluo os quadrinhos em geral.

Outro ponto do texto é o sucesso dos seres sobrenaturais, especialmente os vampiros. Eu já li muitos comentários desses livros da Irmandade da Adaga Negra, mas pelas resenhas na net e pelas impressões que tirei dos comentários das leitoras, parece mais aquela pornografia para mulheres quase Ellora’s Cave com pouco roteiro a oferecer. Fico com a Sookie, com Bloodties, e vou dar uma olhada nessa Anita Blake no futuro. Esses eu passo.

Romantismo é o antídoto para a crise

Motoko Rich
THE NEW YORK TIMES


Durante uma recessão, o que as pessoas querem é um final feliz. Numa época em que os vendedores de livros lutam para atrair leitores, vendas de livros com temática romântica estão superando a de outras categorias de livros e dando um gás para um mercado morno.

A Harlequin Enterprises, editora-rainha dos livros de romance, divulgou que os lucros do quarto trimestre de 2008 subiram 32% em relação ao mesmo período do ano anterior. Donna Hayes, executiva-chefe da Harlequin, diz que as vendas no primeiro trimestre deste ano continuam muito fortes.

Enquanto as vendas de ficção adulta em geral ficaram basicamente estáveis no ano passado, de acordo com a firma de consultoria Nielsen Bookscan, concentrando cerca de 70% das vendas, a subcategoria do romance subiu 7% depois de ficar estagnada nos quatro anos anteriores.

Sci-fi também cresce

Na Barnes & Noble, maior rede de livrarias do país – cujo diretor financeiro, Joe Lombardi, recentemente alertou que suas vendas totais de 2009 devem cair entre 4% e 6% – as vendas de histórias românticas estão em alta. E, nos primeiros três meses do ano, a Nielsen Bookscan registrou alta de 2,4% nas vendas de romances em comparação com um leve declínio nas vendas de ficção adulta geral para o mesmo período.

Os números talvez subestimem a demanda pelo gênero romântico, uma vez que uma parcela significativa das vendas vem de varejistas como a rede Wal-Mart, que não são analisadas pela Bookscan. Como na era da Depressão, quando os leitores tornaram ...E o vento levou, de Margaret Mitchell, um best-seller, os consumidores de hoje estão procurando uma válvula de escape da dura realidade que envolve desemprego e despejos.

– Dado o medo e a tristeza gerais – diz Jennifer Lampe, advogada de Des Moines e leitora ávida de romances que assina um blog literário sob o pseudônimo Jane Litte (dearauthor.com) – ler um romance com final feliz é um alívio.

Essas urgências escapistas também estão ajudando as vendas de ficção científica e fantasia, conta Bob Wietrak, vice-presidente de vendas da Barnes & Noble. Wietrak diz que as vendas de livros com vampiros, mutantes, lobisomens e outras criaturas paranormais estão "bombando". Neste segmento, a série Crepúsculo, de Stephenie Meyer, continua a dominar e inspirar livros semelhantes como as aventuras adolescentes House of night ("Casa da noite", em tradução literal) de P. C. Cast e Kristin Cast.

Leitores de histórias românticas estão entre os fãs mais fiéis, e não deixam de ler uma série ou um autor de que gostem.

– É um público muito dedicado que não vê os livros como um luxo, mas uma necessidade – observa Liate Stehlik, uma das editoras da William Morrow e Avon, selo pertencente à editora HarperCollins Publishers.

O gênero do romance também deve ser especialmente atraente para consumidores durante tempos econômicos difíceis porque muitos dos livros são vendidos no formato mais popular, geralmente encontrados em lojas de conveniência ou em aeroportos. Essas publicações são vendidas por US$ 7,99 (R$ 17,39) ou menos, em comparação com US$ 12 (R$ 26,10) a US$15 (R$ 32,60) pedido por formatos maiores.

Tramas românticas também aparecem com frequência em redes de supermercados como o Wal-Mart ou o Kmart, onde os consumidores costumam fazer compras por impulso. Vários varejistas, incluindo Kmart, Wal-Mart e Kroger, têm vendido pacotes de três livros por US$ 10 ou dois por US$ 5 com novos títulos da Harlequin.

– Se você vai ao Wal-Mart ou Target, está mais propenso a pegar um livro – acredita Hayes, da Harlequin. – E um livro tem um valor incrível nesse ambiente.

Leitores de histórias românticas sempre tiveram a tendência a comprar mais que os leitores de outros gêneros como ficção literária. Então, mesmo que alguns leitores de estejam recuando – as pessoas estão comprando quatro ou cinco em vez de cinco ou seis livros por semana – eles ainda compram mais do que leitores de outras categorias.

Algumas editoras venderam tantos livros de determinados autores que querem testar edições mais luxuosas pela primeira vez, mesmo nesse mercado popular. A New American Library, divisão do Grupo Penguin dos EUA, publicou seis versões populares de romances de vampiros na série Black Dagger Brotherhood ("Irmandade das Adagas Negras", em tradução literal), de J. R. Ward. Ainda esse mês vai publicar Lover, avenged ("Amante, vingado", em tradução literal), também de Ward, em capa dura, com tiragem inicial de 125 mil cópias (números como esse são geralmente exagerados, mas são um sinal da confiança da editora).

Os livros de romance também abocanharam uma proporção maior do mercado literário eletrônico do que outras categorias. Enquanto que a maioria das editoras diz que 1% das vendas vem de e-books, Harlequin diz que as edições digitais respondem por 3,4% de suas vendas.

Leitores mais vorazes

Na Fictionwise, loja de livros eletrônicos recentemente adquirida pela Barnes & Noble, cerca de 50% das vendas são de histórias românticas, diz Steve Pendergrast, diretor de tecnologia.

– Leitores de romance tendem a ser mais vorazes – analisa Pendergrast. – A capacidade de baixar instantaneamente e começar a ler é mais importante para esse tipo de público do que para qualquer outra categoria de leitor.

O mercado crescente do romance digital atrai vários novatos, incluindo pequenas editoras independentes como Ellora’s Cave, Samhain Publishing e Ravenous Romance. Como elas não têm custos de distribuição ou estoque, podem vender livros ainda mais baratos do que as edições populares. A Ravenous Romance, especialista em ficção erótica, vende e-books por US$ 4,99 (R$ 10,86) cada.

– É o mesmo que uma bebida cara no Starbucks – diz Lori Perkins, diretor editorial. – Com esse preço, quem não iria querer um livro?

1 pessoas comentaram:

Meio por culpa de ser o caçula de duas irmãs, eu tive bastante contato com esses romances de banca.

Não tenha nada contra literatura ligera (ou nem leria comics), se for bem escrito. E quando vc deixa o preconceito de lado ve que algumas altoras conseguem fugir dos cliches mais obvios ou ao menos trabalhar bem com eles e criar algo legal.

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