domingo, 5 de abril de 2009

Alimente os sem teto, mas não na minha vizinhança, Okay?



Este vídeo foi postado no site Japan Probe mostra fila dos sem teto ou mendigos ou desempregados que vão até a Igreja Anglicana em Asakusa receber refeições. O serviço começou há oito anos e costumavam ser no máximo 50 refeições nos dias de distribuição, hoje, com a crise, são cerca de 500. A fila ordenada é algo bem japonês, mas a imagem me lembrou a Grande Depressão. Enfim, o título da matéria - infelizmente sem legendas - é Alimente os sem teto, mas não na minha vizinhança, Okay?.

Já tinha lido sobre a questão em outro lugar, dizendo que am prefeitura de Tokyo tinha proibido a distribuição feita por cristãos em uma das estações de metrô, por reclamação principalmente dos pais de alunos que não queria que suas crianças convivessem com este tipo de gente... leia-se fracassados (*aqui vale bem o masculino, pois a maioria dos que aparecem nas fotos e vídeos são homens*). A caridade em relação a qualquer próximo (*leia-se: gente fora do seu círculo de obrigações*) é estranha à cultura japonesa. Esse é um ponto. Já eu acredito que a isso se soma o incomodo que deve ser para os pais, com filhos em idade escolar, que suas crianças percebam que o futuro é incerto, que você pode fracassar, que muitos flhos abandonam seus pais e que o emprego não é mais eterno na economia japonesa.

De qualquer forma e por qualquer ângulo é muito triste. E isso nada tem a ver com a nossa miséria endêmica brasileira, estimulada pela pouca vergonha e pela corrupção de nossos sucessivos governos, mas com uma crise econômica que coloca em questão a própria estrutura da sociedade japonesa, sua visão de mundo.

4 pessoas comentaram:

Realmente, Brasil e Japão estão, na verdade, em dois mundos. Enquanto lá o medo é causar insegurança nas crianças, as daqui nem mudariam de expressão se a realidade lhe fosse esfregada nas fuças, tamanho é o estrago que o assistencialismo empregado aqui já causou.
A prefeitura de minha cidade a-do-ra se vangloriar do bendito sistema de self service adotado nas escolas. Tudo muito lindo porque não são eles que ficam todo santo dia a ponto de surtar tentando convencer as crianças de que devem se servir apenas da quantidade que realmente vão comer. E dá-lhe pratos de comida jogados ao lixo, a justificativa vem em forma de sorriso sarcástico, balançar de ombros ou um "grande coisa!" que tive que ouvir dia desses. =P Na verdade a explicação é que tudo hoje em dia virou obrigação do governo. Queria ver se a crise se abatesse aqui tão violentamente até onde duraria essa farra.
Criei pavor de crianças, vou adotar mais gatos. =P

Eu busco sempre ver o que de melhor uma cultura tem. No caso brasileiro, este desespeito pela coisa pública, pelo espaço público, o desperdício de recursos (*porque teremos sempre, somos abençoados por Deus*) é horrível. Neste aspecto, poderíamos aprender muito com os japoneses...

Mas Mickey, não desanime. As crianças são em grande parte fruto da educação que recebem da família. É isso que conta. Mas se você realmente não quer ter filhos, vá fundo, porque é direito seu. ;)

Achei isso mor absurdo!
Proibir as pessoas d ajudarem pra as crianças nao verem?
querem criar as crianças na disneylandia? Achei bem egoista e idiota os motivos deles.
Aqui perto da minha casa distribuem comida tarde da noite pra pessoas q precisam e acho uma atitude mto gentil nunca tive medo do futuro por isso.
E mais importante do q as possiveis inseguranças nas crianças sao as pessoas q precisam...vendo ou não um dia elas irao encarar a realidade seja ela qual for.

É, cada cultura tem seu proprio paradigma de fracasso, e de como lidar com ele.

Os norte-americanos tem o conceito de "loser", o perdedor, não popular,feio, esquisto, etc.

Mas, mesmo eles não criaram um sentimento de vergonha por oferecer ou aceitar ajuda.

Ja o Brasil...bem, aqui em alguns casos, a sociedade tem raiva mesmo é de quem é bem sucedido, principalmente se for por esforço e não só por "talento", e muitas vezes a questão da ajuda é vista como algo obrigatorio do governo, as vezes até de maneira excessiva na minha opinião.

Não todos é claro, mas muitas pessoas parecem não saber se virar, querendo que o governo (qualquer governo) cuide de todos os seus problemas e tome todas as decisões dificies por eles.

Quanto ao Japão, esperava que a recessão que eles tiveram anos atraz tivessem mudado algo na cultura deles, mas parece que não foi o caso.

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