Quando dava aula de Pré-História (*outro conceito enviesado*), eu sempre brincava com meus alunos e alunas dizendo “Olha, quem aqui sabe fazer fogo?”. Colégio Militar, alguns escoteiros levantavam a mão. Dois, três, no máximo. “Pois é, pessoal, estamos nós, por causa da tecnologia, em um nível abaixo do pessoal do Paleolítico. Se eu precisar fazer fogo, do básico, vou morrer de frio ou de fome.” Tecnologia é ótimo, mas ser escravizado por ela, é uma furada. Mas eis a fala da menina da matéria:
"Prefiro escrever no computador. Tenho facilidade para digitar, e fica mais organizado", diz ela, que acha mais fácil estudar "fazendo tudo no laptop".
"Tiro dúvidas com meus amigos pelo MSN, trocamos e-mails sobre anotações de aulas, falo on-line com os professores. O computador também poupa um pouco os dedos. Chega de calos!"
"O meu laptop é como um caderno com todos os meus cadernos e com muito mais recursos. É mais prático anotar as aulas assim. Se você escreve errado, deleta, não precisa apagar ou riscar tudo", diz uma menina. "Eu estudava numa escola britânica onde todos os alunos tinham laptop desde a oitava série. Minha letra não é muito boa, não treinei caligrafia (...)"
"No futuro, vou precisar mais do computador do que de caligrafia. Mas eu sempre me esforço para fazer letras bonitinhas nas redações", diz um garoto.
"A escrita é um recurso que jamais vai acabar, é como os livros, que não vão sumir, embora muita gente hoje leia mais na internet. Só se aprende a escrever escrevendo e só se aprende a ler lendo. O mundo totalmente informatizado não é para essa nem para as próximas gerações" (...) “Quando um aluno fala que não precisa disso, eu respondo que nem sempre ele terá um computador à disposição, que ninguém fica conectado 24 horas por dia. Tem que saber escrever manualmente." (...)"Eu oriento os meus alunos, digo que essa ferramenta serve para chamar a atenção para um erro e ensinar o correto. Não pode ser usada como um ato mecânico de corrigir. Existe espaço para o computador e para o caderno na escola"
"Algumas crianças têm dificuldade na escrita manual e, quando conhecem o computador, esses problemas desaparecem. É preciso ter uma escrita que seja compreensível para os outros. Depois que isso estiver sedimentado, pode-se usar o computador sempre."
Triste é que uma geração que supostamente lê e escreve tanto, a matéria diz isso também, seja tão pouco competente quando interpreta os textos ou quando tem que escrever seus próprios textos. O computador com a facilidade do control+c/control+v fez com que todo mundo copie dos mesmos lugares, é muito chato corrigir trabalhos esses dias. E o pior é quando escrevem a mão. Professor sofre com isso, eu sofro, mas não é por causa disso que eu vou dizer que você não precisa aprender a usar lápis e caneta, fazer caligrafia em muitos casos (*se eu tiver filhos, pobrezinhos, eles ou elas vão ter que fazer*). Aprenda a usar os três (*o computador é importante, óbvio*), mas principalmente aprenda a usar a cabeça, porque ela nunca te deixa na mão.
7 pessoas comentaram:
Eu li essa materia hoje, e realmente vendo pelos meus garotos mais velhos (11 anos) , o uso indescriminado do computador mais prejudica do que ajuda.
Quando eu estava na escola, e fazia pesquisa na bilioteca, pelo menos tinha que ler p/ copiar dos livros, oq muitos nem seque fazem.
Alias eu ja peguei cada erro que eles e seus colegas fazem, pq simplesmente dão um copiar/colar, sem nem sequer procurar ler, entender e muito menos questionar.
Sempre tive um trabalho danado p/ faze-los entender que não é pq apareceu o primeio site em resposta a uma pesquisa no google que o assunto esta encerrado ou mesmo correto.
Tb tento estimular a leitura e a interpretação de texto, com quadrinhos ou livros que pareçam atrtativos.
Matheus o mais velho é fã dos filmes de Harry Potter, mas nem assim consegui faze-lo ler o primeiro livro inteiro.
Ele esta numa escola melhor agora, vamos ver como os professores agem tb.
As meninas pelo menos estão se saindo melhor. Elas ja leem uma turma de Monica, por exemplo, sozinhas e conseguem discutir oq leram.
Mas por todos eles, e por outras crianças, eu me preocupo tb sobre como estamos ficando acomodados com a tecnologia.
Nossa, eu estudei caligrafia também e olha que entrei na casa dos 20 anos não faz muito tempo. Não sabia que a situação andava tão ruim assim.
Eu não me lembro de ter estudado para valer a caligrafia na escola. Com certeza não, porque minha escrita cursiva é muito feia. Tanto que quando entrei no colégio técnico passei a escrever apenas em letras de forma, usando uma caixa alta para diferenciar as maiúsculas. Foi a minha solução para não passar vexame.
"Escrita bonita" é o menor dos pecados hoje em dia. O internetês é de doer, quando não vira algo indecifrável.
Pior que quem escreve assim fica ofendido quando quem gosta de escrever decentemente reclama.
Texto longo então, é o fim do poço na Interpretação de Texto. A maioria dos joven somente se dá ao trabalho de ler algo com mais de dois parágrafos se estiver acontecndo uma discussão de baixo nível, com ofensas as idéias e mais ainda as pessoas em si. Claro, leem tudo para ridicularizar cada vírgula do comentarista anterior sem qualquer embasamento inteligente.
Estamos na era do mínimo esforço. E tudo ficará pior quando os computadores reconhecerem com facilidade os comandos por voz. Desse dia em diante caneta e lápis serão peças de museu.
Ai, quanto absurdo! Só não fico mais chocada porque todo santo dia vejo alguma pérola no meu trabalho. =P
Não estudei caligrafia na escola mas, minha mãe era muito exigente sobre isso. Quantas vezes ela rasgou o caderno do meu irmão e mandou que refizesse a lição por conta do garrancho? Entre meus irmãos e eu, minha caligrafia ganha disparado como a mais horrenda, desde 2001 só escrevo em letras de forma porque uma professora de psicologia me deu a minha primeira nota vermelha em boletim de toda minha vida alegando que não entendia o que eu escrevia. Foi um trauma.
Essa molecada precisa duma surra de vara verde das boas prá ver o que é bom. =P Hueaheuaheuheuh! Sinto tanta saudade da época em que eu me correspondia por cartas, escrever a mão era um grande prazer. Hoje mal consigo fazer isso por muito tempo por causa da tendinite adquirida no trabalho com o bendito computador!
Poderíamos viver sem isso. =P
Eu escrevi à mão durante toda a escola (quando muito eu fiz um ou outro trabalho no computador - um velhusco CP-500 - mas eu na época digitava bem mais devagar do que escrevia, então não valia muito a pena) e em boa parte da universidade. E fiz caligrafia por ANOS a fio!
E minha letra é HORRENDA até hoje. Idem para o que eu com muito boa vontade chamaria de meu desenho. Diacho, acho que não consigo fazer minha assinatura (que é ultrasimplificada precisamente por isso) igual duas vezes seguidas! Não adianta, simplesmente não tenho habilidade para isso.
Por isso adoro meu computador, que me salvou da vergonha de ter uma caligrafia horrorosa. Pode não parecer grande coisa, mas os anos de humilhação que eu passei por conta disso (enquanto, vale lembrar, ralava feito um corno para tentar melhorar - sem resultado) não me dão pena nenhuma de quem tem caligrafia bonita não poder mais se mostrar.
Hunter (Pedro Bouça)
Se engana você, Hunter, porque a questão não é letra bonita, é dominar as ferramentas, saber escrever. Isso é habilidade humana adquirida. Você tem, mesmo que tenha trauma da sua letra, por conta de professores e outros adultos insensíveis.
O que esta geração está perdendo ou nunca adquirindo é a capacidade de dominar algo que existe e existirá independente da tecnologia.
Sem computador, você se vira, outros, não.
Eu fiz caligrafia até a oitava série (!) e hoje não consigo ficar sem escrever. Tanto que meus textos ficam bem melhores quando escrevo a mão primeiro e depois passo para o pc. Já minha irmã, que é só 4 anos mais nova, quando escreve pelo computador não tem um erro por causa da correção automática e quando escreve uma redação, pronto, lá aparecem os errinhos assustadores.
E esse problema de ditado atinge até alunos de faculdade: enquanto alguns já escreveram a frase três vezes, outros não passaram nem da primeira palavra.
Bárbara.
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