Acabei de assistir Slumdog Millionaire, aqui em casa mesmo, baixando o arquivo da net. Bem, não sei pelos outros indicados, pois só assisti Dúvida, que não levou nada, mas eu gostei muito do filme. É um favela movie anglo-indiano e, em certos aspectos, me lembrou um pouco de Cidade de Deus, mas ainda melhor. Só que Zé Pequeno se redimiu no final... E não pensem que Zé Pequeno é o protagonista. Slumdog Millionaire ou, por aqui, Quem quer ser um milionário?, conta a história de Jamal, um adolescente morador de uma favela em Mumbai e que, apesar de ter pouquíssima educação formal, consegue chegar às finais do Show do Milhão (*Sim, tipo aquele do Sílvio Santos, trata-se de um formato inventado na tv americana, acho, e exportado para o mundo*). Ao fazer o que ninguém conseguiu até então, ele se torna suspeito para a emissora que pede para a polícia dar uma "prensa" no rapaz.
Jamal e Salim são irmãos, muçulmanos, que moram em uma favela infecta, mas, mesmo assim, são crianças normais, aprontam, riem, brincam, brigam, choram. A morte da mãe dos meninos, um dos pontos de virada do filme, está ligada aos conflitos religiosos da Índia e são óbvios os motivos pelos quais o filme foi muito criticado no país. Slumdog Millionaire mostra a miséria, mostra os conflitos religiosos, mostra a Índia que não quer se ver nas revistas e jornais internacionais. Ela não fala somente do gigante econômico, mostra outras facetas do país. E olha que nem saímos muito de Mumbai, ou seja, os interiores da Índia não são mostrados, e também não se falou em castas.
Pelo jeito, os call centers são realmente uma marca da Índia, porque Jamal, o protagonista, trabalha em um deles. Não como atendente, embora o rapazinho saiba inglês e seja mais esperto que a maioria dos atendentes, mas como chaiwalla, ou seja, o rapaz que serve o chá. Ele nunca se deixa abater mesmo no auge da adversidade, aprende por osmose, faz todas as pontes possíveis, e nunca se esquece. Possui, portanto, um tipo de inteligência que érara em qualquer lugar do mundo. Talvez seja esta capacidade, não de acumular informação, ser um receptáculo, mas de pegar esta informação e lhe dar vida e sentido, o que mais me agrada na personagem. Engraçado, que muita coisa que a Glória Perez colocou em Caminho das Índias aparece no filme, as pequenas expressões, o balançar de cabeça que dizem ser característicos dos indianos e que os atores da novela não conseguem fazer.
Enfim, mesmo mostrando a miséria, o filme dá esperança, porque Jamal faz de tudo para sobreviver, mas continua o sujeito de bom coração e apaixonado por sua Latika. Ele, o irmão Salim (*Zé Pequeno*) e a menina são os “Três Mosqueteiros”, três órfãos do ataque à favela (*slum*) que, por conta das armadilhas da vida (*e esta parte me lembrou Oliver Twist*), são separados. A partir daí, são encontros e desencontros, até que Jamal e sua amada Latika consigam ficar juntos e dancem na estação de trem. Jamal passa por muita coisa, comete pequenos crimes, mas não deseja ser criminoso e nunca esquece de sua Latika. Ah, a dancinha foi ótima e a música ganhou o Oscar! E com direito a beijo, que deve ter sido mais uma das coisas que fez com que os críticos indianos torcessem o nariz.
Foi uma pena que somente um diretor pudesse ser indicado, porque Slumdog tem uma co-diretora indiana, Loveleen Tandan. Não sei o quanto ela e o Danny Boyle cooperaram, mas fizeram um filme ao mesmo tempo cruel, realista e, sim, muito fofo. A narrativa, a fotografia, a música, tudo funciona muito bem. As crianças, ao contrário de muitos atores e atrizes infantis, trabalharam magnificamente, e o jovem protagonista, que é inglês, é muito simpático. Já Latika jovem é uma atriz de raízes portuguesas e beleza indiana. Todo o elenco foi bem escolhido, todos são muito talentosos. Se tiver a chance de assistir Slumdog Millionaire, não perca, e depois me diga se sentiu o mesmo encantamento e angústia.
Dito isso, eles mereceram o Oscar. Um filme simples, realista e humano, com uma delicadeza muito grande e uma história que nos prende do início ao fim. Poderia, claro, ser cruel, mas nos leva ao inferno e não nos larga lá. E mesmo Salim consegue ganhar um pouco da nossa simpatia, mesmo fazendo tudo o que fez. E, claro, eu não vou contar os malfeitos do Zé Pequeno indiano. Assista!
Jamal e Salim são irmãos, muçulmanos, que moram em uma favela infecta, mas, mesmo assim, são crianças normais, aprontam, riem, brincam, brigam, choram. A morte da mãe dos meninos, um dos pontos de virada do filme, está ligada aos conflitos religiosos da Índia e são óbvios os motivos pelos quais o filme foi muito criticado no país. Slumdog Millionaire mostra a miséria, mostra os conflitos religiosos, mostra a Índia que não quer se ver nas revistas e jornais internacionais. Ela não fala somente do gigante econômico, mostra outras facetas do país. E olha que nem saímos muito de Mumbai, ou seja, os interiores da Índia não são mostrados, e também não se falou em castas.
Pelo jeito, os call centers são realmente uma marca da Índia, porque Jamal, o protagonista, trabalha em um deles. Não como atendente, embora o rapazinho saiba inglês e seja mais esperto que a maioria dos atendentes, mas como chaiwalla, ou seja, o rapaz que serve o chá. Ele nunca se deixa abater mesmo no auge da adversidade, aprende por osmose, faz todas as pontes possíveis, e nunca se esquece. Possui, portanto, um tipo de inteligência que érara em qualquer lugar do mundo. Talvez seja esta capacidade, não de acumular informação, ser um receptáculo, mas de pegar esta informação e lhe dar vida e sentido, o que mais me agrada na personagem. Engraçado, que muita coisa que a Glória Perez colocou em Caminho das Índias aparece no filme, as pequenas expressões, o balançar de cabeça que dizem ser característicos dos indianos e que os atores da novela não conseguem fazer.
Enfim, mesmo mostrando a miséria, o filme dá esperança, porque Jamal faz de tudo para sobreviver, mas continua o sujeito de bom coração e apaixonado por sua Latika. Ele, o irmão Salim (*Zé Pequeno*) e a menina são os “Três Mosqueteiros”, três órfãos do ataque à favela (*slum*) que, por conta das armadilhas da vida (*e esta parte me lembrou Oliver Twist*), são separados. A partir daí, são encontros e desencontros, até que Jamal e sua amada Latika consigam ficar juntos e dancem na estação de trem. Jamal passa por muita coisa, comete pequenos crimes, mas não deseja ser criminoso e nunca esquece de sua Latika. Ah, a dancinha foi ótima e a música ganhou o Oscar! E com direito a beijo, que deve ter sido mais uma das coisas que fez com que os críticos indianos torcessem o nariz.
Foi uma pena que somente um diretor pudesse ser indicado, porque Slumdog tem uma co-diretora indiana, Loveleen Tandan. Não sei o quanto ela e o Danny Boyle cooperaram, mas fizeram um filme ao mesmo tempo cruel, realista e, sim, muito fofo. A narrativa, a fotografia, a música, tudo funciona muito bem. As crianças, ao contrário de muitos atores e atrizes infantis, trabalharam magnificamente, e o jovem protagonista, que é inglês, é muito simpático. Já Latika jovem é uma atriz de raízes portuguesas e beleza indiana. Todo o elenco foi bem escolhido, todos são muito talentosos. Se tiver a chance de assistir Slumdog Millionaire, não perca, e depois me diga se sentiu o mesmo encantamento e angústia.
Dito isso, eles mereceram o Oscar. Um filme simples, realista e humano, com uma delicadeza muito grande e uma história que nos prende do início ao fim. Poderia, claro, ser cruel, mas nos leva ao inferno e não nos larga lá. E mesmo Salim consegue ganhar um pouco da nossa simpatia, mesmo fazendo tudo o que fez. E, claro, eu não vou contar os malfeitos do Zé Pequeno indiano. Assista!
2 pessoas comentaram:
excelente resenha. assino embaixo. o filme realmente mereceu muitos oscars ;D~
Caramba!
Que filme diferente você trouxe!Fiquei curiosa em saber como é!Não entendo nada de filmes indianos...>_<"
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