Matéria muito interessante na seção "profissões" da Folha Teen da Folha de São Paulo. Resta saber se realmente vai se criar um mercado de animação no Brasil ou se os brasileiros e brasileiras com talento e perseverança conseguirão se inserir. De qualquer forma, vale a leitura.
Para animar
Jovens transformam o gosto por desenhos animados em profissão; mostramos o caminho para trabalhar na área
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Se você assistiu ao bonitinho "Wall-E" (2008), deve se lembrar de quando a barata, companheira do simpático robô, aparece pela primeira vez. Ponto positivo para o paulistano Guilherme Jacinto, 23, que foi quem transformou a ideia dessa cena em imagens em movimento.
Guilherme é um exemplo, entre vários, de jovem que decidiu transformar o gosto pelo desenho em carreira. Hoje, trabalha como animador nos estúdios da Pixar, em San Francisco (EUA), ocupação durante a qual fez a cena da barata e tantas outras do filme.
"Toda criança desenha quando pequena, mas a maioria para depois de uma certa idade. Só que eu nunca parei", teoriza.
Dos dias de meninice até assumir seu cargo na Pixar, a história de Guilherme passou pela decisão de estudar desenho e, depois, ingressar na Academy of Art, localizada na Califórnia -região dos Estados Unidos repleta de estúdios de cinema, efeitos especiais e animação. Foi lá que conheceu alguns profissionais da Pixar, que lecionavam no curso. Destacou-se entre seus colegas e foi convidado a estagiar no estúdio. Um ano depois, recebeu a oferta de trabalho.
Paula Magrini, 19, é outra que trabalha com o que gosta, mas seu percurso teve um intervalo de um ano, tempo durante o qual tentou estudar biologia. "Em vez de prestar atenção na aula, eu ficava desenhando células, animais, plantas, órgãos...", conta. Paula desistiu da faculdade e, hoje, trabalha das 9h às 18h para o estúdio Lightstar, fazendo "clean-up" e intervalação – o "clean-up" é uma espécie de arte-final, enquanto a intervalação é o desenho do movimento, a partir de posições-chave traçadas pelo animador. Por mês, recebe cerca de R$ 800.
Novos rumos
Seguir o caminho de Guilherme e de Paula, investindo em uma carreira de animador, deixou de ser um sonho para tão poucos e, hoje, é uma possibilidade para jovens talentosos ou, pelo menos, esforçados.
Para Arnaldo Galvão, diretor de animação, a profissão passou a incluir mais jovens a partir da década de 90, graças aos avanços tecnológicos. "Com a internet, todos têm acesso à informação, e o pessoal começa a experimentar, não se sente mais intimidado", diz.
É a opinião também de Marcos Magalhães, um dos diretores do festival Anima Mundi. "O quarto de um adolescente hoje pode se transformar em um estúdio completo", diz.Um festival como o Anima Mundi "pode ser a porta de entrada para trabalhos autorais e para se ter retorno de público e de crítica", segundo o diretor. As inscrições estão abertas até o dia 25 de março (mais informações no site Animamundi). Outras opções são o Granimado e o Vitória Cine Vídeo.
Na carreira de Daniel Boccato, 17, ter participado de festivais foi um episódio grato.Aos 13 anos, concorreu no Anima Mundi 2005, na categoria "Futuro Animador". Não venceu. Mudou-se para Nova York com os pais e, aí sim, faturou um prêmio – o de melhor animação de um aluno do colegial, no Vision Fest 2007. A animação que inscreveu nos dois festivais foi "O Dia da Caça", disponível para visualização no seu portfólio on-line. "Desenhei com lápis e colori no computador", revela.
Rita Catunda, 18, trabalha na produtora TV Pinguim checando as cores de todas as cenas, para ver se estão corretas. De negativo, destaca a necessidade de ter de prestar atenção em muitos detalhes. "Eu sei de cabeça a cor da pálpebra da protagonista, é "FEBE81", e isso me incomoda", brinca. Rita foi parar na profissão "por uma série de coincidências". A primeira foi inspirar, aos cinco anos, a personagem de uma vinheta da TV Cultura que, em sua homenagem, se chamava Rita. Os produtores eram amigos de seus pais.
Perspectivas
Para Kiko Mistrorigo, sócio da TV Pinguim, o perfil do animador está passando por transformações no Brasil. "Antes, a animação nacional funcionava com foco em publicidade, mas o mercado para televisão e cinema está aumentando", diz. As mudanças se devem, em parte, aos incentivos governamentais à produção brasileira, como a linha de crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), lançada em janeiro de 2008, voltada às coproduções com empresas internacionais.
Bom para a garotada que foca nessa área. "A maioria dos jovens quer trabalhar com entretenimento, e as propagandas não acrescentam muito para o portfólio", opina Jean de Moura, diretora da Academia de Animação e Artes Digitais. Lucas Fracalossi, 20, está começando agora na carreira e já tem um sonho: trabalhar no estúdio Blue Sky, em Nova York. "Depende de cada um, eu me garanto", diz. (DIOGO BERCITO)
"Toda criança desenha quando pequena, mas a maioria para depois de uma certa idade. Eu nunca parei"
GUILHERME JACINTO, 23
que trabalha na Pixar
Para animar
Jovens transformam o gosto por desenhos animados em profissão; mostramos o caminho para trabalhar na área
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Se você assistiu ao bonitinho "Wall-E" (2008), deve se lembrar de quando a barata, companheira do simpático robô, aparece pela primeira vez. Ponto positivo para o paulistano Guilherme Jacinto, 23, que foi quem transformou a ideia dessa cena em imagens em movimento.
Guilherme é um exemplo, entre vários, de jovem que decidiu transformar o gosto pelo desenho em carreira. Hoje, trabalha como animador nos estúdios da Pixar, em San Francisco (EUA), ocupação durante a qual fez a cena da barata e tantas outras do filme.
"Toda criança desenha quando pequena, mas a maioria para depois de uma certa idade. Só que eu nunca parei", teoriza.
Dos dias de meninice até assumir seu cargo na Pixar, a história de Guilherme passou pela decisão de estudar desenho e, depois, ingressar na Academy of Art, localizada na Califórnia -região dos Estados Unidos repleta de estúdios de cinema, efeitos especiais e animação. Foi lá que conheceu alguns profissionais da Pixar, que lecionavam no curso. Destacou-se entre seus colegas e foi convidado a estagiar no estúdio. Um ano depois, recebeu a oferta de trabalho.
Paula Magrini, 19, é outra que trabalha com o que gosta, mas seu percurso teve um intervalo de um ano, tempo durante o qual tentou estudar biologia. "Em vez de prestar atenção na aula, eu ficava desenhando células, animais, plantas, órgãos...", conta. Paula desistiu da faculdade e, hoje, trabalha das 9h às 18h para o estúdio Lightstar, fazendo "clean-up" e intervalação – o "clean-up" é uma espécie de arte-final, enquanto a intervalação é o desenho do movimento, a partir de posições-chave traçadas pelo animador. Por mês, recebe cerca de R$ 800.
Novos rumos
Seguir o caminho de Guilherme e de Paula, investindo em uma carreira de animador, deixou de ser um sonho para tão poucos e, hoje, é uma possibilidade para jovens talentosos ou, pelo menos, esforçados.
Para Arnaldo Galvão, diretor de animação, a profissão passou a incluir mais jovens a partir da década de 90, graças aos avanços tecnológicos. "Com a internet, todos têm acesso à informação, e o pessoal começa a experimentar, não se sente mais intimidado", diz.
É a opinião também de Marcos Magalhães, um dos diretores do festival Anima Mundi. "O quarto de um adolescente hoje pode se transformar em um estúdio completo", diz.Um festival como o Anima Mundi "pode ser a porta de entrada para trabalhos autorais e para se ter retorno de público e de crítica", segundo o diretor. As inscrições estão abertas até o dia 25 de março (mais informações no site Animamundi). Outras opções são o Granimado e o Vitória Cine Vídeo.
Na carreira de Daniel Boccato, 17, ter participado de festivais foi um episódio grato.Aos 13 anos, concorreu no Anima Mundi 2005, na categoria "Futuro Animador". Não venceu. Mudou-se para Nova York com os pais e, aí sim, faturou um prêmio – o de melhor animação de um aluno do colegial, no Vision Fest 2007. A animação que inscreveu nos dois festivais foi "O Dia da Caça", disponível para visualização no seu portfólio on-line. "Desenhei com lápis e colori no computador", revela.
Rita Catunda, 18, trabalha na produtora TV Pinguim checando as cores de todas as cenas, para ver se estão corretas. De negativo, destaca a necessidade de ter de prestar atenção em muitos detalhes. "Eu sei de cabeça a cor da pálpebra da protagonista, é "FEBE81", e isso me incomoda", brinca. Rita foi parar na profissão "por uma série de coincidências". A primeira foi inspirar, aos cinco anos, a personagem de uma vinheta da TV Cultura que, em sua homenagem, se chamava Rita. Os produtores eram amigos de seus pais.
Perspectivas
Para Kiko Mistrorigo, sócio da TV Pinguim, o perfil do animador está passando por transformações no Brasil. "Antes, a animação nacional funcionava com foco em publicidade, mas o mercado para televisão e cinema está aumentando", diz. As mudanças se devem, em parte, aos incentivos governamentais à produção brasileira, como a linha de crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), lançada em janeiro de 2008, voltada às coproduções com empresas internacionais.
Bom para a garotada que foca nessa área. "A maioria dos jovens quer trabalhar com entretenimento, e as propagandas não acrescentam muito para o portfólio", opina Jean de Moura, diretora da Academia de Animação e Artes Digitais. Lucas Fracalossi, 20, está começando agora na carreira e já tem um sonho: trabalhar no estúdio Blue Sky, em Nova York. "Depende de cada um, eu me garanto", diz. (DIOGO BERCITO)
"Toda criança desenha quando pequena, mas a maioria para depois de uma certa idade. Eu nunca parei"
GUILHERME JACINTO, 23
que trabalha na Pixar
1 pessoas comentaram:
Incrivel o talento deste animador brasileiro, Guilherme Jacinto! Agora ele tb esta no novo filme da PIxar, UP! Pena que o Brasil, nao tenha espaco para acolher este talentos que estao no exterior!
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