Esta é a terceira parte, a segunda está aqui. Para quem não sabe do que se trata, estou postando uma história que venho escrevendo faz algum tempo. O primeiro capítulo se chama Ecos do Passado e o segundo Sem Olhar para Trás. Prometi postar continuamente até o capítulo 3 e fico sempre no aguardo dos comentários e sugestões, pois assim posso melhorar e mexer em coisas que não estejam funcionando. Como escrevi essa parte faz mais de dez anos e fiz várias revisões, talvez hoje fizesse tudo diferente, ou não. Aguardo os comentários e boa leitura.
Ventos de Mudança
Capítulo 3: Sem Olhar Para Trás (Parte 3)
Capítulo 3: Sem Olhar Para Trás (Parte 3)
Erik aguardava ansiosamente pela vinda de Alda. Ela pedira que ele a esperasse na capela, cedo pela manhã e era isso o que fazia, agora. O rapaz estava aflito e temia pelo destino de Alda, afinal, tudo poderia dar certo, mas havia muito maiores possibilidades de tudo dar errado. Olhou para um imenso vitral, um dos mais lindos que já vira e que retratava um famoso milagre. “Talvez seja isso que precisemos agora!”, suspirou. Ele estava na casa do Marquês de Mülle fazia três anos. Sair do seu país à princípio não o agradara, mas o Marquês era tão gentil com ele que suas reservas foram embora muito mais rápido do que imaginava. E, mesmo escudeiro, era tratado com toda deferência. E havia Alda, claro.
A moça não fazia caso do amor que ele tinha por ela, ou assim Erik acreditava, mas dedicava-lhe uma amizade sem limites. Se Erik não fosse tão tímido, talvez poderia ter mudado a situação, afinal, ele era nobre e não havia nada que o desqualificasse como um bom partido. Mas ele esperara demais... Alda já vinha entrando por uma passagem lateral, ela também olhou para os vitrais com episódios milagrosos, deslumbrada. Ela também pensava no quanto precisaria de um milagre e suspirou melancólica. Ao avistá-la, Erik a cumprimentou com toda deferência.
— Desculpe a demora, estavam tirando as minhas medidas. — Ela olhou nos olhos do rapaz e apertou os lábios involuntariamente. Era isso que fazia quando estava nervosa. Erik teve vontade de abraçá-la, mas se conteve. Depois, respirando fundo, Alda continuou: — Erik, eu tenho um plano e vou precisar de sua ajuda para que possa funcionar.
— Tudo o que quiser, Milady. — Alda então, contou como pretendia fugir e resgatar o príncipe Guilherme. — Pode funcionar, com certeza. — O rapaz comentou. — Só que precisará de auxílio não somente na primeira parte do plano. Eu serei mais útil acompanhando-a, com certeza.
— Não! — Alda exclamou contrariada. — Ninguém pode descobrir que você me ajudou! Se você for comigo, estará marcado, será um traidor, também. E sendo estrangeiro, sua vida valerá ainda menos que a nossa. — Diante do olhar resoluto de Erik, ela balançou a cabeça. — Essa luta não é sua, meu amigo. Deve proteger o seu nome! Sua família o enviou para ser educado e não para se meter em uma conspiração.
— Meu dever é acompanhá-la, Milady, e é isso o que farei. — Falou decidido. — Sei que precisa de mim, e mesmo que não precisasse, eu iria segui-la de qualquer jeito. — Ele sorriu rapidamente, para depois voltar à sua seriedade habitual. Alda conhecia bem sua teimosia, não adiantaria insistir. — Além disso, a luta é justa e eu quero participar dela.
Alda ficou olhando para ele por um momento e lhe deu um abraço apertado. Erik primeiro ficou rígido, depois relaxou e retribuiu o abraço.
— Sempre soube que você era meu amigo mais fiel, Erik. Amigo, não, você é como um irmão, pois sua fidelidade veio pela afeição, não pelo sangue. — Não era bem isso que Erik desejava ouvir. — Eu aceito sua companhia.
— Belo plano, com certeza, só que não irá funcionar só com vocês dois! — Disse uma voz de repente e tanto Alda como Erik se assustaram. A voz pertencia a Lívio que desceu as escadas lentamente. Ele estava escondido no segundo pavimento? Erik se sentiu um tolo por não ter percebido a presença de outra pessoa. — Passei a noite em vigília, não esperava ser interrompido. — Ele se aproximou dos dois e Erik sacou seu punhal. — Guarde a arma, por favor, eu não trago nenhuma comigo. Veja! — Disse erguendo o sóbrio gibão que cobria suas roupas elegantes. — Não pretendo denunciá-los. Quero ajudar vocês.
— Quem garante isso? — Erik perguntou desconfiado.
— Tem minha palavra, a única coisa que posso oferecer no momento. — “Foi isso mesmo que eu disse a Alan ontem à noite! Essa coincidência...” — Se desejarem, posso fazer um juramento solene ou algo parecido. — Havia certo humor na sua voz e isso aborreceu Alda.
— Sua tia profanou este templo, Senhor. Qual o valor do seu juramento, então? — Havia certa raiva em seus olhos e o rapaz os achou mais belos ainda desta maneira.
— Não foi minha intenção ofendê-la, Senhora. — Ele fez uma mesura. — Mas falo sério, se quiser posso jurar por algo que lhe parecer sagrado. Não é este prédio que vai validar minhas boas intenções.
— E como pretende nos ajudar? Ontem me disse que era imprestável como cavaleiro. — Ela cruzou os braços. — Não sei por que se oferece para esta missão perigosa.
— Por quê? — Fez pausa e seus olhos negros ficaram mais melancólicos e ternos do que o normal. — Primeiro, porque sei que estão certos, mas como não desejo parecer mais nobre do que sou, não posso afirmar que este seria um motivo suficientemente forte para arriscar meu pescoço. Até porque, corro o risco de ter minha família contra mim e, acreditem, eu tremo só de imaginar isso. — Ele sorriu tenso. — Assim sendo, devo dizer que além dessa motivação moral e abstrata, eu... — Ele olhou Alda nos olhos. — tenho motivos bem mais pessoais para ajudá-la. — Ele desejou que Erik não estivesse ali, mas como não havia alternativa, falou de uma arrancada só: — Acho que não merece o destino que querem lhe dar. Sinto que é meu dever fazer tudo que estiver ao meu alcance para salvá-la daquele ser repulsivo... Humberto de Dorsos. Eu... — Ele parou, olhou bem fundo nos olhos de Alda e continuou com voz terna. — Mais do que isso, Senhora, não me peça para dizer, por favor. De aonde vim, questões como essas são muito sérias para serem discutidas de forma tão objetiva. — Alda entendeu o que ele queria dizer e virou o rosto tentando esconder o rubor. Um trabalho inútil, pois tanto Lívio quanto Erik, já o haviam percebido.
— Mesmo assim, Senhor, — Erik falou de repente com uma voz carregada de agressividade. “Ele teve a audácia de se declarar aqui na minha frente! E eu que a amo há tanto tempo....” — como pretende nos ajudar se não sabe lutar e não quer sua família contra si?
— Uma bela pergunta, com certeza. — Ele parou de falar e lentamente colocou sua mão bem cuidada no o queixo com ar pensativo. — Com certeza, eu não precisarei lutar com todo o exército real para ajudá-los. Aliás, como disse anteriormente, nem vocês mesmos podem fazê-lo, ainda mais carregando um ferido. — Alda sabia que ele tinha razão. — Precisamos de um ardil. Algo que desvie a atenção deles, algo que deixe caminho livre para que possam agir. — Deu um meio sorriso e continuou. — Não sei o que será, mas me encarregarei dessa parte. Confiem em mim. — Disse fazendo menção em se retirar, mas depois, como arrependido, virou-se para os dois e arregaçou uma das mangas. Com um estalar de dedos uma chama apareceu e ficou brincando sobre sua mão direita. Era a primeira vez que exibia seus poderes de forma tão aberta. Mas o olhar de espanto dos dois sinalizou que fizera a coisa certa. Agora sabiam que ele não estava blefando.
— Como fez isso? — Erik perguntou.
— Fazer, não é bem o problema. Fazer parar é que pode ser complicado. — Estalou os dedos de novo e a chama desapareceu. — Assim como quase todos em minha família, eu tenho poderes. Se tivéssemos tempo, poderia dar maiores explicações. Enfim, não se preocupem comigo. — Alda olhava para ele com preocupação.
— E se descobrirem você? — Alda perguntou traindo sua preocupação.
— Não vão descobrir, Senhora, pode ter certeza. — Respondeu encantado. — Vocês saberão quando eu tiver agido. — Estendeu a mão para Erik. — Paz entre nós. — O rapaz relutou e depois apertou a mão estendida, a mesma mão que produzira a chama. “Se ele está do nosso lado, então...” Alda estendeu a sua só que ele não a apertou, simplesmente, se curvou e a beijou. — Confiem em mim, não vou decepcioná-los. — Disse isso e saiu por outra entrada, para que não fossem vistos juntos. “Como eu gostaria de ir com eles, mas...”
— Confia nele? — Erik perguntou.
— Eu... Eu não sei, Erik. — Balançou a cabeça e respirou fundo. — Só que ele sabe de tudo. Tem nosso plano em suas mãos. — “E, talvez, tenha meu coração, também!”, pensou assustada.
— “Deus nos ajude, então!” — O rapaz exclamou involuntariamente em sua língua materna.
A moça não fazia caso do amor que ele tinha por ela, ou assim Erik acreditava, mas dedicava-lhe uma amizade sem limites. Se Erik não fosse tão tímido, talvez poderia ter mudado a situação, afinal, ele era nobre e não havia nada que o desqualificasse como um bom partido. Mas ele esperara demais... Alda já vinha entrando por uma passagem lateral, ela também olhou para os vitrais com episódios milagrosos, deslumbrada. Ela também pensava no quanto precisaria de um milagre e suspirou melancólica. Ao avistá-la, Erik a cumprimentou com toda deferência.
— Desculpe a demora, estavam tirando as minhas medidas. — Ela olhou nos olhos do rapaz e apertou os lábios involuntariamente. Era isso que fazia quando estava nervosa. Erik teve vontade de abraçá-la, mas se conteve. Depois, respirando fundo, Alda continuou: — Erik, eu tenho um plano e vou precisar de sua ajuda para que possa funcionar.
— Tudo o que quiser, Milady. — Alda então, contou como pretendia fugir e resgatar o príncipe Guilherme. — Pode funcionar, com certeza. — O rapaz comentou. — Só que precisará de auxílio não somente na primeira parte do plano. Eu serei mais útil acompanhando-a, com certeza.
— Não! — Alda exclamou contrariada. — Ninguém pode descobrir que você me ajudou! Se você for comigo, estará marcado, será um traidor, também. E sendo estrangeiro, sua vida valerá ainda menos que a nossa. — Diante do olhar resoluto de Erik, ela balançou a cabeça. — Essa luta não é sua, meu amigo. Deve proteger o seu nome! Sua família o enviou para ser educado e não para se meter em uma conspiração.
— Meu dever é acompanhá-la, Milady, e é isso o que farei. — Falou decidido. — Sei que precisa de mim, e mesmo que não precisasse, eu iria segui-la de qualquer jeito. — Ele sorriu rapidamente, para depois voltar à sua seriedade habitual. Alda conhecia bem sua teimosia, não adiantaria insistir. — Além disso, a luta é justa e eu quero participar dela.
Alda ficou olhando para ele por um momento e lhe deu um abraço apertado. Erik primeiro ficou rígido, depois relaxou e retribuiu o abraço.
— Sempre soube que você era meu amigo mais fiel, Erik. Amigo, não, você é como um irmão, pois sua fidelidade veio pela afeição, não pelo sangue. — Não era bem isso que Erik desejava ouvir. — Eu aceito sua companhia.
— Belo plano, com certeza, só que não irá funcionar só com vocês dois! — Disse uma voz de repente e tanto Alda como Erik se assustaram. A voz pertencia a Lívio que desceu as escadas lentamente. Ele estava escondido no segundo pavimento? Erik se sentiu um tolo por não ter percebido a presença de outra pessoa. — Passei a noite em vigília, não esperava ser interrompido. — Ele se aproximou dos dois e Erik sacou seu punhal. — Guarde a arma, por favor, eu não trago nenhuma comigo. Veja! — Disse erguendo o sóbrio gibão que cobria suas roupas elegantes. — Não pretendo denunciá-los. Quero ajudar vocês.
— Quem garante isso? — Erik perguntou desconfiado.
— Tem minha palavra, a única coisa que posso oferecer no momento. — “Foi isso mesmo que eu disse a Alan ontem à noite! Essa coincidência...” — Se desejarem, posso fazer um juramento solene ou algo parecido. — Havia certo humor na sua voz e isso aborreceu Alda.
— Sua tia profanou este templo, Senhor. Qual o valor do seu juramento, então? — Havia certa raiva em seus olhos e o rapaz os achou mais belos ainda desta maneira.
— Não foi minha intenção ofendê-la, Senhora. — Ele fez uma mesura. — Mas falo sério, se quiser posso jurar por algo que lhe parecer sagrado. Não é este prédio que vai validar minhas boas intenções.
— E como pretende nos ajudar? Ontem me disse que era imprestável como cavaleiro. — Ela cruzou os braços. — Não sei por que se oferece para esta missão perigosa.
— Por quê? — Fez pausa e seus olhos negros ficaram mais melancólicos e ternos do que o normal. — Primeiro, porque sei que estão certos, mas como não desejo parecer mais nobre do que sou, não posso afirmar que este seria um motivo suficientemente forte para arriscar meu pescoço. Até porque, corro o risco de ter minha família contra mim e, acreditem, eu tremo só de imaginar isso. — Ele sorriu tenso. — Assim sendo, devo dizer que além dessa motivação moral e abstrata, eu... — Ele olhou Alda nos olhos. — tenho motivos bem mais pessoais para ajudá-la. — Ele desejou que Erik não estivesse ali, mas como não havia alternativa, falou de uma arrancada só: — Acho que não merece o destino que querem lhe dar. Sinto que é meu dever fazer tudo que estiver ao meu alcance para salvá-la daquele ser repulsivo... Humberto de Dorsos. Eu... — Ele parou, olhou bem fundo nos olhos de Alda e continuou com voz terna. — Mais do que isso, Senhora, não me peça para dizer, por favor. De aonde vim, questões como essas são muito sérias para serem discutidas de forma tão objetiva. — Alda entendeu o que ele queria dizer e virou o rosto tentando esconder o rubor. Um trabalho inútil, pois tanto Lívio quanto Erik, já o haviam percebido.
— Mesmo assim, Senhor, — Erik falou de repente com uma voz carregada de agressividade. “Ele teve a audácia de se declarar aqui na minha frente! E eu que a amo há tanto tempo....” — como pretende nos ajudar se não sabe lutar e não quer sua família contra si?
— Uma bela pergunta, com certeza. — Ele parou de falar e lentamente colocou sua mão bem cuidada no o queixo com ar pensativo. — Com certeza, eu não precisarei lutar com todo o exército real para ajudá-los. Aliás, como disse anteriormente, nem vocês mesmos podem fazê-lo, ainda mais carregando um ferido. — Alda sabia que ele tinha razão. — Precisamos de um ardil. Algo que desvie a atenção deles, algo que deixe caminho livre para que possam agir. — Deu um meio sorriso e continuou. — Não sei o que será, mas me encarregarei dessa parte. Confiem em mim. — Disse fazendo menção em se retirar, mas depois, como arrependido, virou-se para os dois e arregaçou uma das mangas. Com um estalar de dedos uma chama apareceu e ficou brincando sobre sua mão direita. Era a primeira vez que exibia seus poderes de forma tão aberta. Mas o olhar de espanto dos dois sinalizou que fizera a coisa certa. Agora sabiam que ele não estava blefando.
— Como fez isso? — Erik perguntou.
— Fazer, não é bem o problema. Fazer parar é que pode ser complicado. — Estalou os dedos de novo e a chama desapareceu. — Assim como quase todos em minha família, eu tenho poderes. Se tivéssemos tempo, poderia dar maiores explicações. Enfim, não se preocupem comigo. — Alda olhava para ele com preocupação.
— E se descobrirem você? — Alda perguntou traindo sua preocupação.
— Não vão descobrir, Senhora, pode ter certeza. — Respondeu encantado. — Vocês saberão quando eu tiver agido. — Estendeu a mão para Erik. — Paz entre nós. — O rapaz relutou e depois apertou a mão estendida, a mesma mão que produzira a chama. “Se ele está do nosso lado, então...” Alda estendeu a sua só que ele não a apertou, simplesmente, se curvou e a beijou. — Confiem em mim, não vou decepcioná-los. — Disse isso e saiu por outra entrada, para que não fossem vistos juntos. “Como eu gostaria de ir com eles, mas...”
— Confia nele? — Erik perguntou.
— Eu... Eu não sei, Erik. — Balançou a cabeça e respirou fundo. — Só que ele sabe de tudo. Tem nosso plano em suas mãos. — “E, talvez, tenha meu coração, também!”, pensou assustada.
— “Deus nos ajude, então!” — O rapaz exclamou involuntariamente em sua língua materna.
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