domingo, 25 de janeiro de 2009

Capítulo 2: A Decisão de uma Vida (Parte 5)


Se você está lendo este post, deve ter passado pelo capítulo 1. Agora, você está na quinta parte do capítulo 2. Se caiu aqui por engano, clique para retornar para a parte anterior, se você clicar na tag Rosas, poderá acessar todos as partes que coloquei no blog até aqui. Quem estiver perdido é só perguntar. De qualquer forma, continuo a postagem até o terceiro capítulo e depois, só se realmente houver interesse. Estou na parte do torneio. Acho que nao consigo me sair bem descrevendo essas cenas e gostaria mesmo de algum feedback.


Ventos de Mudança
Capítulo 2: A Decisão de uma Vida (Parte 5)

— Denis sempre confiou mais em sua força que na inteligência. — Konrad comentou com ar de crítica. — Veja só o resultado. — Flora suspirou. Tudo aquilo parecia tão sem significado. Qual a graça nestes combates simulados? — Se eu estivesse em seu lugar seria diferente.

Outra pessoa na audiência também notou que já havia visto o cavaleiro em algum lugar e sorriu quando o viu vencer o oponente. “Quando souberem quem é o cavaleiro... Será um escândalo!” Outros combates se seguiram, até que chegou a vez de Humberto que venceu, outra vez, com facilidade e rapidez.

— Se eu estivesse lá, este bárbaro não teria chances! — Konrad resmungou e Flora acariciou sua mão com carinho, compreendia seu mau humor. — Ele já estaria fora do torneio.

— Nós sabemos disso, Kon. Haverá uma próxima vez! — O rapaz tomou a mão que acariciava a sua e a beijou com devoção, fazendo com que Alan se sentisse incomodado pela primeira vez.

— Eu sei que haverá, só que eu havia prometido ganhar este torneio em sua honra. Deve estar decepcionada comigo. — Disse com um olhar meloso que despertou o ciúme de Alan que se conteve.

— Na verdade, estou feliz que esteja ao nosso lado ao invés de estar correndo riscos lá embaixo, não é Alan? — A moça falou tentando quebrar a tensão entre os dois.

— Assim, não sou eu o único a esquentar o banco. Na verdade, eu desejaria que estivéssemos juntos na liça. Só que poderia haver um empate. — Brincou melancólico.

— Não haveria empate. — Konrad falou com superioridade e Flora sentiu um calafrio e se envolveu no seu xale. Deveria se agasalhar mais.

Chegou a vez do Cavaleiro Desconhecido, outra vez, ele teria que enfrentar Felipe De Grace, outro dos jovens cavaleiros, o melhor depois de Konrad. Os dois se bateram e Felipe levou a melhor, derrubando o oponente com um golpe astucioso e rápido. Rapidez, aliás, era sua especialidade. Marina estava suando frio, Flora desviou o rosto, já Alan e Konrad se mostravam cada vez mais excitados, afinal, tinham escolhido o cavaleiro sem nome como seu favorito. Caído, o cavaleiro rolou sobre seu próprio corpo e ergueu-se antes que Felipe pusesse fim ao combate, sacando sua espada e pondo-se em guarda. Os dois começaram a lutar no chão.

— É melhor desistir, pois não há ninguém que possa me vencer na arte da espada. — Disse com ar afetado. Era uma mentira, pois nem Konrad, nem Richard, nem Jerôme, haviam perdido para ele.

— Sempre há uma primeira vez, Senhor. — O cavaleiro disse simplesmente.

Os dois lutaram por muito tempo, um não conseguindo vantagem sobre o outro. Mas Felipe perdia a concentração quando os duelos se alongavam demais, então em um descuido, terminou desarmado. Só que se jogando no chão, recuperou a espada, e retornou à luta. O Cavaleiro Desconhecido deixou que se levantasse, cavalheirescamente, antes de reiniciar o ataque, só que Felipe, usando de um golpe sujo, lhe deu uma rasteira, o Desconhecido, no entanto, não largou o punho da espada e a encostou em uma região bem sensível do corpo do oponente.

— Creio, que se não desejar perder sua virilidade, Senhor, deve se render, agora. — E foi o que ele fez sem hesitação. E a platéia vibrou no que tinha sido o melhor combate até então.

XXX

Filipe se retirou absolutamente humilhado e quando estava já fora da liça, deu de cara com alguém que não via há muito tempo.

— Jerôme! — Seu tom de voz traiu involuntariamente sua emoção. — Vo-você aqui? Eu pensei...

— Não poderia deixar de assistir seu primeiro e retumbante fracasso. — Fez pausa. — Ou seria o segundo? — O outro ficou rubro e Jerôme pensou: “Ah! O tolinho ainda me deseja, não é mesmo?”

— Para você é fácil falar... — Felipe queria matá-lo ou se jogar nos seus braços, o que fosse possível. — Mas por que não estava na liça, também? Será que perdeu suas capacidades na sua jornada de... Como você dizia mesmo? “Iluminação”, não é isso?

— Sua Majestade achou por bem que eu não tomasse parte para não estragar o dia de alguém. — Falou desdenhando. Pensara no início que esse alguém era Konrad... Agora, sabia estar enganado. — Para seu governo, estou melhor do que nunca. — Disse fingindo ajeitar as pregas do seu belíssimo manto. “Ele está debochando de mim, como sempre fez! Mas não perde por esperar!”, pensou Filipe furioso. — Ah, antes que se vá não poderia deixar de elogiá-lo, meu amigo. Você está cada vez mais parecido com sua irmã Liliane. Aliás, ela ainda está esperando por mim? Ou conseguiram empurrá-la com algum tolo? Depois de tudo que se passou... — Dito isso, afastou-se rindo, enquanto Filipe, rubro e visivelmente abalado, pelo torneio, e pelo reencontro, tentava juntar os cacos de sua dignidade. “Ainda hei de me vingar!”

Todos se admiravam da habilidade e astúcia do cavaleiro Desconhecido. Afinal, quem seria ele? Nem a Rainha sabia, mas sua destreza começava a preocupá-la. De Mülle parecia extremamente preocupado com seu bem estar e suspirava aliviado quando os combates eram encerrados.

— Creio que precisa me apresentar este cavaleiro, Louis. Quem ele é? — Ele não respondeu. — Está dormindo de olhos abertos, De Mülle?

— Não, Majestade, é que o combate me deixa nervoso, muito nervoso... mas após o torneio, farei questão de apresentá-lo. — Fez pausa. — É o meu melhor “homem”. — Completou com orgulho.

XXX

O cavaleiro que discutira com Alan, Sir Martin iria entrar na liça e enfrentar Humberto de Dorsos. Ele montava um imenso cavalo de batalha, e mostrava confiança. Ambos os cavaleiros tinham vencido dois combates, Humberto, na verdade, um só, já que Konrad sofrera o infeliz acidente.

— Se alguém pode vencer esse Humberto de Dorsos, aí está ele. — Falou Konrad.

— Humberto de Dorsos vai disputar a final do torneio com o cavaleiro Desconhecido. — Alan falou de braços cruzados. — Esse Martin vai perder.

— Pode ser...

O combate começou. Os dois cavaleiros fortemente armados cruzaram lanças. No segundo choque, Martin, mesmo menor, conseguiu atingir Humberto com um golpe certeiro e ele perdeu seu escudo. Voltaram a se bater e Humberto trocou a lança pela espada. Era uma arma enorme e ela se abateu sobre o elmo de Martin. Ele não rachou, mas o cavaleiro desequilibrou e caiu do cavalo.

Com uma rapidez surpreendente para o seu tamanho e peso, Humberto desceu do cavalo preparou-se para enfrentar o outro no chão. Martin retirou rápido o elmo que estava muito amassado.

— Ele não deveria tirar o elmo. — Alan comentou.

— Mas ele na poderia lutar com ele. — Konrad ponderou. — Tem um corte na cabeça.

— Só que assim ele fica bem mais vulnerável... — Konrad aquiesceu e Flora estava com os olhos vidrados na arena.

Humberto esperou que ele se desvencilhasse do capacete e se posicionasse e atacou. Pegara a massa e o outro ainda usava espada e escudo. Apesar de Martin manter-se firme e usar bem o escudo, a força de Humberto era tamanha que ele foi sendo destroçado. Golpe sobre golpe, e a audiência não conseguia respirar. Martin lançou o escudo destroçado sobre Humberto e recuou. Este sequer pareceu sentir a pancada.

— Ele é muito forte! — Exclamou Alan.

A partir daí tudo foi muito rápido. Martin se esquivou uma ou duas vezes. Estava arfante, e sua testa sangrava cada vez mais. Sua esposa grávida, na audiência, gemia tão alto que alguns pensavam que fosse desmaiar. Humberto investiu mais uma vez e a massa acertou-lhe o maxilar e ricocheteou no braço. Ouviu-se o “crack”, mesmo por cima da armadura, foi um golpe tão forte que o metal se partiu, a carne rasgou e o osso quebrou. A verdade, tanto o maxilar quanto o braço estavam fraturados. Um ou outro ferimento fazia parte do esperado em um torneio, mas fraturas expostas não era coisa comum nesse tipo de festividade. E o pior é que Humberto parecia disposto a continuar investindo. Ele só parou porque Martin gritou e desfaleceu pouco depois do último golpe.

— Acho que seu cavaleiro será o próximo, De Mülle. — Disse a Rainha que parecia deliciada. Humberto era realmente um grande cavaleiro, não deveria ter impedido Konrad de lutar. Ele teria poucas chances.

De Mülle estava mortalmente pálido. Se já estava preocupado antes, agora ele estava desesperado e seu coração parecia querer explodir. Não muito longe dali, Flora quase desfalecera e Konrad a estava amparando, enquanto Alan correra em busca de água e sais de cheirar.

— Ele pode matá-la, Alan... — Ela balbuciou quando Alan voltou.

— Matar? Matar quem? — Konrad perguntou, olhando de um para outro e Alan entendeu. Ele realmente conhecia o cavalo.

— Flora está assustada... — Alan falou baixo enquanto afagava a mão de Flora.

— Motivo não lhe falta... Esse bárbaro quase destroçou Sir Martin. — Konrad estava indignado. — Afinal, ele não sabe que é um jogo?

— Ao que parece, ele não está aqui para jogar. — Alan falou sério. — Mas o Desconhecido já deve saber disso. — E ele olhou para o lado e viu que Marina olhava para ele e estava pálida como um fantasma. Ela também sabia, ele pensou.

2 pessoas comentaram:

Valeria pessoalmente gosto dessa forma como você está narrando o torneio, misturando a disputa com a historia dos participantes. Como por exemplo, no caso de inserir a mulher gravida e a luta do marido.Da mais vida aos personagens mesmo que você não vá usá-los depois.
Não gosto quando se estendem tanto na luta que esquecem o que está ao redor.Prefiro como leitora fazer parte da plateia vendo o torneio. ^^

Obrigada, Sett.

Essa cena do confronto do Humberto com o Martin é nova. Até porque o Martin apareceu em uma cena também nova e o reaproveitei (*tem hífen aqui?*).

A seqüência do torneio estava pobre, porque eu descrevia dois confrontos do Cavaleiro Desconhecido e nenhum do Humberto. Era necessário criar essa cena. Realmente não sei se vou usar de novo Martin ou a esposa...

Humberto e o Desconhecido se enfrentam na próxima seqüência e daí caminhamos para o fim do capítulo. Mas você estava curiosa quanto ao Guilherme. Qual a sua opinião sobre ele?

Related Posts with Thumbnails