Se você está lendo este post, deve ter passado pelo capítulo 1. Agora, você está na terceira parte do capítulo 2. Se caiu aqui por engano, clique para retornar para a parte anterior, se você clicar na tag Rosas, poderá acessar todos as partes que coloquei no blog até aqui. Quem estiver perdido é só perguntar e qualquer comentário, sugestão ou crítica será lida e desde já agradeço pela atenção.
Ventos de Mudança
Capítulo 2: A Decisão de uma Vida (Parte 3)
Capítulo 2: A Decisão de uma Vida (Parte 3)
Alda não foi correndo atrás de Marina, ela que voltasse sozinha, já que estava tão disposta. Esperou um pouco até que a outra se afastasse e decidiu retornar para seu quarto deixando Alan, sua irmã e o outro rapaz para trás. Tinham decidido se encontrar no outro dia, quando surgisse a primeira chance. Sabia, porém, que o primo desconfiava dela, já os outros dois pareciam as pessoas mais plácidas e agradáveis do mundo, ainda mais em condições estranhas como aquelas. “São crianças ainda... Ou parecem ver o mundo com olhos benevolentes.”
Na verdade, a coisa era bem diferente. Elaine seguiria Alan para aonde ele fosse, ainda mais agora que o reencontrara, e Haroldo seguiria Elaine sem pensar duas vezes, especialmente porque nada tinha a perder, ou pelo menos ele pensava assim. Ambos, no entanto, tinham medo. Mas com tanta gente gritando e esperneando, era melhor que não aumentassem a confusão.
Para chegar até o palácio sem atrair muita atenção, Alda deveria passar pelo lugar onde o jovem Guilherme estava sendo supliciado. Tinha pena dele e ao mesmo tempo admiração, pois estava lutando pelo que era direito e, agora, estava sendo humilhado por isso. “Deve ter sede, fome e frio...” Decidiu que podia e devia fazer algo por ele. “Pouco me importa o que pensem!”
— Erik, Me dê o seu cantil. — O outro obedeceu prontamente, mas quando viu o que ela estava prestes a fazer, tentou impedir.
— Milady, não deve fazer isso! É temerário...
— Eu sei! — Deu um sorriso rápido, envolveu-se mais ainda em sua capa e subiu os degraus. Os guardas tentaram impedir.
— Pare onde está! A Rainha proibiu!
— Como sabe se não estou aqui seguindo ordens de sua Majestade? — Falou usando de toda a autoridade e imponência que poderia arregimentar. Era nessas horas que agradecia o fato de ser tão alta, pois poderia se tornar ainda maior aos olhos de gente simplória. — Ouse me tocar e assuma as conseqüências. — Aproveitando a hesitação do guarda, ela chegou até o Príncipe que olhou para sua figura envolta pelo pesado manto verde e pela escuridão como se fosse uma aparição. — Beba! — Deu-lhe um gole d’água. — Saiba que virão resgatá-lo em breve. — Sussurrou e não teve certeza de que o outro escutara, mas ele esboçou um sorriso.
— O que acha que está fazendo, mulher? — Uma voz plena de autoridade. O homem a interpelou e teria mesmo agarrado seu braço, não fosse a intervenção de um jovem cavaleiro.
— Deixe-a em paz, Capitão! Ele está fadado a morrer, esta água só irá reavivar seus sentidos. — Fez pausa. — Não é isso que deseja? — Era o belo rapaz que Marina apontara, o que tocava harpa e flauta e tinha se ausentado da corte por algum tempo.
O Capitão parou onde estava, o que queria dizer que o outro era alguém importante. Mais importante do que o homem que arrastara Guilherme pelo salão.
— Permita-me que termine esta tarefa, Senhora. — Ele fez uma mesura profunda. — Este não é um lugar adequado a uma dama. — Ele tinha um corpo elegante e movia-se com a languidez e flexibilidade de um gato. Alda não deixou de notar que Marina tinha bom gosto para homens, mas beleza não era tudo.
— Uma dama deve estar onde sua presença se faz necessária... Mas creio que é hora de ir. — Voltou-se para Guilherme: — Coragem, Senhor! Não me decepcione! — O rapaz acorrentado agarrou sua mão com tanta força que ela quase não conseguiu se mover. Era uma demonstração de que estava bem vivo. E o olhar que lhe lançou era intenso. “Deve estar com febre... as feridas podem estar infeccionando.” Os olhos azuis do rapaz brilhavam e havia fogo neles... Febre? Vontade de viver? Desejo de vingança? Tudo isso junto.
— Jamais faria isso, Senhora. — Ele a soltou. — Sua imagem estará para sempre em meus pensamentos, dama de verde. — Ela se foi e tão logo ela desapareceu das vistas deles, Jerôme derramou todo o conteúdo do cantil sobre a cabeça de Guilherme.
— Não esperava que eu o mimasse como aquela tola, não é Guilherme De Auston. — Ele sorriu lentamente. — Mas não deixou de ser um espetáculo interessante... um consolo para o heróico cavaleiro preste a encontrar a morte. Talvez eu escreva uma balada sobre seus últimos dias. — E se foi.
Depois do incidente, Erik a acompanhou até a entrada do palácio, temeroso de que sua Senhora pudesse se meter em alguma confusão pelo caminho, ou que o Capitão viesse atrás dela tomar satisfações. Até onde sabia, Alda estava desarmada, e mesmo se estivesse, o Capitão era um homem grande e poderia não estar sozinho. Alda baixou o capuz e se identificou. Os guardas do palácio a deixaram passar sem perguntas. Lá dentro, somente a tênue luz das velas iluminava o corredor, gelado. Estava quase em seus aposentos quando alguém, saindo das sombras, se interpôs:
— Não deveria vagar sozinha pelo castelo a essas horas, Senhora. — O homem era estrangeiro, como seu sotaque pesado e a dificuldade com as palavras, indicavam. Alda notou, também, apesar da escuridão, que seu rosto era deformado por uma terrível cicatriz. Como não o conhecia, simplesmente tentou passar, só que o homem, com uma força descomunal, segurou seu pulso. — Falo, porque me preocupo.
— Não preciso que se preocupe comigo, Senhor. Sei me cuidar sozinha. Eu garanto. — Disse se esforçando para soltar o pulso. — Além disso, Senhor, — Sua voz assumiu o tom orgulhoso que a tornava ainda mais imponente. — não o conheço. Talvez de onde venha seja comum abordar as moças em lugares escuros, mas aqui convém que haja uma apresentação preliminar. Peço que solte o meu pulso ou vou gritar por socorro. — Ele soltou. — Com sua licença. — Deu-lhe as costas e foi embora.
“Ainda nos veremos de novo, minha noiva... Ainda nos veremos!” O homem era Humberto de Dorsos, e embora Alda não soubesse ainda, seriam apresentados no dia seguinte.
Na verdade, a coisa era bem diferente. Elaine seguiria Alan para aonde ele fosse, ainda mais agora que o reencontrara, e Haroldo seguiria Elaine sem pensar duas vezes, especialmente porque nada tinha a perder, ou pelo menos ele pensava assim. Ambos, no entanto, tinham medo. Mas com tanta gente gritando e esperneando, era melhor que não aumentassem a confusão.
Para chegar até o palácio sem atrair muita atenção, Alda deveria passar pelo lugar onde o jovem Guilherme estava sendo supliciado. Tinha pena dele e ao mesmo tempo admiração, pois estava lutando pelo que era direito e, agora, estava sendo humilhado por isso. “Deve ter sede, fome e frio...” Decidiu que podia e devia fazer algo por ele. “Pouco me importa o que pensem!”
— Erik, Me dê o seu cantil. — O outro obedeceu prontamente, mas quando viu o que ela estava prestes a fazer, tentou impedir.
— Milady, não deve fazer isso! É temerário...
— Eu sei! — Deu um sorriso rápido, envolveu-se mais ainda em sua capa e subiu os degraus. Os guardas tentaram impedir.
— Pare onde está! A Rainha proibiu!
— Como sabe se não estou aqui seguindo ordens de sua Majestade? — Falou usando de toda a autoridade e imponência que poderia arregimentar. Era nessas horas que agradecia o fato de ser tão alta, pois poderia se tornar ainda maior aos olhos de gente simplória. — Ouse me tocar e assuma as conseqüências. — Aproveitando a hesitação do guarda, ela chegou até o Príncipe que olhou para sua figura envolta pelo pesado manto verde e pela escuridão como se fosse uma aparição. — Beba! — Deu-lhe um gole d’água. — Saiba que virão resgatá-lo em breve. — Sussurrou e não teve certeza de que o outro escutara, mas ele esboçou um sorriso.
— O que acha que está fazendo, mulher? — Uma voz plena de autoridade. O homem a interpelou e teria mesmo agarrado seu braço, não fosse a intervenção de um jovem cavaleiro.
— Deixe-a em paz, Capitão! Ele está fadado a morrer, esta água só irá reavivar seus sentidos. — Fez pausa. — Não é isso que deseja? — Era o belo rapaz que Marina apontara, o que tocava harpa e flauta e tinha se ausentado da corte por algum tempo.
O Capitão parou onde estava, o que queria dizer que o outro era alguém importante. Mais importante do que o homem que arrastara Guilherme pelo salão.
— Permita-me que termine esta tarefa, Senhora. — Ele fez uma mesura profunda. — Este não é um lugar adequado a uma dama. — Ele tinha um corpo elegante e movia-se com a languidez e flexibilidade de um gato. Alda não deixou de notar que Marina tinha bom gosto para homens, mas beleza não era tudo.
— Uma dama deve estar onde sua presença se faz necessária... Mas creio que é hora de ir. — Voltou-se para Guilherme: — Coragem, Senhor! Não me decepcione! — O rapaz acorrentado agarrou sua mão com tanta força que ela quase não conseguiu se mover. Era uma demonstração de que estava bem vivo. E o olhar que lhe lançou era intenso. “Deve estar com febre... as feridas podem estar infeccionando.” Os olhos azuis do rapaz brilhavam e havia fogo neles... Febre? Vontade de viver? Desejo de vingança? Tudo isso junto.
— Jamais faria isso, Senhora. — Ele a soltou. — Sua imagem estará para sempre em meus pensamentos, dama de verde. — Ela se foi e tão logo ela desapareceu das vistas deles, Jerôme derramou todo o conteúdo do cantil sobre a cabeça de Guilherme.
— Não esperava que eu o mimasse como aquela tola, não é Guilherme De Auston. — Ele sorriu lentamente. — Mas não deixou de ser um espetáculo interessante... um consolo para o heróico cavaleiro preste a encontrar a morte. Talvez eu escreva uma balada sobre seus últimos dias. — E se foi.
XXX
Depois do incidente, Erik a acompanhou até a entrada do palácio, temeroso de que sua Senhora pudesse se meter em alguma confusão pelo caminho, ou que o Capitão viesse atrás dela tomar satisfações. Até onde sabia, Alda estava desarmada, e mesmo se estivesse, o Capitão era um homem grande e poderia não estar sozinho. Alda baixou o capuz e se identificou. Os guardas do palácio a deixaram passar sem perguntas. Lá dentro, somente a tênue luz das velas iluminava o corredor, gelado. Estava quase em seus aposentos quando alguém, saindo das sombras, se interpôs:
— Não deveria vagar sozinha pelo castelo a essas horas, Senhora. — O homem era estrangeiro, como seu sotaque pesado e a dificuldade com as palavras, indicavam. Alda notou, também, apesar da escuridão, que seu rosto era deformado por uma terrível cicatriz. Como não o conhecia, simplesmente tentou passar, só que o homem, com uma força descomunal, segurou seu pulso. — Falo, porque me preocupo.
— Não preciso que se preocupe comigo, Senhor. Sei me cuidar sozinha. Eu garanto. — Disse se esforçando para soltar o pulso. — Além disso, Senhor, — Sua voz assumiu o tom orgulhoso que a tornava ainda mais imponente. — não o conheço. Talvez de onde venha seja comum abordar as moças em lugares escuros, mas aqui convém que haja uma apresentação preliminar. Peço que solte o meu pulso ou vou gritar por socorro. — Ele soltou. — Com sua licença. — Deu-lhe as costas e foi embora.
“Ainda nos veremos de novo, minha noiva... Ainda nos veremos!” O homem era Humberto de Dorsos, e embora Alda não soubesse ainda, seriam apresentados no dia seguinte.
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