terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Capítulo 1: Ecos do Passado (parte 10)


Vou postar o resto do capítulo antes de viajar de volta para casa. Agora, você está na décima e penúltima parte. Se caiu aqui por engano, clique para retornar para a parte anterior, se você clicar na tag Rosas, poderá acessar todos as partes que coloquei no blog até aqui. Qualquer comentário, sugestão ou crítica será lida e desde já agradeço pela atenção.

Ventos de Mudança
Capítulo 1: Ecos do Passado (parte 10)

A noite chegou e todos se fizeram presentes no Grande Salão. De Sayers notou que salvo por mais um ou dois, todos os outros rapazes que seriam armados cavaleiros eram pertencentes à nova nobreza que traíra o Rei mesmo que mantendo-o em seu trono. Traíram o Rei porque o privaram de seu mais fiel aliado, o duque De Brier, além de outros nobres fiéis. De Mülle também teve a mesma triste impressão, só que em seu caso, ele também traíra, era co-responsável e todos o olhavam com desdém, o que não escapou aos olhos de sua filha.

— Pai, por que...

— Eu explicarei mais tarde, palavra que explicarei.

Sir Richard entrou no salão naquele instante. Vestia-se elegantemente, como sempre, com uma túnica negra e atraindo o olhar das damas e de Alan que, bem seguro entre o Conde e Flora, não teria chance de fazer uma tolice qualquer.

— Maldito! — O rapaz disse entredentes.

— Psiu! Alan fique quieto, por favor. — Flora suplicou.

Apesar de estar muito distante do rapaz, Richard pareceu ouvir seu sussurro e pareceu contemplá-lo com um olhar superior, para depois ignorá-lo completamente. O Conde respirou fundo e falou para o jovem:

— Perto dele, meu filho, deve cuidar até de seus pensamentos.

Um arauto entrou e anunciou a Rainha e a Princesa. Dominique entrou, não usando luto, mas vestida com um lindo traje vermelho que ressaltava sua beleza plena, na cabeça, adornando seus cabelos trançados, a coroa real. “É incrível!” O Conde pensou. “Eu envelheci, De Mülle, também, e ela e Richard continuam tão jovens como quando os conheci. É como se fossem imunes ao tempo.” Atrás dela, entrou a Princesa, igualmente bela em seu vestido púrpura bordado com pequenas pérolas. Era interessante contrastar uma beleza madura com outra que estava em ascensão. Isso, aliás, não passou despercebido á própria Rainha que sentia ciúme mortal de qualquer mulher que pudesse competir com ela... em qualquer área.

— Sinto-me honrada pela presença de todos os meus nobres! Depois de muito tempo, a festa deve retornar a este lugar. — Sentou-se, e Marina a seguiu, e o arauto começou a anunciar, nome por nome, os nobres para que prestassem reverência. A cerimônia seria longa...

— Louis, Marquês De Mülle!

De Mülle, se aproximou com Alda e a Rainha a examinou, rapidamente, com os olhos. “Richard foi duro na sua avaliação. É parecida demais com o pai para não ser um pouco bela. Mas por certo é muito magra e não parece que vai ser uma boa parideira... Quanto melhor...”

— Presto-lhe todas as honras, Majestade, e renovo minha fidelidade por mim e minha filha. — Beijou-lhe a mão e a Rainha falou em seu ouvido:

— Após a festa esteja em meus aposentos. — De Mülle estremeceu, mas nada disse e depois, acrescentou em voz alta e olhando para o Conde De Dorsos, este era o sinal, acordado. — Tem uma bela filha Louis, meus parabéns. — Alda agradeceu com uma mesura. E Humberto a avaliou com alguma decepção nos olhos, não era o tipo de mulher que despertasse o seu apetite.

— Eu agradeço, Majestade.

Outra longa fila de nobres passou.

— Michael, Conde De Sayers.

O Conde se aproximou com Flora e Alan, desconsiderando todos os olhares e as advertências quanto à presença do rapaz. E a Rainha sorriu ao ver o jovem De Brier e Marina corou visivelmente, apesar de tentar se controlar.

— Presto-lhe meus respeitos, Majestade, e renovo minha fidelidade por mim e minha Casa.

— Eu sei o quanto é fiel, De Sayers. Seu filho é um de meus melhores cavaleiros e esta festa é, também, em sua honra. — Fez pausa. — Saudações, jovem Alan, ficamos felizes por sua volta ao nosso convívio. Agradeço por obedecer nossa ordem De Sayers, sua missão termina hoje, o jovem Alan ficará sob nossa guarda a partir deste momento. — Alan sentiu o chão abrir-se sob seus pés, mas não disse palavra, tampouco ergueu os olhos. Procurou manter os nervos no lugar, enquanto Flora roçou a mão trêmula e fria na dele. Ele não poderia assustar Flora ainda mais, precisava ser firme e tinha certeza de que jamas ficaria ali, não iria se deixar prender ou matar, não sem uma boa luta, mas não era a hora de falar coisa alguma. De Sayers manteve seu rosto frio, mas, por dentro, estava gelado. “Deus! O que ela tem em mente?” — Mas, a propósito, quem é esta bela moça, De Sayers?

— Minha sobrinha, Flora. Filha de minha irmã caçula. — A moça, de aparência delicada, vestia uma bata vermelha com poucos adornos e tinha uma imensa cabeleira cor de mel que se derramava pelos ombros, além de olhos imensos, de uma cor indefinida, mas que pareciam olhos de algum bichinho das florestas. Ela prestou reverência e a Rainha ergueu uma sobrancelha, nunca soubera que De Sayers tinha uma irmã.

O Conde se afastou com seu coração pesado e achando que Konrad realmente tinha alguma razão em seus temores.

XXX

— Senhora, isto também era esperado? — Palma perguntou, preocupada.

— Não sei, Palma. Dominique é a pessoa mais perigosa que conheço. — Fez pausa. — A sorte está lançada... A Roda da Fortuna está girando... e eu só espero que seja ao nosso favor.

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