quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Morto até o Anoitecer



Movida por grande curiosidade, mergulhei na leitura do livro que inspirou a primeira temporada de True Blood, Morto até o Anoitecer (Dead until Dark). Ler o livro me ajudou a compreender melhor a série e meu objetivo era terminar a leitura antes do último episódio da primeira temporada no próximo domingo. Não vou dizer quem é o assassino, mas aposto que é o mesmo do livro. Não creio que vão mudar isso, mas é provável que mudem a forma como ele é capturado. Eu realmente gostei de ter sido a Sookie a enfrentá-lo (*contra sua vontade, claro*) sozinha.

Já que falei nela, começo pela protagonista. Enfim, há quem diga que no livro ela é mais firme e menos boba que no seriado de TV. Discordo. Ela me parece a mesma, só que com mais espaço para ter a sua personalidade desenvolvida. Não a vejo nem como muito firme, nem muito boba, aliás, ela é uma mulher adulta, com um grande problema (*sua telepatia*), uns traumas de infância horrorosos, que está subindo pelas paredes porque não tem vida sexual alguma, e que de repente é atirada no mundo dos vampiros. Se ela não faz aquele papelão do episódio 11 (*botar o Bill fora de casa*), porque toda aquela situação não existe no livro, ela o manda embora algumas vezes por insegurança, legítima ou não. Afinal, de repente seu mundo se vira de pernas para o ar. Falando nisso, em nenhum momento é discutida a questão da necessidade do convite para que o vampiro entre em sua casa. Assim, a expulsão de forma tão simples, não está em questão.

A grande diferença: Tara não existe. Se a personagem não existe, todos os ótimos diálogos com Sookie e outros, os problemas de família, o caso com o Sam, não existem. Existe um JB, deus grego burro, no livro que quase teve um namoro com a Sookie. Este sumiu da série. Assim como o Elvis vampiro... Para se ter uma idéia, no livro, a melhor amiga de Sookie é Arlene (*a garçonete ruiva*) que mesmo sendo mais velha que ela uns dez anos, se vê e se comporta como uma adolescente. Lafayette também participa muito pouco. Mas isso se explica porque o livro é em primeira pessoa. Acompanhamos a Sookie e não as outras personagens, se a protagonista não comentar, não sabemos o que elas estão fazendo, pois é através de seus olhos que as vemos.

Assim, não precisamos acompanhar as transas enlouquecidas do irmão dela, Jason. Aliás, eu já adiantava o episódio, porque o que parecia até divertido no início, já tinha enchido a minha paciência, especialmente as fantasias psicodélicas repetitivas com a última namorada. Eu realmente não tenho interesse por orgias, boas cenas de sexo, sejam elas românticas ou não, valem a pena, mas o seriado de TV não investe muito nisso. Interessante é que Maudette e Dawn são trocadas. A segunda é que curtia sexo selvagem, enquanto a primeira era gordinha, burrinha e sem graça. Todas as mulheres da série são boazudas de shortinho, simplesmente não há “mulheres comuns”. Nem Sookie aparece sem estar mostrando as pernas. Deve ser para agradar a audiência masculina, eu suponho, a autora, nesse sentido é muito mais autêntica e realista.

Muitos bons diálogos da Sookie com o Bill, como a preferência dele por saias longas a anáguas, são cortadas. A primeira vez dos dois é linda e foi toda mudada. Ficou legal na série? Ficou, sim, mas a protagonista correndo no cemitério de camisola branca no dia do enterro da avó que foi morta por um psicopata que está à solta me pareceu ridícula e, claro, não está no livro; tampouco o sexo selvagem no cemitério. Não é fetiche da autora, é coisa do roteirista. Agora, enquanto nos entupiram com as loucas transas do Jason (*que não estão no livro, porque a protagonista não as vê*), as dos protagonistas foram limadas e as cenas eram muito boas, românticas e picantes na medida certa.

Falando em Bill, no livro ele é o mesmo, um vampiro de segunda classe, por assim dizer, mas Eric tem mais cartaz e, bem, ele é muito interessante. Aliás, no livro vampiros voam, ou pelo menos estes dois o fazem. A autora também explica que nem todos os vampiros se transformam do mesmo jeito, mesmo que não entre em detalhes e retoma um dado de Entrevista com o Vampiro. Bill tem costeletas e diz que é feliz porque tinha feito a barba pouco antes de ser transformado. Se não tivesse feito, ficaria com ela pela eternidade. Toda a trama do julgamento que ocupou parte considerável dos episódios 10 e 11, não existe. Quem matou o vampiro ladrão foi Eric. E não houve desdobramentos, a coisa é apresentada como rara, mas não rende nenhuma retaliação.

A série de TV investe muito nos efeitos do sangue de vampiro como droga, mas esqueceu de abordar com profundidade os efeitos do sangue de vampiro sobre a Sookie. A princípio, ela não deveria ter bebido o sangue de Bill, ou pelo menos assim pensam os vampiros do Fangtasia. Outra coisa limada foi o fato de Sookie ter tido um lampejo de visão dos pensamentos de Eric. Isso é impressionante, já que ela não consegue penetrar nem nos pensamentos de Bill, nem nos de Sam, em nenhum momento.

Antes que eu esqueça: Sam é o Sam. Aliás, no livro ele é melhor, porque não usa de violência com a Sookie nenhuma vez. Não tenta agarrá-la, tampouco fica falando mal do Bill ou o destratando regularmente. É um verdadeiro doce e não joga sujo quando o Bill está ausente. Ele joga, é verdade, mas não da mesma forma. Por exemplo, quando aparece nu na cama de Sookie, não está deitado nos pés da dela paradinho. E ele diz que pode se transformar em qualquer coisa. No seriado, ele dá a entender que tem dificuldade de virar algo que não seja um cachorro e ser humano nem pensar. No livro, ele prefere se transformar em cachorro e em um que não pareça agressivo, no caso, um Collie.

Gostei muito do livro e devorei mais de 200 páginas somente hoje. Valeu a compra, mas devo dizer que o último capítulo me decepcionou. Não o confronto da Sookie com o assassino, mas o que se seguiu. Você sai de um clímax e cai em um capítulo final frio e sem graça. Fica evidente que a série continua, mas algumas questões deveriam ser resolvidas, ainda que provisoriamente, mesmo que depois fossem modificadas pelas descobertas da protagonista. Ficou aquele gosto de continua que não se parece com um Harry Potter, por exemplo, pois aquela aventura não se fechou direito, ela ficou no ar.

É claro que iremos conhecer mais as hierarquias e organização do mundo paralelo dos vampiros, assim como a importância de Nova Orleans, como a capital dos vampiros da América, mas era preciso explicar o que Bill foi fazer por lá direitinho. Sookie terminar o livro toda quebrada no hospital e sem querer tomar sangue de vampiro, também não me agradou. Parece totalmente incoerente. Mas talvez eu não resista e acabe comprando o livro em inglês mesmo.

É isso. Recomendo o livro, recomendo a série de TV, e quero ler mais. Gostaria que os meus spoilers sobre o caráter do Bill não se confirmassem, mas acho o Eric um vampiro muito interessante. Jogaria fora o irmão da protagonista com sua burrice, grosseria e compulsão sexual. Será que matam ele? Porque o sujeito é um saco. Mas queria mais espaço para o Lafayette, pois na série de TV ele é ótimo. Aliás, junto com a Tara (*antes da crise, claro*) o Lafayette era a melhor coisa da série. E, bem, prefiro o Sam do livro, apesar dele ser fofo nas duas versões.

7 pessoas comentaram:

Valeria vc gosta tanto de vampiros que eu nem sei como não joga RPG ^^

Se um dia se interessar tente o Vampiro: O Requiem, é o melhor atualmente no mercado e la tem muitas coisas que vc parece ter apreciado na serie:

a comunidade vampirica com suas leis e representantes (o termo xerife tb é usado no Requiem), a organização dos vampiros em grandes "familias" chamadas clãs, divisões politicas e religiosas , graus de poder por idade, alem dos efeitos do sangue vampirico sobre os humanos.

Recomendado por alguem que é fã dos vampiros desde os 10 anos. ^^

Anderson, eu só gosto de saber o que vai pela cabeça dos autores e autoras. Essa história de hierarquias, se não forem por idade e talz, não me agradam, não. E o uso desses "cargos" anglo-americanos... enfim, não imagino o mundo dos vampiros como algo tão organizado. Até eleições eles têm nos livros dessa série... ^_^

RPG eu nunca joguei. Até queria aprender, mas nunca tive alguém que me ensinasse ou fui convidada para assistir uma partida.

Hum, não sei como esta o cenario RPGistico ai em Brasilia, então nem tenho dica de quem poderia ajudar.

Pena, pela sua paixão por historia, literatura e pela maneira que escreve eu acredito que vc tem potencial p/ ser uma otima jogadora/narradora de RPG.
isso é, se vc não se importar em "pagar um mico" , interpretando personagens na frente de outros jogadores, heheheh


Falando do cenario do Requeim, os vampiros se organizam por cidades, tipo em cada uma ha um conjunto diferente de forças que moldam sua sociedade.

a forma mais comum é um governo por "idade" e poder, com um "Principe" comandando com a ajuda de um conselho dos mais antigos representantes de cada familia.

Mas ha um movimento mais jovem de vampiros que querem algo proximo da democracia com direito a eleições.

tb tem os grupso religiosos, um deles ligado ao cristianismo e outros a religiões mais antigas, (como o Circulo da Anciã que reverencia as ancestrais deusas-feiticeiras).

A cidade base do cenario é Nova Orleans onde a tonica de mistura religiosa da o tom.

mas deixa eu parar por aqui ou vai ficar parecendo propaganda ^^

Existem muitos sites, como o Requiem Brasil que podem te dar mais informações.

Val, eu tentei te chamar pra jogar quando você morava no rio, lembra?:P

Bem, infelizmente, eu nunca pude ir assistir a um dos seus jogos, Alexandre.

Gostei do review do livro.
Eu sempre gostei de temas vampíricos, cheguei a comprar um livro chamado Dicionário dos Mortos Vivos, um livrão enorme com tudo o que se pode imaginar a respeito de criaturas da noite e similares.
Eu amava assistir 'Maldição Eterna', e devorei ao menos cinco livros da Anne Rice.
Contudo, desde que vi o filme 'Entrevista com o Vampiro', eu meio que me desencantei do tema.
Culpa do Brad Pitt, que pode ser lindo e até bom ator, mas não 'é o Lois'.
Meu interesse por vampiros voltou com o mangá 'Vampire Knight', e seu review o aguçou mais um pouquinho.
Vejamos se tomo coragem para ir atrás do livro.
Um forte abraço,

Epa! Peraí, parou tudo... Como assim não tem a cena de sexo no cemitério? Você leu o livro em português? Não tem essa cena? Então o livro está CORTADO, no original tem a cena sim e é ainda mais violenta que na série pois ele fica irado quando descobre que os amigos foram queimados.

Agora, aquilo dela correr de camisola já virou clássico. É uma homenagem aos filmes da Hammer e similares. Ficou ótimo, na minha opinião bem melhor que a cena do livro. Romântico e trash, amay!

Poxa, já tentei mandar umas dez vezes esse comentário, desculpa.

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