Ontem, depois de ter ficado muito tempo sem ler qualquer mangá, especialmente on line, Decidi retomar do início a leitura de Kiss & Never Cry (キス&ネバークライ), o novo mangá de Ogawa Yayoi de Kimi Wa Pet (きみはペット). Por coincidência, ontem recebi o último dos volumes de Kimi Wa Pet. Comparando as duas séries, começo falando que a arte da autora ficou mais refinada, tornou-se mais fluída e bonita. Ela abandonou os bocões carnudos típicos de muitas autoras de josei.
Kiss & Never Cry começou a ser publicado em 2006, na revista Kiss, a mesma em que a autora publicou Kimi Wa Pet e que agora tem como carro-chefe Nodame Cantabile. Há quatro volumes publicados e um a caminho, mas a série está em andamento e, sim, ela é excelente. Ela poderia ser enquadrada como uma série de esportes, já que a protagonista Michiru é patinadora. Se vocês viram um post recente sobre uma pesquisa feita no Japão, sabem que a patinação artística aparece como o segundo esporte favorito dos japoneses, depois do baseball e antes do futebol. A patinação concentra parte considerável da história, mas é usada para revelar a personalidade das personagens. Há também uma quantidade considerável de informação que me lembrou Swan, mangá de balé, ou mesmo Nodame Cantabile e a música.
A história começa sete anos antes, no aniversário de Michiru, quando ela conhece Leon. O garotinho se apaixona por ela e troca o hockey pela patinação. Outra compensação para o garoto é o fato da professora, mãe de Michiru e ex-campeã de patinação, ser japonesa e boa parte dos alunos e alunas, também. Com Michiru, Rena e outras crianças, ele agora está entre amigos. Agora Leon sabe por que sua irmã Manon adora patinar, mas detesta freqüentar a escola “normal” nos EUA. Michiru é alegre, mas muda na presença do padrasto. Mas ninguém nota.
Quando sua mãe vai treinar uma turma avançada, Michiru e sua turma passam a ter Yomota como professora. A menina de nove anos fica deslumbrada pelo professor, que a estimula a patinar em duplas - na modalidade dança no gelo - com Leon. A mãe da menina é contra, mas não sabemos o motivo, parece se tratar de um trauma pela perda do pai da menina, seu par de patinação.
Michiru recebe mal a notícia de que deve voltar ao Japão para treinar para os exames. Sua mãe quer que ela entre nas competições nacionais. A menina deve ir para o Japão com o padrasto, a mãe seguiria depois. Michiru se desespera e decide fugir, pede que Leon vá com ele, mas o menino se recusa. Michiru foge e o pai de Leon recebe uma ligação avisando da fuga. Leon se sente culpado por sua covardia e vai com o pai ajudar a procurar. Michiru é encontrada no rinque de patinação com o olhar vazio e machucada. Sua única frase por dias é “I was lost” (*Eu me perdi*).
A menina está com os pulsos feridos e se recusa a mostrar o corpo. A mãe de Michiru conta ao marido, mas ele diz que não quer publicidade no caso, nada que possa atrapalhar seus negócios (*ele patrocina o esporte*). A mãe não toma providência alguma e Michiru se fecha em seu mundo, perde a alegria. As coisas ficam ainda piores quando Yomota-sensei é encontrado brutalmente assassinado. Michiru sabe de alguma coisa, mas não se lembra de nada. Chega o dia de retornar ao Japão. Leon e ela se despedem, ela sorri para ele, o primeiro sorriso depois de semanas.
Sete anos depois, Leon largou a patinação e se dedica à dança moderna. Ele retorna ao Japão, se juntando à companhia de Momo, personagem de Kimi Wa Pet. Aliás, ele e Sumire fazem participações especiais, para a alegria de leitoras como eu. Leon reencontra Rena, sua amiga de infância, que diz estar preocupada com Michiru. Ambas são patinadoras, só que Rena luta contra o excesso de peso, enquanto Michiru é muito boa, mas depressiva e destrutiva. Em busca da perfeição, ela leva seu corpo aos extremos sem se preocupar com a dor.
A mãe da moça preocupada decide deixá-la tentar patinar em duplas e o irmão de Yomota-sensei, Hikaru, é o escolhido para dançar com ela. Só que o rapaz é oito anos mais velho e ficamos sabendo (*ou eu fiquei, já que não entendo nada de ice dancing*) que isso não é aconselhável quando se trata de uma dupla, pois um dos componentes vai se aposentar muito antes do outro, que pode não se acostumar com nenhum outro par e ter sua carreira prejudicada. Além disso, Hikaru Yomota é narcisista e Michiru parece não gostar dele porque ele lhe faz lembrar do professor. Lembrar, modo de dizer, como ela tem suas memórias bloqueadas, tudo volta em flashes desagradáveis e incompreensíveis.
Hikaru não suporta Michiru, mas está visivelmente se apaixonando por ela. A treinadora, Mary ou Marie, que não sei se é russa, americana ou francesa, diz que eles precisam combinar melhor como dupla, mostrar sentimentos. A treinadora obesa é um dos personagens responsáveis pelos poucos momentos de humor da trama. O problema é que por mais que Hikaru pareça se esforçar, Michiru se mostra incapaz de demonstrar qualquer sentimento, até que Leon retorna. A presença do rapaz faz com que Michiru mude totalmente e, o mais curioso, ela passa a se comportar como uma garotinha e novo, falando como criança. Isso fica mais evidente em japonês, claro e se manifesta no uso do próprio nome “Michiru quer” ou do pronome “atachi”.
Kiss & Never Cry começou a ser publicado em 2006, na revista Kiss, a mesma em que a autora publicou Kimi Wa Pet e que agora tem como carro-chefe Nodame Cantabile. Há quatro volumes publicados e um a caminho, mas a série está em andamento e, sim, ela é excelente. Ela poderia ser enquadrada como uma série de esportes, já que a protagonista Michiru é patinadora. Se vocês viram um post recente sobre uma pesquisa feita no Japão, sabem que a patinação artística aparece como o segundo esporte favorito dos japoneses, depois do baseball e antes do futebol. A patinação concentra parte considerável da história, mas é usada para revelar a personalidade das personagens. Há também uma quantidade considerável de informação que me lembrou Swan, mangá de balé, ou mesmo Nodame Cantabile e a música.
A história começa sete anos antes, no aniversário de Michiru, quando ela conhece Leon. O garotinho se apaixona por ela e troca o hockey pela patinação. Outra compensação para o garoto é o fato da professora, mãe de Michiru e ex-campeã de patinação, ser japonesa e boa parte dos alunos e alunas, também. Com Michiru, Rena e outras crianças, ele agora está entre amigos. Agora Leon sabe por que sua irmã Manon adora patinar, mas detesta freqüentar a escola “normal” nos EUA. Michiru é alegre, mas muda na presença do padrasto. Mas ninguém nota.
Quando sua mãe vai treinar uma turma avançada, Michiru e sua turma passam a ter Yomota como professora. A menina de nove anos fica deslumbrada pelo professor, que a estimula a patinar em duplas - na modalidade dança no gelo - com Leon. A mãe da menina é contra, mas não sabemos o motivo, parece se tratar de um trauma pela perda do pai da menina, seu par de patinação.
Michiru recebe mal a notícia de que deve voltar ao Japão para treinar para os exames. Sua mãe quer que ela entre nas competições nacionais. A menina deve ir para o Japão com o padrasto, a mãe seguiria depois. Michiru se desespera e decide fugir, pede que Leon vá com ele, mas o menino se recusa. Michiru foge e o pai de Leon recebe uma ligação avisando da fuga. Leon se sente culpado por sua covardia e vai com o pai ajudar a procurar. Michiru é encontrada no rinque de patinação com o olhar vazio e machucada. Sua única frase por dias é “I was lost” (*Eu me perdi*).
A menina está com os pulsos feridos e se recusa a mostrar o corpo. A mãe de Michiru conta ao marido, mas ele diz que não quer publicidade no caso, nada que possa atrapalhar seus negócios (*ele patrocina o esporte*). A mãe não toma providência alguma e Michiru se fecha em seu mundo, perde a alegria. As coisas ficam ainda piores quando Yomota-sensei é encontrado brutalmente assassinado. Michiru sabe de alguma coisa, mas não se lembra de nada. Chega o dia de retornar ao Japão. Leon e ela se despedem, ela sorri para ele, o primeiro sorriso depois de semanas.
Sete anos depois, Leon largou a patinação e se dedica à dança moderna. Ele retorna ao Japão, se juntando à companhia de Momo, personagem de Kimi Wa Pet. Aliás, ele e Sumire fazem participações especiais, para a alegria de leitoras como eu. Leon reencontra Rena, sua amiga de infância, que diz estar preocupada com Michiru. Ambas são patinadoras, só que Rena luta contra o excesso de peso, enquanto Michiru é muito boa, mas depressiva e destrutiva. Em busca da perfeição, ela leva seu corpo aos extremos sem se preocupar com a dor.
A mãe da moça preocupada decide deixá-la tentar patinar em duplas e o irmão de Yomota-sensei, Hikaru, é o escolhido para dançar com ela. Só que o rapaz é oito anos mais velho e ficamos sabendo (*ou eu fiquei, já que não entendo nada de ice dancing*) que isso não é aconselhável quando se trata de uma dupla, pois um dos componentes vai se aposentar muito antes do outro, que pode não se acostumar com nenhum outro par e ter sua carreira prejudicada. Além disso, Hikaru Yomota é narcisista e Michiru parece não gostar dele porque ele lhe faz lembrar do professor. Lembrar, modo de dizer, como ela tem suas memórias bloqueadas, tudo volta em flashes desagradáveis e incompreensíveis.
Hikaru não suporta Michiru, mas está visivelmente se apaixonando por ela. A treinadora, Mary ou Marie, que não sei se é russa, americana ou francesa, diz que eles precisam combinar melhor como dupla, mostrar sentimentos. A treinadora obesa é um dos personagens responsáveis pelos poucos momentos de humor da trama. O problema é que por mais que Hikaru pareça se esforçar, Michiru se mostra incapaz de demonstrar qualquer sentimento, até que Leon retorna. A presença do rapaz faz com que Michiru mude totalmente e, o mais curioso, ela passa a se comportar como uma garotinha e novo, falando como criança. Isso fica mais evidente em japonês, claro e se manifesta no uso do próprio nome “Michiru quer” ou do pronome “atachi”.
As personagens de Kiss & Never Cry são muito simpáticas e humanas. É óbvio que Michiru foi alvo de abuso sexual, e a autora não faz piadinhas infantis em relação ao tema, a questão é sua ligação com o assassinato do professor e o que aconteceu durante sua fuga, talvez o grande mistério da trama. A presença do padrasto é sinistra e nos volumes dois e três ele a agride fisicamente. Mas os amigos, Rena e Leon, além de Hikaru, depois que começa a ser menos egoísta, começam a fazer diferença na vida dela. Anda não é possível saber se Michiru vai ficar com Leon ou Hikaru, mas antes de tudo é preciso resolver os seus traumas.
Há pouco humor, mas quando temos piadinhas elas são sempre bem sacadas, algum drama e um mistério permanente, seja em torno da fuga e do assassinato, seja pela presença do sinistro Sergei, que Leon viu discutindo com o professor na véspera de sua morte. E, claro, temos o traço belíssimo de Yayoi funcionando muito bem nas competições de ginástica e treinamentos.
Infelizmente, a tradução do mangá parou no primeiro capítulo do volume 2 faz tempo. É possível achar os volumes raw e ter uma idéia do que está acontecendo, mas ler, pelo menos para mim, é impossível. Por ser josei, não á furigana, é kanji puro. Acho o fim da picada que os bons mangás fiquem de lado e as porcarias sejam traduzidas. Mas não é justo reclamar, os fãs fazem aquilo que lhes interessa e os josei ficam na fila. Não vejo possibilidades de licenciamento rápido par ao mangá, bem que eu gostaria de vê-lo no Brasil, pois até agora acho muito melhor que o excelente Kimi Wa Pet. Altamente recomendado.
Ah, para terminar: Kiss & Never Cry não é a única série em andamento da Yayoi. Acabei de descobrir que como outras autoras de josei, ela está publicando shounen. Espero que não seja o início de uma migração, pois Yayoi é uma das autoras mais competentes de sua geração. Sua série shounen se chama Baroque (バロック) e é publicada na Shounen Sirius. A série está em evidência na capa da edição deste mês.
Há pouco humor, mas quando temos piadinhas elas são sempre bem sacadas, algum drama e um mistério permanente, seja em torno da fuga e do assassinato, seja pela presença do sinistro Sergei, que Leon viu discutindo com o professor na véspera de sua morte. E, claro, temos o traço belíssimo de Yayoi funcionando muito bem nas competições de ginástica e treinamentos.
Infelizmente, a tradução do mangá parou no primeiro capítulo do volume 2 faz tempo. É possível achar os volumes raw e ter uma idéia do que está acontecendo, mas ler, pelo menos para mim, é impossível. Por ser josei, não á furigana, é kanji puro. Acho o fim da picada que os bons mangás fiquem de lado e as porcarias sejam traduzidas. Mas não é justo reclamar, os fãs fazem aquilo que lhes interessa e os josei ficam na fila. Não vejo possibilidades de licenciamento rápido par ao mangá, bem que eu gostaria de vê-lo no Brasil, pois até agora acho muito melhor que o excelente Kimi Wa Pet. Altamente recomendado.
Ah, para terminar: Kiss & Never Cry não é a única série em andamento da Yayoi. Acabei de descobrir que como outras autoras de josei, ela está publicando shounen. Espero que não seja o início de uma migração, pois Yayoi é uma das autoras mais competentes de sua geração. Sua série shounen se chama Baroque (バロック) e é publicada na Shounen Sirius. A série está em evidência na capa da edição deste mês.
8 pessoas comentaram:
Me deu vontade de conferir...
Essa série eh mesmo ótima! agora, você falou que há três volumes publicados, mas, já há quatro e o volume cinco sai dia 12 de Dezembro.
Kiss & Never Cry é uma das séries de josei que eu mais adoro. Realmente acho que deveria ser mais explorado no mundo dos mangás, e a trama involve muitos mistérios, como o assassinato de Yomota. Ainda gostaria que Michiru ficasse com Leon (sou apaixonada por ele) e anseio muito por mais traduções. Meu nihongo não é muito bom...
Mas agora é esperarr traduções online...
Corrigido, Pedro.
Valéria, postaram mais um capítulo desse mangá!
Bjo
Gostei da história e como adoro Kima wa Pet acho que vou gostar desse aí também!
Laura, eu acho difícil não gostar de Kiss & Never Cry. E acho que a autora está conduzindo bem a história até onde eu li.
Nossa, Valéria... Desde que eu li Kimi Wa Petto, ou You're My Pet, na versão digital da Kodansha, eu me apaixonei por Ogawa Yayoi, de verdade. Se eu já me interessava por Kiss & Never Cry antes de terminar a obra mais antiga, depois então... Eu conheci ela por você, então agradeço demais por me introduzir àquela que se tornou uma das minhas mangakas preferidas! Consegui terminar de ler Kiss & Never Cry porque as scans, finalmente, terminaram a tradução. Como ainda não saiu em inglês, essa foi a minha única opção. E olha... Foi magnífico! Ogawa continua maravilhosa e é uma pena ela não ter publicado nada nos últimos anos, mas estarei torcendo pelo retorno dela.
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