terça-feira, 14 de outubro de 2008

Quadrinhos em cliques

Matéria da Folha de São Paulo (*continuo off, mas volto ainda esta semana*).

Quadrinhos em cliques
Novos elementos transformam quadrinhos on-line em "nova arte'; além da distribuição democrática, meio permite mais interação entre autor e leitor
CRISTINA LUCKNER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA 
Nem nanquim nem papel. A nova geração de HQs se vale de outros recursos. É como se um iluminismo digital surgisse e um Rousseau cibernético declarasse: "As HQs nasceram puras e a web as corrompeu".
Para Anselmo Gimenez Mendo (www.nez.com.br), 42, autor do recém-lançado livro "História em Quadrinhos: Impresso vs. Web", com a popularização da internet, criou-se uma nova forma de fazer quadrinhos. "A internet ajudou a criar uma nova arte", diz.
Os quadrinhos já haviam se apropriado da rede, até como uma alternativa a meios de distribuição e publicação.
"A internet mudou o mercado", afirma Amauri de Paula, 33, editor do site Acervo HQ (www.acervohq.quadrinho.com) e presidente da Associação Cultural Nação HQ. No Acervo HQ, 70% dos trabalhos são especialmente desenvolvidos para a web.
Scott McCloud (www.scottmccloud.com), 48, cartunista norte-americano e autor de livros sobre quadrinhos, diz que, além de ter modificado a forma de produção de HQs, há mais oportunidades para os artistas e interação autor-leitor na internet. "A tela é uma janela, é mais do que uma página. As possibilidades são enormes."
As idéias de McCloud publicadas no livro "Reinventing Comics" (2000) -que analisa o potencial dos quadrinhos on-line- foram consideradas "perigosas" por críticos. "Minhas idéias são estranhas e inusitadas e na época isso chateou muita gente. Continuo achando que há potencial para uma revolução nesse mercado."
Uma de suas publicações mais recentes - os quadrinhos do Google Chrome - foi pensada especificamente para ser impressa, mas ficou muito popular na internet. "Irônico, não?", insinua McCloud.
Novos elementos
Alguns elementos diferenciam as HQs feitas para a internet das para versão impressa.
"Animação, diagramação dinâmica, trilha e efeitos sonoros, tela infinita, narrativa multilinear, interatividade", enumera Edgar Silveira Franco (www.ritualart.net), 37, autor do livro "HQtrônicas: do Suporte Papel a Rede Internet".
Para Franco, entusiasta das HQs eletrônicas (ou HQtrônicas, como prefere chamá-las), esse é um momento de "transição". "As HQtrônicas tiveram um período de muita experimentação no seu início e agora já começam a se aperfeiçoar."
Profecia
"A internet se tornou necessária para os quadrinistas mostrarem seu trabalho. Alguns alcançam boa repercussão e conseguem, por meio da divulgação virtual, trabalhos no mundo real", analisa Paulo Ramos, 36, editor do Blog dos Quadrinhos.
Foi assim para o desenhista Fábio Yabu, 29. Ele fez parte dessa geração inicial com os quadrinhos "Combo Rangers", sucesso na rede que chegou a ganhar versão impressa. "Fazia por diversão", conta. O site esteve no ar de 1997 a 2003.
Em 2005, Elias Martins, 30, e C.George, 36, também começaram a fazer quadrinhos para web. As HQs do ae comics (www.aecomics.com.br) foram criadas, escritas e produzidas por eles.
A dupla que fez história com as HQs eletrônicas diverge sobre os rumos dessa arte. "Sou radical. Como as HQs vão se adaptar à internet vai decidir a função dos quadrinhos e até sua própria existência", diz C.George. Para Martins: "É inevitável que apareçam novas formas de se ler e fazer quadrinhos, como para celulares".
Sobre o futuro, voltemos ao profético McCloud: "O processo de se fazer histórias em quadrinhos está na imaginação e isso nunca vai mudar".
WEBSÉRIE
O ex-chefão da Disney, Michael Eisner, comprou a Topps, empresa que fabrica itens colecionáveis de esportes como o beisebol, e lançou um seriado cômico on-line (www.backontopps.com) que mistura ficção e realidade, mostrando como a compra da Topps afetou os funcionários da empresa.
ALTERNATIVAS
"Encontre alternativas para tudo" é o lema do site Dooblet.com, uma espécie de Google dos sinônimos ou coisas aproximadas: você digita uma palavra (em inglês, espanhol ou diversas outras línguas, mas ainda não em português) e ele apresenta resultados "alternativos" ao que você procurou.
CRIANDO LETREIROS
Sabe aqueles letreiros de beira de estrada, de postos de gasolina, de painéis de informação sobre o trânsito? O site atom.smasher.org permite que você insira suas próprias mensagens neles; também é possível personalizar as infames mensagens de erro do computador, com símbolos.
PORNÔ LIBERADO
Três irmãos com muito tempo livre pensaram numa brincadeira: criar vídeos pornográficos para pessoas que se ofendem com imagens de sexo explícito. O resultado é a série cômica "PG Porn" (algo como pornô censura livre), criada para "pessoas que adoram tudo do pornô, menos o sexo"; assista em www.jamesgunn.com.
HISTÓRIAS NO CELULAR
Como parte da Mostra Sesc de Artes, que vai até o próximo sábado, está no ar um projeto com curadoria do escritor Marcelino Freire: 30 autores escrevem microcontos de 120 caracteres (incluindo o título e a assinatura) que são enviados via torpedo aos celulares pré-cadastrados no site www.sescsp.org.br/literaturacelular.

1 pessoas comentaram:

Acho que um bom exemplo nipônico seria "Axis Powers Hetalia", de Hidekaz Himaruya. O volume impresso só foi publicado pela Gentosha após o enorme sucesso na net. Já tem drama cd e o anime foi anunciado para 2009.
Link para o mangá (em japonês): http://www.geocities.jp/himaruya/hetaria/index.htm

Vale lembrar também de "Tonari no 801chan", que era igualmente online e fez bastante sucesso. =]

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