Um dia de gato

Ontem não postei nada por dois motivos, primeiro, não encontrei nenhuma notícia relevante e, em segundo lugar, tive que enfrentar uma crise doméstica. Todos sabem que tenho quatro gatos, todos machos. Um deles recentemente caiu do terceiro andar. Mas pudera todos os problemas felinos se resumirem à quedas do terceiro andar... Pois bem, até casar nunca tinha tido gatos, só cães e pássaros. Perdi vários cães por causa da sinomose, tive um cão que ficou cardíaco, obeso e hipertenso, enfim, já vi de tudo um pouco. Já de gatos não sabia nada e meu marido que teve gatos a vida inteira nem se ligou nos sintomas. Pois bem, um dos meus gatos está com entupimento das vias urinárias. Os sintomas - mijo fedorento, parecendo mijo marcador - vinham de longe. Todos os meus gatos são castrados, então tinha que ser outra coisa.

No início do mês, um deles passou mal (*gemia de dor*), levamos ao veterinário costumeiro que disse que eram gases. Tomou remédio e melhorou. Só que duas semanas depois os sintomas voltaram, a casa empesteada, meu marido viajou para o Rio. Quinta-feira, saí para comprar antibiótico e ração para problemas urinários, pois desconfiávamos de cálculos, consegui dar comprimido sem problema, só que sexta-feira a bomba estourou.

Cinco da manhã o gato urrando de dor. Três horas nessa agonia, até que o veterinário abrisse. Deixei o Deimos por lá. O veterinário disse que ia passar a sonda, porque tinha certeza do que era. A bexiga do bicho estava tão cheia que poderia romper. No início da tarde, ele me liga e pede para eu ir lá rápido. O veterinário não tinha conseguido passar a sonda, nem a mais fina disponível, o gato estava sedado, já se sabia que ele estava com infecção urinária e a alternativa era operar urgente. E operação com a possibilidade de não dar certo, claro e perder o bichinho. Autorizei, nem perguntei quanto. Fui para casa. Umas duas horas depois o veterinário liga outra vez para dizer que tinha tentado a sonda outra vez e passou. Vou buscar o gato, ele já estava raspado para a operação que ainda é uma possibilidade. Trago o gato dopado para casa, acomodo dentro do armário, volto para comprar remédio.

Dei o remédio, buscopan, mais o antibiótico, depois repeti o buscopan meia noite. O veterinário disse que o gato iria acordar sedento. Só acordou mesmo às cinco da manhã. Levantou, pulou na cama, fez carinho. Vou com o gato para a área, pois ele só queria beber água do pote costumeiro. Não usou a caixa de areia, não comeu nada, nem da ração especial, nem da normal, só pediu leite. Pego o leite e trago para o quarto, durmo mais um pouco. Hoje de manhã, coloca o gato na caixa e o gato resiste, luta e, surpresa, aprendeu a abrir a caixa. Fico feliz com a inteligência do bicho, claro! Só que me arranhei na brincadeira. Desço e vou até a loja de ferragens, compro um cadeado. Volto para casa, acaricio o gato e depois prendo na caixa, e passo o cadeado. Ele abriu o trinco, mas agora não tem jeito de sair. Começa a se debater e chorar.

Desço com o gato, vou ao veterinário. Conto a história toda, ele diz que eu observe o felino doente até amanhã e continue com os remédios. Se o distinto não usar a caixa de areia, tenho que ligar para o médico de novo e carregar o gato para o consultório. Vai ter que fazer drenagem. Melhor ter um dia de cão, menos dramático foi a queda do terceiro andar. Eu até fui pesquisar, parece que essa obstrução é comum em gatos machos, castrados. O meu é as duas coisas, além disso, costuma se enfiar nos armários e bebe pouca água e usa pouco a caixa de areia. Conjunção de fatores. Meu marido chama Deimos de gato bipolar, pois ele tem alternâncias de humor e se comporta de forma muito esquisita na maioria do tempo. Quando tínhamos sofá - devidamente destruído pelo cachorro e pelos gatos - ele fez um buraco no forro e morava lá dentro. Nem nós o víamos direito, quase foi embora junto com o sofá, porque estava escondido dentro dele. Depois disso, se tornou um pouco mais sociável, mas até se esconder dentro do forno já se escondeu. Há quem pense que são três e não quatro gatos.

Resultado da brincadeira é minha ansiedade, uma dor de cabeça que não passa, as pernas doloridas, já que foram cinco descidas e subidas, contando com as de hoje são nove. Nove vezes três? Vinte e sete andares!!!! E carregando o gato mais pesado da casa algumas vezes. Deimos pesa quase uns cinco quilos. Estou torcendo para que ele desencante hoje e só precise levá-lo na segunda, mas esperanças eu não tenho, não. O que percebi nesse processo todo é o quanto as vias urinárias de gatos machos são problemáticas e, claro, como os produtos para cães são melhores, mais elaborados. Gatos sofrem, gatos machos sofrem mais ainda, só que todo gato que encontro é macho. Já foram cinco. Sei que se engravidar um dia, terei um menino, tudo que aparece aqui em casa é macho.