Traduzi uma matéria do Yomiuri Shinbum que estava sendo comentada no Japan Probe. É a nova onda no Japão, e a matéria foi ótima, pois desmontou a idéia altruísta das editoras e lojas mostrando que além do interesse em fazer a juventude ler, há uma sensível crise econômica. Mas aqui no Brasil, há grandes obras da literatura nacional sendo convertidas em quadrinhos. Passem no blog da minha amiga Natania que ela sempre está comentando.
Romances sob a capa do Mangá: Lojas de Conveniência Aderem à Literatura
The Yomiuri Shimbun
Editoras e lojas de conveniência estão se unindo em novos esforços para trazer os jovens de volta par ao mundo da literatura. Preocupados com a queda das vendas de livros, especialmente entre os mais jovens, editoras estão convidando famosos artistas de mangá para ilustrar a capa dos romances e transformando obras de ficção sérias [1] em mangás para serem vendidos em lojas de conveniência. Estas “combini novels” estão se mostrando populares os jovens que parecem ter aversão às livrarias convencionais.
Seven-Eleven Japan Co. se tornou em maio a primeira das cadeias de lojas de conveniência a colocar à venda essas versões revisadas dos trabalhos de três vencedores do Naoki Prize – Arimasa Osawa, Miyuki Miyabe and Natsuhiko Kyogoku. Apesar de nenhum dos livros serem novos, eles tiveram sua aparência totalmente renovada, com mangá-kas populares entre os jovens ilustrando as suas capas. Eles primeiro foram postos à venda em meados de maio em todas as 4 mil ou quase 7-Eleven outlets na região de Kanto. Takeshi Obata, criador de série de mangá Death Note, cuja ilustração no ano passado da nova edição do romance Ningen Shikkaku (Não Mais um Ser Humano) de 1948 de autoria de Osamu Dazai – publicado pela Shueisha Inc. – ajudou a torná-lo um novo hit, desenhou a capa de Bara Juji Tantei I (Rosenkreuz I) de Kyogoku.
A série, chamada "Paperbacks K," é fruto de uma colaboração entre a Seven-Eleven Japan e a agência literária Osawa Office Inc., que representa os três autores. A Kodansha publicou 40 mil cópias, e anunciou as edições no site da Osawa Office. A editora está considerando uma segnda edição com lançamento nacional depois do outono.
Mais lojas de conveniência estão oferecendo trabalhos literários sérios, tais como Kani Kosen (The Factory Ship) de Takiji Kobayashi, Crime e Castigo de Fyodor Dostoevsky e Hakai (Broken Commandment) de Toson Shimazaki em formato mangá. A série "Manga de Dokuha" (Lendo livros usando mangá) East Press sediada em Tokyo pegou trabalhos famosos da literatura como esses e os transformou em mangá. A série foi lançada em julho do ano passado, disponível principalmente nas lojas de conveniência. Seus 17 títulos venderam 900 mil cópias até o momento.
“Nós acreditamos que podemos fazer com que os jovens leiam obras consideradas como leitura pesada transformando-os em mangá e vendendo nas lojas de conveniência,” diz Kosuke Maruo da East Press. Até agora, esse material vendido nas lojas de conveniência está limitado a propagandas em revistas e manuais. [2] Mas Maruo diz que as lojas de conveniência receberam muito bem os romances transformados em mangá, assim como os leitores, que disseram querer ler mais livros assim.
As cadeias de lojas de conveniência Circle K Sunkus Co. e FamilyMart Co. se uniram à PHP Interface para lançar no mês passado a série "Sengoku Toshoden" de biografias críticas de personalidades e líderes históricos famosos do período das Guerras (século XV e XVI ou Era Sengoku). [3] “Video games que se passam no período dos Estados Guerreiros são populares, então acreditamos que os jovens seriam capazes de se interessar por tais livros.”
Por trás da crescente colaboração entre a indústria editorial e as redes de conveniência está a grande dificauldade financeira em que algumas editoras se encontram. De acordo com o “Research Institute for Publications”, as vendas estimadas em 1998 eram de 2.5 trilhões de ienes, mas os números caíram para 2 trilhões de ienes no último ano, foi uma queda de 20%.
“É importante para os jovens serem capazes de comprar com facilidade nas lojas de conveniência,” Atsushi Karaki, chefe da divisão de livros [paperback] da Kodansha, disse “Eu espero que as pessoas que param nas lojas de conveniência mais tarde se dirijam às livrarias.”
As lojas de conveniência também estão lutando. De acordo com a Japan Franchise Association, o crescimento ano a ano das vendas das lojas de conveniência era de 9.6 em 1999, mas estes números vem caindo a cada ano, para menos de 1,3% em 2007. “Eu espero expandir as novas atrações para os jovens – os principais consumidores das lojas de conveniência,” disse um representante da Seven-Eleven Japan.
(Jul. 25, 2008)
[1] O uso do “sério” aqui denota que o autor do texto não considera os mangás como coisa “séria”.
[2] How-to books.
[3] Período em que se passa o mangá de Inuyasha.
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