Bem, nunca falei que sou fã da novela das seis aqui, mas quem foi ver meus vídeos no youtube já sabe, mas é isso, fazia séculos que não assistia uma novela acompanhando todos os capítulos. Das seis, especialmente, pois o horários se tornou não somente o das novelas de época, que eu amo, mas o das tramas obscurantistas que me causam repulsa. Leio a programação, vejo capítulos sortidos para saber do que estão falando - a última novela das sete (Os Sete Pecados) nem isso, não consegui ver um capítulo inteiro - mas é só. Não tenho saco.
Mas eis que gostei de Desejo Proibido. Sou fã de vários atores e atrizes da trama, o padre (Marcos Caruso) é ótimo, o núcleo do delegado (Cássio Gabus Mendes) é muito divertido, o coronel (José de Abreu) carregado de ambigüidade e humanidade, Cláudio Marzo como o barqueiro Lázaro finalmente conseguiu me convencer, até a BBB Massafera mostrou que é capaz de segurar o rojão, já que faz parte do núcleo do Lima Duarte e da Nívea Maria, embora Letícia Sabatella esteja muito mais bonita do que ela, e tem meus dois galãs de novela favoritos. Sim, sou fã do Murilo Rosa desde Xica da Silva e o Alexandre Borges também está lá. O meu terceiro galã favorito é o Rodrigo Faro que a Globo, infelizmente, só usa para comédia.
No início, achei que havia excesso de humor, mas os atores se ajustaram muito bem. A trama romântica principal é rala, o padre balançou muito rápido, aliás, ele sendo tão moderninho e tendo vivido tanto, é pintado com uma ingenuidade de dar dó. Deveriam ter dado uma olhadinha em Pássaros Feridos e pego algo do Ralph de Bricassart para a personagem. Enfim, mesmo que o casal principal tenha química, é a parte menos verossímel da trama. E falta um vilão consistente, pois mesmo que o ator, Daniel de Oliveira, ótima cria da Malhação, seja excelente, ele não convence. Fica parecendo somente um garoto mimado que com umas boas pancadas entrava na linha. Claro, que faltam cenas mais fortes, mas isso é culpa da atual censura. Escrava Isaura em 1976 ousava mais em termos dramáticos e em doses de violência e mesmo sensualidade.
Os casal de atores negros, embora muito engraçados, estão repetindo os clichês tão bem criticados no livro/documentário a Negação do Brasil, é o tipo pitoresco (soldado Brasil) e a empregada fiel mas linguaruda (Cidinha). Há a família negra, mas é outro clichê, são os empregados fiéis, submissos e o moleque esperto. Nenhuma novidade, nenhuma ousadia aqui. Outra vez, a crítica de Negação do Brasil se aplica. O autor ficou devendo e muito nesse sentido. E não tem escola nem primária, nenhuma das crianças estuda e os mais velhos não estão em internatos. E Dulcina, claro, esqueceu que queria ser engenheira... E Guilherme Berenguer pode até ser galã, mas tem muito que aprender, o bichinho atuando com o Cássio Gabus Mendes, tentando usar um português correto, foi sofrível. Fica apra a próxima novela, e eu nem estou dizendo que ele é ruim, mas precisa aprender muito, nesse sentido a Grazi Massafera foi muito melhor.
Enfim, mas eis que a audiência é a pior de todas as novelas das seis. Uma injustiça com Eva Wilma, Lima Duarte, Marcos Caruso, José de Abreu, Cássio Gabus Mendes, Nívea Maria, Alexandre Borges, Murilo Rosa, Letícia Sabatella e todo um elenco bem afinado. Interessante é que a própria Glodo reconhece isso, pois não houve intervenção como em outras tramas, só encurtaram a novela. Aliás, nisso não há mal algum, novelas deveriam ser mais curtas. 100, 120 capítulos já é o bastante. Mas desencavaram uma desculpa de horário de verão, quando, na verdade, a audiência foi derrubada por aquela bomba anterior, Eterna Magia, que teve um elenco mal escalado, uma trama pavorosa e pouco compromisso em discutir qualquer coisa. Deu pena, e eu até parei para olhar, ver a excelente Irene Ravache e Osmar Prado, atuando tão bem no meio de um mar de absurdos e vendo suas personagens serem descaracterizadas por conta da tentativa de salvar um barco furado. Mas por que abri este post? Ah, sim, para publicar a crítica do Terra. Como falei, lamentável que a melhor novela no ar não tenha o devido reconhecimento.
Nem a boa qualidade sustenta 'Desejo Proibido' no ar
Domingo, 9 de março de 2008, 17h16
Cada novela tem um modo próprio de ser pensada, produzida e exibida. Nem todas, porém, têm o tempo necessário para convencer. E tempo é precioso demais para as emissoras obcecadas com a audiência e, conseqüentemente, com o faturamento.
Desejo Proibido, da Globo, é vítima nesse cenário. É folhetim clássico, no melhor sentido do termo: texto rebuscado e consistente, com fortes doses de romance e drama. Em outros épocas, conseguiria cativar uma boa fatia da audiência rapidamente.
Atualmente, num tempo marcado por pessoas dispersas, apressadas e pouco reflexivas, pode demorar mais que o recomendável para emplacar. E isso basta para a trama ter seu fim anunciado antes do previsto. E nem os 25 pontos de média atuais - a trama já amargou pífios 20 - são capazes de reverter o quadro.
Apesar de alinhada ao cadafalso, a obra bem-escrita por Walther Negrão está acontecendo. Longe de ser uma novela que se arrasta, em Desejo Proibido as novidades se sucedem. Personagens ressurgem para reavivar algumas histórias, como a Ana e o João Antônio, de Letícia Sabatella e Guilherme Berenguer, respectivamente.
E novas figuras se integram ao elenco, como Beth Goulart, na pele da advogada Maria de Lourdes. A chegada da personagem ativa de maneira bem costurada novas situações que envolvem o vilão Henrique, de Daniel de Oliveira e a mocinha Laura, de Fernanda Vasconcellos. Nada nem ninguém aparece por acaso.
Mas a boa condução do folhetim não pára por aí. O humor é bem dosado, tanto na oportunidade quanto na intensidade. E a maioria dos atores que encarnam personagens cômicos estão bem convincentes. Casos de Jandira Martini e de Roberto Bonfim, que interpretam o casal composto pela fofoqueira Dona Guará e o irônico barbeiro Dioclécio.
Como se não bastassem figuras engraçadas, o autor também desenvolve boas situações cômicas. O fato de o delegado Trajano e de Madalena, vividos por Cássio Gabus Mendes e Deborah Evelyn, só se tratarem como noivos fora do horário de expediente tem sido bem usado como fonte de graça.
Sem contar que abrilhantou o que já parecia irretocável: a atuação de Cássio na história. O personagem conhecido por sua seriedade e rigidez, amolece quando está ao lado da amada e mostra a versatilidade do ator.
Negrão não é bobo. Todas essas artimanhas para provocar riso no público são mescladas às cenas longas, com diálogos sérios e texto difícil. Ele é, inclusive, corajoso.
Colocou o personagem Miguel, de Murilo Rosa, questionando as práticas da Igreja Católica em uma cena com Lázaro, de Cláudio Marzo. Mas a essa altura, com a novela já condenada, ele pode se dar a esse luxo. E fez com capricho, como deve ser até o fim, em maio.
Fora poucas atuações claudicantes isoladas, como a de Letícia Birkheuer na pele da enfermeira Raquel, Desejo Proibido faz tudo certinho. Mesmo assim, em tempos em que o que mais importa é a audiência, está longe de ser unanimidade.
Mas eis que gostei de Desejo Proibido. Sou fã de vários atores e atrizes da trama, o padre (Marcos Caruso) é ótimo, o núcleo do delegado (Cássio Gabus Mendes) é muito divertido, o coronel (José de Abreu) carregado de ambigüidade e humanidade, Cláudio Marzo como o barqueiro Lázaro finalmente conseguiu me convencer, até a BBB Massafera mostrou que é capaz de segurar o rojão, já que faz parte do núcleo do Lima Duarte e da Nívea Maria, embora Letícia Sabatella esteja muito mais bonita do que ela, e tem meus dois galãs de novela favoritos. Sim, sou fã do Murilo Rosa desde Xica da Silva e o Alexandre Borges também está lá. O meu terceiro galã favorito é o Rodrigo Faro que a Globo, infelizmente, só usa para comédia.
No início, achei que havia excesso de humor, mas os atores se ajustaram muito bem. A trama romântica principal é rala, o padre balançou muito rápido, aliás, ele sendo tão moderninho e tendo vivido tanto, é pintado com uma ingenuidade de dar dó. Deveriam ter dado uma olhadinha em Pássaros Feridos e pego algo do Ralph de Bricassart para a personagem. Enfim, mesmo que o casal principal tenha química, é a parte menos verossímel da trama. E falta um vilão consistente, pois mesmo que o ator, Daniel de Oliveira, ótima cria da Malhação, seja excelente, ele não convence. Fica parecendo somente um garoto mimado que com umas boas pancadas entrava na linha. Claro, que faltam cenas mais fortes, mas isso é culpa da atual censura. Escrava Isaura em 1976 ousava mais em termos dramáticos e em doses de violência e mesmo sensualidade.
Os casal de atores negros, embora muito engraçados, estão repetindo os clichês tão bem criticados no livro/documentário a Negação do Brasil, é o tipo pitoresco (soldado Brasil) e a empregada fiel mas linguaruda (Cidinha). Há a família negra, mas é outro clichê, são os empregados fiéis, submissos e o moleque esperto. Nenhuma novidade, nenhuma ousadia aqui. Outra vez, a crítica de Negação do Brasil se aplica. O autor ficou devendo e muito nesse sentido. E não tem escola nem primária, nenhuma das crianças estuda e os mais velhos não estão em internatos. E Dulcina, claro, esqueceu que queria ser engenheira... E Guilherme Berenguer pode até ser galã, mas tem muito que aprender, o bichinho atuando com o Cássio Gabus Mendes, tentando usar um português correto, foi sofrível. Fica apra a próxima novela, e eu nem estou dizendo que ele é ruim, mas precisa aprender muito, nesse sentido a Grazi Massafera foi muito melhor.
Enfim, mas eis que a audiência é a pior de todas as novelas das seis. Uma injustiça com Eva Wilma, Lima Duarte, Marcos Caruso, José de Abreu, Cássio Gabus Mendes, Nívea Maria, Alexandre Borges, Murilo Rosa, Letícia Sabatella e todo um elenco bem afinado. Interessante é que a própria Glodo reconhece isso, pois não houve intervenção como em outras tramas, só encurtaram a novela. Aliás, nisso não há mal algum, novelas deveriam ser mais curtas. 100, 120 capítulos já é o bastante. Mas desencavaram uma desculpa de horário de verão, quando, na verdade, a audiência foi derrubada por aquela bomba anterior, Eterna Magia, que teve um elenco mal escalado, uma trama pavorosa e pouco compromisso em discutir qualquer coisa. Deu pena, e eu até parei para olhar, ver a excelente Irene Ravache e Osmar Prado, atuando tão bem no meio de um mar de absurdos e vendo suas personagens serem descaracterizadas por conta da tentativa de salvar um barco furado. Mas por que abri este post? Ah, sim, para publicar a crítica do Terra. Como falei, lamentável que a melhor novela no ar não tenha o devido reconhecimento.
Nem a boa qualidade sustenta 'Desejo Proibido' no ar
Domingo, 9 de março de 2008, 17h16
Cada novela tem um modo próprio de ser pensada, produzida e exibida. Nem todas, porém, têm o tempo necessário para convencer. E tempo é precioso demais para as emissoras obcecadas com a audiência e, conseqüentemente, com o faturamento.
Desejo Proibido, da Globo, é vítima nesse cenário. É folhetim clássico, no melhor sentido do termo: texto rebuscado e consistente, com fortes doses de romance e drama. Em outros épocas, conseguiria cativar uma boa fatia da audiência rapidamente.
Atualmente, num tempo marcado por pessoas dispersas, apressadas e pouco reflexivas, pode demorar mais que o recomendável para emplacar. E isso basta para a trama ter seu fim anunciado antes do previsto. E nem os 25 pontos de média atuais - a trama já amargou pífios 20 - são capazes de reverter o quadro.
Apesar de alinhada ao cadafalso, a obra bem-escrita por Walther Negrão está acontecendo. Longe de ser uma novela que se arrasta, em Desejo Proibido as novidades se sucedem. Personagens ressurgem para reavivar algumas histórias, como a Ana e o João Antônio, de Letícia Sabatella e Guilherme Berenguer, respectivamente.
E novas figuras se integram ao elenco, como Beth Goulart, na pele da advogada Maria de Lourdes. A chegada da personagem ativa de maneira bem costurada novas situações que envolvem o vilão Henrique, de Daniel de Oliveira e a mocinha Laura, de Fernanda Vasconcellos. Nada nem ninguém aparece por acaso.
Mas a boa condução do folhetim não pára por aí. O humor é bem dosado, tanto na oportunidade quanto na intensidade. E a maioria dos atores que encarnam personagens cômicos estão bem convincentes. Casos de Jandira Martini e de Roberto Bonfim, que interpretam o casal composto pela fofoqueira Dona Guará e o irônico barbeiro Dioclécio.
Como se não bastassem figuras engraçadas, o autor também desenvolve boas situações cômicas. O fato de o delegado Trajano e de Madalena, vividos por Cássio Gabus Mendes e Deborah Evelyn, só se tratarem como noivos fora do horário de expediente tem sido bem usado como fonte de graça.
Sem contar que abrilhantou o que já parecia irretocável: a atuação de Cássio na história. O personagem conhecido por sua seriedade e rigidez, amolece quando está ao lado da amada e mostra a versatilidade do ator.
Negrão não é bobo. Todas essas artimanhas para provocar riso no público são mescladas às cenas longas, com diálogos sérios e texto difícil. Ele é, inclusive, corajoso.
Colocou o personagem Miguel, de Murilo Rosa, questionando as práticas da Igreja Católica em uma cena com Lázaro, de Cláudio Marzo. Mas a essa altura, com a novela já condenada, ele pode se dar a esse luxo. E fez com capricho, como deve ser até o fim, em maio.
Fora poucas atuações claudicantes isoladas, como a de Letícia Birkheuer na pele da enfermeira Raquel, Desejo Proibido faz tudo certinho. Mesmo assim, em tempos em que o que mais importa é a audiência, está longe de ser unanimidade.
1 pessoas comentaram:
Obrigada por visitar o meu blog, e ainda bem que gostou. Espero que o visite mais vezes.
Parabéns pelo seu texto. Está óptimo.
É bom encontrar mais alguém que também reconhece a qualidade da novela Desejo Proibido. Principalmente aí desse lado do oceano, onde se diz que não agradou.
Deve ser uma daquelas obras que serão redescobertas mais tarde. Por aqui está a 4 dias de terminar e nota-se a pressa no guião. Ainda ontem dei uma boa risada com a simplicidade de uma cena em que Ciro bate à porta da ocupada WC para descobrir que o seu rival é afinal homossexual.
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