Saiu uma matéria no site econômico Bloomberg sobre o mercado de mangás. Ele não fala quase nada sobre shoujo, mas, como Fruits Basket é a menina dos olhos dos americanos, a série é citada várias vezes. Também acho que a autora não deve prestar atenção às mulheres que lêem mangás em trens no Japão, ou então, as fotos mentem. Também dá a entender que todas as mulheres, até meninas e adolescentes, só lêem mangá em casa. A matéira também abre com uma descrição que não enquadra os shoujo mangá, salvo se a heroína for da Shinju Mayu...
Enfim, alguns dados são interessantes, como as vendas de mangá impresso que caem mas são compensadas por outras mídias e até pelos tankoubons. É isso que os arautos do caos não percebem. A comparação do mercado americano com o italiano e francês também me assustou, pois cada um ou os dois somados, isso não ficou claro, é sete vezes maior que o mercado americano. Nem quero saber os números do brasileiro... Mas, também, se eu quisesse, nenhuma editora iria dizer. Aqui vendagem é coisa mais secreta que os arquivos da Ditadura.
Meninas de Mangá com Olhos de Corça e Garotos Ninja Cortejam os Leitores de Quadrinhos Americanos
Review por Lucy Birmingham
Jan. 23 (Bloomberg) – Garotas com olhos de corça e seios do tamanho de melões, samurais retalhadores, heroínas adolescentes alegres convocando poderes mágicos e garotos ninja aventureiros: os criadores de mangá sabem como pegar a audiência.
Mais de 35 mil grupos de amadores venderam suas versões entre 28-31 de dezembro no maior mercado de quadrinhos do mundo, no Tokyo International Exhibition Center, ou Tokyo Big Sight. O evento bianual, conhecido no Japão como comiket, reuniu uma multidão de 500 mil pessoas. Os criadores de doujinshi, ou os similares de personagens de mangás bem estabelecidas, convivem com as três maiores editoras do Japão, Shueisha, Shogakuan e Kodansha, já que potencias violações de direitos autorais raramente são contestados.
Como as revistas de mangá venderam 1.26 bilhões de cópias de 70 mil títulos em 2006, as vendas domésticas vêm caindo por 12 anos. Os comikets são um lugar perfeito para se descobrir um novo artista com potencial para produzir mega-hit global como o shounen chamado “Naruto” ou como o shoujo mangá como “Fruits Basket”.
Se for popular no Japão, uma personagem de mangá pode pular rapidamente da revista para uma série de TV, gerando brinquedos, games, artigos de papelaria e outros produtos com sua marca. Alguns conseguem até filmes live action e dramas [novelas] para a TV.
“Fruits Basket,” uma série sobre uma colegial órfão, Toruh Honda, que é salva de sua vida em uma tenda por uma família de sujeitos que podem se transformar em animais do zodíaco chinês, vendeu mais de 18 milhões de cópias no Japão e 2 milhões de cópias nos EUA, de acordo com os editores. E se transformou em um anime de grande sucesso na TV.
Os leitores de mangá no Japão vão desde crianças até idosos. Nas maiores livrarias, adolescentes e adultos andam por prateleiras perfiladas com milhares de opções. Em Akihabara, distrito de Tokyo, jovens nerds conhecidos como “otaku” se reúnem em pontos de venda de mangá, alguns especializados em gêneros bem provocativos.
Mobile Manga
Os trens urbanos já estiveram cheios de garotos, jovens do sexo masculino e mesmo homens de negócios lendo revistas baratas de mangá, algumas tão grossas quanto uma lista telefônica. Agora, os títulos tem sido substituídos por mangás compactos e pela nova moda que é ler mangá em celular. As vendas de mangá para celular atingiram a marca de 8.2 bilhões de yen no ano que terminou em março de 2007, de acordo com um levantamento do Impress Group. Tradicionalmente, as mulheres lêem mangá em casa.
Os artistas japoneses geralmente trabalham sem a proteção dos direitos autorais, mas enfrentam poucas restrições em relação a sua imaginação. As editoras locais têm seu próprio sistema de classificação, provando que censura é um termo culturalmente relativo. O que seria considerado quase pornografia nos EUA é oferecido para as crianças no Japão.
“Nós provavelmente vamos continuar fazendo como fizemos até hoje,” diz Masakazu Kubo, produtor executivo na Shogakukan e no Tokyo Anime Center e o guru do marketing por trás de Pokemon, “Nós não queremos estabelecer restrições à criatividade. Não faz parte da cultura japonesa criar restrições aos artistas d emangá.”
Guias Sexuais
Alguns artistas estabelecidos querem regulamentações mais rígidas, particularmente em relação à pornografia.
“Nós precisamos tornar a lei de direitos autorais mais estrita, especialmente com a internet e os celulares, e manter maior controle sobre os mangás com conteúdo sexual,” Diz Mimei Sakamoto, uma autora de mangás josei, que entrou no mercado vinte anos atrás com a idade de 22 anos e trabalhando com mangás pornográficos. Ela tornou suas séries desde então em guias sobre sexo e higiene para mulheres jovens. O seu “Manual do Sexo” vendeu 80 mil cópias e sei “Livro da Beleza” vendeu mais de 100 mil cópias.
“Eu tive uma infância difícil,” Salamoto disse. “Sem dinheiro, meus pais discutindo o tempo inteiro, era gorda, não era bonita, e vivia freqüentemente deprimida. Mas eu fui capaz de mudar a mim mesma e então eu passei a deenhar mangás que inspiram jovens mulheres que não têm auto-confiança.”
Autoras como Sakamoto estão ajudando a levar os quadrinhos para uma audiência mais ampla. Um conjunto de três livros que se passam na Roma Antiga, que levaram sete anos sendo desenhados, será traduzido para o italiano. Ela também colaborou com o cartunista de Nova York Charles Danziger em um livro chamado ``Harvey & Etsuko's Manga Guide to Japan'' (Guia para o Japão de Harvey & Etsuko) que será lançado em novembro.
Manga Mix
“O livro é sobre um personagem Americano de cartoon e sobre um gato de um mangá japonês que vivem juntos suas aventuras no Japão,” disse Danziger. Glenn Kardy, chefe da Japanime Co. no Japão, e editor do livro, disse, “É provavelmente o primeiro do seu gênero no qual uma personagem de cartoon e de mangá se misturam nas mesmas páginas.”
As vendas de mangá na América do Norte dobraram para 200 milhões de dólares entre 2003 e 2006 e, provavelmente, subiram 10% em 2007, de acordo com Milton Griepp, chefe executivo do ICV2.com, que fornece informações sobre a indústria [de quadrinhos]. É mais ou menos metade do valor de todo mercado de quadrinhos que não são mangá, de acordo com informação da Diamond Comics, a maior distribuidora de quadrinhos do mundo.
Mesmo que os mangás [nos EUA] ainda têm que atingir a popularidade que têm em países como a Itália e a França, os maiores mercados de mangá fora do Japão, onde as vendas são sete vezes maiores que nos EUA.
Para ganhar uma fatia maior do mercado americano, onde muitos consumidores são adolescentes, as editoras de mangá estão mirando nos adultos. “Se os americanos podem compreender os filmes de Matrix, eles talvez possam gostar de mangás de ficção científica, suspense e humor,” diz Kubo da Shogakukan.
“A heroína de Fruits Basket ganhou popularidade por ser uma outsider tentando se encaixar – um bolinho de arroz emu ma cesta de frutas. Os editores de mangá estão percorrendo os corredores dos comikets em busca de autores que possam ajudar a fazer o mesmo pelo gênero em outros países.
“É melhor se o mangá for uma cultura internacional comum,” diz Kubo, que também é professor na Academia de Filmes de Pequim. “Um artista de mangá pode mudar o mundo.”
(Lucy Birmingham faz críticas para a Bloomberg News. As opiniões expressas aqui são dela.)
Enfim, alguns dados são interessantes, como as vendas de mangá impresso que caem mas são compensadas por outras mídias e até pelos tankoubons. É isso que os arautos do caos não percebem. A comparação do mercado americano com o italiano e francês também me assustou, pois cada um ou os dois somados, isso não ficou claro, é sete vezes maior que o mercado americano. Nem quero saber os números do brasileiro... Mas, também, se eu quisesse, nenhuma editora iria dizer. Aqui vendagem é coisa mais secreta que os arquivos da Ditadura.
Meninas de Mangá com Olhos de Corça e Garotos Ninja Cortejam os Leitores de Quadrinhos Americanos
Review por Lucy Birmingham
Jan. 23 (Bloomberg) – Garotas com olhos de corça e seios do tamanho de melões, samurais retalhadores, heroínas adolescentes alegres convocando poderes mágicos e garotos ninja aventureiros: os criadores de mangá sabem como pegar a audiência.
Mais de 35 mil grupos de amadores venderam suas versões entre 28-31 de dezembro no maior mercado de quadrinhos do mundo, no Tokyo International Exhibition Center, ou Tokyo Big Sight. O evento bianual, conhecido no Japão como comiket, reuniu uma multidão de 500 mil pessoas. Os criadores de doujinshi, ou os similares de personagens de mangás bem estabelecidas, convivem com as três maiores editoras do Japão, Shueisha, Shogakuan e Kodansha, já que potencias violações de direitos autorais raramente são contestados.
Como as revistas de mangá venderam 1.26 bilhões de cópias de 70 mil títulos em 2006, as vendas domésticas vêm caindo por 12 anos. Os comikets são um lugar perfeito para se descobrir um novo artista com potencial para produzir mega-hit global como o shounen chamado “Naruto” ou como o shoujo mangá como “Fruits Basket”.
Se for popular no Japão, uma personagem de mangá pode pular rapidamente da revista para uma série de TV, gerando brinquedos, games, artigos de papelaria e outros produtos com sua marca. Alguns conseguem até filmes live action e dramas [novelas] para a TV.
“Fruits Basket,” uma série sobre uma colegial órfão, Toruh Honda, que é salva de sua vida em uma tenda por uma família de sujeitos que podem se transformar em animais do zodíaco chinês, vendeu mais de 18 milhões de cópias no Japão e 2 milhões de cópias nos EUA, de acordo com os editores. E se transformou em um anime de grande sucesso na TV.
Os leitores de mangá no Japão vão desde crianças até idosos. Nas maiores livrarias, adolescentes e adultos andam por prateleiras perfiladas com milhares de opções. Em Akihabara, distrito de Tokyo, jovens nerds conhecidos como “otaku” se reúnem em pontos de venda de mangá, alguns especializados em gêneros bem provocativos.
Mobile Manga
Os trens urbanos já estiveram cheios de garotos, jovens do sexo masculino e mesmo homens de negócios lendo revistas baratas de mangá, algumas tão grossas quanto uma lista telefônica. Agora, os títulos tem sido substituídos por mangás compactos e pela nova moda que é ler mangá em celular. As vendas de mangá para celular atingiram a marca de 8.2 bilhões de yen no ano que terminou em março de 2007, de acordo com um levantamento do Impress Group. Tradicionalmente, as mulheres lêem mangá em casa.
Os artistas japoneses geralmente trabalham sem a proteção dos direitos autorais, mas enfrentam poucas restrições em relação a sua imaginação. As editoras locais têm seu próprio sistema de classificação, provando que censura é um termo culturalmente relativo. O que seria considerado quase pornografia nos EUA é oferecido para as crianças no Japão.
“Nós provavelmente vamos continuar fazendo como fizemos até hoje,” diz Masakazu Kubo, produtor executivo na Shogakukan e no Tokyo Anime Center e o guru do marketing por trás de Pokemon, “Nós não queremos estabelecer restrições à criatividade. Não faz parte da cultura japonesa criar restrições aos artistas d emangá.”
Guias Sexuais
Alguns artistas estabelecidos querem regulamentações mais rígidas, particularmente em relação à pornografia.
“Nós precisamos tornar a lei de direitos autorais mais estrita, especialmente com a internet e os celulares, e manter maior controle sobre os mangás com conteúdo sexual,” Diz Mimei Sakamoto, uma autora de mangás josei, que entrou no mercado vinte anos atrás com a idade de 22 anos e trabalhando com mangás pornográficos. Ela tornou suas séries desde então em guias sobre sexo e higiene para mulheres jovens. O seu “Manual do Sexo” vendeu 80 mil cópias e sei “Livro da Beleza” vendeu mais de 100 mil cópias.
“Eu tive uma infância difícil,” Salamoto disse. “Sem dinheiro, meus pais discutindo o tempo inteiro, era gorda, não era bonita, e vivia freqüentemente deprimida. Mas eu fui capaz de mudar a mim mesma e então eu passei a deenhar mangás que inspiram jovens mulheres que não têm auto-confiança.”
Autoras como Sakamoto estão ajudando a levar os quadrinhos para uma audiência mais ampla. Um conjunto de três livros que se passam na Roma Antiga, que levaram sete anos sendo desenhados, será traduzido para o italiano. Ela também colaborou com o cartunista de Nova York Charles Danziger em um livro chamado ``Harvey & Etsuko's Manga Guide to Japan'' (Guia para o Japão de Harvey & Etsuko) que será lançado em novembro.
Manga Mix
“O livro é sobre um personagem Americano de cartoon e sobre um gato de um mangá japonês que vivem juntos suas aventuras no Japão,” disse Danziger. Glenn Kardy, chefe da Japanime Co. no Japão, e editor do livro, disse, “É provavelmente o primeiro do seu gênero no qual uma personagem de cartoon e de mangá se misturam nas mesmas páginas.”
As vendas de mangá na América do Norte dobraram para 200 milhões de dólares entre 2003 e 2006 e, provavelmente, subiram 10% em 2007, de acordo com Milton Griepp, chefe executivo do ICV2.com, que fornece informações sobre a indústria [de quadrinhos]. É mais ou menos metade do valor de todo mercado de quadrinhos que não são mangá, de acordo com informação da Diamond Comics, a maior distribuidora de quadrinhos do mundo.
Mesmo que os mangás [nos EUA] ainda têm que atingir a popularidade que têm em países como a Itália e a França, os maiores mercados de mangá fora do Japão, onde as vendas são sete vezes maiores que nos EUA.
Para ganhar uma fatia maior do mercado americano, onde muitos consumidores são adolescentes, as editoras de mangá estão mirando nos adultos. “Se os americanos podem compreender os filmes de Matrix, eles talvez possam gostar de mangás de ficção científica, suspense e humor,” diz Kubo da Shogakukan.
“A heroína de Fruits Basket ganhou popularidade por ser uma outsider tentando se encaixar – um bolinho de arroz emu ma cesta de frutas. Os editores de mangá estão percorrendo os corredores dos comikets em busca de autores que possam ajudar a fazer o mesmo pelo gênero em outros países.
“É melhor se o mangá for uma cultura internacional comum,” diz Kubo, que também é professor na Academia de Filmes de Pequim. “Um artista de mangá pode mudar o mundo.”
(Lucy Birmingham faz críticas para a Bloomberg News. As opiniões expressas aqui são dela.)
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